terça-feira, fevereiro 08, 2022

Jesus veio no tempo certo (9/90)

      “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” 
Gálatas 4.4-5

      O nível de desenvolvimento do mundo na época de Israel do antigo testamento, nos transportes, na comunicação, nas relações internacionais, não permitia um conhecimento global como temos nos tempos atuais, assim, é injusto exigirmos que Israel pudesse compartilhar com mais abrangência a experiência que tinha com Deus. Israel entendia o mundo do seu ponto de vista, como entendiam hindus, chineses, japoneses e outros. Isso faz parte da fase infantil da humanidade, que como crianças pequenas se veem como centro do mundo, como a tradição judaica-cristã viu o planeta Terra como centro do universo até que a ciência provasse o contrário. O erro, contudo, não está no passado, mas no presente, quando depois de sabermos de tantas coisas ainda continuarmos vendo a existência como viam hebreus de milênios atrás. 
      Se Deus tinha o propósito de evangelizar, digamos assim, o mundo antigo através de Israel, como dizem muitos estudiosos, isso deveria ter sido possível dentro das condições do mundo daquela época, mas isso não foi feito. Deus desprezou o resto do planeta e privilegiou os hebreus? Onde está o amor de Deus por toda a humanidade nisso? Parece que sob esse ponto de vista Deus agiu com parcialidade, se não foi isso, e não foi, já que Deus não faz acepção de pessoas, quem está errado é quem interpreta a religião de Israel no antigo testamento como único meio do ser humano conhecer a Deus. Não negamos a importância e a singularidade de tudo que a religião judaica produziu, principalmente sendo berço do Cristo, mas com certeza enquanto cuidava dos hebreus, Deus também cuidava do resto do mundo, com o mesmo amor. 
      Por que Jesus não veio no lugar de Moisés, no momento histórico que esse veio? Se pensarmos de forma prática, sob o ponto de vista limitado e humano, Jesus deveria ter vindo longo após Adão e Eva terem pecado. A humanidade, contudo, não estava preparada para Jesus, nem no tempo de Moisés e muito menos logo após o homem ser expulso do Éden. Além do mais, Moisés teve uma relevância nacional, elevou um clã familiar, que foi o que entrou originalmente no Egito, à condição de nação com território próprio. Jesus, contudo, não veio para um povo, mas para todos os povos. Isso ensina que Deus revela o conhecimento espiritual de maneira gradativa aos homens, à medida que estão preparados. Se foi assim com Moisés e Jesus, por que não seria com o restante do conhecimento? E há, sim! mais a se aprender. 
      Se para uma pessoa da nação de Israel e da época de Moisés fosse revelado os ensinos do Cristo, essa pessoa chamaria os ensinos evangélicos de apócrifos, não aceitaria que Deus ama mesmo seus inimigos e que quer dar a esses o mesmo destino, tanto no mundo quanto no céu, de paz e prosperidade. Você acha que não? Que um israelita saindo do Egito aceitaria pela fé os ensinos do Cristo? Pense bem a respeito. Nessa lógica podemos entender que existem conhecimentos que hoje são considerados heréticos, mesmo diabólicos, em relação ao evangelho básico, e não me refiro aos ensinos morais, mas àqueles sobre o plano espiritual, que na verdade podem não ser. Pode ser só o cristão atual ainda não preparado para aceitá-los, assim, temos que entender um Deus que se revela aos poucos, ou ficaremos presos ao passado. 
      Mas se mesmo no campo social os cristãos ainda têm dificuldades para aceitarem certas novidades, como no casamento e na sexualidade, que é a prática da realidade de suas vidas diárias, que se diria sobre inferno e céu, que muitos aceitam só porque na verdade nunca pensaram seriamente no assunto, e por terem medo de serem “excomungados”, mesmo de igrejas protestantes, caso pensem diferentemente. Contudo, mesmo a religião da velha aliança se corrompeu, no tempo de Jesus homem era liderada por homens, que se importavam com exibir aparência externa superior diante de homens, para dominarem sobre esses, mas que interiormente eram sujos e distantes de Deus (Mateus 23.27). Como resultado tinham vidas hipócritas, que lhes deixaram cegos para verem a luz mais alta de Deus manifestando-se para salvá-los, Jesus. 
      Alguma semelhança entre os líderes religiosos judeus do século I, os líderes católicos que surgiram a partir do século IV, e muitos líderes evangélicos atuais no Brasil? Toda semelhança, mas é assim que o mundo funciona até o momento. Sempre foi assim e sempre será? Eu penso que não, a humanidade chegará num ponto de sua evolução espiritual onde conseguirá reter com mais fidelidade a palavra original de Deus, e ao invés de dilacerá-la, a renovará e multiplicará, sem que essa perca a pureza. Isso não aconteceu até o momento porque a ganância do homem, que tantas injustiças causam na sociedade, corrompem todos os homens, principalmente aqueles que de alguma maneira detêm poderes. Líderes religiosos não escapam disso, são corrompidos e assim mutilam a palavra genuína de Deus de acordo com suas conveniências.
      Cristãos, precisamos ter uma visão mais divina de tudo, do universo, da Terra, do homem, do plano espiritual, e ainda que muitos pensem o contrário, a divindade que tradições religiosas cristãs defendem não é a divindade do verdadeiro Deus, mas de um deus humanizado e limitado, um ídolo feito de dogmas e crenças, construído por homens. A Terra não é o centro do cosmos, não foi criada em seis dias, o homem não surgiu pronto do pó da terra, e Deus não é uma potência espiritual parcial que a uns defende e salva e a outros destrói e condena. Deus é misteriosamente maior, seu processo de trabalho é sem começo e sem fim, ele usa o tempo em dimensões gigantescas, o ser humano existirá ainda por milhares de anos neste mundo, pelo menos. Quem seremos na eternidade? Seres bem melhores que imaginamos ser, cristãos ou não. 

Esta é a 9ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário