Desapareçam como a água que escorre! Quando empunharem o arco,
caiam sem força as suas flechas!
Sejam como a lesma que se derrete pelo caminho; como feto
abortado, não vejam eles o sol!
Os ímpios serão varridos antes que as suas panelas sintam o calor
da lenha, esteja ela verde ou seca.
Os justos se alegrarão quando forem vingados, quando banharem seus
pés no sangue dos ímpios.
Então os homens comentarão: "De fato os justos têm a sua
recompensa; com certeza há um Deus que faz justiça na terra".”
Salmos 58:6-11
Existe uma falsa
espiritualidade no homem contemporâneo, consequência do “cristianismo” católico
e mesmo protestante que ensinou durante muito tempo que ser espiritual era castigar
a carne e sofrer privações carnais, entenda-se como carne os instintos e desejos
do corpo, da parte material do ser humano, como, e principalmente, a gula e o
sexo. Mas não é sobre gula e sexo que quero falar, existem outras reações que o
homem tem, como consequência de faltas ou agressões que sofre, que também são
reprimidas, com a desculpa de que são erradas, são pecado.
Essas tendências escravizam
muitos cristãos à culpa, pois eles as sentem com todas as suas intensidades,
mas acreditam que não são legítimas de serem experimentadas por aqueles que são
espirituais. A consequência é uma angústia, vinda de uma disposição que não
pode ser solucionada. Não existe solução justamente porque não é um problema, o
cristão tem, sim, o direito de sentir certos impulsos, o fato de senti-los não é
pecado.
Podemos nos irar,
mas não pecar por causa disso, podemos não gostar de certas pessoas e por isso
não ter um convívio mais íntimo com elas, sem deixar de amá-las e querer o bem
pra elas, podemos desejar vingança contra pessoas que foram injustas contra nós,
sem que façamos justiça com as próprias mãos ou vivamos incomodados com essas
pessoas.
Acredito que a
resposta seja justamente essa, temos direito de sentir disposições negativas,
mas isso não pode ser a engrenagem que mova nossa alma, não podemos passar os
dias esperando que essas disposições aconteçam, não podemos atrelar incondicionalmente
a nossa paz às respostas para essas disposições. Elas devem ser entregues nas mãos
de Deus e então, em paz, devemos aguardar que Deus aja.
Negar o desejo de
vingança, a dificuldade para gostar de certas pessoas, a ira implacável que
toma conta do nosso coração, reprimir esses sentimentos, tentar vencê-los com
as nossas forças, só nos fará mal, poderá causar até doenças. Temos o direito,
sim, de sentir tudo isso, como temos o direito de pedir a Deus que aja em nosso
favor. Depois disso, contudo, devemos aguardar em paz, com a alma repleta de
consolo e de amor, já que agora o problema não é mais nosso, mas de Deus, e Deus
sempre luta pelos seus filhos.
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