quinta-feira, fevereiro 03, 2022

Crianças ou adultos? (4/90)

      “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” 
I Coríntios 13.11

      Você não diz a uma criança que ela deve olhar para os dois lados da rua antes de atravessar, você diz, não atravesse sem dar a mão para o pai, senão você será atropelada. Uma criança ainda não tem inteligência desenvolvida o suficiente para verificar a situação e fazer a melhor escolha, para ela, o medo de algo inflexível ocorrer, é o melhor ensino para livrá-la do pior. É verdade que se ela atravessar sem dar a mão para o pai ela será atropelada? Não de todo, há a possibilidade dela atravessar e, ainda que não olhe, nenhum carro esteja vindo e ela não sofra nada. Ela também pode ser uma criança com inteligência acima da média, que entenda que precisa olhar os dois lados, esperar ou não, e então atravessar, mas aí, ainda que tivesse consciência do que estivesse fazendo e de não sofrer nada com sua ação, ela poderia se vista pelos outros como uma criança desobediente.
      Essa metáfora não indica que a Bíblia minta, mas que é adequada aos homens dos tempos em que ela foi escrita, mesmo nela há ensinos antagônicos, sobre o amor, por exemplo, o antigo testamento nega amor aos inimigos, no evangelho é orientado a todos (Mateus 5.44). Se nós, como indivíduos, crescemos, melhoramos, adquirimos inteligência intelectual, porque isso não ocorreria com a humanidade? Não é óbvio, por tudo que temos visto da ciência, principalmente no século XX, que o homem tem se desenvolvido? E sobre os costumes sociais, sobre o casamento, sobre o papel de homem e de mulher, sobre os preconceitos com raça e sexualidade, não temos visto uma evolução desde o século XIX? Foi justamente para tentar negar, frear e controlar o desenvolvimento científico e social da humanidade, que a Igreja Católica tanto mal fez, tantos queimou nas fogueiras, torturou, enclausurou.
      Meus queridos, os ideais morais e espirituais nunca mudam, equivocam-se os que acham que textos como esse e outros, tanto do “Como o ar que respiro” como de outros autores, estão tentando defender o pecado e o diabo e desviar-se da Bíblia, do cristianismo, de Deus. Por este espaço eu defendo em alto, mas não mal educado som, que creio num Deus santíssimo, todo-poderoso, que enviou Jesus para que sejamos salvos à medida que praticamos seu amor, e crer em Jesus com salvador é só o primeiro passo para uma jornada em direção ao Deus altíssimo, onde está a luz mais clara de virtudes. Amo a Bíblia, é o texto religioso que por mais tempo tem iluminado a humanidade, com sabedorias eternas, na qual estão contidos mesmo mistérios que o homem atual, na média, não pode entender, nem viver. Contudo, existe amor divino num inferno eterno? Pense profundamente nisso, por favor.
      Quem você será na eternidade? Talvez exista a possibilidade de acordarmos na eternidade mentalmente da mesma maneira como saímos do mundo, apesar de com outra forma de corpo, composto de uma substância não material, seja lá qual for ela, semelhante àquela que Jesus tinha depois de ressuscitado, mas com o mesmo conteúdo moral que tínhamos antes da morte do corpo físico, com consciência, identidade e mesmo com limites. A Bíblia diz que depois da morte vem o juízo (Hebreus 9.27-28), não estamos negando isso, a questão é quanto dura a pena promulgada pelo juízo e a relação dessa com o amor divino. Talvez para muitos pode durar uma eternidade, mas talvez todos provaremos algum inferno, ainda que só por algumas horas. O que vai fazer com que isso varie? O aperfeiçoamento moral que fizemos com o nosso homem interior no mundo físico.
      Quem vigiou mais, buscou mais a Deus, se humilhou mais, praticou mais o evangelho verdadeiro, lutou mais contra suas capas e máscaras, não teve medo mesmo de parecer fraco e louco diante de homens, para agradar a Deus e deixá-lo aparecer e não o seu ego, esse poderá ir direto ao céu. Nosso melhor homem interior aparece fácil quando passamos a vida lutando para deixá-lo se manifestar, isso não mudará na eternidade. Contudo, os que viveram, ainda que no coração crendo em Deus, mas mantendo aparência de fortes, para não terem orgulho próprio riscado, para não mostrarem fraqueza, para pousarem-se sempre de vitoriosos e donos da verdade, esses terão certa dificuldade para serem humildes no pós-morte (Filipenses 2.9-11), quando todos teremos que nos curvar diante do Cristo, a manifestação mais plena de Deus no mundo, esses poderão provar “infernos”. 
      Não esperem aqui textos bíblicos que provem um ponto de vista, os que guiam suas vidas com Deus só naquilo que está explicitamente no cânone bíblico nem levem em conta esta reflexão. A crianças convém andarem de mãos dadas com seus pais, não tentarem fazer escolhas próprias, mas só seguirem as escolhas que outros fazem por elas. Isso está errado? De forma alguma, importa sermos coerentes com o que queremos acreditar e agradarmos a Deus nisso. Contudo, se a dúvida daquilo que você creu até hoje te encaminhar para uma vida mais santa, humilde e amorosa com o próximo, se novos questionamentos te fizerem um ser humano melhor, então, ouse. Mas faça isso conversando com Deus, buscando na paz e nos bons frutos autorização para aprender, e saiba, aos que estão preparados muito há para aprender, se o inferno pode não ser infinito, o céu é. 

Esta é a 4ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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