quinta-feira, junho 15, 2023

Comunhão, não só palavras

      “Porque em tudo vocês foram enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento, assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vocês, de maneira que não lhes falta nenhum dom, enquanto aguardam a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele também os confirmará até o fim, para que vocês sejam irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual vocês foram chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.I Coríntios 1.5-9

      Deus não nos atende só porque pedimos ou só porque agradecemos, mas essencialmente porque estamos em comunhão com ele. Quando oramos, pedindo e agradecendo, nossa vontade de estarmos conectados com ele e de o agradarmos, obedecendo-lhe, nos coloca numa íntima ligação com ele. Nessa comunhão conhecemos sua vontade e temos forças para fazê-la, conexão com Deus é mais que diálogo, palavras em nossas mentes ou verbalizadas pelas nossas bocas, e palavras que lemos na Bíblia ou ouvimos do Espírito Santo. Podemos estar em comunhão íntima com o Senhor mesmo sem pedirmos ou agradecermos, mas também podemos pedir e agradecer sem estarmos conectados com Deus. 
      O mistério a ser entendido aqui é que ligação com um Deus espiritual se faz de maneira espiritual pelo Espírito Santo com o nosso espírito. Palavras ouvidas no plano físico, ou mesmo só pensadas em nossas cabeças, têm um valor secundário, tanto as que pedem quanto as que agradecem. Isso eleva nossa comunhão com Deus ao patamar certo, algo além de liturgias, ritos e religiões. Ainda que seja importante vivenciarmos uma ligação social com o divino, como testemunho e ensino, essa não é mais importante que nossa ligação pessoal, muitas vezes estabelecida na solidão e mesmo em lugares os mais diversos possíveis neste mundo. Na eternidade espiritual nossa ligação será somente espiritual, assim, plena. 
      Procuro repetir esse assunto porque tem bastante relevância para termos períodos de oração realmente satisfatórios e eficientes. Você já deve ter experimentado um tempo de oração onde falou e falou, até chorou, mas no final ainda se sentia sem paz, insatisfeito, parece que tuas palavras não passaram do teto. Isso acontece quando pedimos e agradecemos, mas só com nossas bocas e mentes, não com nossos espíritos no Espírito de Deus. Quem nos move ao Altíssimo é o amor de Deus, disponibilizado por Jesus, através do Espírito Santo, a avenida espiritual que nos liga a Deus. Em Jesus temos perdão, que libera o amor que nos atrai a Deus, tudo pelo Espírito Santo, sem ele não há comunhão com Deus. 
      O texto bíblico inicial é o início de uma epístola de Paulo aos cristãos de Corinto, nessa carta um tema importante são os dons espirituais. Diferente do que muitos que não querem os dons espirituais hoje pensam, procurando mesmo usar os textos dessa carta como álibi para isso, Paulo não proíbe os dons, muito menos o tão útil dom de línguas espirituais estranhas. Paulo dá orientações para organizar o uso dos dons, de modo que esses atinjam o propósito maior de Deus com eles, permitir que os homens conheçam e façam sua vontade. Nossa vocação maior é estarmos em comunhão com Deus por Jesus, a porta para o Altíssimo, essa vocação é desempenhada no Espírito Santo e pelo uso dos dons espirituais. 
      Comunhão com Deus pelo Espírito Santo é um maravilhoso mistério. Muitas vezes Deus pede que falemos, que nos abramos, mesmo que choremos, outras vezes somos levados a adorar a Deus, e quando isso vem pelo Espírito é tão forte e sincero, que achamos não haver palavras para expressarem nossa adoração. Contudo, algumas vezes o Espírito Santo pedirá de nós silêncio profundo, para pararmos de falar, de nos preocuparmos, mesmo de chorarmos, e em serenidade de alma ouvirmos o que Deus tem a nos dizer. Ore sempre, ore mais, seja amigo de Deus, creia em sua existência, em sua santidade e em sua ação por amor, mas acima de tudo, tenha comunhão íntima com Deus, ainda que sem palavras.

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