17/02/23

Deus salvará o humilde

      “Se te voltares ao Todo-Poderoso, serás edificado; se afastares a iniquidade da tua tenda, e deitares o teu tesouro no pó, e o ouro de Ofir nas pedras dos ribeiros, então o Todo-Poderoso será o teu tesouro, e a tua prata acumulada. Porque então te deleitarás no Todo-Poderoso, e levantarás o teu rosto para Deus. Orarás a ele, e ele te ouvirá, e pagarás os teus votos. Determinarás tu algum negócio, e ser-te-á firme, e a luz brilhará em teus caminhos. Quando te abaterem, então tu dirás: Haja exaltação! E Deus salvará ao humilde.” Jó 22.23-29

      As palavras de Jó 22 são sábias, apesar de serem argumentos de Elifaz, um dos amigos que não entendia a provação de Jó, defendia Deus e acusava Jó. Nem sempre nossas vidas são simples assim. É uma visão comum, que não era tão errada para homens do passado porque se adequava ao entendimento que esses tinham da existência humana, mas que persiste hoje, que a vida é uma batalha entre o bem e o mal, assim o bem deve triunfar e o mal deve ser destruído. Se fosse assim Jesus não teria sido crucificado, ele mesmo disse, respondendo a Satanás, que se quisesse Deus enviaria seus anjos para o livrar, mas isso, naquele momento, seria tentar a Deus (Mateus 4.6-7). 
      Não meus queridos, num nível mais elevado de espiritualidade que Jesus foi responsável por entregar à humanidade na nova aliança do evangelho, vitória está na perda, na injustiça ser encarada com humildade, e mesmo em deixar esse mundo sem ser entendido e aprovado por homens, incluindo evangélicos que acham que o melhor de Deus só existe quando homens são prósperos e têm honra aqui. Por isso tantos evangélicos apoiando políticos e lutando para que a tradição judaica-cristã prevaleça na sociedade, querem o que nem Jesus teve aqui, por isso terão dificuldades para receber o que Jesus dá na eternidade. Muitos se surpreenderão naquilo que chamam julgamento. 
      Muitos têm tentado a Deus, pedindo que Deus mande anjos e destrua os inimigos, assim têm se afastado do Senhor, permitido iniquidade em suas tendas, na arrogância de se acharem melhores, com mais direitos por se acharem do lado de Deus. Deus está do lado de todos, evangélicos e não evangélicos, dos da direita e dos da esquerda, e mesmo de ateus, ainda que ele seja fiel com os fiéis, mesmo que esses estejam enganados sobre algumas coisas. Sim, meus irmãos evangélicos, Deus tem ouvido vossas orações, pediram Saul e esse lhes foi dado, ainda que o Senhor nunca o quisesse para vocês, mas um pai de amor não pode permitir que seus filhos sigam errados para sempre. 
      Não, evangélicos, terem evangélicos no executivo, no judiciário e no legislativo, terem vossas igrejas fortes na sociedade não é o que faz de vocês mais espirituais, mais agradáveis a Deus, o reino de Deus não é deste mundo. O catolicismo teve isso por séculos e sabemos muito bem todo o mal que essa religião fez ao mundo, ainda que pregasse o nome de Cristo e esse abençoasse a tantos. Humilhem-se, joguem fora o ouro e as pedras preciosas, vocês não poderão levar isso para a eternidade, vosso tesouro é o todo-poderoso. Virtudes morais que começam na humildade, na santidade e no amor, são a prata que poderão acumular e que terá valor no plano espiritual.
      Oração respondida, negócio bem sucedido, clareza para decidir, salvação do opressor, essas promessas não são para todos, mas para os que buscam a Deus, contudo, elas podem não estar sendo cumpridas nas vidas desses porque esses estão lutando em batalhas erradas. Para Deus abençoar o Brasil basta que uma parte do povo o busque, mas se esses se envolvem em guerras ideológicas, em teorias fantasiosas de conspiração, em polêmicas políticas inúteis, toda a nação sofre. A culpa não é dos que estão em trevas, mas dos que deveriam estar na luz e se exaltam quando Deus pede deles humildade. Acordemos enquanto há tempo para que a disciplina não seja dura. 

16/02/23

Humilde para receber

      “Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.Lucas 22.27

      O senso comum cristão segue o texto bíblico inicial, onde se entende que mais bem-aventurado é dar que receber, assim o espiritual deve servir, não querer ser servido, isso contém um princípio eterno de espiritualidade, não estou negando isso. Contudo, quase dois mil anos depois do mundo ser evangelizado, muitos têm distorcido alguns valores, muitos fazem de tudo para não serem vistos como menores, como necessitados dos outros, como dependentes, incluindo parecerem-se bons cristãos, fazerem caridade, ajudarem os outros, dizendo que obedecem um ensino evangélico.
      Para quem precisa receber algo, tanto faz de quem recebe, e Deus usa qualquer um e qualquer coisa para abençoar o necessitado, seja qual for a intenção de quem dá, mas para o que dá a coisa não funcionam assim, ainda que seja ferramenta de Deus. Não é porque alguém dá que receberá honra por isso, não se já se exigiu, ainda que na privacidade do coração, quem de alguma forma cobra retorno pelo que faz não será recompensado por Deus. Podemos nos sentir bem por ajudar os outros, por dar sem receber, mas temos que ter cuidado para não nos sentirmos orgulhosos demais por isso.
      Para que precisamos de mais humildade, para servirmos ou para sermos servidos? Servir é chamada de todo cristão, mas mesmo isso pode ser feito com algum orgulho, escondido no álibi que estamos fazendo algo pelos outros e que portanto somos virtuosos. Contudo, sermos servidos, não por sermos arrogantes, por acharmos que os outros têm a obrigação de nos servir, mas justamente pelo contrário, por nos assumirmos como necessitados, carentes da ajuda dos outros, pode exigir de nós ainda mais humildade. Na verdade em tudo deve haver humildade, em servir e em ser servido, é preciso equilíbrio sempre, ajudar quem precisa e receber, deixando que o outro seja bênção no serviço.
      Se como cristãos já aprendemos que é melhor servir que sermos servidos permitamos também que o outro sirva, para ser melhor, percebe que essa é uma reflexão que se aprofunda no princípio evangélico? Tem gente que ama dar presentes, mas não fica à vontade quando recebe, parece que isso os coloca numa situação de dívida com o outro, e o orgulhoso não quer dever algo aos outros. Enquanto dar mostra uma capacidade nossa, mesmo que aparente espiritualidade, permitirmos que os outros nos deem revela o lado fragilizado nosso, é preciso muita humildade para mostrar nossa fraqueza, não nos envergonhando disso, mas admitindo que precisamos do amor voluntario do outro.

15/02/23

Não resista, só aceita

      “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito. Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.Salmos 34.18-19

       Certas coisas devemos pedir a Deus para tirar de nós. Nessa situação o tratamento que Deus está nos dando é para aprendermos a identificar o mal, não o aceitarmos e orarmos para que ele nos livre do mal. Outras coisas, contudo, devemos simplesmente aceitar. Deus nos as destruirá, elas não se afastarão de nós, ao contrário, devemos acomodá-las dentro de nós. Isso não é fácil, porque nossa primeira reação a algo desconfortável é de rejeição. Isso poderá nos levar a orar ainda com mais fé, pedindo que Deus lance aquilo que nos causa dor longe de nós, contudo, como nesse caso isso não é a vontade de Deus, não acharemos unção do Espírito Santo para fazer essa oração, assim ela será feita só com nossa humana força de vontade. 
      Não é nossa fé que legitimiza oração que Deus ouve, mas é orar pedindo aquilo que Deus quer nos dar, assim a primeira coisa é receber de Deus aprovação para um pedido, só então exercermos fé para que o Senhor nos permita receber essa coisa. Todavia, se Deus não quer nos dar algo, insistirmos em orar, ao invés de nos ajudar, nos prejudicará, porque usaremos força que Deus não deu, deixando-nos assim ainda mais fracos. Muitos, na teimosia de seus corações, oram por anos por uma coisa, procurando até em igrejas, em pastores e em pregações, palavras que aprovem sua teimosia. Esses poderão até dizer a si mesmos que não recebem porque não têm fé, e como existem pastores mal intencionados que incentivam esse equívoco. 
      A verdade é que teimosos pedem algo que Deus não quer lhes dar, na insistência o universo poderá dar algo parecido, mas isso não lhes fará bem, não a longo prazo, quando Deus não quer dar é porque não é bom. Mas o ponto dessa reflexão não é insistirmos em ter algo que nos parece bom, mas em insistirmos em nos livrarmos de algo que é ruim e que Deus não quer nos livrar. Que objetivo Deus tem nisso? Abrir espaço dentro de nós. Não são as coisas boas que alargam nossas almas, essa se encaixam em qualquer espaço, não dão trabalho, mas são as coisas doloridas, essas a princípio até nos dilaceram, mas depois que cicatrizam nos transformam. Para que isso? Para que depois haja mais espaço em nós para as coisas boas.
      Mas calma, se é vontade de Deus, ainda que seja difícil, o Senhor dá forças, perceberemos esse fortalecimento quando pararmos de resistir e descansarmos. Se estivermos desistindo quando temos que lutar, não sentiremos paz até nos posicionarmos contra o mal, mas se estivermos aceitando humildemente a vontade de Deus, sentiremos uma paz surpreendente. Pensaremos, “como que aceitar algo ruim como sem solução, faz eu me sentir tão bem?”. Resignar-se exigi mais fé que lutar, pois é deixar existir algo doído e maior que nós, ao menos em nossa percepção emocional, contudo, se for vontade de Deus a dor se assentará e desaparecerá, elevando uma tranquilidade profunda, seremos outras pessoas depois disso.
      Exemplos de coisas a princípio desconfortáveis e que depois podem nos tornar melhores, não são relacionamentos abusivos, desses devemos fugir. Exemplos são limites de nossas “especificações técnicas”, digamos assim, características que temos, que mesmo que nos esforcemos, estudemos, trabalhemos ou sejamos mais virtuosos, não mudarão. Querermos ser o que não somos também faz com que não queiramos ser o que somos, e o que somos é tudo que precisamos para sermos felizes e fazermos os outros felizes. Só com temor a Deus e humildade descobrimos a verdade sobre nós e paramos de lutar contra ela, é esse conflito inútil que a princípio pode nos levar a ver algo bom como ruim e que precisamos nos livrar. 

14/02/23

Culpa demais, culpa de menos

      “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; e vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.Salmos 139:23-24

      Culpa, algo real, algo positivo como efeito de moral sadia, mas que muitos não administram do jeito certo, ou a ignoram, ou a exageram. O mundo moderno atual pensa em culpa como algo de gente fraca, ignorante, principalmente quando tê-la está diretamente relacionado a medo do juízo de Deus. Precisamos concordar que em parte isso é verdade. A igreja católica dominou a civilização ocidental por séculos através do medo, isso incentivou a culpa assim como aliou sua cura à uma vida de servidão ao catolicismo. Culpa existe e tem que existir, quem tem alguma sensibilidade dentro de si sente-se mal quando faz algo errado, o problema é achar errado coisas que não são, principalmente quando se pensa equivocadamente que é errado porque a religião, a Bíblia ou Deus dizem que é. 
      Muitas culpas não precisariam ser sentidas porque nada errado de fato foi feito, e se foi errado diante de certos homens, mesmo religiosos, não foi errado diante de Deus. Muitos que negam a existência de Deus querem na verdade negar a existência de um juiz que os acusa por suas culpas, assim só querem não sentirem-se culpados. Esses precisam em primeiro lugar conhecerem o Deus verdadeiro, se libertarem da religião que usam como álibi para deslegitimarem a existência de Deus. Muitos ateus o são, não porque não creem na existência de Deus, mas porque não aceitam que Deus seja o que muitas religiões dizem ser, assim creem num “Deus”, só não o aceitam. Se entendessem que as religiões estão erradas e Deus não está, poderiam conhecer a Deus, e não se sentirem tão culpados. 
      Mas muitos de nós, ainda que tenhamos uma experiência afetuosa com o Deus, pai de amor, têm dificuldades para não se sentirem culpados, isso vem lá de nossas infâncias, de falsos moralismos, de famílias que nos acusavam e exigiam demais de nós. Não é fácil desconectarmos a imagem de nossos pais físicos de Deus, pai espiritual, mas é preciso. Deus nunca nos acusa, somos nós que nos sentimos acusados, seja legitimamente quando fazemos algo errado e nos afastamos do melhor de Deus, seja quando aliamos a Deus algo que ele não é. Cuidado com a culpa, não a despreze, mas não se torne escravo dela, culpa é roupa suja, devemos tirá-la de nós, larga-la ao chão no exato instante que a tiramos, colocarmos a roupa limpa da paz do perdão de Deus e seguirmos em frente, simples assim. 

13/02/23

O que podemos fazer

      “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Filipenses 2.5-8

      Talvez seja mais importante administrarmos o que não podemos fazer, que insistirmos tentando fazer. Isso não significa desistir ou se acomodar com menos, mas significa não sofrer tanto com os limites, sim, eles podem e precisam ser superados, mas com calma. Frustrações, não resolvidas, doentias, que ficamos mastigando enquanto paramos de lutar, podem ser piores que as dificuldades que temos que superar quando lutamos. Nos esforcemos, mas saibamos nos aceitar e nos perdoar, boa resignação pode nos fortalecer mais que idealismo, olhar para o fundo, não para cairmos mais, mas para firmarmos os pés no chão e reconhecermos o que somos. 
      Muitas vezes imaginamos o que poderíamos ser, e como queremos muito ser isso, acabamos achando que somos isso, assim, quando vemos que não conseguimos ser o que imaginamos, achamos que perdemos parte de nós. Mas como podemos perder algo que não somos? Quando formos, de fato, será parte fixa de nós, e essa não pode ser perdida, não mais. Repito, isso não é se acomodar com menos, mas ter certeza do que somos e sermos felizes com isso, ainda que desejando e trabalhando para sermos melhores. Nesse trabalho deve haver tempo para descanso, para recuperar as forças, essa revitalização só existe numa paz profunda com nós mesmos. 
      Há um segredo no texto bíblico inicial quando Paulo diz “esvaziou-se a si mesmo”. Querer ser alguém melhor pode se tornar, ainda que com boa intenção, uma obsessão, como tal glorifica o ego humano, não a Deus, tenta achar capacitação em si mesmo, não no Senhor. Quando nos esvaziamos expectativas e frustrações não ocupam espaço dentro de nós, não somos obcecados com o que podemos ser, nem frustados com o que não podemos ser, simplesmente somos, em paz. Essa condição nos liberta de cobranças, nossas e dos outros, agradamos a Deus e isso basta, deixando espaço dentro de nós para que a presença de Deus nos preencha e nos fortaleça. 

12/02/23

Inimigo é bênção!

      “O Senhor, porém, será juiz, e julgará entre mim e ti, e verá, e advogará a minha causa, e me defenderá da tua mão. E sucedeu que, acabando Davi de falar a Saul todas estas palavras, disse Saul: É esta a tua voz, meu filho Davi? Então Saul levantou a sua voz e chorou. E disse a Davi: Mais justo és do que eu; pois tu me recompensaste com bem, e eu te recompensei com mal. E tu mostraste hoje que procedeste bem para comigo, pois o Senhor me tinha posto em tuas mãos, e tu não me mataste. Porque, quem há que, encontrando o seu inimigo, o deixaria ir por bom caminho? O Senhor, pois, te pague com bem, por isso que hoje me fizeste.” I Samuel 24.15-19

      “Inimigo é bênção? Mas como assim? Quero mais é me livrar desse traste”. Pensar assim não é incomum, é reação normal da maioria de nós, contudo, é preciso entender que isso reflete uma ótica de vida neste mundo, e mesmo se for visão bíblica, é só do antigo testamento. Como vemos nossas vidas? Como guerras contra inimigos físicos para termos sossego e prosperidade material? Ou enxergamos além, como provações para aperfeiçoamento moral que construirá em nós seres espirituais com direito ao céu no outro plano? Entender o conceito “inimigo” é compreender a própria eternidade. 
      Não viemos ao mundo para fazer amigos, mas para desfazermos inimizades. Amigos acharemos e não teremos dificuldades para mantê-los, eles nos ouvirão, nos suportarão, nos ajudarão sem que precisemos ser mais que o que nascemos sendo. Contudo, são os inimigos que nos mudam para melhor, isso não significa que conseguiremos transformar maus em bons, que podemos mudar as pessoas, nem significa que temos que converter todos os inimigos em amigos. Mas se queremos mudar a nós mesmos teremos que aprender a nos relacionarmos com o inimigo do jeito realmente certo. 
      Já refletimos sobre o texto bíblico inicial em “Davi, paciência para militar” (leia todo I Samuel 24 para entender melhor o assunto), essa passagem talvez relate o exemplo bíblico mais emblemático sobre alguém agir de maneira correta com um inimigo. Deus teve vários propósitos com a teimosia de Saul em não mudar de atitude, nem ceder seu lugar de rei a Davi, propósito com a nação de Israel, propósito com Saul, propósitos com as famílias de Saul e de Davi, mas muito propósito com a pessoa de Davi. Davi só ficou totalmente pronto para ser rei depois que enfrentou de forma correta o inimigo. 
      Inimigos são bênçãos de Deus em nossas passagens na Terra, quem acha que só terá paz quando se livrar de todos eles e que isso é imprescindível para que seja feliz, nega o principal motivo de viver neste mundo. Não são os amigos que nos mudam, esses no máximo nos alegram quando atingimos certas posições, são os inimigos, para pior ou para melhor, dependendo de nossa perseverança em sermos seres humanos que obedecem e agradam o Senhor. Superar inimizades de maneira espiritual nos faz subir de nível, quem deseja crescer deve enfrentar inimigos, não fugir deles ou odiá-los. 
      Ninguém teve mais inimigos que Jesus, e nem eram inimigos pessoais dele, ainda que achassem que fossem, eram de toda a humanidade. Cristo os venceu do jeito mais certo, chegando às últimas instâncias disso, dando a própria vida. Jesus ensinou que vitória se conquista superando inimigos do jeito certo, morrendo por eles, isso é bem diferente da ótica do antigo testamento que dizia que inimigos Deus os dá em nossas mãos para que nós os matemos. Inimigos não precisam de aniquilação, mas de transformação, ajudamos nesse processo quando damos a eles exemplos de verdadeiros amigos. 
      Davi venceu seu inimigo Saul dando a esse o resgate de sua vida, podia tê-lo matado, tinha esse direito, teve oportunidade para isso, mas não o fez. Davi agiu no exemplo de Cristo, a isso Saul reagiu, “Saul levantou a sua voz e chorou, e disse a Davi: mais justo és do que eu, pois tu me recompensaste com bem, e eu te recompensei com mal, o Senhor me tinha posto em tuas mãos e tu não me mataste; porque, quem há que, encontrando o seu inimigo, o deixaria ir por bom caminho? o Senhor, pois, te pague com bem, por isso que hoje me fizeste”. Que bênção ouvir essas palavras da boca de um inimigo. 

11/02/23

Nem é maldade, é só o jeito da pessoa

      “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações, cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.I Pedro 4.8-11

      Muitas vezes batemos de frente com certas pessoas, isso acontece principalmente no meio familiar com gente que não temos como fugir, que temos que conviver proximamente de um jeito ou de outro. Com essas pessoas parece que sempre pisamos sobre ovos, temos que tomar muito cuidado com o que dizemos ou fazemos, senão o encontro fadará à briga. Uma coisa aprendi sobre certas pessoas, não dê “pitaco” em suas vidas! Não sugira a elas maneiras que você acha melhores para que elas conduzam suas vidas, ainda que sejam justamente essas pessoas, que não querem que ninguém se meta em suas vidas, que mais se metem nas vidas dos outros, querendo sempre achar jeitos melhores em suas opiniões para que os outros vivam. 
      Com gente assim é preciso paciência, mais ouvir que falar, e nisso é necessário não só boa vontade, mas genuíno amor recebido do Espírito Santo. Outra coisa, contudo, Deus tem me mostrado sobre pessoas que se não tivermos cuidado batemos de frente, elas não são tão más quanto nós podemos achar que são. Podemos pecar gravemente nesse erro, especialmente se somos melindrosos demais, mas quem se machuca fácil deve se proteger mais, principalmente em oração e sabedoria. Tem gente que não é nem má, nem boa, tem apenas o seu jeito de ser, aliás, como nós também temos, e como podemos fantasiar sobre aqueles que nos incomodam de alguma forma, aliar o diabo a eles só porque veem a vida diferentemente de nós. 
      Já busquei a Deus estando bastante desconfortável com alguém, achando, na pressa, que Deus estava me dando um discernimento espiritual da pessoa, de opressão maligna. Depois, quando me acalmei e ouvi a voz verdadeira do Senhor, entendi que estava exagerando, que a pessoa nem era tão má assim, que na verdade era até sincera, e que Deus a respeitava, como também eu deveria respeitá-la, deixando-a em paz no seu canto. Talvez a pergunta melhor seja: por que algumas pessoas nos incomodam tanto? A resposta é simples: porque de alguma forma elas jogam em nossas caras, verdades que não queremos aceitar. Sim, meus caros, o problema não está em quem nos irrita, mas em nós sermos irritáveis, sejamos humildes e admitamos isso.
      Uma coisa é certa, aprendermos a conviver com tais pessoas do jeito correto nos leva a crescer muito espiritualmente, justamente por isso é que Deus coloca essas pessoas ligadas a nós com laços que não podem ser desfeitos, principalmente familiares. Deus não quer que reajamos para agredir ou humilhar, nem que fujamos, temos que enfrentar com espiritualidade, a pessoa não vai mudar, quem tem que mudar e para melhor somos nós. Os seres humanos vêm a este mundo com especificações, essas lhes dão facilidades para fazer certas coisas e dificuldades para fazer outras. Homens podem mudar e melhorar? Podem, mas só até um ponto, Deus respeita isso e nós também temos que respeitar, como parte da evolução de todos. 
      Agora, se em nossa presunção temos tanta certeza que uma pessoa está errada e precisa mudar, oremos por ela, não precisamos confrontá-la, caluniarmos sua vida para os outros, tendência que sempre temos com quem nos incomoda. Talvez a pessoa nem saiba que está errada, nem perceba que o que fala nos magoa, ela disse algo uma vez e se precisar dirá de novo, e nem se sentirá mal por isso, seguirá sua vida em paz e colocará a cabeça no travesseiro à noite para dormir como se nada tivesse ocorrido. Se temos uma percepção, nossa obrigação não é nos fazermos de vítimas e executarmos cobranças, mas orarmos a Deus, primeiro para sabermos se nosso juízo não é equivocado, e depois para abençoarmos muito a pessoa.

10/02/23

Deus dá descanso do sofrimento

      “Porque o Senhor se compadecerá de Jacó e voltará a escolher Israel, estabelecendo-os na sua própria terra. A eles se juntarão os estrangeiros, e estes farão parte da casa de Jacó. Os povos os pegarão e os levarão aos lugares deles, e a casa de Israel terá esses povos por servos e servas, na terra do Senhor. Os israelitas terão como prisioneiros aqueles que os tinham aprisionado e dominarão os seus opressores. Povo de Israel, no dia em que Deus vier a dar-lhe descanso do sofrimento, das angústias e da dura servidão que lhe foi imposta, você proferirá esta sátira contra o rei da Babilônia: Como cessou o opressor! Como acabou a tirania!” Isaías 14.1-4 (Nova Almeida Atualizada)

      Nos tempos do antigo testamento, quando guerras eram meio de enriquecimento e de manutenção de poder, nações inteiras podiam ser levadas em cativeiro. Se toda uma população era tomada como escrava para servir outras nações em outras terras, ocorria a destruição da identidade de um povo, cultural e também religiosa, cativos eram obrigados muitas vezes a seguirem a religião dos seus senhores. Israel, quando caia em cativeiro por ter desobedecido o Deus verdadeiro, era obrigado a obedecer outros deuses, isso mostra um jeito duro de Deus trazer seus filhos de volta para si. Se nos afastarmos de Deus, achando que a coisa está ruim, podemos perder nossa liberdade, termos que trabalhar para os outros, e ainda termos que achar forças para confiarmos em Deus numa situação muito pior, longe de nossa terra como escravos.
      Mesmo que sejamos imaturos, Deus nos chama e nos faz prosperar, assim podemos até ter o que queremos, mas se não seguirmos temendo a Deus isso poderá não bastar. Bens materiais e aprovação de homens acabam, como acaba tudo que tentamos manter sem colocarmos Deus em primeiro lugar. Então, nos sentimos mal, mas não buscamos a Deus, reclamamos dele, achamos que fizemos tudo certo e que não temos culpa do sofrimento que estamos tendo. Longe de Deus buscamos outros “deuses”, que nos tempos atuais não são necessariamente outras religiões, mas pode ser trabalharmos mais para agradarmos a homens e sermos mais ricos, achando que sofremos, não porque nos afastamos de Deus, mas porque o que tínhamos conquistado e usufruído não era suficiente. Insistimos nisso por um tempo até Deus ter que nos confrontar. 
      Nessa rebeldia teimosa, nos afastamos de Deus e Deus fica longe de nós, longe os inimigos, muitos que até então se diziam nossos amigos, nos oprimem. Sem dinheiro pedimos emprestado a pessoas nas quais achávamos que podíamos confiar, mas elas só estavam perto de nós porque estávamos por cima, quando estamos por baixo falsos amigos nos submetem, querem mais é nos explorar e nos humilhar. Eles nunca tiveram amor verdadeiro por nós. Esse é um cativeiro nos tempos atuais, estar sem dinheiro e devendo aos outros, é nessa terrível condição que muitos terão que achar fé, forças, serem humildes e voltarem para Deus, ainda sob o cativeiro de homens maus e egoístas. Cativeiro, seja qual for seu tipo, é sempre um tapa do universo em nossa cara, para que acordemos e entendamos as prioridades certas de nossas existências. 
      No cativeiro há sofrimento, não que não haja fora dele, na vida sempre existe sofrimento, mas o sofrimento normal conduz à uma humildade honrosa, cuidada por Deus. No sofrimento do cativeiro há humilhação pública, somos expostos vergonhosamente, mas esse é o único jeito de Deus nos fazer sofrer aqui, para que possamos adquirir virtudes morais e não termos que sofrer na eternidade. A palavra desta reflexão é de esperança, o Senhor dá descanso do sofrimento a seu povo, que mesmo em cativeiro não deixa de ser amado do Senhor. A servidão pode ser dura, mas tem fim, e quando acaba pode-se dizer: como cessou o opressor, como acabou a tirania. Cuidado os que humilham os outros, num determinado momento podem até ser instrumentos da justiça do Senhor, mas pagarão pela ferramenta ruim a que se prestaram ser. 
      Evangélicos não se enganem, nosso melhor não é vivido aqui, fim de cativeiro não é vida próspera neste mundo, o evangelho de Jesus não ensina isso. Sim, Deus proporciona a todos os humildes vidas dignas no mundo, contudo, a interpretação do texto bíblico inicial para nós hoje profetiza vida no plano espiritual. Nesse lugar, os que tiverem sofrido do jeito certo, terão uma nova posição em relação a tantos que os oprimiram no plano físico, e novamente digo, sob a ótica do novo testamento não será para oprimir quem os oprimia, mas para os ajudar. Que honra é maior, ver quem nos fez sofrer nos servindo e sofrendo, ou ver esses tendo que se colocarem na posição humilde de serem ajudados por Deus e Deus usando-nos para ajudá-los? Quem é maior, quem submete para ser servido, ou quem serve em amor para iluminar? 

09/02/23

Sobre espíritos malignos

      “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.Provérbios 16.18-19

      Espíritos malignos menores podem ser repreendidos, então, se afastarem de nós, sendo espíritos não podem ser destruídos, só suas ações serem anuladas. Mas há um segundo tipo, espíritos malignos maiores, e a extensão existe na capacidade de atuação, não na qualidade moral, menores ou maiores são todos malignos. Maiores na verdade são vários menores reunidos, ou legiões, unidos em “vibrações” e intenções semelhantes. Enquanto os menores atacam indivíduos, os maiores atacam indivíduos responsáveis por grupos de indivíduos, tanto os próximos a Deus, os iluminados, quanto os distante de Deus. 
      Os maiores não podem ser expulsos, ainda que estando nós na luz não sejamos prejudicados por eles, eles funcionam em simpatia com líderes da sociedade, políticos, empresários, assim como dirigentes religiosos e artistas que estejam também longe da luz. Os maiores não precisamos temer, se andamos certos com Deus, mas precisamos respeitar, muitas vezes teremos que viver perto deles, já que podem influenciar nossos chefes. Muitos homens poderosos neste mundo têm a unção desses espíritos malignos maiores, com esses homens é sábio sermos educados e nos aproximarmos só quando necessário.
      Tanto espíritos malignos maiores quanto os líderes humanos por eles ungidos, não passam de servos do Altíssimo Deus de luz, e são instrumentos do bem para os bons. Empresários que andam em trevas dão emprego para muitos, incluindo para os filhos da luz. Mas os maiores também podem ser instrumentos de males úteis a Deus, como disciplinas a indivíduos e sociedades rebeldes à luz. Contudo, podem ser úteis em provas de seres iluminados especiais. Jesus homem foi morto neste mundo por um poder maligno muito grande, que influenciou a liderança religiosa e política da época, além do indivíduo Judas Iscariotes.
      Nossa qualidade espiritual pode ser medida pelo tamanho dos inimigos que temos. Ainda que muitos não saibam ou não aceitem, muitos dos casos reais (não encenados) de possessão (ou obsessão) demoníaca que vemos (ou víamos) em igrejas pentecostais, são espíritos malignos menores tomando a consciência, assim o controle dos corpos e dos sentidos, de indivíduos fracos, já com um longo histórico psiquiátrico de descontrole, vícios e violências. Espíritos malignos maiores não se apossam de indivíduos, nem podem ser expulsos, eles têm legalidade de Deus para desempenhar grandes influências do mal no mundo. 
      Tudo tem um fim, todos são conduzidos a um juízo, ainda que o paciente amor de Deus dê todas as oportunidades possíveis para que os seres mudem de atitude e subam para a luz mais alta. Contudo, antes da queda mais baixa, há uma elevação enganosa e alta, na insistência de querer ser algo errado Deus dá essa chance a alguém, no seu máximo, ao menos por algum tempo. Quem cai do alto sofre mais que quem cai de baixo, não porque Deus queira que alguém sofra muito, mas porque sofrimento é proporcional ao orgulho e ao engano. Os grandes seres malignos terão essa chance e um juízo no chamado fim dos tempos

08/02/23

Nos esforcemos e oremos!

      “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.Isaías 55.6

      Imagine uma situação onde você não esteja passando por um problema muito sério, sua vida está significativamente tranquila, você já orou pelos problemas mais graves, eles foram resolvidos, agora você se sente bem, mas mentalmente cansado. Isso faz com que você não busque tanto a Deus, mesmo que não pratique uma vigilância mais persistente, você se sente protegido, ainda que sem forças para orar e se consagrar. Então, algo acontece, você recebe um telefonema avisando que um parente teu está enfermo e que você precisa ir urgente ao hospital, nesse momento todo o teu desânimo desaparece, você acha forças para pegar o carro, ainda que seja no meio da noite, e ir até o hospital ver o parente. Algo assim já não ocorreu com você? 
      Pois bem, entender que Deus deve ser buscado, ainda que você não tenha forças, vontade ou tempo para isso, ou que tenha alguma contingência para isso, isso é reconhecer que Deus está perto. Você não precisa estar com uma necessidade urgente, nem com o coração cheio de vontade, mas se consegue  entender que deve buscar ao Senhor apesar disso e o busca, pois bem, Deus está próximo de você e você se sente bem com isso. Sempre sentimos Deus perto? Nem sempre, isso tem propósito para Deus, sermos diligentes em buscá-lo e sermos gratos por exercermos essa busca. Talvez um dia isso não seja mais possível, aproveitemos então enquanto é, nos esforcemos para isso, ainda que achemos que não precisamos ou que não temos vontade. 
      A verdade é uma só, busquemos a Deus com vontade ou sem vontade, a tempo, no tempo ou fora do tempo, achemos de algum jeito tempo e vontade para isso, ainda que nosso emocional esteja triste e nosso racional esteja exausto. Ainda que nos falte ar, busquemos a Deus, afinal, Deus é nosso ar espiritual, sem ele desfalecemos, ainda que nos falte alegria, busquemos a Deus, o Senhor recompensa com felicidade e paz aquele que pela fé o busca, não porque pode ou precisa, mas porque é o certo a se fazer. Eu creio que Deus, pelo muito amor que tem por todos nós, sempre nos atrai à sua presença, nisso ele nos dá forças, mas a vida é longa, complicada, nós, seres volúveis e infiéis, assim nossa alma muda, muitas vezes teremos só que crer e fazer. 
      Muitos cristãos não sabem a importância da oração, até agradecem pelo alimento, louvam a Deus nas igrejas, pedem quando uma necessidade material urge, mas não entendem que somos nós que conectamos Deus ao mundo. Quando oramos a luz do Altíssimo bate em nós e reflete naqueles pelos quais oramos, e mesmo naqueles pelos quais não oramos, mas estão ligados a nós de alguma forma. O mundo é espiritualmente iluminado pela vida de oração dos amigos íntimos de Deus. Eu sei que muitas vezes não vivemos uma vida adequada à chamada espiritual que recebemos, mas não importa, sejamos humildes, clamemos pelo perdão em Cristo, e desempenhemos nossa vocação com fervor, essa é a batalha que Deus nos chama a fazer.