sexta-feira, maio 28, 2021

Tempo de silêncio (2/2)

      “Jesus, porém, guardava silêncio.” Mateus 26.63a

      O silêncio, de quem ouve e não responde, permite que quem falou pense melhor no que disse, leva esse a entender que quem o ouve não é seu inimigo, não está usando de armas semelhantes para responder, contudo, usando o silêncio como fruto do amor é preciso paciência. Não é fácil nos calarmos diante de alguém que depois que deixamos claro que pensamos diferentemente dele segue, muitas vezes baixando o nível da conversa, tentando nos destruir. Quando uma pessoa não consegue destruir os nossos argumentos, ela tenta destruir a nós, deixa para lá o motivo inicial da conversa e parte para procurar em nossas vidas pontos fracos, ou pontos que ela acha que sejam fracos, para nos diminuir. 
      O que busca a Deus sempre acha nele respostas claras e sensatas para tudo, ainda que elas sejam simplesmente “eu não sei sobre esse assunto”, ou “não tenho posicionamento a respeito disso”, e não tem nada de errado com essas respostas, ninguém precisa saber tudo. Contudo, não podemos nos sentir menores por termos os argumentos que temos, ainda que isso não seja motivo para estacionarmos já que devemos orar mais tanto quanto nos informar mais para saber como procedermos sabiamente num mundo moderno tão cheio de artimanhas de semânticas. Todavia, que tenhamos paz no que somos e no que sabemos, é isso que nos protege de entrar em polêmicas que podem acabar em violência. 
      Só conseguimos calar nossas bocas quando estamos em paz, quando já dissemos tudo o que tínhamos a dizer a Deus, quando achamos todas as respostas que precisávamos no Senhor, quando estamos satisfeitos espiritualmente. Caso contrário procuraremos nos homens o que não buscamos em Deus, defenderemos ideologias humanas, acharemos na política a e na religião bandeiras que deem sentido às nossas vidas e nos tornaremos discípulos, não de Jesus, mas do resto, das forças espirituais do mal, dos homens e de nós mesmos. Se calar assim não significa se alienar, mas significa entender a condição humana com equilíbrio, pondo Deus em primeiro lugar e sentindo-se  totalmente feliz nisso. 
      Sinto no Espírito Santo que o momento atual no mundo, e especialmente no Brasil, é de silêncio, é de calar, e vejam que isso vai contra não só ao que a mídia diz, como contra o que diz uma grande maioria de evangélicos e protestantes, que sentando-se na cadeira chamada “direita” política achou hoje um lugar confortável, para impor em nosso país aquilo que acha ser o cristianismo. Muitos cristãos, pensando que enfim podem levantar a voz e lutar pelo que acreditam, e ainda mais tendo um “presidente” a seu favor, não percebem que estão fazendo o jogo do mal, engajando-se numa guerra que não é deles e que até o momento só tinha um lado, mas para haver uma guerra é preciso dois lados beligerantes. 
      O Brasil passou décadas com uma voz forte arregimentando os pobres materialmente e os não pobres mas equivocados intelectualmente, essa voz é a da chamava “esquerda” política, quando uso termos entre aspas um dos motivos e o termo poder não ter atualmente o significado que teve, esquerda não significa, hoje, seguidores do marxismo, comunistas, a coisa não é mais bem assim. Há algum tempo, a tal da direita, com o passado da ditadura militar ainda fresco, se calava, sentindo-se culpada, mas nada melhor que o tempo para fazer do mau o bom e do bom o mal. O ser humano se esquece depressa ao mesmo tempo que se adapta, assim o tempo levantou uma direita adormecida e forneceu ao embate dois lados. 
      Essa não é uma guerra santa, Deus nada tem a ver com ela, está mais para uma jihadi, e penso que isso possa ser uma estratégia do mal (das últimas? depende do “ponto de vista”) para desviar cristãos de Cristo, usando como argumentos para convencê-los uma Bíblia mal interpretada. Quanto aos que estão buscando ao Senhor de todo o coração, nesse momento tão difícil, sigam em silêncio, que isso possa ajudar os que se desviam dentro de igrejas e seguindo pastores manipuladores e gananciosos a pensarem melhor em suas agendas de ódio. A guerra que o Senhor quer que lutemos se vence como Jesus venceu, calando e morrendo neste mundo como indivíduos, pois o reino de Deus nunca foi e nem será aqui.  

Leia na postagem de ontem 
a primeira parte desta reflexão.

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