Obedeçamos a Deus de todo o coração, mas tomemos cuidado em usar a Bíblia como um livro de regras atemporais, os princípios são atemporais, mas para entende-los e pratica-los, precisamos passar a palavra escrita sempre pelo crivo do Espírito Santo. O mais importante, Deus em seu amor e em sua onisciência, permitiu que ficasse registrado em muitos textos bíblicos, isso para orientar principalmente os menos instruídos. Contudo, quem deu à Bíblia a importância que tantos dão hoje, foram os homens, a liderança da Igreja Católica, e sabem por quê? Para que controlassem os homens. Se eles ensinassem o que Jesus ensinou, que ele iria mas mandaria o Consolador que lhes ensinaria tudo o que precisariam aprender e viver, papa e clero perderiam o controle humano sobre os homens. Com uma palavra escrita, as regras ficam claras, mas não para Deus, para homens mal intencionados e hereges.
Vejam que com o protestantismo, Lutero propos uma volta ao cristianismo primitivo, mas continuou prendendo o homem a leis escritas. Para constatar isso, vejamos a relevância que protestantes tradicionais como presbiterianos, luteranos e mesmo batistas, dão à palavra escrita e não dão a ação direta do Espírito Santo, com dons espirituais, etc. O cristianismo oficial, de maneira geral, em sua história, dificilmente consegue se libertar de uma religião legalista, como a que existia no antigo testamento. Mas na velha aliança, tinha que ser assim, pois nem Jesus e nem o Espírito Santo haviam sido enviados, além disso a humanidade ainda não havia chegado à sua maturidade para receber o messias. Jesus veio num momento e num lugar muito especial, não podia ter vindo nem um ano antes, nem um ano depois, assim como foi sua morte, ressurreição e a chegada do Espírito Santo.
A Bíblia não nasceu de uma necessidade que Deus tem para ensinar seus filhos, o Espírito Santo já cumpre essa missão. A comunidade cristã, por motivos culturais, poderia até ter mantido os textos de seus fundadores, os evangelhos, as cartas e principalmente as profecias de Apocalipse, que é um texto mais complicado e que se cumprirá totalmente só no futuro. Contudo, não como uma lei mosaica, o Espírito Santo não precisa disso. Na verdade, o maior ídolo que o cristianismo tem, talvez seja o cânone de 66 livros chamados de Bíblia, ao qual tantos dão um valor que a própria Bíblia não se dá. Não existe uma profecia na Bíblia dizendo que nos últimos tempos haveria um livro que deveria ser obedecido cegamente como um coleção de leis eternas, mas existem muitos textos sobre o Espírito Santo e sobre Jesus Cristo.
Repito, amo a Bíblia, cada livro dela, e Deus usa de maneira maravilhosa todos os textos que em sua sabedoria, graça e misericórdia, permitiu que estivessem oficializados no cânone de 66 livros protestantes. Todavia, tenhamos sabedoria no Espírito Santo, tenhamos bom censo, sejamos lúcidos em Deus, checando teorias e práticas, assim poderemos discernir o que é princípio imutável e atemporal, daquilo que é só história (ou mesmo “estória”...) contextualizada dentro de culturas e sociedades já ultrapassadas. Sim, aprendemos muito com essas histórias, com biograficas de tantos filhos de Deus, mas sempre entendendo o contexto. Se enxergarmos isso como cristãos íntegros e maduros, poderemos entender, com os olhos de Deus, assuntos atuais e delicados, como sexo e homoafetividade.
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