Fé, humildade e santidade

      “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Hebreus 11.6

      “Ainda que o Senhor é excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe.” Salmos 138.6

      “Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.” Levíticos 20.7

      Como dialogar diretamente com um ser espiritual Altíssimo? Primeiro com a fé que baseia-se em referências certas para focar no Deus verdadeiro, Deus é santo, amoroso e poderoso. Deus é absolutamente limpo moralmente, amoroso com todos, imensurável em virtudes e com total controle sobre matéria, tempo, espaço e espírito, tudo cria e tudo mantém. Além disso precisamos chegar a Deus com humildade, sem exigências e cobranças, abrindo em verdade nossas almas, prontos a obedecê-lo integralmente. Por último, o desejo de todo que busca a Deus é estar nele, não só se aproximar por intenção egoísta para pegar algo, mas para compartilhar sua essência, assim não basta crer que Deus é santo, é preciso querer ser santo.

Espírito Santo, único meio

      “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” Efésios 1.17-18

      Nas últimas reflexões citei textos bíblicos sobre o ministério do Espírito Santo, insisto neste ponto porque é o único meio para conhecermos a verdade mais alta de Deus, que nos capacita para cumprirmos nossa maior vocação no mundo. Conhecer a Deus lendo a Bíblia e ouvindo as pessoas é possível, mas dialogar diretamente com Deus, eis o desafio que espiritualmente nos amadurece. Ter essa experiência não é fácil e rápido, ainda que com fé seja possível mesmo sem muita experiência, relacionamento com Deus é como relações humanas, precisa-se de tempo para se adquirir intimidade. Mas há um diferencial, conexão no Espírito gera e tem que gerar frutos bons e perenes, paz, cura e libertação que mera religião não entrega. 

Nada de diferente na luz mais alta

      “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.” Mateus 5.43-45

      Quando dizemos que os tempos urgem e que o cristianismo do Cristo, não o do mundo, deve conduzir um ser humano já pronto para receber alimento de adulto, não de criança, não estamos propondo algo diferente ou novo. O que precisamos saber para nos aproximarmos do Altíssimo sem superstições e misticismos, Jesus ensinou há mais ou menos dois mil anos, está em Mateus 5 e pode ser praticado desde então no Espírito Santo. Não há nada de diferente na luz mais alta, na verdade nunca há, quem tenta inventar novidades para seduzir os seduzíveis são as trevas, essas estão sempre inventando moda. O mais avançado está no original, no evangelho de Jesus e numa conexão espiritual direta com o Santo Espírito.

Infância passou, tempo de crescer

      “E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra. Disse-vos isto por parábolas; chega, porém, a hora em que não vos falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai. Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus.” João 16.23-27 

      Pode-se argumentar: se catolicismo e protestantismo fossem tão errados, não prevaleceriam por tanto tempo no mundo como religiões poderosas. Crianças Deus trata como tais, o cristianismo do mundo foi útil a Deus para conduzir uma humanidade infantil a ele, mas os tempos urgem. O ser humano sempre foi manipulado religiosamente para ser útil materialmente nas mãos dos poderosos, mas o apoio que muitos protestantes têm dado nos últimos anos à ideologia política de direita, querendo estabelecer o reino de Deus na Terra, faz o cristianismo teimar em permanecer infantil quando já não é mais para ser. Se pedimos demais, Deus dá, mesmo algo errado, mas a vergonha será maior depois, para que acordemos e cresçamos. 

Não se compra Deus em livraria

      “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.” Joel 2.28-29

      Não se pode comprar Deus, ainda que numa Bíblia! Isso parece óbvio, mas na prática muitos discordam disso. Se a Bíblia é construção humana, ainda que usando relatos verdadeiros de homens com experiências com Deus, é produto criado por alguns, interessados em vendê-lo a muitos e terem lucro no mundo. Querem encaixotar espiritualidade para que não haja liberdade para se ter experiência pessoal com o Espírito Santo, mas para que se creia só no que é autorizado por alguns, mantendo muitos sob controle. Muitos compram o produto porque acham nele espiritualidade legalizada e aprovada por poderosos (política e economicamente, não espiritualmente), um lugar de fuga do remorso, do medo e da ociosidade. 

Coesão e registro em primeira mão?

      “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.” João 16.12-14

      Muitos, quando dizemos algo que discorda da teologia protestante, argumentam, “a Bíblia não diz isso”. A resposta a essa afirmação é, “sim, em alguns lugares podemos entender algo na Bíblia e em outros lugares algo distinto”. Deus é incoerente? Nunca. A Bíblia é? A Bíblia não é tão coesa como teólogos querem que seja para facilitar o controle deles sobre os outros, é uma coleção de registros de homens, e ainda que a maior parte seja israelita com a mesma religião, são homens de tempos e com experiências diferentes, ainda que com o mesmo Deus. A Bíblia contém a palavra de Deus, mas não é em sua totalidade, Deus não desceu do céu e escreveu todo o cânone, ainda que seu Espírito tenha acompanhado cada registro.

Sem dor, mas com trabalho (4/4)

      “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 2.26-29

      A existência é um eterno loop em direção ao Altíssimo? A teologia protestante não vê exatamente assim, para ela é uma curta linha reta, onde fé em Jesus entrega aperfeiçoamento imediato e céu eterno e absoluto, sem necessidade de obras do ser humano e sem nuanças entre um “inferno” inferior e o mais alto “céu”. Não é a primeira vez que cito Apocalipse 2.26-29 aqui, usando-o para defender que na eternidade ainda haverá obstáculos e trabalhos, mesmo para os que construíram no mundo o “céu” em seus homens interiores. Se alguns serão submetidos a outros, que regerão com firmeza, podemos entender que trabalho haverá na eternidade para todos, uns ensinando e outros aprendendo, todos seguindo para o Altíssimo.

No céu não haverá dor (3/4)

      “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21.3-4

      Algo que caracteriza a melhor eternidade com Deus, que os protestantes chamam de “céu”, é a ausência de sofrimentos. O texto bíblico inicial diz que não haverá mais dor e choro, por quê? Quem está no vale acha um pequeno buraco um estorvo, mas quem está em cima do monte nem dá importância ao buraco lá embaixo. No “céu” as coisas da Terra ficarão menores aos que construíram ainda no mundo uma amizade verdadeira com Deus, o “céu” está em quem está perto do Altíssimo. Os que estarão no “céu” mudaram o foco do olhar ainda na Terra, se desprenderam dos valores do mundo, da vaidade do homem, dos prazeres da matéria, e acharam as razões maiores de existir, paz de um coração santo, luz de quem ama com pureza.

Sem trabalho não há céu (2/4)

      “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.” Apocalipse 2.2-5

      Só o bem conquistado com trabalho próprio agrega virtude ao ser humano, só ele constrói no homem interior a melhor eternidade, o céu. Mas há condições, para que trabalho seja feito são necessárias obras a serem exercidas, não só para posse de bens e prosperidade material, mas para melhoramento do espírito. Por isso dores e problemas não são dificuldades, mas oportunidades. Para haver amor, deve antes ser enfrentado o ódio, para haver paz, deve antes ser enfrentado o conflito, para haver humildade deve antes ser enfrentado o orgulho, para haver luz, devem antes serem enfrentadas as trevas. Agradeçamos pela injustiça, pelo egoísmo e pela vaidade, são oportunidades que Deus nos dá para que nos preparemos para o céu.

Sem obstáculos não há trabalho (1/4)

      “Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” Josué 1.9

      Queremos uma existência sem dor e sem problemas, isso a princípio não está errado, é nosso instinto de sobrevivência física falando mais alto. Contudo, não somos só matéria passageira, somos espíritos eternos, esses têm objetivo maior que sobreviver no mundo, precisam evoluir moralmente. Se o corpo quer fugir da dor, o espírito precisa administrá-la de forma correta para ser corrigido. Errado nesse propósito é usarmos meios que nos afastam de Deus para anularmos sofrimento e solucionarmos problemas. Vou dizer algo que muitos podem não aceitar: Deus nos põe no mundo para sofrermos e sermos confrontados com problemas. Sem obstáculos não há esforço para vencê-los, sem trabalho moral, não só material, não há céu.