segunda-feira, março 07, 2022

Que pessoas vos convêm ser? (36/90)

      “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.
      Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” 
II Pedro 3.9-13

      A vida urge e nos conclama em todo o tempo a compreendê-la. Aqui no mundo ela não é eterna e segue para a desintegração, quem tiver olhos e ouvidos espirituais abertos compreenderá a existência neste plano e poderá retirar dela algo bom e eterno. Sofremos esperando, os que não querem sofrer negam a necessidade da espera fazendo uso de subterfúgios, que potencializam as ilusões da vida material dando uma falsa impressão de eternidade na carne, eternidade que só é viável no espírito. Mas quem tem o Espírito Santo tem a eternidade em si, para a vida, não para a morte, e ainda que veja o corpo morrer pode conhecer e usufruir o Deus eterno de luz e paz. Basta-lhe lutar contra as baixas tendências da carne e deixar subir a vocação mais alta do espírito, que habita essencialmente todos os seres humanos.
      Para Deus o tempo não funciona como funciona para nós, seres encarnados, ele sabe do futuro porque tudo já fez no passado, existindo num eterno presente. Os que sincronizam suas vidas com ele não sofrem com prazos de entrega, nem se surpreendem com recebimentos, se para nós parece demorar é só o Senhor aguardando que nós, na carne, estejamos melhor preparados para receber. Justos e ímpios, salvos ou perdidos? Deus ama a todos igualmente, todos provarão o seu amor em algum tempo, não duvidem disso. São os próprios homens, não Deus, que podem impedir os homens de receberem as bênçãos e serem satisfeitos com a felicidade. Quem ainda não recebeu um bem é porque ainda não se preparou para isso, colocando-se na posição onde todas as bênçãos, espirituais e físicas, podem ser usufruídas. 
      Haverá juízo, um julgamento final? Haverá um momento onde todos os seres humanos serão avaliados por um juiz, mais elevado e puro, para que recebam uma sentença? Sim, não da maneira como muitos, incluindo cristãos e evangélicos, acham que será, mas com certeza confrontará causas e efeitos de todos os seres. Tudo será recompensado, também não do jeito que muitos acham que será, não necessariamente conforme o que foi feito, mas conforme a intenção de quem fez. É assim para que haja justiça e crescimento para o alto, onde habita o pai das luzes, de todo o bem, de todos os espíritos criados e colocados no mundo para serem provados. Esse mundo, apesar de ser tão importante para tantos, será totalmente transformado pelo “fogo”, fogo que também não será o que muitos acham que será. 
      Roupas caras, produtos de embelezamento e estética, comidas sofisticadas, bebidas raras, joias, ouro, pedras preciosas, carros luxuosos, tecnologias de última geração, dinheiro, cartões de credito, lugares seculares e históricos, belezas naturais e construídas pela humanidade em milênios, quadros, instrumentos musicais, toda a arte avaliada em milhões, tudo isso passará. Mas se tudo o que vemos, se tudo o que muitos chamam de a única realidade, se tudo o que tantos pagam preços de sangue para possuir, para que possam se sobrepor sobre pares e gozar de prazeres físicos, se tudo isso acabará, o que de fato levaremos para aquilo que não tem fim? Chegamos ao questionamento que Pedro nos faz em sua carta: que pessoas nos convêm ser, quais os valores que verdadeiramente nos salvarão do “fogo do inferno”? 
      Em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que habita a justiça, eis as melhores condições para vivermos um estado de vigilância que nos dê direitos a uma boa sentença no juízo. Santo trato e piedade, é mais que aparência de santidade, que simplesmente obedecer certas regras que muitas vezes só protegem o exterior, é mais que educação e discurso de amor. É vida prática como fruto de um homem interior limpo, é amor que age e serve os semelhantes com misericórdia e caridade. Quem está em Deus sente a urgência da existência e não se faz de morto, não perde tempo, mas toma, a tempo, a iniciativa para fazer o bem, vencendo o orgulho e a vaidade, dando a outra face e de fato andando em humildade, discreta e do coração, como é a verdadeira humildade. 
      A pressa de ver justiça sendo feita neste mundo e principalmente nas próprias vidas, é o que leva muitos a se afastarem de Deus e a se colocarem debaixo de homens e de seres espirituais rebeldes, que se achando maiores que Deus enganam a muitos dizendo que são defensores de seus direitos. Apressemo-nos, sim, mas para conhecermos e obedecermos a Deus, nem a justiça, o amor e a paz estão acima de Deus, quem busca tudo isso e despreza Deus, no final só achará desgosto e tormento. Não se enganem, fins não justificam meios. Sim, podemos e devemos buscar direitos iguais e qualidade de vida para todos hoje, mas cientes que a justiça maior só vem de Deus que só a manifestará plenamente no futuro, nos novos céus e na nova terra. Que pessoas nos convêm sermos, nós que aguardamos o cumprimento da promessa de Deus?

Esta é a 36ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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