quarta-feira, setembro 19, 2018

Deus vê o coração, nós devemos ver nossos limites

      “Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.”
      “E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido. Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.”
      “Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui. Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.” 
I Samuel 16.1, 6-7, 11-12

       Como aqueles que se opõem a nós, que se colocam como nossos inimigos, parecem, pelo menos em nossos corações, grandes, e é essa desproporção equivocada que nos faz teme-los. No medo não há amor, mas não existe amor maior que aquele que direcionamos, não a amigos, mas a inimigos, mesmo que nos pareçam gigantes. Nessa experiência, o opositor pode parecer imenso, mas tão grande quanto ele, fica o nosso coração, não para caber oposição, mas amor. Inimigos permitidos por Deus, não são para aumentar nosso ódio, isso deixa o coração mais apertado, eles são, contudo, para extender nosso coração para caber mais amor. 
      Deus nos julga conforme o coração, de acordo com as virtudes que ele guarda, não pela aparência, por posicionamentos fortes e físicos exibidos da boca pra fora, diante dos homens. Assim, não temamos a aparência, mesmo que no mundo mal, a maioria das pessoas julguem os outros por ela. Deus conhece o coração do justo, daquele que confia nele e o teme de verdade, daquele que mesmo que tenha inconscientemente errado, se acerta, se quebranta. Esse nunca será rejeitado pelo Senhor, e Deus estará sempre atento ao seu clamor, à sua dor, à sua necessidade de justiça e misericórdia. 
      Sobre o texto inicial, explicando a metáfora, Saul pode ser alto, forte, belo e agradar a maioria, Eliabe pode ser o escolhido da família e dos amigos, mas o Senhor elegeu a Davi. É triste, mas quando Deus rejeita alguém, não tem volta, Deus só rejeita quem na verdade já o rejeitou antes, e entendamos o texto sob a ótica do novo testamento. Na nova aliança, salvo está sempre salvo, na minha visão quem é salvo de verdade não perde a salvação, eternidade com Deus é direito adquirido e nunca perdido. Contudo, mesmo o salvo, se endurecer o coração, pode perder a oportunidade de ter posição de honra neste mundo, assim se alguém for teimoso demais, o Senhor colocará outro na posição que era para ser dele.
      Saul e Eliabe eram inimigos de Davi? A princípio não, e Saul só começou a perseguir Davi depois que soube que Davi tinha sido escolhido por Deus para ser rei sobre Israel no lugar dele. Mas novamente entendendo as coisas sob a ótica da nova aliança em Cristo, Deus ama a todos igualmente, aos Sauls, aos Eliabes e aos Davis, a todos quer abençoar, assim, muitas vezes nossa posição de honra não nos foi dada ainda porque Deus está abençoando outra pessoa nessa posição. No momento de Deus, quando ele colocar a pessoa em outra posição, seja superior, se ela merecer “promoção”, ou inferior, se ela tiver que ser disciplinada, a posição então será nossa. A nação de Israel só conquistou Canaã quando o tempo de disciplina dos povos que habitavam Canaã chegou, assim Deus tirou de um e deu a outro, mas ainda assim Canaã tinha limites.
      Você já se perguntou porque páginas e páginas da Bíblia são usadas para definir os limites dos termos geográficos de Israel e das doze tribos, textos que parecem chatos de ler, e mesmo desnecessários? (Leia por exemplo Números 34). Pois bem, é para que entendamos de uma forma bem clara, que neste mundo, mesmo filhos de Deus, não têm direitos ilimitados. Nós precisamos ter noção disso, caso contrário perderemos batalhas que nunca foram nossas e que o Senhor nunca nos mandou entrar, achando que estamos sofrendo injustiças, quando na verdade só estamos invadindo termos dos outros. Seja como for, Deus não tem prediletos, mas filhos, os obedientes, os desobedientes, e os demais, que ainda não são filhos porque não escolheram ser. Davi, mesmo rei eleito por Deus, respeitou seus limites e nunca confrontou Saul antes do tempo, ao contrário, respeitava o rei e se entristeceu muito quando ele morreu (II Samuel 1). Assim, Deus julga conforme o coração, Deus olha os nossos corações antes de nossas aparências, mas nós devemos entender com clareza os nossos limites e não invadir limites dos outros.

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