sábado, fevereiro 05, 2022

Verdades sobre o inferno (6/90)

      “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” 
Salmos 9.17

      Será que Deus criou um lugar especial, com um fogo que não para de queimar, para que lá sejam lançados aqueles que morrem sem Cristo? Ou será que os que estão longe de Deus, por estarem em pecado, já possuem dentro deles um sofrimento imenso, causado não por fogos externos, mas por culpa, por orgulho, por egoísmo, ódios e invejas, por desejo de saciar vícios que não podem ser satisfeitos, sendo essa condição de danação interna de fato o inferno real? Será que essa condição é eterna ou permanece só até o homem se arrepender? 
      O conceito do inferno que Jesus usou era o que estava disponível no tempo de sua encarnação, não era um conceito exclusivo da religião judaica ou trazido como novidade pelo evangelho, era um conceito das religiões pagãs, grega, romana e outras. Será que Jesus quiz dizer com aquilo que lemos, em várias passagens do novo testamento, que o inferno era uma região localizada no interior da Terra com um fogo perene para a danação, não dos corpos físicos, mas dos espíritos dos que morrem longe de Deus? Ou será que isso nem importa? 
      A verdade é que para aquele momento, no século I, não importava descrever o inferno como é de fato, com conceitos espirituais, morais e emocionais, importava é que as pessoas soubessem que há efeitos para as causas, e para aqueles que persistem em andar longe de Deus há tormento. Um povo com uma cultura que achava legitimidade divina para dizimar inimigos, incluindo mulheres e crianças, não poderia entender inferno de outro jeito, se não com referências de castigo físico, e não com dores mais subjetivas, morais e emocionais. 
      O ser humano só começou a entender e a aceitar seu mundo psíquico no século XIX, pelos estudos de Sigmund Freud que mapeou a psiquê humana. Conceitos tão popularizados hoje em dia, como depressão, síndrome do pânico, ansiedade aguda, não existiam para pessoas comuns de séculos passados, no máximo tinham noção de dores físicas e de opressões espirituais, essas últimas baseadas em superstições bíblicas. Não se sabia nem da existência de vírus e de bactérias e de suas influências no corpo, se acreditava no que se podia ver a olhos nus. 
      Por isso o inferno ensinado tinha que ser físico e visível, usando conceitos conhecidos como do fogo. Mas o espírito não pode ser consumido em sua matéria porque essa é espiritual, espíritos são eternos, não morrem, não perdem substância nem envelhecem. Por outro lado eles têm consciência e moral, e de uma forma muito mais livre que temos encarnados no mundo, se nossa consciência pesa aqui, pesará muito mais lá. Lá não haverá noites de sono, comida e bebida, relações sexuais e outros prazeres para apaziguarem consciências pesadas. 
      Outra verdade é que o que consideramos barbárie hoje em dia era estilo de vida da civilização do século I e de séculos anteriores. Ainda assim muitos púlpitos, centenas de anos depois, tentam achar coerência entre o Deus de amor do evangelho com o Deus vingador do antigo testamento, isso é insano. Essa é uma causa perdida porque é impossível de ser vencida, e não pode ser vencida porque é baseada numa mentira. Muita coisa que dizem que Deus é e faz na verdade é só a leitura de culturas ultrapassadas sobre o que Deus é e faz. 
      Lembremos que Jesus não escreveu nada, o que lemos de suas palavras foi registrado por outros, também doutrinados e acostumados com o senso comum sobre o inferno de seus tempos. Será que se tivéssemos palavras de próprio punho do Cristo elas seriam diferentes das que temos registradas no novo testamento que nos chegou? O erro, contudo, está em interpretarmos a Bíblia ao pé da letra, nos fiando na tradição religiosa e desprezando o ensino do mestre que sempre está conosco e que foi enviado pelo próprio Cristo, o vivo Espírito Santo. 
      O conceito do inferno como local criado especificamente para castigo eterno não bate com o conceito de um Deus de amor, mas se você quiser continuar aceitando isso sem pensar mais a respeito, a escolha é tua. Contudo, para quem conhece de fato o Senhor e quer viver seu amor, isso não importa, quem quer ser um ser humano melhor o faz porque isso é agradável a Deus, não porque entende de teologia ou conhece o mundo espiritual real. Quem teme a Deus não teme o inferno, seja ele exterior e eterno ou interior e temporário. 

Esta é a 6ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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