segunda-feira, novembro 18, 2019

Provérbios 3.5

      “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.” Provérbios 3.5 

      Nós somos escravos acima de tudo de nós mesmos. De nossos corações, de nossas paixões, de nossos sentimentos sempre obsessivos por prazeres? Sim, mas também de nossos pensamentos, nossos raciocínios, o entendimento que temos das coisas, onde estabelecemos medidas para que possamos ter controle. Essas construções intelectuais complexas podem ser baseadas em muitas referências, inclusive em muitas que parecem agradáveis a Deus, construídas de passagens bíblicas, de interpretações religiosas que adquirimos e que pensamos serem o raciocínio de Deus. Contudo, quantas vezes estamos enganados, pensamos e pensamos, entendemos, avaliamos, e ainda assim, depois de todo esse trabalho mental, é apenas o nosso jeito de ver as coisas, o jeito do homem, não de Deus. 
      O segredo para entendermos o texto inicial está na palavra “estribes”, estribar significa, “firmar(-se), sustentar(-se) em estribos, um pé de cada vez, apoiar (algo) sobre, assentar(-se)”. Mas quando vejo essa palavra me lembro mais de estribo, que é uma “espécie de aro de metal, madeira ou sola que pende de cada lado da sela e é usada como ponto de apoio para o pé do cavaleiro, degrau que serve de apoio para o embarque e/ou desembarque de passageiros em veículos como carro, trem etc”. Enfim, “não te estribes no teu próprio entendimento” significa não te apoies no teu pensamento, nos teus raciocínios, nas tuas conclusões mentais. Ao invés disso, “confia no Senhor de todo o teu coração”, vemos que o centro das emoções se opõe ao centro dos pensamentos, coração e mente se opondo. 
      Como dito no início, o homem pode se enganar tanto nas emoções quanto nos pensamentos, contudo, se na mente é preciso entender, no coração basta sentir, mesmo sem saber. Fé é mente ou é coração? É mente porque se decide acreditar mesmo com as emoções dizendo o contrário, fé se decide independente de qualquer coisa, como escolha, e nos mantemos nela, ainda que tudo que vemos e entendemos diga que não, que não vai dar certo, que é impossível. Mas a fé nos leva a uma experiência emocional, passional, a ter uma boa expectativa, um sentimento forte que nos dá forças para crer, experiência que vai muito, mas muito além do entendimento. Cremos porque decidimos crer, mas continuamos crendo porque sentimos que isso é bom e nos dará um retorno grandioso. 
      Não tenho nenhuma pretensão de definir fé e todo o seu processo, fé não se define, se for definida não será mais fé, mas entendimento, e se sabemos não precisamos crer. O que sabemos é que quando cremos no Deus absoluto experimentamos algo único que nos coloca em contato com o mundo eterno, invisível e fantástico do sobrenatural, um mundo onde leis naturais não funcionam. Por outro lado tudo se torna natural para os que andam com Deus, mundo material e espiritual entram numa harmonia onde o impossível é possível, onde se vê o que ainda não foi fisicamente manifestado, mas só entende isso quem tem uma experiência real de fé com o verdadeiro Deus. O texto inicial apenas nos aconselha a confiarmos no Senhor com convicção, e não nos perdermos no que sabemos ou que achamos que sabemos.
      Por que isso? Porque uma experiência de fé em Deus sempre nos surpreende, vai muito além do nosso entendimento e toca nossos sentimentos de maneira especial. Essa é a aventura única que o evangelho nos oferece, por isso ele é exclusivo, mais que qualquer religião, esoterismo ou espiritualismo, a orientação do texto inicial é: pare de pensar e creia, simples assim. Nesse mundo atual tão materialista e racional, onde a ciência é uma religião, e é bom que seja assim, precisamos aprender não a demonizar a ciência, mas sabermos o momento certo de a deixarmos de lado e simplesmente crermos. Deus surpreende os que creem com inteligência, os que amam com sabedoria, os que adoram com frutos de justiça, os que se deixam levar pelo vento do Espírito Santo e voam nas asas da fé. Fé genuína no Deus verdadeiro nunca decepciona. 

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