domingo, outubro 31, 2021

O militante que Deus pode usar (31/31)

      “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.
  Filipenses 1.21-24

      Não quero me proteger de você, eu quero te proteger de mim
      Se muitos militantes pensassem dessa maneira seriam mais eficazes em suas lutas. Esse raciocínio demonstra humildade e autoconhecimento, essas são as referências básicas para que alguém possa sugerir soluções para os problemas dos outros, ter achado e praticado soluções para seus próprios problemas. Contudo, muitos atualmente, por levantarem bandeiras coletivas, por minorias que foram historicamente oprimidas, acham que não precisam olhar para si, basta-lhes indicar, com o dedo na cara, o problema que o outro causa, para que a solução de outros aconteça.
      Não confundamos passividade com paz
      Estar em paz não é ser passivo, paz não é distância do problema, mas resolução dele, para resolver tem que se aproximar, conhecer de perto a questão, sentir na pele uma dor, e isso pode ser feito mesmo por brancos que lutam contra preconceito contra negros. Isso não é apropriação ideológica, como podem até dizer oprimidos orgulhosos, é compaixão, que pode ser experimentada por quem ama e quer ajudar, ainda que por alguém com um problema que originalmente não o atinja diretamente. Paz pode ser conseguida só com luta, mas lutar civilizadamente não violentando.
      O mal está em mim e esse mal compete a mim resolver
      O mal do outro pode ser impedido de se manifestar como violência a outros, pode e deve, mas acabar de vez com o mal é só através de uma escolha de vontade do que retém o mal. A solução não é destruir o que carrega um mal, mas o mal, é assim que uma sociedade civilizada funciona, quanto ao que carrega o mal, esse precisa ser reabilitado com amor. Ensina com amor quem se coloca no lugar do ensinado, não acima, com prepotência e se achando no direito de usar o papel de “mestre” para oprimir só porque se é vítima. Oprimido que oprime também é opressor.  
      O coletivo não pode ser maior que o indivíduo
      Isso não significa que uma bandeira coletiva não deva ser levantada por um indivíduo com problemas, principalmente se seu maior problema for o preconceito contra o qual a bandeira milita. Mas o indivíduo não deve se esconder atrás de uma bandeira, ter identidade nela e não ter identidade como indivíduo, se for assim o indivíduo pode resumir-se a uma dor, e não a um conjunto de escolhas virtuosas. Se colocar como alguém que sofre e que só faz isso, é celebrar mais a opressão que a libertação dela, é gloriar-se de ser oprimido, não de ter vencido a opressão do jeito correto. 
      Seja inútil e será útil para Deus
      O evangelho vê tudo de maneira diferente, ele prepara o homem para o plano espiritual, não só para o físico. No mundo pode prevalecer o mais forte, o que fala mais alto, o que tem mais dinheiro, ou então, vendo pela nova ordem, o que tem a causa mais legítima para militar, o que possui a ideologia mais abrangente, que contempla principalmente as minorias, e não só as maiorias tradicionais. Contudo, tem gente que se acha útil demais, importante demais, é preciso se ver inútil, ainda que com todas as capacidades e direitos, para ser útil de fato, não só para o mundo, mas para Deus. 
      Quero militar por você enquanto você milita por mim. 
      O apóstolo-teólogo Paulo tinha esse entendimento, servir a Deus e aos outros, não a si mesmo, por isso não dava a esta vida e a este mundo mais valor que têm, mas também não desejava a morte antes do tempo, ainda que certo do céu. Paulo amava e quem ama quer ser útil para os outros, se todos vivêssemos assim ninguém teria falta, eu não perderia por lutar por você pois você lutaria por mim e não perderia nada por isso. Mas que importa se os outros nos valorizam? Numa visão mais alta da existência, importa é obedecermos a Deus e esperarmos só dele recompensas. 
      Não militar também é uma militância, a pior delas. 
      Não existe posição em cima do muro, um local privilegiado onde se pode espiar tudo e não se comprometer. Quem tenta se isentar apoia quem está errado e deixa de apoiar quem está certo, não anula o voto, vota duas vezes. Isso pode parecer interessante ao tímido, mas é visto como conveniente por ambos os lados. Nossa eternidade será definida por um posicionamento nosso por Deus, andando com Deus um dia teremos que nos posicionar diante de homens. Jesus andou com sabedoria, não provocou ninguém, só amou, mas quando chegou o momento deu a vida pela maior das causas, nossa salvação.

Está é a 31ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

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