sábado, março 12, 2022

Não negue o convite para a festa (41/90)

      “Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e portanto não posso ir. 
      E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.” 
Lucas 14.16-24

      Talvez a parábola do texto inicial, como vários outros textos do novo testamento, principalmente certas cartas de Paulo, se refira só à Israel e os gentios. Tendo os judeus, no papel de suas lideranças religiosas do primeiro século, negado a nova aliança de Cristo, essa foi oferecida a outros povos. Mas a lição serve para todos, faz alguns alertas sérios e mesmo trágicos, com relação ao melhor que podemos desfrutar no mundo, mas principalmente na eternidade. Quando lemos o texto podemos ficar espantados com a atitude dos convidados inicias, podemos dizer que nós no lugar deles não agiríamos da mesma maneira. Normalmente os primeiros convidados a uma festa são parentes e amigos mais próximos, e foram esses que negaram o convite.
      Interpretemos assim a parábola, o dono da festa é Deus, Jesus é o servo que sai fazendo os convites. Os mais próximos são os que se dizem religiosos, principalmente cristãos, que se identificam como conhecedores do evangelho, das doutrinas cristãs, assíduos em cultos e missas, conectados oficialmente a denominações católicas, protestantes e evangélicas. São justamente muitos desses, e aqui não posso generalizar que foram todos, que deram mil desculpas para não poderem ir à festa. O dono da festa deve ter se entristecido, como, justamente aqueles que ele considerava mais próximos a ele, lhe faziam essa desfeita? Negavam convite para algo especial, no qual eram convidados privilegiados, com prioridade sobre outros? 
      Interessante que as desculpas não eram porque coisas ruins tinham lhes acontecido, essas até poderiam ser entendidas, alguém não poder ir a uma festa porque tinha falecido alguém próximo, porque tinha perdido bens, porque estava enfermo, contudo, as desculpas foram porque coisas boas tinham acontecido a eles e eles precisavam administra-las. Saber disso deve ter entristecido ainda mais o dono da festa, mas não tinha jeito, a festa seria dada, alguém precisaria usufruir dela, dessa forma o convite foi aberto. No lugar de convidados, aparentemente mais preparados para uma festa, foram chamados estranhos e marginalizados, pobres e aleijados, mancos e cegos, que talvez, por não poderem trabalhar, fossem pedintes sem teto.
      A abertura do convite é uma simbologia para a abrangência do amor de Deus, que não considera privilegiados religiosos, cristãos oficiais, mas todos são chamados para usufruírem da intimidade do Senhor, mesmo que aparentemente não sejam os mais adequados. Deus não ama pela aparência a alguns, Deus ama todos pelo coração, não faz diferença entre quem conhece a doutrina cristã e quem não sabe nada de cristianismo. Mas o amor de Deus é ainda mais maravilhoso, mesmo os que dizem não por falta de consciência, de entendimento, diferente dos primeiros convidados que disseram não com consciência, Deus acha um jeito de convencer para que festejem com ele, no mundo e na eternidade. Deus não deseja inferno a ninguém. 
      Muitos, que tantos evangélicos marginalizam, condenam ao inferno, tratam com preconceitos, podem experimentar na eternidade uma condição de paz e luz melhor que a de muitos cristãos, a parábola é bem clara sobre isso, quem tem olhos para ver que veja. Poderão experimentar um “céu”, não os que se acham preparados para isso por serem religiosos, nem os que intimamente se acham mais merecedores por sofrerem mais injustiças no mundo, mas os que são convencidos sinceramente pelo amor de Deus, sem qualquer segunda intenção. Esses são aqueles que estão pelos caminhos e valados, meio escondidos no mundo e de igrejas, que podem nem aparentar espiritualidade ou mesmo qualquer anelo por ela, surpresas haverá. 
      O relógio anda, Deus tem eventos a serem cumpridos no tempo, isso faz parte de um plano muito maior, que a maioria não tem noção de como funciona, nada pode impedir isso. Mas tenhamos cuidado, a exortação final é trágica, nenhum daqueles homens que foram inicialmente convidados provou a ceia. Sabe o porquê? Porque esses não negaram só um convite, negaram vários convites. Se convidados desprezam a festa de alguém querido e muito poderoso porque consideram suas alegrias mais importantes, é porque não querem estar com esse alguém, com ou sem festa. Poderiam ir, nem por gosto, mas ao menos por temor, isso pelo menos mostraria que respeitam o dono da festa, mas temor é algo que muitos perderam há muito tempo. 

Esta é a 41ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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