sexta-feira, março 11, 2022

Que morte merecemos? (40/90)

      “Aqueles que confiam na sua fazenda, e se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele.” 
Salmos 49.6-7

      A morte do corpo é inexorável, todos vão prová-la, indiferente de qualquer coisa, status social, nível financeiro, intelectual, raça, idade e mesmo religião, ela não pode ser trocada por bens materiais, não podemos comprar a vida para nos livrarmos da responsabilidade de vivê-la corretamente. A morte pode acontecer de diversas maneiras a seres humanos diferentes, pode vir cedo demais, ou antes do tempo melhor, pode ser no tempo certo, pode ser sofrida e demorada, pode ser abrupta e fulminante, pode ser tranquila também. Pode ser por um acidente, por uma violência, por um descaso, mas pode ser somente a parada do funcionamento do corpo, que mesmo que tenha sido bem tratado, respeitado, teve sua “data de validade” vencida. Ela é a única certeza que todos podem ter em suas jornadas neste mundo, ainda que seja só a passagem do plano físico para o espiritual. O plano espiritual será aquilo que construirmos dele no plano físico, efeito espiritual de uma causa no plano material. Só entende a vida quem entende a morte, e vice-versa. 

      “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.” 
Salmos 23.6

      Que morte merecemos? A morte que precisamos ter. O entendimento inicial é que nossa passagem do plano físico para o espiritual, nossa morte no corpo, seja de acordo com o bem que plantamos na vida, seguindo o ensino do Salmo 23. Quem temeu a Deus, obedeceu ao Senhor, trabalhou pelas prioridades corretas, não foi ganancioso ou vaidoso, buscando nos bens materiais uma honra maior para aparentar para os homens, mas se aproximou mais de Deus, e ainda mais à medida que os anos passaram, esse merecerá uma morte tranquila, rápida, com o mínimo de sofrimento. Quem equilibra corpo, alma e espírito não permite que se instale em si doenças mais terríveis, sejam físicas ou emocionais, mas mesmo que tenha vivido algum tempo de maneira errada, se humilhou-se a tempo de todo o coração diante do Senhor, também achará no Espírito Santo cura e vitória que o preparem para uma boa morte. O justo vive bem, principalmente no fim, porque plantou para isso, sua luz ainda que pequena no início, será grande no final, consequentemente viverá muito e terá uma passagem serena. 

      “O Senhor me castigou muito, mas não me entregou à morte.” 
Salmos 118.18

      Contudo, podemos ter um entendimento mais profundo sobre a morte, baseados no seguinte questionamento: quem conhece o plano real de Deus para cada ser humano? Ou então, o que precisamos passar neste mundo, até nosso último suspiro, para chegarmos ao melhor de Deus para nossas vidas, o melhor que levaremos à eternidade? Essa pergunta não é tão fácil assim de ser respondida, uma coisa eu creio que seja certa, todos nós passamos por este mundo, num instante de tempo comparado a toda eternidade, para que tenhamos a oportunidade de abrirmos mão de nós mesmos e darmos prioridade para o outro e para Deus, viver bem de fato nada mais é que morrermos para nós mesmos. A vida é um confronto com morte para que tenhamos direito à vida, vivemos para morrer, quem não vive preparando-se para morte, morre, porque morre a segunda morte que é espiritual ainda vivo fisicamente. A morte do ego, todavia, é algo pessoal, específico para cada um de nós, e alguns podem precisar de uma morte demorada e doída para que possam abrir mão do ego e terem direito à vida eterna em Deus. 

      “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos.
 Salmos 116.15

      Aqueles que verdadeiramente obedecem e adoram a Deus são especiais para Deus, porque estão em Cristo, fazem parte dele, conheceram sua luz, para ela olharam e nela fizeram refúgio, contra o mal, as trevas e a morte, dessa forma para a luz irão quando seus espíritos forem desprendidos dos corpos. A morte só é violenta para os violentos, só é enganosa para os enganadores, só será uma surpresa ruim para os que amaram a mentira e não foram humildes o suficiente para se revelarem em verdade. Livrar-se de uma morte ruim não é fácil, pode custar um vida longa e difícil, nossos corações orgulhosos e egoístas, muitas vezes viciados nos apetites da carne e nas vaidades, podem precisar de muita vergonha, perdas e humilhações para se renderem a Deus. Tenhamos a lucidez de entendermos o que Deus tem para nós e obedeçamos isso enquanto há tempo, para que mereçamos uma morte em Cristo que alegre o Pai, e Deus contempla o final da vida física de um filho obediente, que foi útil para abençoar outros seres, que achou a luz, nela ficou e nela será espiritualmente consumado por seu amor. 

      “E digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” 
Lucas 12.4-5

      Inferno se constrói aqui e se leva para lá, quando não se humilha diante de Deus e não se conhece a Jesus como salvador. O pior tipo de inferno, se é que há tipo de inferno, é aquele construído na alma de um suicida. O suicida não quer exterminar o corpo, ele tenta calar o espírito que sofre dentro dele, ainda que o espírito não possa ser morto em sua substância, só em sua moralidade, e ele pode fazer isso ainda em vida física à medida que foge da luz, da verdade, de Deus, e nega a si mesmo cura e paz. O arrogante e vaidoso, que quer viver de aparência para mostrar aos outros o que não é e nem precisa ser, mortifica seu espírito, e se não conseguir manter a farsa matará o corpo para tentar acabar com sentimentos e pensamentos de dor, isso só apressará um inferno terrível. O que se mata não amaldiçoa somente a si, mas à sua família, que ficará e terá que conviver emocionalmente com uma perda estúpida, que aconteceu antes do tempo melhor, e com consequências materiais que terá que administrar, como dívidas e alianças profissionais quebradas. Se o suicida pensasse um pouco em quem terá que continuar vivendo, se tivesse ao menos algum amor pelos outros mais que por si, não cometeria tal insensatez. 

      “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” 
Filipenses 1.21 

      Longe de nós nos compararmos a Paulo, pelo menos, longe de mim, para podermos afirmar com total propriedade o texto acima. Mas Deus, em sua graça, permite aos seres humanos, indiferentemente de suas vocações, trabalhos seculares e ministérios eclesiásticos, viverem em Cristo e serem felizes. Para que isso aconteça precisamos ser obedientes até o fim, nos libertarmos de ilusões, sejam elas quais forem, as materiais e também as religiosas, e existe muita ilusão em igrejas cristãs. Mas quem de fato viver em Deus, confiando nele e pagando todos os preços para agradá-lo, entenderá que tanto faz morrer ou viver, dos dois jeitos estamos na luz do Altíssimo, protegidos por ele, cuidados pelo seu amor, honrados pelo Senhor e criador de todas as coisas. Quem vive para abençoar o próximo servindo a Deus, será servido pelos anjos do Senhor na eternidade, mas quem descobre que servir ao próximo é sua maior vocação, tem no mundo alegria semelhante a que terá no céu, e eis um dos grandes mistérios da existência, entender que o espiritual importa mais que o material. 

Esta é a 40ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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