terça-feira, novembro 12, 2019

Amor, obrigação e misericórdia

      “Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.” Jeremias 31.3

      Algumas coisas se fazem por amor, outras por pura obrigação e outras, ainda, só por misericórdia. Quando feitas por amor, pelo amor genuíno, as coisas não pesam para ninguém, já se feitas por obrigação pesam para quem as faz, mas se feitas por misericórdia pesam, de alguma maneira, para os que as recebem. Onde nos encaixamos nessas três situações? Experimentamos amor, fazemos por obrigação ou recebemos por misericórdia? As três situações revelam muito sobre quem faz e sobre quem recebe, assim como sobre Deus, a sociedade e o homem. 
      Aos filhos, salvos e convertidos por Cristo, Deus dá com amor, em amor e por amor, nosso temor a ele e adoração que dão frutos de justiça é o retorno que o pai espera. No mundo fazemos muitas coisas por pura obrigação, mesmo participarmos de muitas contingências sociais, familiares, fazemos porque temos que fazer, por necessidade material e edução cívica. Contudo, algumas coisas nem precisávamos fazer, não nos trarão qualquer lucro, mas fazemos a quem não merece nem nos respeita por pura misericórdia, porque somos diferentes deles e queremos dar ainda que sem receber nada em troca. Fazer por misericórdia não é fazer simplesmente por amor, onde há uma troca, fazer por misericórdia não deve ser pesado para quem faz, senão não é misericórdia, é obrigação.
      Ser misericordioso, todavia, acaba devolvendo o custo da boa ação para quem recebe, que precisa entender que a vida é mais que receber sem dar, é mais que só fazer por obrigação, é mais que exigir dos outros e nada de si mesmo. Todo ser humano precisa entender suas obrigações, todo ser humano também pode escolher amar fazendo alianças de bens recíprocos, mas só aprendemos sobre misericórdia com Deus, que ainda que seja misericordioso com os homens o tempo todo, tem a elegância de dizer que só quer estabelecer com o ser humano uma aliança de amor, de igual para igual, como se nós, homens limitados e egoístas, pudéssemos dar a Deus algo que pagasse seu amor. 

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