terça-feira, janeiro 11, 2022

“Escudo do bem” (1/2)

      “Senhor julgará os povos; julga-me, Senhor, conforme a minha justiça, e conforme a integridade que há em mim. Tenha já fim a malícia dos ímpios; mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo Deus, provas os corações e os rins. O meu escudo é de Deus, que salva os retos de coração.Salmos 7.8-10

      O poder é perigoso e quando se diz representante do bem é duplamente perigoso. O homem ter poder no mundo é ter controle sobre outros homens, levá-los a fazer algo, antigamente isso era feito de forma beligerante, com guerras que conquistavam e faziam os perdedores escravos. Atualmente o ser humano, fantasiado de civilizado, usa meios menos violentos, mas que no final têm o mesmo objetivo, permitir que alguns tirem proveito de muitos. O capitalismo é a guerra hoje usada para conquistar, para que ele estabeleça poder precisa convencer as pessoas a comprarem coisas e ideias.
      Poder hoje está relacionado à manipulação das massas para consumirem, a humanidade, contudo, está numa fase dois do capitalismo. Aos produtos não bastam mais resolverem problemas imediatos, saciar fome e sede, vestir pessoas, ajudar em serviços domésticos e profissionais, levar pessoas a lugares, eles precisam ser sustentáveis, não prejudicar meio ambiente e saúde das pessoas assim como não restringir direitos. Tudo deve estar disponível para todos, sem preconceitos, por isso tem sido aliado à programação de TV, assim como à venda de serviços e produtos, causas sociais e humanitárias. 
      Usar causas do bem como argumento de convencimento de venda é o que chamaremos aqui de “escudo do bem”, entenda que há certa ironia nisso. A informação é uma arma importante do poder do capitalismo no mundo atual, usada para veicular esse escudo. A ciência legitimiza a informação, o meio educacional a ensina, as empresas a usam e a publicidade convence a sociedade que ela é boa, o poder é estabelecido por esses quatro braços. Os políticos servem a esse poder, a internet, a alma virtual do mundo real, transmite essa informação. Não há bem para todos nesse poder, só lucros para alguns, não há verdade, só conveniências. 
      Tanto os de esquerda quanto os de direita usam “escudos do bem”. Os que se dizem de esquerda, que têm maior apoio de professores, jornalistas e publicitários, constróem o tal “escudo do bem” dizendo-se representantes da ecologia, das diversidades e das minorias. Os que se dizem de direita têm tal escudo construído com os valores da tradição judaica-cristã, mas tudo é só o mal usando meios para seduzir e se aproveitar das pessoas, vendendo e obtendo lucros. Essa reflexão pode parecer uma visão pessimista e incrédula da realidade atual, mas não é, assim como não é só a deste que vos escreve.
      Aquilo que na “era anterior” era papel do cristianismo, principalmente do católico, agora, na chamada nova era, é papel da mídia e da publicidade, parece que o cristianismo não fez direito sua tarefa e outros usurparam seu lugar. Podemos argumentar que quando era papel da religião o objetivo era espiritual, e que agora, sendo de empresários e políticos, o objetivo é material, mas não é bem assim. Poder neste mundo sempre tem objetivos materiais. Ocorre que antes só a religião se sentia no direito de lutar por certas causas, agora outros se acham nesse direito. (Se tornaram as novas religiões?)
      A verdade é que o poder e o bem pertencem a Deus, qualquer um, religião ou outro, que se disser dono dele é usurpador, e ainda que acredite sinceramente que possa desempenhar poder e bem com justiça, se não for mau, será louco. Tivemos os dois tipos nos últimos anos na função política principal do nosso país, primeiro um pilantra e depois um insano. Pilantra porque roubou, louco porque acredita ser representante de Deus, não que alguém não possa ser as duas coisas, mas o pilantra tenta enganar os outros e sabe disso, enquanto que o louco tenta enganar os outros e a si mesmo.
      Tempos difíceis vivemos, os corações escondem a mentira lá no fundo, ainda que com fotos felizes na internet, com palavras de ordem em manifestações, engajados em lutas sociais, munidos da modernidade. Querem liberdade, mas para libertinagens, defendem as religiões, mas não amam a Deus, querem direito de serem o que querem ser, mas são todos iguais e não percebem. Nunca o bem esteve tão confuso, fantasiado de modismos, por isso nunca foi tão importante buscarmos com todo o coração o Deus verdadeiro, o único que nos livra de toda confusão dos falsos “escudos do bem”.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

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