sábado, abril 16, 2016

Editora Vida Nova: Sobre arminianismo, calvinismo e o uso da história do pensamento cristão

O texto que segue é da Revista Teologia Brasileira.

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Sobre arminianismo, calvinismo e o uso da história do pensamento cristão 
Silas Daniel respondeu à avaliação que preparei de seu texto “Em defesa do arminianismo”

Introdução

Palavras têm significado. Portanto, há que se fazer uma diferença entre semipelagianismo e semiagostinianismo: o primeiro ensina que a graça de Deus e a vontade do homem trabalham juntas na salvação, e o homem deve tomar a iniciativa; a fé e o arrependimento são obras humanas, sendo consideradas pré-requisitos para se receber o Espírito. O segundo ensina que a graça de Deus se estende a todos, capacitando uma pessoa a escolher e a fazer o necessário para a salvação; a fé e o arrependimento são dons do Espírito. Esta diferença não pode ser subestimada, ainda que o termo “semipelagianismo” tenha sido cunhado pelos luteranos no século XVI, usado na Epítome da Fórmula de Concórdia, para, retrospectivamente, rotular a teologia associada a João Cassiano (conhecida como massilianismo, mas que também tem sido chamada pelos católicos de semipelagiana).

Já “molinismo” é a noção ensinada pelo jesuíta Luis de Molina, no século XVI. Esta posição foi uma ruptura não só com os ensinos de Agostinho e Aquino sobre a predestinação, mas também com os de Armínio (na medida em que o molinismo defende que Deus sabe que, se certa pessoa for colocada em uma situação particular, ela não irá resistir à graça). Logo, em um non sequitur, o autor busca respaldo no molinismo, ainda que se identifique como arminiano. Para tentar responder à questão “quem criou o que Deus previu?”, ele apela à ideia do “conhecimento divino do futuro contingente condicional” (a scientia media, ideia elaborada por Molina), que supostamente teria respaldo bíblico (ele cita apenas um texto-prova em apoio a esta ideia). O molinismo tem sido popularizado atualmente por William Lane Craig e Alvin Plantinga. Já há em português farto material refutando o molinismo.2

De toda forma, a teologia católica tem rejeitado o ensino associado com o semipelagianismo (ou massilianismo) como herético, desde o sínodo de Orange, de 529:
Cân. 4. Se alguém professa que, para sermos purificados do pecado, Deus aguardou a nossa vontade, não porém que também o querer ser purificados se dá em nós mediante a inspiração e a obra do Espírito Santo, este tal se opõe ao mesmo Espírito Santo, que diz por meio de Salomão: ‘A vontade é preparada pelo Senhor [Pv 8.35 septg.], e ao Apóstolo, que salutarmente anuncia: ‘É Deus que opera em vós tanto o querer como o realizar segundo seu beneplácito’ [cf. Fp 2.13].3
Silas reconhece que errou em seu estudo da soteriologia dos teólogos medievais. Ele havia, confiantemente, escrito em seu artigo publicado na revista Obreiro Aprovado4  que “o que prevaleceu na Igreja, desde o século 6 em diante, foi uma soteriologia que aceitava a Depravação Total, mas negava o conceito de predestinação”. Agora, nas postagens mais recentes, escreve, corrigindo-se, que “houve um excesso (...) [de sua] parte ao desprezar 100% de todo e qualquer vestígio da compreensão agostiniana (...) durante a Idade Média”.

1. Soteriologia agostiniana na Idade Média

Parece óbvio escrever isso, mas nenhum especialista em história do pensamento cristão afirmou que há plena concordância entre os teólogos medievais que citei e as formulações de Agostinho, o “Doutor da Graça”, como parece ter entendido o autor. Mas não há como notar que há sim algum tipo de continuidade entre as formulações de Agostinho e dos teólogos medievais que citei anteriormente: Próspero de Aquitânia, Gottschalk de Orbais, Anselmo da Cantuária, Bernardo de Clarvaux, Thomas Bradwardine, Tomás de Kémpis e Tomás de Aquino, além de Jan Hus e John Wycliffe. Mesmo quanto ao conceito do livre-arbítrio há diferenças de definição entre estes autores.5

Usando a data da queda do Império Romano do Ocidente, que a historiografia tradicional emprega para marcar o fim da Antiguidade clássica, o autor rejeita Próspero como um escritor medieval, desconsiderando o fato de que, intelectualmente, pode-se citar as origens do pensamento medieval cristão em Agostinho de Hipona, o “mestre do ocidente”6  – por exemplo, Jacques LeGoff situa Agostinho num primeiro período do medievo, que “balança da Antiguidade Tardia e a alta Idade Média”.7  Ao tratar da rejeição da heresia pelagiana no Sínodo de Cartago, em 418, M. Pohlenz afirmou: “O fato de a Igreja ter-se pronunciado por tal doutrina [da necessidade da graça] assinalou o fim da ética pagã e de toda a filosofia helênica – e assim começou a Idade Média”.8

De qualquer forma, há algumas afirmações questionáveis por parte do autor, sobre os teólogos citados. Sobre Próspero, ele supõe haver ocorrido uma mudança em sua posição.9 Próspero, após deixar a Gália, onde contendia com os discípulos de Cassiano, se tornou secretário de Leão I, sendo influente na composição do Tomo a Flaviano, fundamental na preparação da Definição de Calcedônia. E os cânones do sínodo de Orange foram baseados em uma coletânea de textos de Agostinho (chamadas Sententiae) “recolhidas em Roma pela metade do século V por Próspero de Aquitânia”.10 Pode-se citar neste contexto, outro importante agostiniano, Isidoro de Sevilha, considerado o último grande Pai latino, que defendeu as posições agostinianas sobre predestinação e graça em sua obra Etymologie (livro VII) – e foi ele, mais do que Agostinho (que tratou mais da predestinação para a vida eterna, do que à condenação eterna), que formulou a doutrina da predestinação dupla.11

Sobre Anselmo e Bernardo, o autor reconhece que ambos seguiram a Agostinho, ainda que “foram menos consistentes que Gottschalk em sua fidelidade à visão agostiniana”, como ele mesmo escreve. Mas este não é o ponto em questão. O fato é que ambos eram monergistas, como aqueles que forem às suas obras poderão comprovar. Sobre Bradwardine, o autor afirma, categoricamente, sem apresentar fontes, que ele “não cria na depravação total, dizendo que o pecado original não teria causado consequências mais graves sobre a natureza humana”. Na verdade, este teólogo medieval não enfatizou tal doutrina por uma razão metodológica: “Bradwardine apoia sua teologia anti-pelagiana com uma doutrina metafísica da onipotência divina consideravelmente distinta das ideias de Agostinho, resultando em que a dependência soteriológica total da humanidade em Deus é considerada uma consequência do caráter do ser humano como criatura e não de sua pecaminosidade. A Queda não é, portanto, tida como um divisor de águas na economia da salvação”. Outro teólogo medieval pode ser citado como um firme agostiniano, Gregório de Rimini: “Enquanto o predestinarismo de Bradwardine é resultante de sua doutrina metafísica da onipotência divina, o de Gregório surge de seu conceito cristologicamente centrado na história da salvação”.12 De qualquer forma, recomendo a obra de McGrath, que oferece uma boa discussão do impacto de Bradwardine e de Rimini na teologia posterior, e as diferenças entre as escolas filosóficas de ambos.

Acerca de Tomás de Kémpis, há uma carta que Susanna Wesley escreveu ao seu filho John, reclamando por aquele crer na predestinação.13 E a respeito de Tomás de Aquino, ele também reconhece que ele “cria na predestinação agostiniana só para os eleitos”. Portanto, a afirmação de seu primeiro artigo, de que não havia ninguém que ensinasse a doutrina da predestinação entre Agostinho e a Reforma Protestante, é falaciosa – ainda que ele reconheça, corretamente, em seu primeiro artigo, que, “do século 16 ao 18 a principal corrente no meio protestante mundial era o que se convencionou chamar de calvinismo”. Portanto, para deixar claro, o que era comum a todos os teólogos medievais citados acima era a crença na predestinação dos eleitos, ou aqueles que são salvos; mas eles (com a possível exceção de Isidoro e Gottschalk) negavam que Deus predestinaria ativamente pecadores ao inferno, desde a eternidade, sem levar em conta suas próprias escolhas. Tal posição está em harmonia com o que havia sido definido no sínodo de Quierzy, em 850:
Cap. 1. Deus onipotente criou o homem sem pecado, reto e com livre-arbítrio e, querendo que permanecesse na santidade da justiça, colocou-o no paraíso. O homem, porém, usando mal o livre-arbítrio, pecou e caiu, e se tornou a ‘massa da perdição’ de todo o gênero humano. Deus bom e justo escolheu, porém, dessa massa de perdição, segundo sua presciência, os que por graça predestinou [Rm 8.29s; Ef 1.11] à vida, e predestinou-lhes a vida eterna; dos outros, porém, que segundo o juízo da justiça deixou na massa da perdição, ele sabia com antecedência que se perderiam, não porque os tivesse predestinado a se perderem, mas porque, sendo justo, lhes predestinou uma pena eterna. E por isso falamos, simplesmente, de uma só predestinação de Deus, que se refere quer ao dom da graça, quer à retribuição da justiça.

Cap. 2. No primeiro homem perdemos o livre-arbítrio, e o recebemos mediante Cristo nosso Senhor; de uma parte, temos o livre-arbítrio para o bem, prevenido e ajudado pela graça, de outra temos o livre-arbítrio para o mal, abandonado pela graça. Temos, pois, o livre-arbítrio, porque foi libertado pela graça e pela graça foi sanado do arbítrio corrompido.14
No afã de provar que os autores antigos não eram “calvinistas” (ou, pelo menos, eram mais próximos do “arminianismo”), o autor perdeu de vista o que afirmei em meu primeiro texto, quando lembrei que há diferenças significativas entre os teólogos cristãos, uma constatação que deveria ser óbvia para qualquer um familiarizado com fontes primárias. Em outras palavras, o que determina o que tal tradição crê (no caso, a tradição católica, reformada, luterana, batista, etc.) são seus documentos confessionais, não a posição de seus teólogos, mesmo dos mais representativos – pois este recurso, via de regra, se vale da falácia do argumento da autoridade (ad verecundiam) e também suscita a pergunta: por que recorrer a teólogo tal, quando se pode citar outro teólogo?

2. A ressurgência da soteriologia agostiniana

Silas se equivoca ao supor que dei “a entender que a posição agostiniana referente à (...) Salvação era, se não majoritária, pelo menos de grande influência na Idade Média, quando, na verdade, ela não foi nem majoritária, nem de grande influência na época de nenhum desses nomes, mas muito ao contrário”. Nenhum especialista em história do pensamento cristão fez tal afirmação. Também é evidente para qualquer estudioso do período medieval que o pelagianismo e o massilianismo (ou “semipelagianismo”) eram a posição dominante no catolicismo popular medieval, ainda que os principais teólogos do período seguissem em maior ou menor grau a soteriologia de Agostinho. E é justamente a prevalência do “semipelagianismo” na igreja medieval que fornece o contexto para que a Reforma Protestante seja chamada de “renascença agostiniana”15 e o movimento puritano inglês e escocês dos séculos XVI e XVII seja chamado de “agostinianismo reformado”.16

Assim sendo, é necessário dizer que ainda que quase todos os teólogos reformados e luteranos no continente, assim como os teólogos puritanos na Inglaterra, fossem firmemente monergistas, há diferenças de método e ênfase entre eles, como qualquer leitor dos mesmos sabe (pode-se citar, somente a título de ilustração, Martinho Lutero, Martin Bucer, Ulrich Zwinglio, João Calvino, Teodoro de Beza, William Perkins e William Ames).

Portanto, mais uma vez: o que define uma tradição não são os escritos dos teólogos que pertencem à certa tradição, mas sim as confissões de fé que resumem esta tradição. Se o leitor, portanto, quer saber o que a tradição reformada ensina sobre predestinação, deve ir diretamente à Confissão de Fé de Westminster (III.1-8), à Confissão Belga (Artigo 16), à Segunda Confissão Helvética (X.1-9) e aos Cânones de Dort (I.6-18, II.8-9, e rejeições de erros).

3. A progressão do dogma

Em nenhum de meus escritos afirmo algo como uma “forte linhagem histórica calvinista”, como o autor sugere. Nem mesmo fiz isso em minha avaliação do artigo dele. Na verdade, a meu ver, o maior erro presente na análise histórica de Silas Daniel é o anacronismo, que “consiste em utilizar os conceitos e ideias de uma época para analisar os fatos de outro tempo”17  – segundo Lucien Febvre, o pecado mortal do historiador. Com isso, as nuances e diferenças na soteriologia dos pais latinos e gregos que viveram antes de Agostinho, assim como dos teólogos medievais, são perdidas, justamente por, no caso, o autor não permitir aos Pais da Igreja e Medievais falarem, mas tentar impor a estes autores categorias interpretativas estranhas ao pensamento deles, tais como “cinco pontos do calvinismo” ou do “arminianismo”. Ele constantemente usa estas categorias de avaliação (ou lentes interpretativas), tentando achar “textos-prova”, a favor ou contra estes, nos diversos escritores citados. Portanto, o uso destes eixos interpretativos, de forma anacrônica, torna sua pesquisa histórica comprometida.

Os eixos interpretativos devem ser: monergismo e sinergismo, ou agostinianismo e pelagianismo (e suas gradações, semiagostinianismo e “semipelagianismo”). Neste sentido, todos os autores que citei afirmaram uma soteriologia monergística (ainda que com diferenças entre si e inconsistências), e todos os que citei, em maior ou menor grau, seguiram as formulações de Agostinho sobre a predestinação.18 Deve-se ter em mente que o autor-chave que mitigou e reinterpretou os ensinos de Agostinho sobre a graça foi Gregório I, o Grande – e que, junto com Agostinho, é considerado um dos “fundadores da Idade Média” latina.19

O autor cita Jack Cottrell em seu apoio, para afirmar o que deveria ser claro: que nenhum Pai da Igreja antes de Agostinho cria na predestinação graciosa e soberana, ainda que usem tal fraseologia ocasionalmente.20 Mas, ao mesmo tempo em que critica Michael Horton, Cottrell (e, parece, Silas, que o cita) cai no mesmo erro que ele visa corrigir; ele, aparentemente, não faz o serviço completo, ou seja, demonstrar qual seja a doutrina da salvação dos Pais da Igreja antes de Agostinho.

Por exemplo, a noção de livre-arbítrio em vários dos Pais (Justino, Irene e Tertuliano) estava, na maioria das vezes, conectada à teodicéia, não à soteriologia. E isso se deu porque a apologética destes Pais era dirigida contra o determinismo cego presente na cultura greco-romana. Sobre a salvação, em linhas gerais, os Pais diziam que a antiga lei tinha sido abolida, e o evangelho seria a nova lei. Deste modo, os Pais ressaltaram a obediência à esta nova lei, bem como a imitação de Cristo, como sendo o caminho da salvação, e o conteúdo essencial da vida cristã. Mesmo em Agostinho não havia uma noção da imputação da justiça de Cristo aos pecadores, recebida pela fé somente (um tema-chave da Reforma protestante do século XVI). Também se enfatizava que o Espírito Santo era recebido por meio do sacramento do batismo. Em outras ocasiões, a salvação era apresentada em termos de imortalidade e indestrutibilidade, em vez de perdão dos pecados. E vários dos Pais orientais, mesmo João Cassiano, no ocidente, afirmaram a doutrina sinergística da theosis, ensinando que a salvação seria adquirida por meio da divinização do homem. Em linhas gerais, estas várias formulações confundiram os ensinos bíblicos sobre a justificação e a santificação. Por outro lado, a noção da eleição por meio da presciência divina estava conectada, muitas vezes, com a previsão de algum tipo de mérito. Justino, por exemplo, afirmou que Deus “prevê que alguns se salvarão pela penitência”.21  Ainda assim, a morte e a ressurreição de Cristo eram enfatizadas como constituindo o fundamento da salvação dos homens – mas Cottrell e Silas parecem ignorar estas nuanças, que tornam a teologia dos Pais bem diferente da posição arminiana clássica.22

De qualquer forma, duvido que um arminiano genuíno endosse tais posições – e Silas cai na própria armadilha que visa refutar. Assim sendo, por causa da interpretação anacrônica que arminianos contemporâneos23  fazem dos escritores cristãos da Antiguidade e do Medievo, variações e diferenças entre os escritores antigos na soteriologia são ignoradas, justamente por não se permitir que estes escritores falem, mas por tentar impor categorias interpretativas estranhas ao pensamento deles. Mesmo a interpretação que Silas oferece de aspectos da soteriologia de Agostinho incorre no anacronismo, pois ele tenta interpretá-la pela lente dos “cinco pontos do calvinismo”. Uma interpretação da posição de Agostinho, sucinta, sóbria e muito mais perto da verdade, é sugerida por Colin Brown:
Frequentemente tem sido dito que tanto o catolicismo quanto o protestantismo têm sua origem em Agostinho. O primeiro obtém dele (mas não exclusivamente dele) seu alto conceito da igreja e dos sacramentos. O último segue Agostinho na sua visão da soberania de Deus, da perdição do homem no pecado e da graça de Deus que é o meio exclusivo para trazer a salvação ao homem. Assim como ocorre a todos os ditados fáceis, esta declaração acerca de Agostinho simplifica demais. Há, certamente, católicos hoje que compartilham do ponto de vista de Agostinho acerca da salvação e protestantes que não compartilham dele. Seja como for, porém, foi de Agostinho mais do que qualquer outro teólogo individualmente que o pensamento medieval recebeu seu arcabouço teológico de ideias. Mesmo quando pensadores posteriores alteraram a pintura dentro do quadro, o arcabouço com que começaram foi a teologia da igreja primitiva em geral e a de Agostinho em particular.24
O que é preciso ter em mente é que os escritos dos Pais da Igreja, especialmente no que se refere ao ensino da graça antes da controvérsia pelagiana, não pretendiam ser apresentações doutrinárias sobre salvação no sentido estrito do termo. Como resultado, não se pode esperar deles um quadro completo destes artigos de fé. Até porque a soteriologia não foi um problema com o qual eles precisaram se defrontar, já que os principais debates estavam relacionados com a Trindade e a divindade de Cristo – e resulta daí as tensões e mesmo contradições presentes em seus escritos, quando tratam da soteriologia.

Também é importante destacar que o sínodo de Orange rejeitou o pelagianismo e o “semipelagianismo” (massilianismo), e a noção de que Deus predestinaria pecadores à perdição. Mas não rejeitou a predestinação para a vida eterna, e afirmou que a fé seria resultado da ação prévia do Espírito Santo:
[Conclusão redigida pelo bispo Cesário de Arles] Segundo a fé católica cremos também que, depois de ter recebido a graça pelo batismo, todos os batizados, com o auxílio e a cooperação de Cristo, podem e devem cumprir quanto diz respeito à salvação da alma, se quiserem empenhar-se fielmente. Ao contrário, não só não acreditamos que pelo divino poder alguns tenham sido predestinados ao mal, mas, se há alguns que querem crer em tamanho mal, com toda a reprovação lhes dizemos: anátema!
Professamos e cremos também, para nossa salvação, que cada boa obra não somos nós a iniciar, sendo depois ajudados pela misericórdia de Deus, mas que ele, sem que preceda algum mérito bom, nos inspira antes de tudo a fé e o amor a ele, para que, de uma parte, procuremos com fé o sacramento do batismo e, de outra, depois do batismo, com seu auxílio possamos cumprir o que lhe agrada. Por isso, evidentissimamente, é preciso crer que tão admirável fé – seja a do ladrão que o Senhor chamou para a pátria do paraíso [Lc 23.43], seja a do centurião Cornélio [At 10.3], seja a de Zaqueu, que mereceu acolher o próprio Senhor [Lc 19.6] – não vem da natureza, mas foi doada pela generosidade da graça divina.25
O que se rejeitou no Sínodo de Orange, portanto, foi a ideia de que salvação e perdição seriam noções simétricas. A posição estabelecida neste sínodo foi reafirmada no sínodo de Quierzy, em 853, que rejeitou o ensino da predestinação à perdição (atribuído a Gottschalk), reafirmando que Deus predestina pela graça e salva pela misericórdia, e a reprovação é um ato de perfeita justiça, que pronuncia a pena unicamente para punir a falta, e após a previsão dessa: “Cap. 3. (...) Que alguns sejam salvos é dom daquele que salva; que alguns ao contrário se percam é culpa dos que se perdem”.26  O sínodo de Valença, realizado em 855, afirmou: “Cân. 3. (...) Assim professamos com fé a predestinação dos eleitos à vida e a predestinação dos ímpios à morte; na eleição dos que devem ser salvos, a misericórdia de Deus precede o mérito, mas na condenação dos que perecerão, o desmérito precede o juízo de Deus”.27

4. Distorcendo a soteriologia luterana

Em suas réplicas, Silas Daniel insiste que a tradição confessional luterana se tornou sinergista, sem a citação de uma única fonte primária.28 Portanto, sendo a tradição luterana confessional, serão feitas citações diretas de fontes primárias, os documentos reunidos no Livro de Concórdia, para mostrar que esta tradição é monergística, ainda que distinta e crítica da fé reformada.29

Silas Daniel cita uma imensa lista de fontes secundárias – todas em inglês (até onde percebi), mesmo quando já traduzidas para o português, o que dificulta ao leitor sem domínio daquele idioma o acesso às mesmas para checar as fontes citadas. Um exemplo problemático é o uso que ele faz de Herman Bavinck. Em seu texto “Em defesa do arminianismo”, ele, se apoiando no teólogo holandês, afirmou que Lutero “abrandou a sua posição afirmada em De servo arbítrio”.30 Na verdade, Bavinck afirma que “embora em suas polêmicas com os anabatistas [Lutero] tenha enfatizado cada vez mais a revelação de Deus na Palavra e nos sacramentos, ele nunca reverteu sua posição sobre predestinação”.31 Em uma de suas respostas, Silas, que havia se apoiado anteriormente em Bavinck, surpreendentemente, escreve que “quanto à afirmação de Bavinck de que os ‘verdadeiros luteranos’ rejeitaram o sinergismo de Melanchthon, trata-se de uma tremenda distorção da história”.32  A impressão que dá é que o autor mencionou Bavinck apenas quando a citação aparentemente favoreceu o seu argumento.

Deste modo, lembrando do princípio de que para tratar de temas teológicos controversos deve-se começar com o que afirmam as confissões de fé que resumem as posições das tradições estudadas, passemos às citações dos escritos confessionais luteranos contidos no Livro de Concórdia.

4.1. A tradição luterana é monergista. Isto pode ser conferido na Fórmula de Concórdia XI.1-14, no capítulo que trata “da eterna presciência e eleição de Deus”, que afirma que “sobre este artigo não ocorreu dissensão pública entre os teólogos da Confissão de Augsburgo”. E continua:
A presciência de Deus nenhuma outra coisa é senão isso que Deus sabe todas as coisas antes de elas acontecerem... (...) Se estende igualmente sobre os bons e os maus, não sendo, porém, causa do mal nem do pecado... (...) Também não é a causa da perdição dos homens, pela qual eles mesmos são culpados. A presciência de Deus apenas regula o mal e lhe fixa limite quanto à duração, fazendo com que tudo, não obstante seja mau em si mesmo, sirva à salvação de seus eleitos.
Por fim, pode-se ler na Fórmula de Concórdia XI.2-4, 14:
A predestinação ou eterna eleição de Deus, entretanto, diz respeito apenas aos piedosos, agradáveis filhos de Deus, sendo uma causa da salvação deles, a qual ele também provê, e ordena o que a ela pertence. Sobre ela, nossa salvação se funda de maneira tão firme que ‘as portas do inferno não prevalecerão contra ela’. (...) Com essa breve explicação da eterna eleição de Deus, dá-se a Deus sua honra inteira e plenamente, que ele, somente por sua pura misericórdia, sem qualquer mérito nosso, nos salva ‘segundo o propósito’ da sua vontade. Além disso, também não se dá a ninguém causa para pusilanimidade ou vida rude, desenfreada.
Por meio de negativas, é rejeitada a ideia de uma dupla predestinação simétrica (predestinatio gemina), seguindo as deliberações afirmadas nos sínodos de Quiercy e Valença. Na Declaração Sólida XI, “da eterna presciência e eleição de Deus”, tal posição é detalhadamente reafirmada. Um trecho basta:
Essa é a extensão em que o mistério da predestinação nos é revelado na palavra de Deus. E se a isso nos restringimos e ativermos, deveras, é doutrina útil, salutar e confortadora, pois que mui poderosamente confirma o artigo de que somos justificados e salvos sem qualquer obra e mérito nosso, exclusivamente pela graça, tão-só por causa de Cristo. Antes do tempo do mundo, antes de existirmos, ‘antes da fundação do mundo’, quando, naturalmente, nada de bom poderíamos ter feito, fomos eleitos, por graça, em Cristo, para a salvação, ‘segundo o propósito de Deus’, Rm 9; 2 Tm 1. Isso também derruba todas as opiniones e doutrinas errôneas sobre os poderes de nossa vontade natural, porque, em seu conselho, Deus resolveu e decretou, antes do tempo do mundo, que, pelo poder de seu Santo Espírito, mediante a palavra, ele mesmo quer criar e operar em nós tudo o que pertence à nossa conversão.
Portanto, aqueles familiarizados com a tradição confessional luterana sabem que esta, ainda que tendo agudas diferenças em relação à tradição reformada, é monergística.33

4.2. Por defender uma interpretação anacrônica da controvérsia soteriológica, o autor insiste que os Artigos de Esmacalde III.40-45 ensinariam a “crença de Lutero na possibilidade de um cristão genuíno cair da graça”, quando o luteranismo oferece outra possibilidade de compreensão da segurança da salvação. Os artigos ensinam:
E esse arrependimento perdura nos cristãos até a morte, pois que briga com o pecado que remanesce na carne ao longo da vida toda, como S. Paulo testifica em Rm 7 que guerreia contra a lei de seus membros, etc. E isso não o faz mediante forças próprias, senão pelo dom do Espírito Santo, dom que se segue o perdão dos pecados. Esse dom purifica e varre diariamente os pecados remanescentes e opera no sentido de tornar o homem bem puro e santo.

Disso nada sabem nem papa, nem teólogos, nem juristas, nem homem algum. É doutrina do céu, revelada pelo evangelho. E ela tem de suportar o ser chamado de heresia entre os santos ímpios.

Por outro lado, é possível que venham alguns espíritos sectários – e talvez já estejam presentes alguns, tais como os que no tempo da insurreição [a Guerra dos Camponeses, de 1525] me surgiram a mim mesmo diante dos olhos – e sustentem a seguinte opinião: Todos aqueles que alguma vez hajam recebido o Espírito ou o perdão dos pecados, ou que se hajam alguma vez tornado crentes, esses, caso pequem depois disso, mesmo assim permanecerão na fé, e tal pecado não lhes fará mal. E, de acordo com isso, berram: ‘Faze o que quiseres; se crês, nada importa; a fé extingue todo pecado’, etc. Dizem, além disso, que nunca teve de modo verdadeiro o Espírito e a fé aquele que peca depois da fé e do Espírito. Tais criaturas insanas têm-me aparecido muitas pela frente, e temo que esse demônio ainda esteja alojado em algumas.

Por isso é necessário saber e ensinar: pessoas santas ainda têm e sentem o pecado original e, diariamente, se arrependem e lutam contra ele. Se, à parte disso, lhes acontece caírem em pecado manifesto, como por exemplo, Davi, em adultério, em assassínio e em blasfêmia, então a fé e o Espírito estiveram ausentes. Pois o Espírito Santo não permite que o pecado governe e prevaleça, de modo que seja consumado, porém reprime e resiste, de forma que não pode fazer o que quer. Se, porém, fizer o que é de sua vontade, então o Espírito Santo e a fé não estão presentes. Porquanto São João diz: ‘Pois quem é nascido de Deus não peca e não pode pecar’. Contudo, também é verdade, conforme escreve o mesmo São João: ‘Se dissermos que não temos pecado nenhum, mentimos, e a verdade de Deus não está em nós’.
Tal declaração deve ser lida em contexto, isto é, as controvérsias com os vários grupos anabatistas, chamados coletivamente pelos reformadores alemães de “entusiastas” (Schwärmer ou Schwärmertum, sinônimo de “fanáticos”). Numa nota de rodapé do Livro de Concórdia, comentando a frase “então o Espírito Santo e a fé não estão presentes”, cita-se Gottfried Noth, que afirmou que “M. Chemnitz repetidas vezes apela para esse passo dos Artigos de Esmacalde, interpretando-o, porém, mal, como se Lutero quisesse dizer que pecados grosseiros liquidam a fé”.

Para entender o que a tradição luterana confessional defende sobre a fé e a certeza da salvação, pode-se ir a John Theodore Mueller, que escreve: “Se os papistas e protestantes romanizantes negam que o crente possa estar certo de sua salvação, é porque ensinam que a salvação, ao menos em parte, depende das boas obras do crente. (...) Todo aquele que crê em Cristo com sinceridade está seguro de seu estado de graça e salvação; pois o Espírito Santo, que nele gerou fé pelo Evangelho, por essa mesma fé lhe dá certeza de que é filho de Deus e herdeiro da vida eterna”. Mas, para Mueller, há que se fazer uma distinção entre a primeira conversão, e a conversão continuada, que “jamais está completa enquanto [a pessoa que crê em Cristo] vive no mundo”. Esta conversão continuada não é um processo de santificação interna, mas um viver na confiança na salvação obtida objetivamente na Palavra e nos sacramentos. Portanto, “o fato de aqueles que crêem em Cristo poderem cair da graça ou perder a fé constitui doutrina clara da Bíblia”, ainda que seja “preciso manter que podem se converter de novo (...) os que caíram na fé”. Esse autor, em sua obra, critica o entendimento reformado da perseverança, pois esta nega “a gratia universalis”. Mas rejeita a compreensão sinergista da perseverança, pois esta nega “o sola gratia”, ensinando que “o pecador tem de entrar com a sua quota a bem de se tornar cristão, assim como também tem de cumprir com a sua parte para poder perseverar na fé”. De acordo com Mueller, “o monergismo divino é, também, responsável pela conservação para a salvação”.34

Para a tradição luterana, a santificação (que é interna) não pode ser a base da certeza da salvação, mas a segurança da salvação é dada externamente, na Palavra e nos sacramentos. Como Lutero afirmou no Catecismo Maior:
Assim, a fé se apega à água, crendo que é o batismo, em que há pura salvação e vida. (...) Não pela água, mas (...) porque está unida à palavra e ordem de Deus... (...) Se creio isso, em que outra coisa creio senão em Deus, como aquele que deu e implantou sua palavra no batismo... (...) De forma nenhuma se há de considerar o sacramento como se fosse coisa prejudicial, da qual cumprisse fugir, mas como medicina inteiramente salutar [ou salvadora] e consoladora, que te ajuda e te dá a vida tanto na alma quanto no corpo.
4.3. Sobre Lutero, deve ser óbvio, a esta altura, que é muito mais fácil afirmar que supostamente houve mudança ou abrandamento no pensamento do reformador do que interagir com a robusta exegese que ele ofereceu ao texto bíblico, não só em Da vontade cativa, mas também em suas preleções à Epístola do Bem-aventurado Apóstolo Paulo aos Romanos e no Comentário à Epístola aos Gálatas.35 Assim sendo, me parece apropriado encerrar esta seção com uma citação do Prefácio à Epístola de S. Paulo aos Romanos, escrita em 1522, e revisada em 1546, ano da morte do reformador:
Nos capítulos 9, 10 e 11, (...) [Paulo] ensina a eterna predeterminação de Deus. Desse conceito provém originalmente a distinção entre quem há de crer e quem não há, quem se pode livrar de pecados ou não. Com ele está de todo fora do nosso alcance e exclusivamente nas mãos de Deus, que nos tornemos retos. E isso é de suma necessidade. Pois somos tão fracos e inseguros que, se dependesse de nós, naturalmente nem uma pessoa sequer se salvaria e o diabo com certeza a todas sobrepujaria. Mas, como para Deus é certo que não falhará aquilo que ele predetermina, tampouco alguém o pode impedir, ainda temos esperança contra o pecado.

Entretanto, há que se pôr um limite aos espíritos injuriosos e arrogantes que, primeiro, dirigem seu raciocínio para este ponto, começam por pesquisar o abismo da predeterminação divina e se preocupam em vão com a pergunta, se estão predeterminados. Esses então têm que se humilhar a si mesmos de forma a desesperar ou a pôr tudo em jogo. Tu, porém, segue esta carta em sua sequência, ocupa-te primeiro com Cristo e o Evangelho. Nele, reconhecerás teu pecado e a graça do Evangelho. Em seguida, combate o pecado, como o ensinaram aqui os caps. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Depois, tendo chegado ao 8º capítulo, sob cruz e sofrimento, isso te ensinará a entender tão bem a predeterminação nos cap. 9, 10 e 11. E como ela é consoladora! Pois, sem sofrimento, cruz e aflições de morte não se pode tratar da predeterminação, sem juízo e indignação oculta contra Deus. Por isso, o [velho] Adão precisa estar morto antes de suportar essa coisa e tomar o vinho forte. Toma cuidado, portanto, que não bebas vinho enquanto ainda és lactente. Todo ensinamento tem sua medida, tempo e idade.36
Conclusão
É necessário deixar claro que calvinistas não tratam o arminianismo como herético. Ou, pelo menos, não deveriam.37  Por exemplo: Agostinho, refutou os erros dos massilianos (“semipelagianos”) em duas obras (A predestinação dos santos e O dom da esperança), mas tratou-os como irmãos ou amigos errados, não como hereges. William Ames, um dos mais influentes teólogos reformados, e que foi conselheiro do presidente do Sínodo de Dort, Johannes Bogerman, escreveu que o arminianismo “não é corretamente uma heresia, mas um erro perigoso na fé”.38

John Wesley reconheceu, em 1745, que sua teologia estava “a um fio de cabelo” do pensamento de João Calvino:39  “Ao atribuir todo o bem à livre graça de Deus. Ao negar o livre-arbítrio natural e o poder antecedente à graça. E, ao excluir o mérito humano; mesmo para o que ele realizou ou pratica pela graça de Deus”.40 Isso é exemplificado numa conversa que Charles Simeon teve com Wesley, em 1784:
Senhor, sei que o chamam de arminiano; e algumas vezes sou chamado de calvinista; portanto, deveríamos desembainhar as espadas. Porém, antes de consentir em iniciar o combate, permita-me fazer-lhe algumas perguntas (...). Diga-me: o senhor se sente uma criatura depravada, tão depravada que nunca teria pensado em voltar-se para Deus, se ele não tivesse colocado isso em seu coração?
Sim [replicou o veterano], sinto-o realmente.
E não tem esperança alguma de tornar-se aceitável perante Deus por qualquer coisa que possa fazer por si; e espera na salvação exclusivamente através do sangue e da justiça de Cristo?
Sim, unicamente por meio de Cristo.
Mas, senhor, supondo-se que foi inicialmente salvo por Cristo, não poderia de alguma outra forma salvar-se depois, através de suas próprias obras?
Não, mas terei de ser salvo por Cristo do princípio ao fim.
Admitindo, portanto, que foi inicialmente convertido pela graça de Deus, o senhor, de um modo ou de outro não tem que se manter por suas próprias forças?
Não.
Nesse caso, então, o senhor tem que ser mantido, cada hora e momento, por Deus, tal como uma criança nos braços de sua mãe?
Sim, inteiramente.
E toda sua esperança está firmada na graça e misericórdia de Deus, para ser preservado até o seu reino celeste?
Sim, não tenho esperanças senão nele.
Então, senhor, com sua permissão embainharei novamente a minha espada; pois este é todo o meu calvinismo; esta é a minha eleição, minha justificação pela fé, minha perseverança final; em suma, é tudo quanto sustento, e como o sustento; portanto, se lhe parecer bem, em lugar de buscarmos termos e frases que serviriam de base para luta entre nós, unamo-nos cordialmente naquelas coisas sobre as quais concordamos.41
O grande desejo de John Wesley, ao qual ele devotou sua vida, foi pregar “as três grandes doutrinas bíblicas: o pecado original, a justificação pela fé e a consequente santidade”.42  Que Deus nos dê de seu Espírito Santo para não apenas confessar tais doutrinas, mas pregá-las com zelo e paixão nesta época em que a igreja cristã é desafiada e confrontada com um ambiente cultural e político cada vez mais hostil à fé evangélica.

Fonte: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=467

sexta-feira, abril 15, 2016

Editora Vida Nova: Bíblia Almeida Século XXI

Características

Tradição

A dignidade da linguagem é um dos aspectos mais prezados pelos leitores do texto inspirado. O texto da Almeida Século 21 inspira respeito, convida a uma atitude reverente e gravita numa órbita de solenidade e honra. Portanto, é um texto que evoca o Sagrado e o sagrado, além de representar uma linguagem de tradição que prevalece no contexto ministerial evangélico de língua portuguesa.

Exatidão

O nível de conhecimento e experiência dos membros da Comissão de Tradução outorga à versão Almeida Século 21 um elevado grau de rigor exegético, que, por sua vez, resulta num excelente nível de compreensão do texto original, tanto do hebraico e aramaico quanto do grego, uma vez que a boa exegese é o fundamento de qualquer esforço hermenêutico de sucesso.

Fluência

A versão Almeida Século 21 respeita a necessidade da fluência de leitura do texto bíblico. A boa comunicação não prescinde de naturalidade e evita construções sintáticas ultrapassadas, vocábulos arcaicos, ambíguos e de eufonia duvidosa ou inadequada. A tradução do texto bíblico deve respeitar a realidade de que a língua é dinâmica, e seus vocábulos nascem, desenvolvem-se, envelhecem e muitas vezes morrem. O texto da Almeida Século 21 é cheio de vida e naturalidade, proporcionando ao leitor a grata surpresa de perceber que é possível entender o que a Bíblia diz.

O texto da Almeida Século 21 é cheio de vida e naturalidade, oferecendo ao leitor a grata surpresa de que é possível entender o que a Bíblia diz.

Objetivos

Visando trabalhar dentro dos parâmetros de tradição, exatidão e fluência, os tradutores e revisores da Almeida Século 21 tiveram em mente objetivos muito claros:
Corrigir imprecisões da Versão Revisada de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego;
Fazer uma revisão exegética completa tendo como base a literatura erudita atualizada;
Traduzir o nome de Deus no Antigo Testamento por Senhor, já consagrado em português;
Reorganizar o texto bíblico a partir da sintaxe natural da língua portuguesa, evitando orações sintaticamente invertidas;
Manter o perfil tradicional do vocabulário e da linguagem. Assim, pronomes como tu e vós serão mantidos, buscando-se evitar todo tipo de irreverência em relação ao texto;
Eliminar os termos arcaicos, desconhecidos e que caíram em desuso, pois uma versão fluente precisa ser clara;
Evitar todos os termos de conotação e de eufonia inadequadas ou ambíguas, a fim de manter a dignidade do texto sagrado;
Buscar uma linguagem tradicional, porém mais simples e acessível em comparação a outras versões;
Evitar toda e qualquer tradução tendenciosa. A versão Almeida Século 21 não é uma tradução comprometida com uma denominação ou posição teológica particular. Seu compromisso maior é com a fidelidade à Palavra de Deus;
Acrescentar notas de rodapé indispensáveis, que tratem de questões exegéticas, de crítica textual, de questões técnicas e linguísticas.

Tradução e revisão

Equipe de tradutores e revisores da Bíblia Almeida Século 21

O projeto da Bíblia Almeida Século 21 não poderia jamais ser realizado a partir de um esforço solitário. A Bíblia Almeida Século 21 é, na verdade, o resultado da colaboração exitosa de algumas das editoras de prestígio entre as casas publicadoras do contexto evangélico brasileiro: a Imprensa Bíblica Brasileira/JUERP, as Edições Vida Nova, a Editora Hagnos e a Editora Atos.
Com base na parceira feita entre essas editoras, o trabalho de tradução e revisão do texto da Bíblia Almeida Século 21, que ficou sob a supervisão de Edições Vida Nova, foi desenvolvido por estudiosos e biblistas. O projeto tomou seis anos de trabalho minucioso de especialistas nas línguas originais, em tradução bíblica e revisão de textos.
A equipe diversificada (formada por batistas, presbiterianos, luteranos, menonita, anglicano e assembleiano) reuniu estudiosos com formação especializada e longa experiência nas áreas de Bíblia, hebraico, grego, linguística, exegese e língua portuguesa. Do grupo central de tradutores e revisores da Bíblia Almeida Século 21 tomaram parte:

– Abraão de Almeida (Revisão de Estilo);
– Aldo Menezes (Revisão de Estilo);
– Daniel de Oliveira (Assistente de Revisão Exegética);
– Edna Batista Guimarães ( Revisão de Estilo);
– Estevan Kirschner (Revisão Exegética: NT);
– João Guimarães ( Revisão de Estilo );
– Lucília Marques Pereira da Silva (Revisão de Estilo);
– Luiz Sayão (Coordenador Geral);
– Márcio Loureiro Redondo (Revisão de Estilo);
– Marisa Lopes (Revisão de Estilo);
– Pedro Moura (Revisão Geral);
– Robinson Malkomes (Revisão de Estilo Final);
– Tiago de Lima (Revisão de Estilo);
– Valdemar Kroker (Revisão Exegética: AT);
– William Lane (Revisão Exegética: AT).

Assim, é com grande júbilo que entregamos à igreja brasileira a versão da Bíblia Almeida Século 21. Gostaríamos de agradecer a participação imprescindível das pessoas já mencionadas, bem como de nossos parceiros neste projeto. Agradecemos também a Estevan F. Kirschner pela elaboração deste texto de apresentação da versão. Não podemos esquecer de agradecer ainda todos aqueles que das mais variadas maneiras contribuíram para o êxito deste projeto. E, sobretudo, gostaríamos de agradecer ao Senhor, razão de nossa existência e inspiração maior desta versão.
A Deus, toda a glória!
 
Comissão de tradução da Almeida Século 21

A versão Almeida Século 21 contou com uma equipe de tradutores de excelente qualidade. A seguir, apresentamos a área de trabalho no projeto, formação acadêmica e dados de alguns membros da Comissão.

Abraão de Almeida 

Revisão de estilo. É jornalista pela Escola de Jornalismo João Austregésilo de Athayde, mestre em teologia pelo Seminário Unido, escritor e pastor da Assembleia de Deus. Foi diretor da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). É fundador e presidente do Seminário Betel, em Hollywood, Flórida, EUA, onde reside atualmente.

Estevan F. Kirschner

Revisão exegética do Novo Testamento. É mestre em interpretação bíblica e Ph.D. em Novo Testamento, pela London School of Theology, em Londres, Inglaterra. Trabalhou como pastor na IECLB (Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil). Autor de vários artigos e tradutor de obras teológicas, foi editor da área de Bíblia e línguas originais de Edições Vida Nova. É professor de Bíblia, teologia bíblica e exegese no Seminário Teológico Servo de Cristo. Estevan reside em Atibaia, SP.

Luiz Alberto T. Sayão

Coordenação do projeto de revisão de estilo e exegética. É bacharel em linguística e hebraico, e mestre em hebraico pela Universidade de São Paulo. Professor da área bíblica e de hebraico do Seminário Servo de Cristo, em São Paulo , e da Faculdade Teológica Batista de São Paulo nos cursos de bacharel e mestrado, e ainda professor visitante do Gordon-Conwell Theological Seminary (2005).
Foi o coordenador da Comissão de Tradução para o português da Nova Versão Internacional da Bíblia (NVI), trabalhando por quase 10 anos com a International Bible Society.
É também conferencista de renome nacional e internacional, além de editor e autor das notas de várias obras, entre elas O Novo Testamento Trilíngue, O Novo Testamento Esperança e O Antigo Testamento Poliglota. Em 2003, ganhou o prêmio de Personalidade Literária da Associação dos Editores Cristãos (ASEC).

Márcio Loureiro Redondo

Revisão de estilo do Antigo Testamento. É doutor em história (School of Archaeology, Classics and Oriental Studies, University of Liverpool, Inglaterra); pós-graduado em teologia (área de Antigo Testamento; Bethel Theological Seminary, Minnesota, EUA); especialista em linguística aplicada (área de tradução; Instituto de Letras da PUC de Campinas); bacharel em teologia (Faculdade Teológica Batista de São Paulo); licenciado em letras (área de Português e Inglês; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ouro Fino, MG).
É professor de teologia desde 1976 e realiza pesquisas nas áreas de: Bíblia como literatura; teorias hermenêuticas e exegese; história e historiografia do antigo Oriente Próximo. É também tradutor, tendo participado da tradução de Bíblias e livros acadêmicos.

Marisa Lopes

Revisão de estilo. É graduada em letras, bacharel em direito e mestre em letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e mestre em estudos interculturais pelo Fuller Theological Seminary, EUA. Coordenadora editorial de Edições Vida Nova, Marisa trabalha com publicação de obras teológicas e presta assessoria jurídica em negociação e preparação de contratos de direitos autorais nacionais e internacionais, além de contratos em áreas afins.

Valdemar Kroker

Revisão exegética do Antigo Testamento. É mestre em teologia pelo Instituto e Seminário Bíblico Irmãos Menonitas em Curitiba, licenciado em matemática pela Universidade Federal do Paraná, mestre em teologia pelo Mennonite Brethren Biblical Seminary, EUA, doutorando em Antigo Testamento pelo Trinity Evangelical Divinity School, EUA, pastor de pequenos grupos na Igreja Batista Nações Unidas (SP) e professor de línguas bíblicas e de prática da pregação na Faculdade Fidelis em Curitiba.

William Lane

Revisão exegética do Antigo Testamento. É mestre em teologia na área de Antigo Testamento pelo Calvin Theological Seminary, EUA. Foi diretor e professor de hebraico e de exegese do Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, e professor de hebraico na Escola Superior de Teologia da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Atualmente é pastor da Igreja Presbiteriana de Castro e professor de hebraico e de exegese na Faculdade Teológica Sul-brasileira, em Curitiba, PR. É brasileiro e reside em Castro, PR.

Fonte: https://vidanova.com.br/editora/bibliaalmeida21

quinta-feira, abril 14, 2016

Editora Vida Nova

A Editora Vida Nova não é somente mais uma editora de livros cristãos, é uma missão que teve papel pioneiro importantíssimo na concepção e distribuição de Bíblias e material teológico idôneo que formou e informou líderes protestantes e evangélicos de várias denominações no Brasil e em países de língua portuguesa, conheça mais sobre essa empresa que tem como presidente emérito o sério e respeitadíssimo pastor e teólogo Russell P. Shedd e como presidente, meu amigo pessoal, Richard Julius Sturz Jr..

José Osório de Souza

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Edições Vida Nova é uma editora que publica literatura teológica evangélica. A declaração de missão que norteia as ações de EVN é:

Publicar e promover teologia de alta qualidade para capacitar e edificar as igrejas e seus líderes

Publicar e promover: além de publicar livros, EVN é provedora de teologia, pois trabalha também através de congressos, conferências e eventos que realiza.
Teologia: a teologia é o estudo de Deus e da relação entre Deus e o mundo. EVN procura publicar e promover as verdades de Deus e de seu relacionamento com os homens.
Alta qualidade: a teologia na qual se baseiam os produtos e serviços de EVN busca estar sempre fundamentada na Palavra de Deus e visa entender a verdade, fazendo tudo conforme o mais alto padrão de qualidade.
Capacitar e edificar: nossos produtos são um meio para alcançar um objetivo maior que é a capacitação e edificação das igrejas e de seus líderes.
Igrejas e seus líderes: os produtos e serviços de EVN visam atingir tanto líderes, seminários e instituições que preparam líderes, quanto as igrejas e seus membros.
Edições Vida Nova: Há 50 anos publicando o melhor da teologia evangélica.

Nossa história
Edições Vida Nova (EVN) teve suas origens em Portugal na década de 50. O missionário Arthur Brown ficou chocado com a falta de livros, comentários e recursos teológicos em português que auxiliassem os pastores desejosos de preparar mensagens que alimentassem seus rebanhos. Brown estava envolvido em muitas atividades. Assim, quando a família Shedd desembarcou em terras lusitanas em 1959, ele achou por bem atribuir a mim os cuidados da nova editora. Eu não tinha motivos para não aceitar a responsabilidade, contudo, depois de lançar alguns poucos títulos, concluí que seria mais vantajoso publicar, no Brasil, obras pesadas como O Novo Comentário da Bíblia e o conhecido O Novo Dicionário da Bíblia. Quando nos certificamos dos custos mais baixos, decidimos nos deslocar para o país continental, que nos recebeu com muito carinho. O sucesso de EVN constituiu motivo de enorme alegria e gratidão a Deus, que tem sustentado financeiramente esta casa e dirigido seus caminhos desde 1962, e ela existe unicamente para a glória Dele.

No início pensamos em retornar a Portugal, depois de fundar uma filial de EVN em São Paulo, mas os planos foram mudados quando decidimos preparar uma Bíblia de estudos que ajudasse os obreiros impossibilitados de cursar uma escola bíblica. Na década de 60, dificuldades na importação do papel para imprimir a Bíblia Vida Nova e problemas com a montagem das páginas retardaram 14 anos o lançamento da obra. Contudo, mesmo frente ao desapontamento de ter de esperar até 1976 pelo lançamento da primeira Bíblia evangélica de estudos em português, nunca duvidamos de que Deus, em sua soberania, controlava os acontecimentos. Após o sucesso da Bíblia Vida Nova e com a surpreendente aceitação de livros como Manual Bíblico e Panorama do Novo Testamento, além dos comentários da Série Cultura Bíblica, EVN entrou em nova fase de crescimento. O sonho de tornar a editora a principal fornecedora de livros de referência para os seminários do Brasil foi realizado na década de 80. Há muitas razões para agradecermos a Deus. Apesar de dificuldades e problemas no passado, EVN continua cumprindo seu papel de fornecer ao mundo evangélico de língua portuguesa o que existe de melhor em obras teológicas.

Sem o incansável apoio de incontáveis colaboradores, EVN nunca teria alcançado o destaque que usufrui atualmente. Faltar-nos-ia espaço para mencionar o nome de todas as pessoas que deram e têm dado tanto de si para manter EVN entre as mais importantes publicadoras evangélicas do Brasil.

Russell P. Shedd
Presidente Emérito

DIRETORIA

Russell Philip Shedd - Presidente Emérito

Russel Shedd É Ph.D. em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, Escócia. Fundou a Edições Vida Nova há 50 anos e atualmente é consultor da Shedd Publicações. Faz parte da Missão Batista Conservadora no Sul do Brasil e trabalha em terras brasileiras desde 1960. Lecionou na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e é aclamado no Brasil e exterior como conferencista, falando em congressos, igrejas, seminários e faculdades de teologia. É autor de vários livros, entre os quais se destacam A justiça social e a interpretação da Bíblia, Disciplina na igreja, A escatologia do Novo Testamento, A solidariedade da raça, Justificação, A oração e o preparo de líderes cristãos, Fundamentos bíblicos da evangelização, Teologia do desperdício, Criação e graça: reflexão sobre as revelações de Deus. Estas obras foram publicadas por Edições Vida Nova ou Shedd Publicações. São da autoria dele os comentários da Bíblia Shedd da Bíblia Vida Nova. É casado com dona Patrícia há 54 anos; tem 5 filhos e 13 netos.

Richard Julius Sturz Jr. - Presidente

Mestre em divindade pelo Fuller Theological Seminary, EUA. Faz parte da Missão Batista Conservadora no Sul do Brasil desde 1991. É pastor filiado à Convenção Batista Brasileira (CBB) e diretor do Promifé (Projeto Missionário de Férias). Atuou como reitor do Seminário Batista do Nordeste Paulista, em Ribeirão Preto-SP, e foi docente da Faculdade Teológica Batista de Campinas, SP. É membro da Igreja Batista do Cambuí, em Campinas. Está casado com Mirian há 22 anos e tem um filho.

Curtis Alan Kregness - Vice-Presidente

Faz parte da Missão Batista Conservadora no Sul do Brasil desde 1983, da qual é também Presidente. É autor de África: Amor e Dor, publicado em 2005 por Edições Vida Nova. É editor e revisor de textos. Bacharel em jornalismo e mestre em missões e comunicações transculturais. Leciona no Seminário Teológico Batista Paulistano em São Paulo. É casado com Eulália Pacheco há 24 anos e tem um filho.

Kenneth Lee Davis - Diretor Executivo

Mestre em Teologia pelo Dallas Theological Seminary (Dallas, Texas), é professor nas áreas de Hermenêutica e Exposição Bíblica pelo Seminário Martin Bucer (São José dos Campos, SP) e pelo Seminário Teológico Batista Intensivo (Teresina, PI). Pastor da Igreja Batista em Jardim Consórcio (São Paulo). É também bacharel em Engenharia Eletrônica pela Michigan Technological University (Houghton, Michigan). É casado com Lucimar há 23 anos e tem três filhos.

Fonte: https://vidanova.com.br/content/6-quem-somos

quarta-feira, abril 13, 2016

SBB: Compare as Traduções

Ler diferentes traduções enriquece o estudo e a compreensão da Bíblia Sagrada.
“Peço que Deus abra a mente de vocês para que vejam a luz dele e conheçam a esperança para a qual ele os chamou” (Efésios 1.18)

Uma das maneiras de aprofundar o estudo e a meditação da Bíblia é ler várias traduções lado a lado. Ao fazer isso, o leitor cedo ou tarde encontrará diferenças entre as traduções. Como explicar isso?

É possível que a diferença seja apenas aparente, porque o leitor não se deu conta de que a mesma mensagem foi expressa através de palavras diferentes. Também é possível que a ordem dos termos tenha sido invertida, para facilitar a compreensão do leitor ou ouvinte.
É possível – e até provável – que eventuais diferenças possam ser explicadas pelo fato de as traduções terem sido feitas em épocas diferentes, por equipes de tradução distintas. É claro que, neste caso, está implícito que um mesmo texto pode ser traduzido de formas ligeiramente diferentes, não porque os tradutores são incompetentes, mas porque o original é mais rico do que se imagina.
Também é útil conhecer um pouco da história e do propósito de cada uma das traduções. No caso das traduções publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil, é preciso lembrar que a Almeida Revista e Corrigida preserva, em grande medida, o texto de Almeida, tal qual se apresentava mais de 300 anos atrás. A Almeida Revista e Atualizada não é uma simples atualização da linguagem de Almeida, pois os revisores tinham, também, o propósito de retificar eventuais lapsos. É preciso levar em conta, neste caso, que, com a intensificação da pesquisa, temos uma melhor compreensão de muitos textos bíblicos. E quanto à Nova Tradução na Linguagem de Hoje, também ela não é tão somente uma simplificação do texto de Almeida, pois é uma nova tradução a partir do original.
E, como já foi indicado, em muitos casos um mesmo texto pode ser traduzido de formas ligeiramente diferentes. A Sociedade Bíblica do Brasil não assumiu o compromisso de
publicar uma só e sempre a mesma tradução da Bíblia, embora, na maioria das passagens, o significado do texto seja essencialmente o mesmo nas diferentes traduções (ARC, ARA, NTLH). Embora se possa discutir um ou outro detalhe, nesta ou naquela passagem, fato é que a mensagem central da Bíblia fica clara em todas as traduções.
Portanto, leitura paralela ou lado a lado de diferentes traduções pode enriquecer o estudo da Bíblia. Se a intenção, no entanto, for a de encontrar “erros”, é claro que esse estudo será tudo menos proveitoso.

Compare as Traduções

Confira, a seguir, alguns versículos da Bíblia em três diferentes traduções:

Almeida Revista e Corrigida
Almeida Revista e Atualizada
Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Veja os textos comparativos na fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/compare-as-traducoes/

terça-feira, abril 12, 2016

SBB: Traduções da SBB

A SBB é dona dos direitos das mais apreciadas traduções da Bíblia: Almeida Revista e Atualizada, Almeida Revista e Corrigida e Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
“Feliz é a pessoa que acha a sabedoria e que consegue compreender as coisas” (Provérbio 3.13)

A decisão de fazer uma revisão e atualização do texto da Bíblia de Almeida, no Brasil, foi tomada em 1943, cinco anos antes da fundação da Sociedade Bíblica do Brasil (na época, atuavam no Brasil duas sociedades bíblicas: a Britânica e Estrangeira e a Americana). A revisão do Novo Testamento, da qual participou a fina flor da erudição bíblica brasileira de então, foi concluída em 1951. A revisão do Antigo Testamento foi concluída em menos tempo, três anos (de 1953 a 1956), porque dois homens (Antonio de Campos Gonçalves e Paulo W. Schelp) trabalharam em regime de tempo integral, assessorados por um grande número de consultores e leitores externos. A Bíblia completa, na edição Revista e Atualizada, foi publicada em 1959.

O propósito da revisão, que resultou na Revista e Atualizada, era formatar um texto em “linguagem atualizada sem desnaturar certa linguagem bem antiga e tudo sem fugir ao original”. Isto significa que a Revista e Atualizada, além de ser fiel ao original e preservar o estilo de Almeida, é bem menos arcaica do que o antigo Almeida (preservado na Revista e Corrigida).
O grande diferencial da Revista e Atualizada – desconhecido por muitos – é a sua legibilidade e sonoridade. Ela foi feita para ser lida em voz alta.

Nela não aparecem trava-línguas (sílabas difíceis de pronunciar, às vezes pela repetição da mesma consoante) e os cacófatos ou desagrados cacofônicos foram reduzidos ao máximo. Um cacófato é uma combinação de sílabas ou palavras que, na escrita, não apresenta maiores problemas, mas que, ao ser lido, soa obsceno ou tem um sentido equívoco. Uma das características de Almeida Revista e Atualizada, a expressão “a vós outros” (que aparece 232 vezes na Revista e Atualizada, contra apenas quatro vezes na Revista e Corrigida!), resulta dessa preocupação: o que se pretende é impedir que alguém pense em “avós” ou “a voz”.

Outro exemplo é a expressão “homens de pouca fé”, que foi alterada para “homens de pequenina fé”, para que não apareça um “café” na Bíblia. Também a sequência “ali se”, que pode ser ouvida como “Alice”, foi de todo eliminada (como, por exemplo, em Esdras 8.25: “e todo o Israel ali se achou” foi alterado para “e todo o Israel que se achou ali”). Outras diferenças em relação à Revista e Corrigida – Além da eliminação dos desagrados cacofônicos, o nome de Deus (“Javé”), no Antigo Testamento, foi traduzido por Senhor e impresso em versalete, isto é, com letras maiúsculas.Também a primeira letra da palavra que inicia um parágrafo foi impressa em negrito. E os textos poéticos, como, por exemplo, os Salmos, passaram a ser impressos como poesia.

Quanto ao Novo Testamento, a Revista e Atualizada segue o assim chamado “texto crítico” (adotado, nas Sociedades Bíblicas, desde 1904). Esse “texto crítico” é uma edição que leva em conta também os manuscritos gregos mais antigos, descobertos ao longo dos últimos séculos. Na prática, o “texto crítico” tende a ser mais breve do que o “texto recebido”, que era o único que se conhecia no tempo de Almeida, no século XVII. Todo material que constava do texto de Almeida, no século XVII (e que ainda se encontra na Revista e Corrigida), mas que não mais é visto como parte do texto original, aparece, na Revista e Atualizada, entre colchetes. É o caso, por exemplo, do famoso “parêntese joanino”, em I João 5.7-8, um texto que não aparece em nenhum manuscrito grego anterior ao século XIV.

De modo geral, Almeida Revista e Atualizada difere de edições anteriores em aproximadamente trinta por cento do texto. Uma segunda edição de Almeida Revista e Atualizada foi publicada em 1993.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/as-traducoes-da-sbb/almeida-revista-e-atualizada/

segunda-feira, abril 11, 2016

SBB: Princípios de Tradução

Uma boa tradução da Bíblia é feita a partir dos originais e pode seguir os princípios de equivalência formal ou dinâmica.
“Ajuda-me a compreender as tuas leis, e eu meditarei nos teus maravilhosos ensinamentos” (Salmo 119.27)

Traduzir significa transferir e, no caso de uma mensagem escrita, significa passar de uma língua para outra. No caso da Bíblia, por não conhecer as línguas originais (hebraico, aramaico e grego), o leitor precisa recorrer a um tradutor. O tradutor faz a mediação ou passagem de uma língua para outra. Em sua tarefa, o tradutor tem basicamente duas opções, descritas de forma um tanto lapidar pelo erudito alemão F. Schleiermacher, em 1813: “Ou o tradutor deixa o escritor quieto no seu canto, levando, na medida do possível, o leitor até ele; ou deixa o leitor em paz e, na medida do possível,  traz o escritor até ele”.O tradutor que deixa o escritor quieto no seu canto, levando o leitor até ele, faz uma tradução dita “formal”. Respeita a forma do texto original, conservando a ordem das palavras, traduzindo verbos por verbos, substantivos por substantivos e assim por diante. Traduções como Reina-Valera, King James e Almeida são traduções formais. Além de serem formais, tendem para a linguagem erudita, de difícil compreensão para as pessoas mais simples. Pode-se dizer que, num caso assim, o processo de tradução não está de todo concluído, pois solicita uma grande contribuição do leitor. Por exemplo, uma tradução literal como “cingindo os lombos do vosso entendimento” (1Pedro 1.13, ARC) requer do leitor o seguinte processamento: cingir os lombos significa, num contexto oriental, passar uma tira de pano ou um cinto na altura dos lombos (ou dos rins), para erguer um pouco e firmar a longa túnica que dificulta os movimentos do homem, com vistas a maior liberdade de ação, no trabalho; cingir os lombos do entendimento é fazer, de maneira figurada, a mesma coisa com a mente; portanto, trata-se de preparar a mente para agir.

O tradutor que deixa o leitor em paz, trazendo, na medida do possível, o escritor até ele, faz uma tradução dita “dinâmica” ou “funcional”. Produz uma tradução que soa natural na língua alvo (no nosso caso, o português). Abre mão da “consistência cega”, deixando de traduzir um termo do original sempre pela mesma palavra em português, pois leva em conta o contexto e o significado que a palavra tem em cada contexto. (Esta maleabilidade justifica o uso da expressão “tradução dinâmica”.) Entende que uma mesma mensagem pode ser expressa de diferentes maneiras, sem perda significativa. Procura ser fiel ao leitor, perguntando sempre se ele entende o que texto que tem diante de si. A Bíblia na Linguagem de Hoje é o melhor exemplo de tradução dinâmica.
Num caso como o de 1Pedro 1.13, traduções dinâmicas expressam o significado de forma direta, dispensando o processo reflexivo do leitor e garantindo que ele entenda a mensagem de forma imediata e correta. Uma tradução de equivalência dinâmica como A Bíblia para Todos (Portugal, 2009) diz, em 1Pe 1.13: “tenham o espírito preparado para a ação”. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje, entendendo que o espírito ou a mente não age sem a pessoa, diz de forma direta: “estejam prontos para agir”.

Na prática, é difícil encontrar uma tradução que seja 100% formal ou 100% dinâmica. A King James Version é, segundo estudos feitos, apenas 95% formal (expressões idiomáticas, por exemplo, pouco ou nada significam, em tradução literal); e traduções como a Bíblia na Linguagem de Hoje apresentam uma tradução dinâmica em apenas 85% do texto (o que significa que, em 15% do texto, fazem uma tradução formal ou literal).

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/principios-de-traducao/

domingo, abril 10, 2016

SBB: João Ferreira de Almeida

A tradução de João Ferreira de Almeida é a preferida por mais de 60% dos leitores evangélicos da Bíblia no Brasil.
"Tu és a minha rocha e a minha fortaleza; guia-me e orienta-me como prometeste" (Salmo 31.3)

A grande maioria dos evangélicos do Brasil associa o nome de João Ferreira de Almeida às Escrituras Sagradas. Afinal, é dele a tradução da Bíblia mais usada e apreciada pelos protestantes brasileiros. Disponível, no Brasil, em duas edições, a Revista e Corrigida e a Revista e Atualizada, a tradução de Almeida é a preferida de mais de 60% dos leitores evangélicos das Escrituras no País.

Se a tradução de Almeida é amplamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a respeito do próprio Almeida. Pouco, ou quase nada, se tem falado e escrito a respeito dele. Almeida nasceu por volta de 1628, em Torre de Tavares, Portugal, e morreu em 1691, na cidade de Batávia (hoje Jacarta, na ilha de Java, Indonésia).

O que se conhece da vida de Almeida está registrado na “Dedicatória” de um de seus livros e nas atas dos presbitérios de Igrejas Reformadas (calvinistas) do Sudeste da Ásia, para as quais trabalhou como pastor, missionário e tradutor, durante a segunda metade do século XVII.

Primeiros Ensaios de Tradução

Quando já se encontrava no Sudeste da Ásia, mais especificamente em Málaca (na Malásia), em 1644, quando tinha 16 anos de idade, Almeida começou a traduzir para o português uma parte dos Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento. A tradução, feita do espanhol, foi terminada em 1645, mas nunca foi publicada. Cabe acrescentar que, no tempo de Almeida, o português era a língua de contato e comércio na rota para o Oriente.

Pastor no Sudeste da Ásia

Almeida ficou em Málaca até 1651, quando se transferiu para Batávia, uma pequena povoação na ilha de Java. Depois de passar por um exame preparatório e de ter sido aceito como candidato ao pastorado, acumulou novas tarefas: dava aulas de português a pastores, traduzia livros e ensinava catecismo a professores de escolas primárias. Em 1656, ordenado pastor, Almeida foi indicado para o Presbitério do Ceilão. Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor.

Durante o pastorado em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão forte contra o que ele chamava de “superstições papistas”, que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu respeito ao governo de Batávia (provavelmente por volta de 1657).

A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia), onde foi pastor por cerca de um ano, também parece não ter sido das mais tranquilas. Tribos da região negaram-se a ser batizadas ou ter seus casamentos abençoados por ele. Tudo indica que isso aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa.

Família

Foi também durante sua permanência no Ceilão que, ao que tudo indica, Almeida conheceu a mulher com a qual viria a se casar. Vinda do catolicismo romano para o protestantismo, como ele, chamava-se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrécia de Lemos). Mais tarde, a família completou-se, com o nascimento de um menino e de uma menina.

Pastor e Tradutor em Batávia

A partir de 1663 (dos 35 anos de idade em diante, portanto), Almeida trabalhou na congregação de fala portuguesa da cidade de Batávia, onde ficou até o final da vida, em 1691. Nesta nova fase, teve uma intensa atividade como pastor. Ao mesmo tempo, retomou o trabalho de tradução da Bíblia, iniciado na juventude. Em 1676, Almeida comunicou ao presbitério que o Novo Testamento estava pronto. Aí começou a batalha do tradutor para ver o texto publicado – ele sabia que o presbitério não recomendaria a impressão do trabalho sem que fosse aprovado por revisores indicados pelo próprio presbitério.E também que, sem essa recomendação, não conseguiria outras permissões indispensáveis para que o fato se concretizasse: a do Governo de Batávia e a da Companhia das Índias Orientais, na Holanda.

A Publicação do Novo Testamento em Português

Escolhidos os revisores, o trabalho começou e foi sendo desenvolvido vagarosamente. Quatro anos depois, irritado com a demora, Almeida resolveu não esperar mais: mandou o manuscrito para a Holanda por conta própria, para ser impresso. Mas o presbitério conseguiu fazer com que a impressão fosse interrompida. Passados alguns meses, depois de algumas discussões, quando o tradutor parecia estar quase desistindo de apressar a publicação de seu texto, cartas vindas da Holanda trouxeram a notícia de que o manuscrito havia sido revisado e estava sendo impresso naquele país.

Em 1681, a primeira edição do Novo Testamento de Almeida finalmente saiu da gráfica. A impressão foi feita em Amsterdã, na Holanda, na tipografia da viúva J. V. Zomeren. O título era este: “O Novo Testamento Isto he o Novo Concerto de Nosso Fiel Senhor e Redemptor Iesu Christo traduzido na Lingua Portuguesa”. [Criar o link para o texto desta edição, na Biblioteca Nacional de Lisboa.] Um ano depois, essa edição do Novo Testamento chegou a Batávia, mas apresentava erros de tradução e revisão.

Entre 1658 e 1661, época em que foi pastor em Colombo, ele voltou a enfrentar problemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso, o fato foi comunicado às autoridades da Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído de lá foram destruídos, por ordem da Companhia das Índias Orientais. As autoridades Holandesas determinaram que se fizesse o mesmo com os volumes que já estavam em Batávia. Pediram também que se começasse, o mais rápido possível, uma nova e cuidadosa revisão do texto.

Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares recebidos na Batávia foram destruídos. Alguns deles foram corrigidos à mão e enviados às congregações da região (alguns exemplares dessa edição corrigida foram preservados). Isto se deu em 1683. Logo em seguida começou o trabalho de revisão e correção do Novo Testamento, que durou dez longos anos. Somente após a morte de Almeida, em 1693, é que essa segunda edição foi impressa, na própria Batávia, onde também foi distribuída. A terceira edição viria a ser publicada em 1712.

3.Netheland e Belgica

A Tradução do Antigo Testamento

Enquanto progredia a revisão do Novo Testamento, Almeida começou a traduzir o Antigo Testamento. Em 1683, ele completou a tradução do Pentateuco. Iniciou-se, então, a revisão desse texto, e a situação que havia acontecido na época da revisão do Novo Testamento, com muita demora e discussão, acabou se repetindo. Já com a saúde prejudicada – pelo menos desde 1670, segundo os registros –, Almeida teve sua carga de trabalho na congregação diminuída e pôde dedicar mais tempo à tradução. Mesmo assim, não conseguiu acabar a obra à qual havia dedicado a vida inteira. Em 1691, no mês de outubro, Almeida veio a falecer. Nessa ocasião, ele havia chegado até Ezequiel 48.21.

A Conclusão da Obra

A tradução do Antigo Testamento foi completada em 1694 por Jacobus op den Akker, pastor holandês, colega de Almeida. O texto do Antigo Testamento completo só viria a ser impresso em 1751. A Bíblia completa em um único volume só foi publicada em 1819. A edição de 1898, feita na Europa, viria a ser conhecida como “Revista e Corrigida”. Em meados do século XX, no Brasil, o texto de Almeida foi revisto e atualizado e essa edição é conhecida como “Revista e Atualizada”.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/joao-ferreira-de-almeida/

sábado, abril 09, 2016

SBB: Outras Línguas Brasileiras

No Brasil, são faladas mais de 200 línguas e pouco mais de 40 têm a Bíblia ou parte dela traduzida.
"A explicação da tua palavra traz luz e dá sabedoria às pessoas simples” (Salmo 119.130)

Embora, por vezes, se tenha a impressão de que no Brasil se fala uma única língua, o português, isto não corresponde com a verdade. Aqui são faladas, além do português, mais umas duzentas línguas: 180 línguas indígenas ou autóctones e umas 20 línguas de imigração. E existe, ainda, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Línguas Indígenas

No Brasil, a população indígena não chega a um milhão de pessoas, sendo, portanto, menos do que um por cento de toda a população brasileira. Além disso, poucas etnias reúnem mais de 20 mil pessoas. A média de falantes por língua fica em torno de 200 pessoas.

Em termos de tradução bíblica, já existem no Brasil, hoje, quatro Bíblias completas em línguas indígenas. A primeira foi a Bíblia em Waiwai (2002) e a mais recente é a Bíblia em Kaingang (2012). Além disso, o Novo Testamento já está traduzido em mais 35 línguas indígenas. [Veja no mapa as tribos indígenas que já tem Escrituras traduzidas para o seu idioma.]

1. Línguas Indígenas

Línguas de Imigração

Quanto aos falantes de línguas alóctones ou de imigração (como alemão, espanhol, japonês, chinês, francês etc.), não há dados estatísticos precisos. Tudo indica que a segunda língua mais falada do Brasil seja o alemão, em suas duas vertentes principais, o hunsrik e o pomerano.

Para muitos imigrantes, como os espanhóis e franceses, uma tradução feita em outro lugar ou país pode ser perfeitamente satisfatória. Não é o caso da maioria dos falantes de línguas germânicas no Brasil, particularmente o hunsrik e o pomerano. Estas são línguas do baixo-alemão e os falantes dessas línguas têm dificuldade de entender o alto-alemão. Hunsrik e pomerano são línguas ágrafas, ou seja, nunca foram escritas. Os primeiros ensaios de tradução da Bíblia para essas línguas estão sendo feitos em nossos dias, em projetos que têm a participação da Sociedade Bíblica do Brasil.

Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Embora para muitos possa parecer que a comunicação com os surdos e dos surdos entre si necessite apenas de um alfabeto especial (como no caso do Braile), também esta é uma percepção errônea. Libras é uma língua própria, com estrutura gramatical, vocabulário e tudo mais que caracteriza uma língua. Portanto, “falar” em Libras é muito mais do que “sinalizar o português”. Colocar a Bíblia em Libras é um processo demorado, pois envolve uma nova tradução.

A Sociedade Bíblica do Brasil já lançou quatro histórias da série Aventuras da Bíblia em tradução para Libras. É um projeto desafiador, que está sendo levado adiante por uma equipe de tradução baseada em Curitiba, PR.

2. Libras

A Missão da SBB

Desde 2001, a Sociedade Bíblica do Brasil passou a intensificar seu programa de cooperação com instituições que se propõem a traduzir a Bíblia para línguas minoritárias.

Sociedade Internacional de Linguística
Instituto Socioambiental
Associação Linguística Evangélica Missionária

Com isso, quer contribuir para a preservação da cultura desses povos e reforçar mais uma vez a sua missão de levar a Palavra de Deus para todos os brasileiros.

Para quem fala waiwai, kaingang, pomerano, ou Libras, o português não será nunca a língua materna. Por isso, a missão de disponibilizar a Bíblia para todos inclui o compromisso de traduzir ou apoiar a tradução da Bíblia, ou de partes dela, para essas diferentes línguas.

O Processo de Tradução

O trabalho de tradução de toda a Bíblia para uma língua minoritária pode levar décadas. No caso do waiwai, foram necessários 28 anos para concluir a tradução do Novo Testamento. Para a Bíblia completa, foram necessários 53 anos.

O processo de tradução do texto bíblico para essas línguas é bastante complexo. Em geral, as línguas indígenas são ágrafas, ou seja, não têm representação gráfica ou alfabeto. São línguas apenas faladas. Com isso, as equipes que se envolvem nesse trabalho têm de conviver, durante décadas, diretamente com essa população a fim de aprender e normatizar a língua para a qual pretendem traduzir as Escrituras Sagradas. Além disso, têm de conhecer a realidade cultural em que está inserida a população, para buscar dentro da língua formas de traduzir o conteúdo das Escrituras. Um livro que traz grande número de exemplos deste tipo de desafio é o Léxico Grego-Português do Novo Testamento Baseado em Domínios Semânticos.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/outras-linguas-brasileiras/

sexta-feira, abril 08, 2016

SBB: Países Lusófonos e Sociedades Bíblicas Lusófonas

Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O que eles têm em comum com o Brasil? A língua.
“Como são doces as tuas palavras! São mais doces do que o mel” (Salmo 119. 103)

Países lusófonos são aqueles que têm o português como língua oficial. Trata-se de uma grande comunidade constituída por mais de 200 milhões de pessoas espalhadas nos mais diversos continentes, que faz com que a língua portuguesa esteja entre as dez mais faladas do mundo. Os países que integram essa comunidade são: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste.

Desde 1998, a Sociedade Bíblica do Brasil tem um programa permanente de cooperação com as Sociedades Bíblicas Lusófonas, com o objetivo de desenvolver projetos editoriais em torno das Escrituras. São membros do Grupo Lusófono as Sociedades Bíblicas de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal (juntamente com representantes do trabalho bíblico em Guiné-Bissau e Cabo Verde).

Mesmo que o cenário social, político, cultural e econômico dos países de língua portuguesa seja distinto, as Sociedades Bíblicas Lusófonas vêm fortalecendo os laços que as unem e rompendo as barreiras das distâncias para encontrar as soluções mais eficazes e adequadas de cumprir a missão de levar a Bíblia Sagrada para todas as pessoas numa linguagem que elas possam entender.

O grande desafio é não só organizar e incrementar o sistema de distribuição de Escrituras nesses países, mas também desenvolver folhetos, porções e outros materiais bíblicos diferenciados, que ao mesmo tempo usem o idioma comum e levem em conta as diferenças existentes em cada uma dessas localidades.

quinta-feira, abril 07, 2016

SBB: A Bíblia em Português

A tradução de Almeida foi um marco para a popularização e disseminação da Bíblia em língua portuguesa.
“Que o meu ensino seja como a chuva que cai mansamente sobre a terra; que as minhas palavras sejam como o orvalho que se espalha sobre as plantas” (Deuteronômio 32.2)

Os primórdios – Os mais antigos registros de tradução de trechos da Bíblia para o português datam de mais ou menos 1300 d.C. (com o rei D. Dinis). Mais tarde, por volta de 1400, foram traduzidos alguns trechos de Atos dos Apóstolos e das Epístolas Paulinas. Tais traduções, no entanto, tinham em vista apenas leitores da nobreza.

Almeida – A primeira tradução completa do Novo Testamento para o português foi feita por João Ferreira Annes de Almeida e publicada em 1681. A tradução foi impressa na Holanda, mas foi feita na cidade de Batávia (hoje Jacarta), na ilha de Java (hoje parte da Indonésia).Almeida, que era natural de Torre de Tavares, Portugal, faleceu em 1691, deixando a tradução do Antigo Testamento incompleta (conseguiu traduzir até Ezequiel 48.21). A tradução foi finalizada por Jacobus op den Akker, que era pastor da Igreja Reformada Holandesa, colega de Almeida.A Bíblia completa em português foi publicada, em dois volumes, no ano de 1753. A primeira impressão da Bíblia completa em português, em um único volume, na tradução de Almeida, foi feita em Londres, em 1819. Antes disso, em 1809, foi publicado pela primeira vez o Novo Testamento de Almeida pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (que havia sido fundada em 1804), para distribuição em países de fala portuguesa. A tiragem foi de cinco mil exemplares.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/a-biblia-em-portugues/

quarta-feira, abril 06, 2016

SBB: A Bíblia em Vários Formatos

Do papiro a era digital. Desde que a Bíblia passou a ser escrita, os povos passaram a ter mais acesso a seus ensinamentos.
“Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês! Ensinem e instruam uns aos outros com toda a sabedoria” (Colossenses, 3.16)

No tempo em que a Bíblia foi escrita, os materiais mais comumente usados para fazer o registro de textos e mensagens eram o papiro e o pergaminho. Inicialmente, os livros tinham o formato de rolos. Folhas de papiro ou pergaminho eram coladas ou costuradas umas nas outras, formando uma longa tira, que era, então, enrolada. Foi apenas a partir do começo da era cristã que se popularizou a técnica de fazer livros em forma de cadernos (chamados tecnicamente de códices). Neste caso, em vez de fazer uma tira de papel, as folhas passaram a ser empilhadas e dobradas ao meio, formando um “caderno”. (Para mais detalhes, leia o livro A Bíblia a a sua história.)

1. Cópias ManuscritasCópias manuscritas

No Mundo Antigo e ao longo de boa parte da Idade Média, a única maneira de produzir um livro era copiá-lo à mão, pouco importando o material de escrita usado. Depois, aos poucos, foram sendo utilizados blocos de madeira (semelhantes a carimbos de nossos dias), para fazer uma cópia mecânica de páginas inteiras. Mas a produção de livros e a publicação da Bíblia mudaram radicalmente a partir do invento do ourives alemão Johannes Gutenberg, em meados do século XV.

2. Imprensa_GutenbergImprensa

Gutenberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. Esses tipos móveis permitiam que, uma vez impressa uma página, os tipos (representando letras e outros símbolos) fossem reaproveitados na montagem de outra página para a impressão. Como é sabido, o primeiro livro de grande porte produzido na prensa de Gutenberg foi a Bíblia em latim. Mas, ainda antes de 1500, essa nova tecnologia foi utilizada para imprimir Bíblias em seis outras línguas: alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão. Ao longo dos últimos cinco séculos a Bíblia foi (e ainda é) o livro mais impresso em todo o mundo.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/a-biblia-em-varios-formatos/

terça-feira, abril 05, 2016

SBB: Destaques da História da Tradução da Bíblia

A tradução da Bíblia permitiu que a sua mensagem fosse disseminada e conhecida mundo afora.
“Vão pelo mundo e anunciem o evangelho a todas as pessoas” (Marcos 16.15)

A Bíblia é traduzida desde, pelo menos, a época de Esdras e Neemias (leia Ne 8.8 ). Naquela época, era necessário fazer uma tradução oral ou falada para o aramaico, necessidade sentida ainda nos tempos de Jesus. No entanto, a mais antiga tradução da Bíblia em forma escrita é a Septuaginta, que foi feita ao longo dos últimos 200 ou 300 anos antes de Cristo.

Septuaginta – É uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita no Egito, para a comunidade judaica que não mais entendia o texto bíblico em hebraico. (É claro que a Septuaginta ) inclui também alguns livros que foram, originalmente, escritos em grego). O termo “Septuaginta” significa “Setenta” e é derivado da tradição de que foram 72 sábios de Israel (seis de cada tribo) que fizeram a tradução, a pedido do rei do Egito. Foi a Bíblia utilizada por muitos dos primeiros cristãos, inclusive apóstolos e evangelistas. Nas cartas de Paulo, por exemplo, uma de cada três citações do Antigo Testamento parece ter sido tirada diretamente da Septuaginta. Além disso, a Septuaginta ajuda a entender a linguagem do Novo Testamento, em especial o novo significado de palavras gregas. Um exemplo disso é a palavradóxa, que significa “opinião”, mas que a partir da Septuaginta, adquiriu também o significado de “glória”.

Outras traduções – Depois, já na era cristã, surgiram novas traduções, para línguas como o copta (no Egito), o etíope, o siríaco (no norte da terra de Israel), e o latim, além de muitas outras. A tradução para o latim é, com certeza, a mais importante, por sua ampla utilização no Ocidente, especialmente ao longo da Idade Média.

A Vulgata – A tradução mais importante ao latim é a (Vulgata), feita pelo eminente biblista Jerônimo, no final do quarto século e começo do quinto século (mais ou menos 400 d.C.).Tudo indica que Jerônimo fez apenas uma revisão do texto latino do Novo Testamento.

No caso do Antigo Testamento, fez uma nova tradução a partir do original hebraico (que ele chamava de veritas hebraica, ou “verdade hebraica”), pois as traduções latinas existentes na época haviam sido feitas a partir da Septuaginta grega. Para fazer uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, a tradução “divulgada” ou “difundida”. Embora não tenha sido imediatamente aceita (afinal, era diferente das outras traduções conhecidas na época), tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.

Traduções na Europa – Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim, na tradução de Jerônimo.

Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para a Irlanda, a Escócia e a Inglaterra, e certamente havia cristãos no exército romano que dominou aquela região durante o segundo e o terceiro séculos.

Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo dessa região é a do Venerável Beda. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós.

John Wycliffe – Nascido por volta do ano 1330, no interior da Inglaterra, Wycliffe tem o seu nome associado à primeira tradução da Bíblia para o inglês. Os líderes da Igreja se opuseram violentamente à Bíblia em inglês e perseguiram Wycliffe. Ele foi condenado postumamente, ou seja, depois de morto, tendo o corpo desenterrado e queimado.

Lutero – Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão, num período de onze semanas, quando estava refugiado no castelo de Wartburg. Essa tradução foi publicada em setembro de 1522. A tradução do Antigo Testamento só foi concluída após 12 anos de trabalho (foi publicada em 1534), sendo que Lutero contou com a colaboração de uma equipe de professores de teologia de Wittenberg (que não se dedicaram ao projeto em regime de tempo integral).A tradução de Lutero antecipa, em parte, o modelo de tradução de equivalência dinâmica, utilizado na Nova Tradução na Linguagem de Hoje. (Lutero) se expressou assim: “Não se deve perguntar às letras na língua latina como se deve falar em alemão, (…) e sim, é preciso perguntar à mãe em casa, às crianças na rua, ao popular na feira, ouvindo como falam, e traduzir do mesmo jeito, então vão entender e notarão que se está falando alemão com eles”. Por ter seguido este princípio, a tradução da Bíblia feita por Lutero caiu no gosto popular, embora não tivesse sido a primeira tradução
para a língua alemã.

Reina-Valera – A Reina-Valera é, no mundo de fala espanhola, o que Almeida é no mundo de fala portuguesa: a tradução mais apreciada pelos evangélicos. O nome vem de Casiodoro de Reina, que fez a tradução original, em 1569, e de Cipriano de Valera, que fez a revisão, em 1602.

King James Version – Esta tradução da Bíblia, que já completou quatro séculos e ainda é bastante usada no mundo de fala inglesa, surgiu em 1611. Foi encomendada por um rei britânico, razão pela qual se chama de “tradução do rei James”. Não foi, a rigor, uma nova tradução, mas uma edição que combinou traduções anteriores, incluindo as de Wycliffe e William Tyndale.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/destaques-da-historia-da-traducao/

segunda-feira, abril 04, 2016

SBB: Descobertas Arqueológicas

Os achados arqueológicos vêm fornecendo importantes dados aos pesquisadores da Bíblia.
“Ó Deus, as tuas mãos me criaram e me formaram; dá-me entendimento para que eu possa aprender as tuas leis” (Salmo 119.73)

As descobertas arqueológicas mais expressivas, no que diz respeito à Bíblia, ocorreram na era moderna, ou seja, nos três últimos séculos. Além de lugares que foram escavados, artefatos que foram desenterrados, muitos manuscritos bíblicos foram descobertos pela arqueologia.

O maior achado arqueológico do século XX é a descoberta dos assim chamados “rolos do mar Morto” ou, então, documentos de Qumran. Esses documentos foram sendo encontrados ao longo de quase uma década (de 1947 até 1956), na região conhecida como deserto da Judeia, nas imediações do mar Morto, em Israel. Merece destaque o Primeiro Rolo de Isaías, uma cópia completa do texto de Isaías, que, segundo se estima, foi escrito no segundo século a. C. Ao lado de outro rolo de Isaías, de um comentário sobre Habacuque e de um grande número de fragmentos de outros livros do Antigo Testamento, essas são as cópias mais antigas do texto hebraico que chegaram até nós.

Antes da descoberta dos rolos do mar Morto, os manuscritos hebraicos mais antigos de que se dispunha, contendo trechos do Antigo Testamento, datavam de mais ou menos 850 d.C. Existem, porém, partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash, do segundo século da era cristã. O Códice de Leningrado, copiado em 1008 d.C., é a mais antiga cópia contendo o Antigo Testamento na íntegra num volume só.

Descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do mar Morto, continuam a fornecer novos dados aos tradutores e intérpretes da Bíblia. Elas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era totalmente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos mais “novos”, ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/descobertas-arqueologicas/

domingo, abril 03, 2016

SBB: A Preservação do Texto Bíblico

É bem verdade que os documentos originais da Bíblia, chamados de autógrafos, não foram preservados. Tudo que se tem são cópias, antigas, com certeza, mas não os autógrafos. No entanto, numa comparação com outros textos do Mundo Antigo, a Bíblia é um livro muito bem preservado, em grande número de cópias antigas. Isto se aplica de modo especial ao Novo Testamento, mas vale também para o Antigo Testamento, especialmente a partir da descoberta dos rolos do mar Morto.

O Uso da locução “versões antigas”, no caso da tradução do Antigo Testamento

Como, no caso do texto do Antigo Testamento, não se dispõe de um número expressivo de manuscritos mais antigos em hebraico, os eruditos e tradutores levam em conta o testemunho das “versões antigas”, principalmente o Targum aramaico, a tradução grega da Septuaginta e a Vulgata latina. Estas traduções foram feitas a partir de um original hebraico que é muito mais antigo do que o Códice de Leningrado (1008 d. C.), reproduzido na Biblia Hebraica Stuttgartensia. Em muitos momentos, como Gn 4.8, por exemplo, a tradução se baseia no testemunho dessas versões antigas.

O uso da expressão “melhores e mais antigos manuscritos”, no caso do Novo Testamento

Em muitas edições da Bíblia (principalmente Bíblias de Estudo), afirma-se que a tradução do texto do Novo Testamento segue os “melhores e mais antigos manuscritos”. Esta expressão só se tornou possível a partir da descoberta de muitos manuscritos antigos, nos últimos 200 anos. Entre esses manuscritos estão o Códice Sinaítico, o Códice Vaticano, o Códice Alexandrino, o Códice Ephraemi Rescriptus, bem como vários papiros. Um manuscrito mais antigo não é necessariamente melhor do que um manuscrito copiado em época mais recente, mas até prova em contrário um manuscrito mais antigo, que não resultou de um longo processo de sucessivas cópias, tem maiores chances de conter menos erros de cópia.

Por isso, as edições do Novo Testamento Grego chamadas de “críticas” têm a preferência das Sociedades Bíblicas, em detrimento do assim chamado “texto recebido”, porque refletem o texto tal qual se encontra nos “melhores e mais antigos manuscritos”.

O “texto recebido” foi elaborado por Erasmo de Roterdã, no século XVI, a partir de um punhado de manuscritos, copiados no final da Idade Média. No entanto, em termos de conteúdo, não há diferença substancial entre o “texto crítico” e o “texto recebido”, pois, em geral, aquilo que o “texto recebido” tem a mais reflete ou ecoa o que se encontra em outro lugar na Bíblia.

Fonte: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/os-originais-da-biblia/a-preservacao-do-texto-biblico/