Pessoal / Não pessoal

      “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” 

II Timóteo 4.5

      Em nosso egoísmo, colocamos ou ausentamos nossas pessoalidades de maneira errada, interpretamos como pessoal, quando não é, isentamo-nos de pessoalidade, quando deveríamos nos comprometer. Em nossos relacionamentos com as outras pessoas compramos problemas e loucuras que não nos pertencem, achamos que é pessoal quando não é, assim perdemos tempo sofrendo internamente ou reagindo verbalmente a questões que não são nossas. Se tivéssemos esse desprendimento, essa maturidade, poderíamos ajudar quem está enfermo emocionalmente ao invés de criar inimigos, poderíamos ser amigos ao invés de adversários, poderíamos fazer parte da solução, e não do problema. 

      Alguém te agrediu? Alguém parece se incomodar com você e te tratar mal, injustamente? Muitas vezes não é pessoal, em primeiro lugar porque a pessoa pode tratar a todos assim, não só a você, mas ocorre que quem trata mal os outros é porque trata muito mal a si mesmo, dessa forma o que uma pessoa faz a você é só reflexo do que ela faz a ela mesma. Portanto, não ache que é pessoal, pode até ser, mas não sempre, a maioria das pessoas, como nós, está mais ocupada consigo mesmas que com os outros. Essa atitude num extremo pode ser mania de perseguição, achar que tudo é sempre contra nós, que mais que erro de interpretação pode ser doença psiquiátrica, que precisa ser diagnosticada e tratada.

      Mas existe o outro lado, enquanto compramos problemas que não nos pertecem, podemos convenientemente desprezar questões que se referem a nós e que se não resolvermos ninguém resolverá por nós. Nesse outro polo o mundo poderá estar caindo ao nosso redor por causa de escolhas e posicionamentos errados nossos, gente sendo machucada e injustiçado, e ainda assim dizermos, “não é problema meu, não tenho nada a ver com isso”. Sangue quente ou sangue frio, qual ter? Ter o que é necessário na hora adequada. Especialmente nos dias atuais vivemos a cultura de cada um faz o que quer e ninguém tem nada a ver com isso, assim violências ocorrem do nosso lado e nos sentimos no direito de não nos envolver.

      Tudo depende de estarmos bem com nós mesmos e isso só é possível se estamos bem com Deus e em Deus. Só nessa luz teremos sensibilidade e forças para não sentirmos que é pessoal quando não é, e que é pessoal, que tem a ver conosco, que devemos nos envolver, quando só nós podemos solucionar uma questão. Sem paz e equilíbrio interiores distorceremos a realidade, sempre a nosso favor, seja nos culpando por coisas que não fizemos ou nos distanciando de coisas que fizemos ou que precisamos fazer. Um mundo melhor fazemos nós, pelo menos a parte do mundo que nos compete, com responsabilidade, mas sem manipulação, com posicionamento, mas sem obsessão, vendo certo os outros e a nós mesmos.