sexta-feira, agosto 06, 2021

No “espírito de Elias” (2/2)

      “E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia, E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.” Mateus 3.1-4

      “E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.” Lucas 1.17

      Continuando o estudo começado ontem sobre Isaías 40.1-5, entendamos que o texto não é de maldição, mas de bênção, tanto que inicia-se dizendo “consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus, falai benignamente a Jerusalém”, bom é o Senhor para aqueles que passam pela disciplina com temor e paciência, serão provados e aprovados. Mas ele segue, “voz do que clama no deserto, preparai o caminho do Senhor, endireitai no ermo vereda a nosso Deus”, há algo a ser feito quando a disciplina acaba, preparar o caminho. O que o texto ensina a nós hoje com uma exortação feita no “espírito de Elias”? 
      A Bíblia Nova Versão Internacional traduz assim o versículo três de Isaías 40, “uma voz clama: "No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto para o nosso Deus””. Depois de passarmos pela disciplina podemos voltar à glória de Deus, Isaías 40.5 diz que o objetivo do caminho ser preparado é para que a glória de Deus seja manifestada, mas antes disso um preparo deve ser feito no deserto. Sempre há um deserto entre a escravidão e a liberdade, entre o Egito e Canaã, entre o “inferno” e o “céu”, entre a expiação inicial e a aprovação final existe a missão.
      O que representa o deserto para nós? Um deserto nos lembra um lugar de privação e solidão, como era a vida de João Batista, sem vaidades, com certa dureza com relação a luxos e melindres humanos, mesmo ser visto como diferente e estranho pelos homens, pelo que vestia e comia, dizendo o que devia ser dito, sem temer ninguém, e com o risco de perder a própria cabeça, como de fato aconteceu com ele no final. Estamos preparados para esse deserto? Um ex-escravo não chega ao trono de Deus sem pagar o preço de João, sem vivenciar em toda a profundidade o “espírito de Elias”. 
      Qual o objetivo do deserto? A resposta está em Isaías 40.4, “todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro será abatido, e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará”. No deserto, onde os elementos imperam de forma extrema, onde não há para onde fugir, onde tudo parece igual e o diferente está distante, somos provados também ao extremo. Mas entendamos bem os tempos de nossas vidas, deserto não é escravidão, não é lugar para se pagar pecados. Um fraco, sentindo-se culpado e vítima dos homens, não teria forças para passar pelo deserto no “espírito de Elias”. 
      O deserto é a última prova do homem antes de ter direito aos novos céus e à nova Terra. Os que conseguem passar por ele veem enfim a justiça de Deus feita, veem os arrogantes sendo humilhados e os abatidos sendo exaltados, veem o confuso se endireitar e o complicado tornar-se simples. No deserto o caminho reto que conduz ao Altíssimo é apresentado e aqueles que de fato amam a Deus, mais que ao mundo e a si mesmos, seguirão nesse caminho, com alegria. Esse caminho é Jesus, é ele quem nos conduz à Canaã espiritual e eterna, é dele quem o “espírito de Elias” em João profetiza.
      Só quem experimentou o “espírito de Elias” como João terá direito ao Espírito Santo enviado por Jesus. “Pois a boca do Senhor o disse” (Isaías 40.5), que certeza teve Isaías para escrever, que convicção teve João Batista para cumprir sua missão. Não soframos desnecessariamente com este mundo, ele não precisa ser só lugar de disciplina, mas de missão, nosso deserto e a última fase antes da eternidade em Cristo. João cumpriu sua missão pois Deus o capacitou, e fez isso com alegria e fé, não como vencido ou coitado, mas como vencedor e honrado, por isso o próprio Cristo o exaltou (Lucas 7.27-28).

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão.

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