sexta-feira, junho 02, 2023

Milagre não é criar, é saber

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.João 15.15

      Muitos querem um final dos tempos interpretando profecias bíblicas ao pé da letra e no plano físico, assim esperam uma segunda vinda de Jesus no mundo, ainda que dessa vez como rei e não salvador. Mas as coisas não vão acontecer como muitos acham simplesmente porque o universo não funciona assim, Deus não trabalha dessa maneira. O texto “não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (II Pedro 3.8) nos revela o mistério do modus operandi de Deus, tudo é feito muito lentamente no plano físico, respeitando a natureza, suas transformações, ações e reações. Deus pode ter feito uma única coisa, disparado o big bang, que depois desencadeou tudo o mais no cosmos. 
      Pode-se argumentar: “e os milagres que, por exemplo, Moisés realizou quando libertou Israel do faraó egípcio? e os milagres que Jesus fez curando e libertando possessos?” Contra-argumento assim: será que foram ações extraordinárias ou conhecimento extraordinário? Vou explicar, Deus na verdade já fez tudo! Para uma potência eterna e toda-poderosa, que fez e administra tudo em amor, santidade e justiça, não há tempo. O Senhor não precisa e nunca precisará fazer coisas novas ou em cima da hora para atender necessidades, ele já fez. O que precisamos hoje ou necessitaremos no futuro, Deus já providenciou para nós, o que desencadeará a bênção já foi disparado. Para Deus não há exceções, só leis eternas. 
      Orar não é pedir que algo aconteça, ainda que em nossas lutas em oração diante do Senhor peçamos, em nossas mentes limitadas, que Deus faça acontecer isso ou aquilo. Orar é nos colocarmos de tal maneira em conexão pelo Espírito Santo que possamos conhecer a vontade de Deus, como, onde e quando ele vai agir. Aquele que busca, conhece e obedece a vontade do Senhor, harmoniza sua limitada existência humana com a vontade de Deus, assim com todos os sistemas, hierarquias e eventos do universo. Obviamente, cada pessoa tem estabelecido, pela providência divina, seu nível de ação nessa harmonia, não basta fé e boa vontade, deve haver obediência a uma chamada específica de Deus. Como Moisés, só houve um. 
      Moisés, Elias e Jesus eram homens que sabiam e faziam a vontade de Deus, assim conheciam o que Deus queria e podia fazer. Deus pode tudo, mas não faz tudo, não como, onde e quando queremos. Nessa sincronia, aos olhos dos homens, aos nossos olhos hoje, parece que pela fé esses homens realizaram atos extraordinários, impossíveis, poderosos, mas não foi isso. Nossa fé não tem poder de criar e destruir, mas pode conhecer quem cria e destrói, então, dizer que algo será criado ou destruído. Quem faz é Deus, não o ser humano, e muitas vezes por eventos, na natureza e nas sociedades humanas, que foram disparados dias, meses, anos, séculos antes. Deus sempre usa o tempo e nele trabalha, com muita paciência. 
      Se analisarmos sob certo aspecto, as pragas que ocorreram no Egito enquanto Moisés solicitava ao faraó liberação para a partida dos israelitas, são uma sequência de eventos naturais, baseados em desequilíbrios da flora e da fauna do Egito, que já deveria ter sido desencadeada antes mesmo que Moisés começasse exercer sua missão. O “milagre” maravilhoso, usando o termo, está na sincronia que têm os homens com o planeta, com a natureza, com o universo, quando estão harmonizados com a vontade do Senhor. Ah, meus querido, ao humilde, crente e obediente, nada será negado, aos olhos dos homens será engrandecido sobremaneira, ainda que o humilde saiba que só fez conhecer a vontade de Deus em oração. 
      Hoje já podemos compreender o processo por trás de muitos eventos bíblicos que homens do passado identificaram como milagres, principalmente os relacionados à natureza e a enfermidades psiquiátricas, nesse último caso, muitos milagres que Jesus fez curando e expulsando “demônios”. Contudo, há muita coisa que ainda não entendemos pela ciência, isso não é motivo para duvidarmos da eficácia que há em buscarmos e crermos em Deus, pedindo dele ações que para nós pareçam impossíveis, extraordinárias, poderosas. Mas o sábio será cauteloso, crerá em Deus, mas respeitará a ciência, a natureza, e tantos mistérios que ainda não entendemos, mas que podemos ver manifestarem-se se conhecermos a vontade de Deus para nós. 

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