sábado, setembro 26, 2020

Roubo por trabalho honesto

      Muitas vezes podemos estar trabalhando honestamente e muito, mas ainda assim estarmos cometendo um roubo, à medida que precisamos ganhar mais dinheiro para pagar um estilo de vida que não era para ser o nosso. Eu disse trabalho honesto e também não disse um estilo de vida que não é para ninguém ter, mas que pode não ser para nós, eu e você, termos. Nessa desobediência, que se constitui um roubo já que obtemos algo que não é para nós, perdemos tempo, saúde, oportunidade de ser nesta existência alguém de fato melhor, espiritual. Mas a quem roubamos, a Deus? Não, Deus não perde com isso mas fica impedido de dar, enquanto nós roubamos a nós mesmos e até a outros. 
      A nós mesmos porque usamos nossa existência com a finalidade errada, sonegando de nós a oportunidade de ganhar coisas mais importantes, e importantes não de acordo com o mundo, com os homens, mas de acordo com o plano maior e melhor do Altíssimo. Mas podemos estar roubando também aos outros, por duas maneiras, por estarmos ocupando um tempo e uma energia só com nossos interesses deixando de usar esse tempo e essa energia para dar atenção a outras pessoas, e por estarmos fazendo, ainda que de maneira honesta, algo que outro deveria estar fazendo, portanto roubando o lugar desse, a chance desse desempenhar seu melhor e ser feliz com o que pode de fato ter.
      Não entendeu ou não concordou com esse raciocínio? Eu não me refiro aqui a buscar e ter uma vida material e financeira digna, para nós e para nossas famílias, mas em ir além disso e ir sem de fato ter um aval de Deus. Alguns podem argumentar, “mas estou trabalhando honestamente, me esforçando”, a esses podemos perguntar, mas para quê? Para ter dois carros ao invés de um? Para pagar viagem de férias ao exterior ao invés de para o Brasil? Para vestir grife ao invés de em magazines? Para comer nouvelle cuisine ao invés de self-service? Enfim, para luxos e excessos que muitas vezes nunca foram o normal de nossa criação, mas que queremos só para nos exibir socialmente.
      A questão não é nem ter ou deixar de ter, ser rico ou ser pobre, usufruir luxos ou não, o problema não está nas coisas e no corpo que as consome, mas no coração e no espírito, o quanto o melhor, o mais caro materialmente importa para que nos sintamos satisfeitos ou realizados. Se só nos sentimos felizes com algo que vai jogar na cara dos outros que é mais caro que aquilo que eles têm, só para que nos sintamos superiores a eles, então temos um problema, deixamos de querer para nos satisfazer e queremos só para satisfazer referências dos outros. Assim não vivemos só para nós, mas para os outros, e dessa maneira mais longe ainda de viver para Deus, visto que Mamom (Mateus 6.24) se tornou nosso deus.
      Infelizmente na maior parte das vezes, se não em todas, quem tenta fazer mais que precisa, quer ser e ter para mostrar para os outros, não para ser feliz. É diferente de quem nasceu num lar com um padrão financeiro alto e se acostumou desde cedo a coisas caras, não que esse não possa cair na tentação de viver para os outros e de gastar a vida para ter e ser mais do que de fato precisaria para ser feliz, mas esse a princípio não tenta ser o que nunca foi. Concluindo, como temos gasto nossas vidas? Fazendo o suficiente para ter uma vida material digna e usando o resto do tempo para nos preparar para a eternidade? Ou sendo escravos de aparência exterior e dos valores físicos dos outros? 
      Que não sejamos condenados no último momento por roubo, ainda que achemos que estamos sendo hoje trabalhadores honestos e esforçados. “Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias.” (Lucas 12.32-35). Que sejamos encontrados no juízo não com as contas bancárias cheias, mas com os lombos cingidos e com as candeias acessas, plenos do Espírito Santo e moralmente fortes.

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