sexta-feira, janeiro 14, 2022

Poucas palavras

      “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.” I João 4.8-9

      Tudo que tem que ser explicado demais é porque não é para ser explicado, a verdade maior é sempre fácil de ser dita, ainda que se refira a conhecimentos profundos. Explicações verbais são manifestações da matéria, o plano espiritual não precisa delas, o Espírito Santo não se comunica com quantidade de detalhes repetitivos, mas com uma única emanação de luz do Altíssimo. Somos nós, humanos encarnados, que sentindo essa manifestação espiritual tentamos expressá-la com nossa pobre e vaidosa semântica. Deus é amor! A explicação completa do que Deus é está nessas três palavras, e a manifestação física desse amor está no Cristo homem, João diz isso de maneira econômica e espiritual. 
      Você já deve ter tido a experiência de se relacionar com algumas pessoas, de se esforçar para ser amigo delas, mas de repente, por uma bobagem, ver a relação se acabar. Alguma coisa é dita e não é entendida, ou melhor é mal entendida, e depois, por mais que você tente explicar não tem jeito, as pessoas insistem em que entenderam outra coisa, que elas estão certas e que o errado é você. Aos meus sessenta e dois anos, eu tenho um certo pressentimento sobre algumas pessoas, é como se algo me dissesse, “cuidado, não insista, por mais que você tente isso um dia vai dar ruim, e o problema não é você, nem sofra com isso”. Não que sejamos perfeitos, mas com alguns nem perfeição basta.
      A verdade é que ninguém sabe o que vai nas cabeças das pessoas, as expectativas que elas têm sobre nós e as ideias que elas fazem sobre elas mesmas, só Deus. Muitos de nós nos levamos a sério demais, nos damos valores que não temos e que nem precisamos ter, e eu me incluo nesses. Assim, muitas vezes nos pegamos tentando convencer a nós mesmos, e por isso dizendo aos outros tantas palavras, tantas justificativas, tantos motivos para sermos isso e não sermos aquilo. Temos que ser seres humanos do bem e o bem é simples, não precisa de muitas explicações, só de amor. Deus teria todas as explicações do mundo para nos dar, mas ele amou, entregou seu filho para morrer, simples assim. 
      Quando temos uma experiência verdadeira com o Espírito Santo encontramos a paz, e muitas vezes numa situação que a princípio achávamos impossível ser resolvida, isso acontece porque recebemos de Deus uma palavra. Seja lendo a Bíblia, seja ouvindo uma pregação, seja em oração, a palavra de Deus é sempre simples, uma pequena frase, mas que nos faz ver a luz no fim do túnel. Se é numa pregação, às vezes de mais de uma hora de duração, uma frase que o pregador disser ficará em nossas mentes, porque essa era a palavra que Deus tinha para nós no meio do extenso discurso do homem, e pessoas diferentes poderão ser abençoadas por palavras diferentes de uma mesma pregação. 
      Deus não joga conversa fora, quando ele fala algo acontece, cumpre um propósito, e faz isso com poucas palavras, mas nem tudo que o homem diz, ainda que usando a Bíblia e citando Deus, é palavra do Espírito Santo. “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4.12), lindo esse versículo, comparando a palavra de Deus a uma espada afiada e precisa, que discerne intenções, verdade de mentira. Contudo, muitos cristãos não vivenciam o privilégio de poderem receber essa palavra quando precisam.
      Que nível de maturidade atingimos em nossa relação com Deus? Que grau de intimidade temos com o Senhor em nossas orações? Aprendemos a ouvir a voz do Espírito Santo? O Senhor pode nos falar pelas pregações de homens de Deus e pelo maravilhoso cânone bíblico, mas o consolador enviado por Jesus é a palavra viva de Deus conosco o tempo todo. Viver em oração, como nos orienta Paulo em Efésios 6.18, não é só louvar e pedir, é ouvir, e para isso é preciso calar todos os discursos que muitas vezes amamos dizer a nós mesmos. A semântica de Deus não é explicação ou som, é ação, é poder, é vida, e é simples e direta, como um raio puro de Sol que cai sobre nós após uma fria tempestade. 

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