quinta-feira, outubro 31, 2019

A vida é curta

     “O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.Eclesiastes 1.9-10

      Nos tempos atuais o produto mais difícil de se achar é a originalidade, tudo de alguma forma já foi feito em algum lugar e por alguém. Interessante que o sábio Salomão já fazia essa constatação há milênios atrás, e nisso há uma originalidade, uma sabedoria que só o Espírito Santo pode dar. Assim, ainda que viver se torne um tédio, o Espírito Santo pode nos renovar fazendo com que a vida tenha graça e uma razão. A vida é uma chatice quando é sem Deus, e Deus só se prova através de Jesus que nos dá do seu Santo Espírito. Sem Jesus a vida nunca será o bastante, e mesmo que reencarnação fosse plano de Deus para nos evoluir, não seria suficiente, seria o inferno, um retorno constante ao mesmo mundo, num invólucro frágil e inviável para reter a graça do criador. Se o inferno é um sofrimento eterno, viver no mundo eternamente sem Deus é um inferno quase semelhante. 
      Contudo, a vida é curta, principalmente para quem a vive de verdade e não tem medo de se aventurar. Assim dias se tornam meses, meses em anos, anos em décadas, quando vemos temos filhos que estão sonhando os nossos velhos sonhos, de serem famílias e terem filhos. Quando vemos a música que amamos se torna antiga, flashback, ultrapassada para alguns e clássica para muitos. Quando vemos ter cinquenta não é mais ser velho, mas é um jovem que fomos há dez anos atrás, setenta, sim, parecem velhice, mas isso também vai mudar. Quando nos damos por conta os cabelos embranqueceram, nervos e ossos doem, e muitos problemas que antes vinham e iam, agora vêm e ficam. A vida passa depressa e então percebemos que muitos sonhos nunca se tornarão realidade porque eram meras ilusões, que muitos erros não poderão ser corrigidos, que com muitos problemas teremos que conviver aceitando que não têm solução. 
       Curta é a vida, principalmente em nosso corpo material, mas ainda que sejamos confrontados com muitas realidades quando a vida se aproxima do fim vemos que em muitos aspectos continuamos os mesmos, ainda que o corpo esteja cansado a alma ainda é criança. Mesmo que não possamos realizar mais e que saibamos disso claramente, ainda assim temos esperanças, com o passar dos anos não temos mais ilusões, mas ainda temos esperança. Ainda bem, esperança é o que nos mantêm vivos, jovens por dentro, e com o tempo, ainda que saibamos que muitas coisas são impossíveis, ainda assim nos apaixonamos, ainda assim continuamos sonhando. O grande desafio da velhice é desligar o corpo da alma, e isso só pode ser feito quando o espírito é livre, bem, liberdade espiritual só é possível através de Jesus, de mais nada ou ninguém. 
      A vida é curta, mas só percebemos isso de fato quanto nos distanciamos da eternidade e a distância só é maior na velhice, na infância estamos próximos da eternidade, porque estamos mais perto do nosso nascimento, nascer é passar do estado espiritual eterno para o estado físico. Assim, à medida que vivemos nos afastamos da eternidade, ainda que nos aproximemos da morte. A aproximação da morte só nos distancia do espírito e nos prende à matéria, por isso é preciso fé, acreditar sem saber, sem ver, sem sentir, que a morte é a passagem para algo não estranho, mas conhecido, para o estado que tínhamos antes de encarnarmos. Os que conseguem fazer a segunda passagem desprendidos da matéria, ainda que tenham passado muito tempo conscientes nela, os que conseguem ter fé numa existência puramente espiritual e melhor, ainda que impregnados de matéria, esses não serão pegos de surpresa pelo final da vida.
      Mas a vida é curta, cabe-nos vivê-la bem, mas sem idolatrá-la, usufruirmos dela, mas sem nos viciarmos nela, sermos satisfeitos com ela, mas sem acharmos que ela é um fim em si mesma, lutarmos nela e por ela, mas abrirmos mão dela principalmente à medida que ela se acaba. A vida é só um teste, um pequeno teste com uma única pergunta, uma pergunta que nos é feita de tempos em tempos, qual é essa pergunta? Ela não é a mesma para todos, mas seu objetivo é o mesmo, nos questionar até que ponto estamos preparados para morrer, não para viver. Morre-se abrindo mão de direitos, de egoísmos, de honra pessoal, de atenção demasiada, de posição, de status, de holofotes, morre-se diminuindo e deixando que o outro aumente, sumindo e permitindo que o outro apareça. 
      Morre-se servindo e abrindo mão de ser servido. Como servimos? Dando aquilo que temos de melhor sem fazer exigências, só para que o outro seja beneficiado. Servimos sendo em primeiro lugar servos de Deus, não de causas sociais, de ideologias humanas, de justiças e ciências, nem de religiões e espiritualidades, mas do Altíssimo. Servir a Deus é o jeito mais eficiente e justo de servir o próximo, quando fazemos isso mesmo a vida curta ganha sentido, tem razão de ser, nos dá as virtudes que seguirão conosco após a morte. Que pergunta tem sido feita a você dia após dia? Você entendeu qual é o seu objetivo? Não se prenda a essa vida, ainda que seja responsável com ela e com todas as alianças que você faz nela, cônjuge, filhos, amigos, mas abra mão dela, sirva a Deus e através dele sirva ao próximo, quem faz isso vive eternamente.

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