quarta-feira, outubro 11, 2023

Liberdade religiosa

      “Cada um se fartará do fruto da sua boca, e da obra das suas mãos o homem receberá a recompensa.” Provérbios 12.14

      Uma coisa é respeitarmos a fé de cada um, isso é mais que acatar um direito legal, é respeitar o direito ao livre arbítrio que o próprio Deus dá a todo ser humano. Outra coisa é aceitarmos o mal, algo que prejudique as pessoas. Mas o que é mal e o que é bem? É só o cristianismo do mundo que tem autoridade para dizer o que é mal e o que é bem? Os novos tempos respondem taxativamente que não, e eis um fato que muitos cristãos fundamentalistas não aceitam. Mas há outros aspectos que devem ser considerados para entendermos o quanto “liberdade religiosa” é tema complexo.
      Muitos cristãos não conhecem e nem querem conhecer as religiosidades de matriz africana, se colocam no direito de julgar, mas não no dever de conhecer. A base doutrinária para isso é a que ensina que em Cristo há o Espírito Santo, a verdade e o bem, o que não for isso será mentira e mal do diabo e de demônios. Isso fecha o assunto de forma extrema, isso exprime o que creem muitos católicos, protestantes e evangélicos. Isso não deixa margem para diálogo, mas penso que ainda sob esse rígido dogma, pode haver respeito com as diferenças se houver amor cristão ao próximo.
      Mas muitos cristãos muitas vezes estão usando liberdade de expressão para coibirem a liberdade de expressão de não cristãos. Penso que isso é menos comum, já que o simples fato de se acharem proprietários da verdade maior sobre espiritualidade, tanto faz para eles terem ou não apoio legal. Contudo, esse apoio atual que muitos cristãos têm dado à política, tem achado na leitura equivocada de liberdade de expressão mais que um direito legal a ser apropriado, mas uma vingança, pelos tempos passados quando, principalmente o cristão não católico, era desrespeitado e odiado.
      Muitos não cristãos escolhem ter comunhão com “espíritos superiores”, não buscam o mal em hipótese alguma e têm em suas vidas os bons e duradouros frutos disso. Para aceitar isso tem que reconhecer que há espíritos superiores, assim a dificuldade para isso novamente está no cristianismo conservador, que como dito antes, chama de demônios tudo que não é Espírito Santo. Mas podemos invocar o amor de Deus que ouve a todos, assim como levantar a possibilidade de serem aqueles que muitos chamam de outros nomes, por serem de outras culturas, Espírito de Deus, não demônios.
      Muitos defendem religiões de matriz africana só por ser dessa matriz, indiferente se é do bem ou do mal, e muito mais por ser questão cultural que religiosa. Cada cultura tem direito de manter seus valores, sua história, seus costumes, suas religiões, e as culturas de origem africana muito mais, visto terem sido oprimidas e cerceadas por séculos. É justo muitas reivindicações hoje em dia, de dívidas históricas que precisam ser pagas, pelo menos até que descendentes de escravos não sejam a maioria da classe mais pobre, e estejam preparados para competirem com igualdade com outros. 
      Muitos atacam o cristianismo só por ser cristianismo, indiferente se há preconceitos nele ou não. É certo que muito disso é culpa do catolicismo, que ainda que entregasse o Cristo à humanidade, manteve interpretações bíblicas equivocados que impediram o pensamento científico assim como perseguiram outras religiões, muitas vezes de forma violenta. Mas Jesus é maior que catolicismo e protestantismo, senão não seria tão relevante até hoje, Cristo é mais que o cristianismo do mundo, assim não façam com o evangelho o que fazem com outras religiões, condenar geral sem conhecer. 
      Muitos têm comunhão com “espíritos inferiores” e isso é direito legal deles, mas deveriam aceitar que é prejudicial e é refratado por muitos. Isso é ponto polêmico, aceitar que há religião do mal, e não me refiro a satanismo explícito, que se mantém secreto e que não quer publicidade. Mas como há pastor e padre mal intencionado, há babalorixá, ialaorixá, pai ou mãe de santo (dependendo se é candomblé ou umbanda) mal intencionado. Isso a mídia não admite, mas muitas vezes manipula liberdade de expressão para defender o que lhe convém e esconder o mal, não cumpri sua tarefa profissional.
      A verdade é que todos mentem. Católicos mentem, evangélicos mentem, afroespíritas mentem, mídia mente, ateus mentem, e cada um enfatiza ou desconsidera o que lhe convém. Por isso não podemos tomar partido de homens, de nenhum deles, ainda que tenhamos nossas crenças, nossas religiões ou nada. A mídia seria coerente se fosse o mais isenta, científica e profissional possível, já os cristãos deveriam seguir o exemplo do Cristo, de amor, santidade e humildade, mas os afroespíritas deveriam no mínimo desejar aos outros o que querem para eles, direitos iguais e avaliações justas. 

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