domingo, março 13, 2022

Sete anjos e Sete igrejas (42/90)

      “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer; o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” 
Apocalipse 1.19-20

      Esta e as próximas sete partes da reflexão “Quem você será na eternidade?”, não constituem um estudo detalhado das sete cartas aos anjos das igrejas, registradas no livro de Apocalipse, nos ateremos com mais cuidado às promessas “ao que vencer”, que encerram cada carta. Esta primeira parte é uma introdução, mas veremos que em cada promessa há mistérios profundos, que ensinam muito sobre a razão da existência para aqueles que buscam a Deus e abrem olhos e ouvidos espirituais para o Espírito Santo, que desejam e podem saber mais que aquilo que a tradição cristã de homens ensina. 
      A visão começa com a voz do Filho do Homem apresentando os símbolos das cartas. Há entendimentos diferentes sobre o que são anjos e igrejas. Uns dizem que os anjos são anjos mesmo, seres espirituais sob autoridade de Deus que guardam indivíduos, famílias, igrejas, regiões e nações. Outros dizem que os anjos são pastores de igrejas locais, os nomes das cidades citadas são contemporâneos a João. Como igrejas também há opiniões divergentes, podem ser igrejas locais da época de João, mas podem ser eras, dividindo a história da humanidade da época de João até o final dos tempos. 
      Um conceito que o cristão protestante não dá muito valor e o de anjo da guarda, aprendem a falar diretamente com Deus através de Jesus, creem que o Espírito Santo os unge para vencerem o pecado e o diabo e para entenderem e ensinarem a palavra, mas mais nada. Em anjos, até creem que Deus pode usá-los, mas como homens muitos cristãos creem que não podem ordenar que anjos façam isso ou aquilo. Talvez, com medo das práticas mágicas e ocultistas, o catolicismo tenha dogmatizado cristãos para não crerem em anjos, mas até católicos pedem a anjos por proteção. 
      O texto sobre os sete anjos do livro de Apocalipse pode indicar que Deus usa seres espirituais de luz para exercer sua vontade, para proteger, ensinar e consolar o homem. O arcanjo Miguel é citado no livro de Daniel várias vezes (Daniel 10.13,21, 12.1), em uma delas dá-nos a entender que seria o ser espiritual protetor da nação de Israel. O anjo Gabriel também aparece a Daniel (Daniel 8.16, 9.21). Daniel e João o evangelista podem estar entre os homens com mais experiências com o mundo espiritual registradas na Bíblia. Qual seria a verdade por trás dos sete anjos e das sete igrejas? 
      Penso que é tudo isso que citamos, ao mesmo tempo e mais algumas coisas. A Bíblia sempre fala pelo menos de três maneiras diferentes, em textos com profecias. Em primeiro lugar fala sobre o futuro imediato do profeta, afinal de contas Deus responde ao que o busca, se o profeta quer uma palavra sobre sua realidade, como no exemplo de Daniel, Deus falará a ele sobre isso. Deus é sempre direto e fiel, amoroso e paciente, quem complica as coisas, não cumpre o que promete, diz uma coisa, enquanto faz e sente outra, somos nós, homens. A espiritualidade mais alta é simples e objetiva. 
      Contudo, uma resposta de Deus sobre algo próximo e direto pode conter revelações mais profundas e futurísticas. Deve haver busca no Espírito Santo para entendermos além do óbvio, que não está aberto a todos. É assim porque são informações proibidas? Não necessariamente, é proibido para quem não está preparado para saber, e não está porque não paga os preços para ir além do superficial. Mas para quem sabe perguntar nenhuma resposta é negada, guardando depois o que se recebeu com temor a Deus, não revelando para qualquer um, por pura vaidade, o que nem o Senhor revela.
      A última maneira que uma revelação de Deus fala é a mais simples e atemporal, nem é profética, no sentido de revelar algo que vai acontecer, seja para a realidade do profeta que a registrou, seja para uma realidade distante. Isso ocorre por causa do motivo principal da Bíblia existir, confortar o ser humano, de qualquer tempo, com qualquer nível moral ou intelectual, seja da cultura que for, sem que haja necessidade de estudo teológico mais técnico. Qualquer um que ler um texto bíblico, se houver nele sincera intenção de ouvir a voz do Deus verdadeiro, ouvirá e sairá fortalecido. 
      O termo “ao que vencer” aparece sete vezes no livro Apocalipse nos textos com as promessas aos anjos das sete igrejas. Ele implica em algo importante, que a melhor eternidade não será para todos, mas só para os que vencerem. Quem são os vencedores? Os que crerem em Cristo como salvador ou os que persistirem em andar no mundo seguindo o exemplo de Jesus homem? A teologia protestante tradicional diz que o céu será para os que crerem em Cristo, mas pensemos nas promessas “ao que vencer” não só como maravilhosos direitos, há também sérios deveres nelas. 
      João usou de metáforas em seu texto, que ele conhecia da mitologia bíblica já antiga, mesmo para seu tempo. Mas será que hoje temos que estar limitados pelo mesmo nível de entendimento dele? Deus não sofre mutações, o homem, sim, hoje talvez possamos entender o livro de Apocalipse de um jeito que nem o próprio apóstolo do amor entendeu, ainda que tenha registrado com fidelidade e temor a Deus profecias que recebeu na mente de homem do final do século I. O certo é que “ao que vencer” será dado na eternidade, bem mais que um lugar para descansar e adorar a Deus. 

Esta é a 42ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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