quarta-feira, junho 14, 2023

Prazer na justiça de Deus

      “Justo és, ó Senhor, e retos são os teus juízos. Os teus testemunhos que ordenaste são retos e muito fiéis. O meu zelo me consumiu, porque os meus inimigos se esqueceram da tua palavra. A tua palavra é muito pura; portanto, o teu servo a ama. Pequeno sou e desprezado, porém não me esqueço dos teus mandamentos. A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade. Aflição e angústia se apoderam de mim; contudo os teus mandamentos são o meu prazer. A justiça dos teus testemunhos é eterna; dá-me inteligência, e viverei.Salmos 119.137-144

      Este trecho do salmo 119 mostra o sofrimento do justo diante da injustiça dos homens, o justo não convive com a injustiça com indiferença, ainda que cuide de sua vida e não da vida dos outros sente a opressão que existe no universo por causa da injustiça, que muitos fazem e deixam que os outros façam. Isso não significa ser xerife do mundo, querer fazer justiça com as próprias mãos, se achar melhor por ser justo, não, a reação correta à injustiça é calada porque é um efeito espiritual de uma causa espiritual. 
      Não são só os homens no mundo sendo injustos, desobedecendo leis, zombando do que é certo, fazendo outros sofrerem para que usufruam de prazeres egoístas, essa disposição acha empatia em seres espirituais invisíveis do mal, que incitam a injustiça e se comprazem nela. O justo percebe esse clima espiritual pesado e sofre, mas sendo espiritual busca solução para esse desconforto em Deus, o Senhor do universo, tanto do físico quanto do espiritual, Deus pode emanar sua luz mais alta e destruir a ação da injustiça no justo. 
      “O meu zelo me consumiu, porque os meus inimigos se esqueceram da tua palavra”, quem é sensível sente e quem sente sofre, o que aprova o mal ou o despreza não sofre, mas nisso mata sua sensibilidade espiritual e morre por dentro. Não tenhamos inveja do que parece estar inabalável diante do mal, esse pode ser, não um forte, mas um morto, que às vezes se matou porque não teve forças para resistir diante de tanta dor que sentia. Aceitemos uma verdade, viver num mundo injusto dói, refrigério para isso só em Deus.
      “Pequeno sou e desprezado”, ser espiritualmente sensível e sofrer por isso não faz do justo alguém popular no mundo, aprovado, mesmo dentro de igrejas cristãs, mas um marginal, às vezes um pária. Mas nesse caso não devemos sofrer como pecadores e errados, nem com auto-comiseração ou vitimismo, mas como justo que tem ao seu lado Jesus, o justo dos justos. Jesus, que tendo ele mesmo como homem sofrido as maiores injustiças, entende os que sofrem diante da injustiça e os ajuda com carinho especial. 
      “Aflição e angústia se apoderam de mim, contudo os teus mandamentos são o meu prazer”, acharmos em Deus o prazer maior e melhor, eis a única coisa que soluciona a dor de termos os olhos abertos para ver a injustiça, de termos almas sensíveis e vivas, de sermos luz num mundo em trevas. Se não acharmos esse prazer seremos piores que os das trevas, seremos oprimidos por esses, os veremos fazer e acontecer enquanto nós permaneceremos amarrados, ainda que vendo a Deus não conseguiremos testemunhar dele. 
      Achar o prazer maior e melhor e pô-lo em prática implica numa experiência espiritual de duas partes, só a primeira, a sensibilidade viva para o mal, não basta, é preciso que o bem impressione nossas almas, sentimentos e pensamentos, nos eleve e nos liberte. Assim, além de vigiarmos dia a dia para não sermos mortificados pela injustiça do mundo, temos que ter experiências de profunda comunhão com o Altíssimo, pelo mover do Espírito Santo até a porta Jesus que nos dá acesso às regiões espirituais mais altas de Deus. 
      Sempre que buscamos a Deus ele nos fala e ainda que não o busquemos ele nos atrai, nada é desculpa para andarmos sem paz. Se em nós há humilde diligência não existe contingência do impossível fora de nós, o Senhor, de alguma forma, sempre atende ao que depende dele e o consola, de uma maneira tão simples quanto poderosa, de forma que tenhamos forças para seguirmos em paz. O mundo é injusto e o justo sofre com isso, mas esse sofrer aperfeiçoa-o para a eternidade, é propósito dos desígnios de Deus.

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