“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.” João 15.26
Um ponto importante aos que querem usar textos bíblicos como comprovação para muitos dogmas cristãos, é que os seres humanos, mesmo profetas, apóstolos e outros escritores do cânone bíblico, não tinham as convicções que o cristianismo tem hoje, após quase dois mil anos da ressurreição de Cristo, quase dezesseis séculos de catolicismo e quase quatro séculos de protestantismo. Hoje para muitos em templos cristãos, certas informações parecem óbvias, mas não eram nos tempos bíblicos. A religião mosáica orientava obediência a leis, respeito a festas e sacrifícios no templo, mas para se ter uma vida agradável a Deus, e consequentemente digna de receber dele proteção, neste mundo, não na eternidade.
Algum israelita esotérico podia saber mais sobre existência no além, mas não era relevante ao israelita comum. Mesmo os profetas mais íntimos de Deus, não pregavam sobre juízo, céu e inferno, se sabiam guardavam para si, a palavra que entregavam a reis, a sacerdotes e ao povo era para serem fiéis a Deus para terem prosperidade no mundo. A princípio isso não era muito diferente nos tempos do novo testamento, mas nesse momento o homem já estava preparado para saber mais. Teria sido diferente, se os que ouviram a palavra em primeira mão de Jesus, tivessem passado à frente só o que o Cristo ensinou, se não tivessem perdido o foco tão depressa? Mas isso estava nos planos divinos, o grande desvio católico foi necessário.
Paulo dedicou grande parte de suas epístolas para ensinar judeus sobre dois temas. O primeiro é que fé no sacrifício do Cristo é superior à obediência às leis de Moisés, assim ele estendeu o messias esperado por um povo para salvador de todo o mundo. O segundo tema é que a vida não se encerra na morte, há uma ressurreição, não no plano material com corpos físicos, mas no espiritual, onde se passa pela avaliação divina, o juízo. Ao que nos parece, as pessoas, mesmo as com tradição religiosa israelita, tinham certa dificuldade para entender plano espiritual e vida eterna, assim como a superioridade da vida no além à vida terrena. Até Jesus cumprir sua missão, o ser humano era materialista, não por escolha, mas por limitação.
Muitos cristãos não fazem ideia da importância real de Jesus Cristo, tudo que ele representa e é, tudo que praticou como homem e se tornou como espírito. Por algum motivo, no quarto século, o imperador romano Constantino se converte ao cristianismo, cristianismo que não era mais o puro evangelho de Jesus, se fosse não teria se tornado tão rapidamente na Igreja Católica. Seja como for, uma seita judaica, nascida entre judeus e pregada a princípio a judeus, torna-se universal, ou ocidental, pelo menos na cultura. O catolicismo construiu a teologia que muitos creem hoje serem doutrinas oficiais do cristianismo, na verdade o cristianismo passou por um processo lento adaptando paganismo e reinterpretando textos sagrados.
O número de adeptos cresceu, igrejas se organizaram, a religião ganhou valor entre poderosos e uma grande maioria de denominados cristãos, ovelhas e pastores, se desviou da palavra viva, reta e pura que Deus entrega ao ser humano pelo Santo Espírito, experiência que Jesus inaugurou no momento que a humanidade estava preparada para tal. O lado positivo foi que se conseguiu calar a voz do politeísmo, o ser humano entendeu que a voz direta de Deus podia ser ouvida pela autoridade do nome de Jesus. O lado negativo foi que dogmas foram criados, a princípio para coibir desvios e subjetividades, mas que depois levaram a cristandade a calar também a voz do Espírito Santo, o que se podia saber estava escrito e ponto.
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