sábado, janeiro 15, 2022

Hobby, estilo de vida ou trabalho?

      “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.II Timóteo 4.5

      Como você desempenha suas atividades religiosas, a oração, o estudo bíblico, os cultos: como hobby, como estilo de vida ou como trabalho? Alguns exercem religiosidade como hobby, gostam de ir a cultos e outras reuniões, sentem-se bem nessas atividades, têm respondidas questões importantes nelas. Esses apreciam o convívio social que essas atividades proporcionam, a sensação de pertencimento a algo maior, serem aprovados por um grupo, terem cúmplices, querem Deus, mas amam as pessoas que falam o que eles querem ouvir sobre Deus. Esses separam as coisas, têm outras vidas em outros lugares, usam uma sala de seus corações para religião, mas não ocupam a casa inteira com ela, por pouca coisa se mudam de igreja.
      Muitos têm nas atividades religiosas um estilo de vida, são os mais assíduos em cultos e conhecem profundamente suas doutrinas. Geralmente foram criados em igrejas, têm uma tradição familiar em suas crenças, se não se agruparem nos templos suas vidas não terão sentido, se pudessem viveriam dentro de igrejas, suas religiões são o único jeito que aceitam para viver e as aceitam sem críticas. Não dependem de opinião alheia para serem o que são e crerem no que creem, todavia, como amam extremamente algo, podem não gostar com mesma intensidade de outras coisas, mesmo que não externem isso e sejam educados com todos. Ligados à religião de homens, creem nela como a verdadeira e para mudar o mundo. 
      Outros exercem religião como trabalhadores profissionais, não precisam sentir para fazer, fazem porque é preciso, liderança de igreja é a que mais vê vida religiosa assim. Mas eles não são só líderes remunerados, há outros profissionais nas igrejas, que se sentem bem servindo, mesmo que não ganhem nada por isso, abrem e fecham templos, participam de vigílias em horários e lugares mais difíceis. Os hobistas saem e voltam, os “estilo de vida” são, digamos assim, meio alienados, mas os profissionais são a base de trabalho dos ministérios e a ligação desses com o mundo. A diferença entre eles e os outros é que são pragmáticos, têm noção que suas religiões não são perfeitas, e são mais politicamente corretos com outras religiões. 
      Você se identificou com alguma das análises? Sabe qual é o tipo mais correto? Na verdade os três, um pouco de cada um. Muitos precisam ver religião como algo socialmente sadio, não como um deus, mas como um meio para conhecer a Deus, e sempre achando algo bom, que faça bem, e se não fizer, que se mude, não de Deus, mas de templo, de igreja, mesmo de religião. Muitos precisam descobrir a felicidade que é ter na vida com Deus um estilo de vida, ao invés de ter isso na vida de bares, da noite, da bebida e das relações afetivas rápidas, mas novamente, não estilo de vida religiosa, mas de amizade com Deus, de forma natural. Outros, contudo, precisam entender a utilidade de trabalhar, não para uma religião, mas em Deus. 
      O que me levou a esta reflexão foi a experiência de vida com Deus como trabalho, e entenda certo, não com frieza, não no mau sentido de trabalho religioso profissional, que leva muitos a usar ministério como empresa com fins lucrativos materiais. Também não me refiro ao trabalho pela sobrevivência no mundo, que pode não precisar de qualidade moral, só de força física e preparo intelectual. Há um meio termo, e muitos são sustentados por Deus e de maneiras diversas para alimentarem os espíritos humanos com o pão da vida. Esses não ganham de igreja salário para desempenharem atividades em tempo integral, nem são reconhecidos como obreiros por homens, mas trabalham em segredo, servindo diretamente ao Senhor. 
      Deus chama muitos para esse trabalho direto, mesmo entre os que têm profissões seculares, entregando horas diárias para empresas para ganharem o suficiente para terem vidas dignas no mundo. O trabalho espiritual legítimo não depende de quantidade, mas de qualidade e fidelidade, quem é chamado para fazê-lo deverá estar disponível, não necessariamente para uma igreja ou para líderes cristãos, mas para o Espírito Santo de Deus. Os que têm essa chamada sentem uma inclinação forte, clara e em amor para ajudar os outros, mesmo que seja só intercedendo em oração. Apesar disso ter que ser encarado como trabalho, não é algo frio, mas vivido no calor do fogo do Espírito Santo e feito com humildade, de um jeito ou de outro. 
      Tenha religião como um hobby, tenha a amizade com Deus como estilo de vida, mas tenha o amor com que deve tratar os outros, ajudando-os, orando por eles, abençoando-os, como um trabalho, que deve ser feito todos os dias, pela fé, independente de como você se sente. Isso não é fazer a obra de Deus de qualquer jeito, mas é se esforçar para estar de pé, crente, mesmo com as lutas do mundo, com as injustiças dos homens, com as inconstâncias de nossas almas, mesmo com pecados do dia a dia (assumidos e perdoados), para ser instrumento do Espírito Santo para ser luz do Altíssimo no universo. Hobby pode ser vivido às vezes, estilo de vida é algo natural, mas trabalho é duro, e se não fizermos, ninguém fará por nós. 
      Que ninguém se escandalize ao ler que religião deve ser hobby, nisso, como sempre fazemos aqui no “Como o ar que respiro”, separamos religião de Deus. O ideal seria que nossas religiões e nossas igrejas representassem perfeitamente a vontade de Deus para os homens, no mundo e na eternidade, mas a história do cristianismo já provou que isso não acontece. Não é por isso que não devemos participar de igrejas, nem é por isso que não podemos descobrir o maravilhoso estilo de vida de Jesus, mas de um jeito ou outro todos somos chamados para trabalhar em Deus pelo próximo. Esse trabalho, mais que qualquer outra atividade, remunerada ou não, é o que leva os homens a crescerem e serem felizes, sentindo-se úteis no universo.

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