“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” João 1.1-5
Não, Deus não revelou sua palavra, ainda que em tempos diferentes, como um romance escrito por um único escritor, com início, meio e fim, de forma coesa e sem contradições. O Espírito de Deus é coeso e não se contradiz, inspirou autores bíblicos, sabemos disso, mas fez isso com respeito, Deus não violenta suas ferramentas, respeita seus limites. Deus não age de forma extraordinária, milagrosa aos nossos olhos, Deus nunca desrespeita leis universais que ele mesmo criou, principalmente o livre arbítrio humano. Muitos homens, em contextos sociais e históricos diferentes, registraram os livros do cânone bíblico, esses não se preocuparam com coesão ou não contradição, aliás, nem havia preocupação com isso em seus tempos.
O secularismo de Salomão, em Cantares e Eclesiastes, não é afinado com a intimidade espiritual de João evangelista, os mitos da criação, de Moisés em Gênesis, não têm a matemática das semanas de Daniel, os feitos extraordinários de Elias não são exatamente da mesma espécie que os milagres de Pedro, o Deus de conquista geográfica de Josué, não harmoniza com o Deus da pregação do evangelho de Estêvão. Mas algo é certo e único, o amor e a humildade pregados por Jesus, permeiam as experiências mais profundas de Davi com a misericórdia de Deus, assim como o desprendimento pessoal que Paulo exerceu para fundar igrejas e codificar a teologia cristã básica que orienta igrejas até hoje. Jesus é e sempre será diferente!
O Deus único e verdadeiro não morre, por isso o verdadeiro cristianismo não perdeu ou retrocedeu no mundo, mas seguiu cumprindo sua missão. Se olharmos do jeito certo, entenderemos o porque do desvio católico. Olhando superficialmente pode parecer o evangelho se perdendo, o Espírito Santo sendo amordaçado, só o nome do Cristo, solitário e humilhado numa cruz, sendo erguido e salvando os humildes. Ah o tempo de Deus, não é o nosso, as maneiras como ele trabalha, não são as nossas, o que o ser humano, como indivíduo e como coletivo, como igreja e como humanidade, precisa vivenciar para aprender a lição que Deus quer ensinar, ainda que em Jesus toda lição tenha sido ensinada há quase dois mil anos.
Na morte neste mundo, morre o corpo, não o espírito, o espírito é eterno, nossa mais plena e profunda identidade. Jesus entregou o Espírito de Deus à humanidade, ele já é suficiente para que tenhamos vida eterna. Contudo, o catolicismo o vestiu com trajes luxuosos, não só de tecidos caros, de couros raros, revestidos de pedras e metais preciosos, mas de carne, a mesma que envelhece e morre. Há tempos a carne morta fede, o perfume singular do Espírito é escondido. É tempo de sepultar o velho, para que aquele que por ser sempre novo é eterno, apareça. O Espírito de Deus ainda que antigo não fica velho. Contudo, para experimenta-lo é preciso que nos livremos da glória do mundo e nos satisfaçamos com o glória de Deus.
O protestantismo tirou das vestes desnecessárias que o catolicismo cobriu o Espírito Santo algumas camadas, mas ainda que tenha se livrado do luxo, manteve o Espírito preso numa armadura. Essa roupa era mais simples, mas mais rígida, vestimenta para uma guerra que nunca foi de Deus. Se a pessoa de Jesus teve que viver por cerca de trinta e três anos para cumprir uma missão que acabou em morte, a humanidade precisa de um tempo para provar a obra de Jesus até que morra, só assim o homem entenderá a vontade de Deus. A mesma incompreensão, perseguição e injustiça que a velha religião israelita empreendeu contra a pessoa do Cristo, catolicismo e protestantismo estão fazendo contra o verdadeiro e original cristianismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário