quinta-feira, agosto 05, 2021

Preparem o caminho do Senhor (1/2)

      “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua milícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse.Isaías 40.1-5

      O texto inicial são palavras proféticas de Isaías sobre Jesus e João Batista (Mateus 3.3-4), muito tempo antes que esses vivessem no mundo, mas também são ensinos a todos nós, sobre nossas jornadas com Deus. Se existe um tempo de disciplina de Deus em nossas vidas, e todos os que forem honestos e humildes admitirão que esse tempo existe e é necessário para que haja crescimento, visto que todos somos pecadores aprendendo o melhor caminho para atingir o Altíssimo, também existe um tempo de consolo e honra. É importante sabermos diferenciar os tempos de nossas vidas. 
      O texto cita três coisas que findam com a disciplina, a primeira está em “sua milícia é acabada”. A versão Nova Almeida Atualizada traduz o versículo dois assim: “falem ao coração de Jerusalém e anunciem que o tempo da sua escravidão já acabou, que a sua iniquidade está perdoada e que ela já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados”. Com “fim da milícia” entendemos por essa versão “fim da escravidão”, ser escravo é ter liberdade limitada e ser obrigado a trabalhar para que outros lucrem com o seu esforço, sem que o retorno justo disso volte para si. 
      Quem já não se sentiu ou se sente assim, um escravo trabalhando para os outros, obrigado a agradar os outros e nunca tendo tempo ou o mais necessário para agradar a si mesmo? Sim, nossa vocação maior como cristãos é servir os outros em amor, mas uma coisa é fazer por escolha, de forma espiritual, e tendo o suficiente materialmente para ter uma vida digna no mundo, outra coisa é ser humilhado e injustiçado, como escravo de homem, não como servo de Deus. É sobre essa última escravidão que o texto se refere, ela pode ser disciplina de Deus, mas se for isso terá um fim. 
      Para que Deus nos liberta dos homens? Para servirmos a ele, e como consequência disso podemos ser úteis em amor também às vidas dos homens, iluminado-os de forma que conheçam a Jesus e seu caminho de vida eterna. Mas o texto inicial cita outra coisa que termina com a disciplina em “sua iniquidade está expiada”, a expiação pelo pecado. Alguém pode perguntar, “mas em Cristo nossos pecados não são perdoados, ele não pagou o preço por eles na cruz?” Sim, diante de Deus temos perdão e paz, mas mudar nossa natureza pecaminosa requer ser provado no tempo e com trabalho.
      Aquele que se humilha diante de Deus terá dele a misericórdia para passar pela disciplina em paz, sempre protegido para que não receba nem mais que possa suportar, nem menos que não mude seu caráter de forma efetiva. Ser perdoado não é ser poupado de disciplina, entendamos isso, e expiação  individual é um conceito que muitos cristãos do século XXI não entendem. Muitos acham que só por serem cristãos dizimistas e assíduos nos templos tudo está certo com Deus, e se existem lutas e injustiças e por causa da maldade dos outros, não por causa de seus pecados. 
      “Já recebeu em dobro da mão do Senhor por todos os seus pecados”, a terceira coisa que finda com a disciplina é mais que castigo pelo erro, mas a consequência do erro no universo, a colheita daquilo que se é plantado, o efeito da causa. Deus não pune diretamente as pessoas, ele não precisa fazer isso, no início dos tempos, quando tudo criou, já estabeleceu um lei eterna que diz que tudo que o homem plantar ele colherá, portanto, ainda que o pecado esteja perdoado e a iniquidade espiada, resta ainda o justo efeito da causa-pecado, esse efeito temos que colhê-lo até sua última porção.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

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