sexta-feira, março 04, 2022

E alguns, quem serão na eternidade? (33/90)

      “Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte; como também não há licença nesta peleja; nem tampouco a impiedade livrará aos ímpios.” 
Eclesiastes 8.8

      No dia 25/11/2020, faleceu o jogador de futebol Diego Armando Maradona, com certeza um dos melhores do mundo em seu esporte, e na opinião de muitos argentinos, o melhor, mais até que Pelé (s.q.n.). Pessoas e coisas se destacam das outras em nível mundial e perdurando no tempo não por terem uma coisa diferenciada, mas muitas, um grupo de características contribuíram para que Maradona fosse especial. Primeiro ele tinha uma habilidade singular com a bola, talento e arte que produziam muito em pouco espaço de campo e em pouco tempo, isso não só ganhava jogos, mas nos encantava, vê-lo jogar era (e é, assistindo vídeos) muito prazeroso. Maradona era mais que um excepcional atleta, era genial! 
      Mas Maradona não era só um jogador ímpar de futebol, ele tinha opiniões políticas e não tinha medo de expô-las. Assumidamente de esquerda dizia que Fidel Castro era seu segundo pai, defendia os pobres e até chegou a se posicionar publicamente contra as riquezas da Igreja Católica. Esse misto de deus e bad boy criou um carisma que levantou adoradores na Argentina, passando pela Itália onde jogou e por todo o planeta. Existe até uma “igreja” que celebra Maradona como um ser espiritual especial, a Igreja Maradoniana. Seu enterro teve pompas de rei e movimentou a Argentina como poucas vezes, o falecimento de Dieguito aos sessenta anos, vítima de parada cardiorrespiratória enquanto dormia, foi prematuro. 
      Contudo, se na vida pública ele é considerado um deus, na vida privada foi terrivelmente humano, e isso ele não escondeu de ninguém. A verdade na vida das pessoas, e por incrível que pareça mesmo a ruim, sempre traz mais admiração que aversão, porque sentimos empatia por sabermos que outros têm as mesmas lutas que nós. Vemos, mesmo no gênio, alguém semelhante a nós, se até ele teve problemas, por que nós não podemos ter? Contudo, é bom refletirmos sobre algumas coisas da passagem desse ser humano único na Terra para aprendermos e quiçá, melhorarmos. O que faz alguém, com tantos privilégios, com tantas glórias, que nasceu com ferramentas tão boas para ter prosperidade no mundo, ser presa de vícios? 
      A vida é feita de trocas, deixamos algo que nos faz mal quando temos algo bom, de pelo menos igual tamanho, para trocarmos, não basta tirarmos o mal, temos que ocupar o espaço com algo bom, algo que valha à pena termos e mantermos. Contudo, o que é bom para nós depende de nosso caráter, de princípios de certo e errado que temos e guardamos no fundo do nosso ser, esses princípios ganham relevância quando entendemos o que realmente importa na vida, o que nos traz a paz que permanece. Muitos deixam uma vida de devassidão e de prazeres egoístas quando acham um amor verdadeiro e com ele constroem uma família, outros trocam vícios por profissão, começando pelos estudos até alcançarem um cargo alto e honrado. 
      Tantos que realmente se convertem ao evangelho de Jesus deixam vidas erradas e frívolas para conhecerem, adorarem e servirem a Deus, e essa é a vocação melhor de todo ser humano, a mais eficiente para livrar de ilusões e vícios. Se não paramos de pecar porque não achamos que o pecado nos faz mal, se tivermos alguma índole paramos de pecar porque isso machuca pessoas que amamos, assim o que vence o pecado é o amor. Pecar e seguir pecando, fazendo disso um vício, é atitude de seres imaturos e egocêntricos, que só se importam com o próprio prazer, e quem não morre para si para viver pelos outros, acaba vivendo só para si e morrendo para todo mundo. Viver para sempre do jeito melhor só em Deus. 
      Felizmente existem bons exemplos de gente, mesmo entre artistas e esportistas famosos, que venceram drogas e alcoolismo, mas infelizmente, por mais que a luz de gênios tenha brilhado neste mundo e que até nos acostumemos a dizer que esses continuarão brilhando no céu, a coisa não funciona bem assim. Não, não estou condenando ninguém ao “inferno” pelo simples fato de alguém não ter demonstrado em vida qualquer relação com o evangelho, a coisa também não funciona assim. Ligação íntima com Deus só Deus e quem a tem sabem, não nos enganemos. A vida é uma prova, aptidões, família, intelectualidade, posições, fama e bens, são só ferramentas, não definem as pessoas, mas são usadas para provar as pessoas. 
      Ser famoso no mundo, em tantas áreas distintas, revela-nos uma coisa, algumas pessoas receberam de Deus uma oportunidade especial. Não, o diabo não é pai de nada, não dá nada, mas pode enganar aqueles que de um jeito ou de outro teriam relevância no planeta, dizendo que eles são o que são por causa dele. Mas isso é uma mentira, com as grandes facilidades, que dons e aptidões entregam, vêm grandes responsabilidades, e a responsabilidade maior é contribuir de forma positiva nas vidas das pessoas, isso será cobrado de todos na eternidade, não tenham dúvidas. Quanto a nós, reles mortais, não invejemos a fama, sejamos úteis em amor o mais humildemente possível, o Deus que dá, sabe, e recompensará com justiça. 

Esta é a 33ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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