“Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.” “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” Mateus 5.39-41, 44
“Fazemos parte do universo, quando falhamos, o universo falha”. Como cristãos, podemos ler frases como essa é acharmos que é coisa de religião esotérica ou espiritualista, temos dificuldade de trazer algumas verdades para a doutrina que aprendemos em igrejas protestantes. Abro parênteses, quando uso o termo protestante, me refiro a cristãos que seguem, em sua maioria, uma doutrina comum, pelo menos na maior parte dela, diferenciando da doutrina cristã católica, ortodoxa e mesmo das adições feitas por doutrinas evangélicas pentecostais, fecho parênteses.
Como protestantes podemos entender nossa existência de uma forma meio egoísta, ou pelo menos individualista, assim achamos que se pecamos nos prejudicamos, caso contrário, somos beneficiados e mais dignos de um “céu” sem condenação eterna. Mas Jesus não ensinou assim, entendemos isso estudando o sermão das bem-aventuranças em Mateus 5. Abençoar inimigos, dar a outra face a que nos bate em uma, andar duas milhas com quem nos obriga a caminhar uma, tem a ver não só com ser humilde e pacificador, mas com amar o próximo e ajudá-lo a ser melhor.
Quando, em nossas provações pessoais, falhamos, estamos perdendo uma oportunidade, ou pelo menos tempo, para sermos úteis nas vidas de outras pessoas. Todos os seres humanos estão ligados pelas chamas eternas que habitam seus interiores. Cada espírito humano é uma porção espiritual originada em Deus, o pai de todos os espíritos, os quais têm o desejo implícito, ainda que muitas vezes não assumido ou mesmo ainda não reconhecido, de voltar para esse pai. Mas essa jornada não é solitária, vai muito além das pessoas que estão fisicamente próximas a nós neste mundo.
Não fazemos ideia da complexidade de conexões que existe no universo, entre seres encarnados e os puramente espirituais, entre homens bem e mal intencionados, entre cônjuges, país e filhos, irmãos e amigos, e entre estranhos por completo. Alguns não colhem efeitos diretos e imediatos de nossas escolhas, mas colherão em algum momento. Todos nós somos anjos e demônios dos outros, servos e acusadores, companheiros em cargas pesadas e orgulhosos, tornando a carga dos outros mais pesada. Tudo está ligado, todos estão, você não é só, faz parte do todo.
Contudo, só entendemos essa verdade no Espírito Santo. Isso é mais que praticar o cristianismo de forma intelectual, ou distante, e longe não de igrejas e da Bíblia, mas do vivo Espírito. Quem nos une é esse espírito, que expande nossa percepção mental e emocional da vida e das pessoas. Essa visão, que posso chamar de iluminação, muda nossa maneira de praticar o cristianismo, nos faz entender tudo e todos como Jesus homem entendia. Mas essa visão é unção, força espiritual maior que precisamos para vencer pecado, vaidade, egoísmo, culpa e dor de existirmos aqui.
Nessa iluminação não vemos inimigos, ainda que muitos se coloquem assim em relação a nós. Ainda que nos afastemos de alguns, não por escolha nossa, mas de alguns, que insistem em não nos perdoar, que não querem chegar a um entendimento conosco, que não se entendem como parte de todos, assim também de nós, mas como soldados numa batalha contra inimigos, ainda assim sabemos que nosso desleixo na vigilância moral, que nossa falta de misericórdia e paciência, prejudica outros, inclusive inimigos. No Espírito amamos, e no amor nos importamos com todos.
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