quarta-feira, novembro 06, 2019

Os seres espirituais (“Mapa espiritual cristão”, 2/4)

2ª parte do estudo “Mapa espiritual cristão”

      “Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8.38-39 


       Um mapa do universo físico e espiritual, considerando Deus, o homem e os seres espirituais, a relação entre esses e as prioridades e possibilidades de cobertura espiritual, eis a pretensão deste estudo. Antes de começar a ler, por favor, veja a imagem acima com atenção, a ordem é sempre de cima para baixo e da direita para a esquerda quando há setas. O estudo é dividido em 4 partes, que serão postadas entre terça-feira, 5/11, e sexta-feira, 8/11, sendo que no sábado, 09/11, será postado estudo na íntegra.

5. Os seres espirituais

      Em algum momento no cosmo, seres espirituais tiveram livre arbítrio, semelhante ao que os homens tiveram depois, assim uma parte significativa de anjos, arcanjos, querubins, serafins e outros seres espirituais, escolheram não seguir o padrão de moral e espiritualidade original de Deus, disseram não às referências de bem, luz e verdade do altíssimo e seguiram as suas próprias. Contudo, eles não se limitaram a viver suas existências como rebeldes, eles levaram essa opção de vida também aos homens, percebe que Deus permitiu que esses seres rebeldes fizessem ao ser humano essa proposta de rebeldia. A proposta era, “você pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, você não vai morrer” (Gênesis 3.1-5), precisamos entender que na essência, comer do fruto não era algo ruim, não era a árvore da depravação moral, da crueldade, do egoísmo, mas do conhecimento. 
      O pecado poderia não estar na árvore e no fruto em si, mas em desobedecer uma ordem de Deus, a punição seria a morte? Mas que morte? Morte moral com certeza, que traria como consequência a morte espiritual, separação da comunhão natural que ele tinha com Deus. Além disso, talvez ocorresse também uma diminuição no tempo de vida física, já que não sabemos se fisicamente, antes do pecado original, o homem poderia viver mais, ainda que mesmo assim provando a morte física. O que colabora com essa interpretação é a raríssima citação bíblica sobre a outra árvore mística, a árvore da vida, o texto bíblico diz que foi por causa dela que o homem foi expulso do Éden, senão ele comeria também de seu fruto e viveria para sempre. Viveria no espírito? Não, provavelmente no corpo físico, mas isso também são conjecturas (Gênesis 3.22-24). 
       Seja como for, porque Deus orientou o homem para que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.9,16-17)? Porque Deus sabia os efeitos colaterais do conhecimento que seria adquirido, efeitos que trariam mais problemas que soluções. Nem sempre conhecimento é bom, muitas vezes é melhor permanecermos na ignorância (ou nos fazermos de ignorantes, sabedoria sempre desperta inveja). Isso nos revela algumas coisas interessantes sobre os seres espirituais caídos, e nesse ponto vou dizer algumas coisas sobre dois termos usados para nos dirigirmos a esses seres: diabos e demônios. Existem diferenças entre eles, ainda que possamos usar (e já usei muitas vezes aqui) como termos genéricos para seres espirituais do mal. Podemos dizer que diabos são seres maiores, líderes de líderes de legiões (e acredite, existem hierarquias e hierarquias no mundo espiritual), dessa forma não existe um diabo, mas muitos. Demônios seriam os soldados rasos, os piões, que aparecem muito a partir do novo testamento (por que não vemos mais sobre possessão demoníaca no antigo testamento, ainda que o diabo seja citado de vez em quando?). 
       Voltando ao ponto sobre as intenções reveladas sobre os seres espirituais caídos na tentação do homem, podemos entender que os diabos têm um interesse especial no ser humano, por quê? Bem, pela Bíblia não sabemos ao certo, e se não está lá é porque Deus não achou interessante que a grande maioria de seus filhos soubesse a razão, porque na verdade não é tão importante assim, na prática. Mas podemos conjecturar, o diabo inveja Deus e por isso corrompeu sua criatura mais especial, o homem, na verdade o diabo fez uma barganha com o ser humano, deu a ele o conhecimento em troca de sua adoração. Mas o homem não teria conhecimento se não comesse do fruto da árvore em questão? E quando dizemos conhecimento nos referimos a mais que noção moral de certo e errado, mas conhecimento científico (a lenda grega de prometeu usa o fogo como uma metáfora de conhecimento científico, tecnológico). 
       Não sei, a Bíblia não diz como seria a vida da humanidade caso o Adão mítico não tivesse caído, por quê? Porque Deus não deu essa informação a ninguém (e se deu não autorizou sua divulgação, categorizou-a como “top secret”). Mas me chama muito a atenção o fato da árvores fatídica, que levou o homem a separar-se de Deus, separação que custou a Deus sacrificar seu próprio filho Jesus para anular, chamar árvore do conhecimento do bem e do mal. Sim, a consequência da desobediência separou homem e mulher das regalias do Éden, trouxe dor, tédio, injustiça, depravações, isso com certeza não viria se o homem não tivesse “pecado”. E os diabos, o que ganharam com isso? Ganharam o que sempre ganham aqueles que se aproveitam de corações sofridos, amargos, solitários, fracos, insatisfeitos com a dureza de sobreviver na Terra, com o vazio da vaidade de uma vida egoísta e viciada. (As reais intenções do diabo com aqueles que lhe obedecem podem ser bem entendidas na tentação de Cristo no deserto, Lucas 4). 
      O diabo não poderia vencer um homem forte, por isso enfraqueceu o homem, contudo, Deus em sua sabedoria, usou um homem em total fragilidade, torturado na cruz, para vencer o diabo, será que o diabo contava com isso quando convenceu Judas Iscariotes a trair Jesus? Muitos estudiosos dizem que não, por isso Jesus veio como um simples mortal, e não como o rei que os judeus esperavam. Deus enganou o diabo em sua própria arrogância, como são enganados todos os orgulhosos, que se acham vencedores diante de alguém que se posta com humildade, mas a humildade sempre vence no final, como venceu Jesus, ressuscitado da morte de cruz. Como o diabo e o mundo sempre veem o bem maior como fraqueza, eles sempre se enganam e perdem. 
      Você percebeu como este estudo dedicou menos linhas para falar sobre a Santíssima Trindade e o ser humano que para falar sobre diabos e demônios? Por quê? Porque os seres espirituais caídos revelam uma parte importante de todos nós, se não fosse assim não teríamos caído na tentação, se não fosse assim todos nós não comeríamos, e dia após dia, do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e creia, todos nós comemos desse fruto e gostamos muito dele. (O texto de I João 2-16 resume as três tentações básicas que o diabo faz o homem sofrer, dizem que elas estavam presente na tentação original no Éden e na tentação de Cristo no deserto). Contudo, Deus não sabia de antemão que o homem cairia na tentação? Claro que sabia. Não sabia que a humanidade sofreria tanto escolhendo o caminho mais difícil? Evidentemente que sabia. Por que não fez nada para impedir? Bem, se fizesse isso, nós não seríamos seres livres, seríamos mais uma criatura animal de Deus na Terra. 
       Mas para haver liberdade tem que haver opções de escolha, e não um único caminho, e consequentemente com mais de um caminho, um é bom e o outro é mau, se deixamos alguém escolher nos arriscamos que ele escolha também, e infelizmente, mesmo que isso nos cause dor, o caminho errado do sofrimento. Os seres espirituais tiveram oportunidade de escolher, a humanidade teve, e aceite que não sofremos por culpa de Adão, sofremos por culpa nossa, pessoal, assim Deus dá a todos a opção de escolher qual caminho quer tomar, a todos. Voltemos, contudo, aos seres espirituais, de fato eles têm um interesse especial no ser humano, por isso que chegam a possui-los totalmente, quanto há autorização. Se não existe o selo do Espírito Santo, o espírito do homem pode ser tomado, e quanto isso é feito por demônios, alma e corpo humanos também são controlados pelos interesses malignos. 
      A grande mentira do diabo é que por mais que ele seja de substância espiritual e tenha invejado o Deus espiritual altíssimo, quando ele se apossa do homem ele o rebaixa, o torna mais carnal ainda, viciado, corrompido, sujo. O diabo quer companhia no inferno, ele quer o homem com ele. O Espírito Santo, por sua vez, também nos habita, e para sempre, mas ele nunca violenta nossa vontade, nunca controla nossa mente e nosso coração de um modo grosseiro e insano. Quem diz que é lançado ao chão, que fala em línguas estranhas sem parar, tudo isso em público, e o faz porque Deus está agindo, não entende a obra de Deus em nossas vidas. Essa obra é completa, e implica em que tenhamos uma experiência espiritual ao mesmo tempo que emocional e racional, deixando nossos corpos interagirem com alma e espirito, tudo isso de maneira equilibrada e santa. 

Esta é a 2ª parte do estudo, leia no blog as outras 3 partes
José Osório de Souza, 23 de outubro de 2019

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