sábado, outubro 30, 2021

Jesus: salvador e mártir (30/31)

      “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.” 
Isaías 53.4-6

      Cuidado, não crie falsos mártires, isso transforma líder corrupto em santo, também não acredite em falsos salvadores da pátria, isso empodera líder desonesto só por ter uma bandeira honesta na mão. Jesus é o exemplo genuíno de mártir e salvador. Ele defendia uma causa justa, o amor de Deus pelos homens e o amor desses por seus semelhantes, ele vivia o que pregava, sua maior ferramenta de convencimento era sua prática de vida. Ele não fazia propaganda de suas boas obras, não buscava aprovação de homens, não se expunha irresponsavelmente, não usou a perseguição que sofria como marketing para conferir legitimidade à sua missão. Se suas palavras e seu exemplo de vida não tivessem poder genuíno, ele só seria lembrado como um judeu do século um crucificado pelas autoridades por ter ensinado heresias. 
      A obra do Cristo tem o aval do tempo porque ele teve uma vida correta e lutou com amor o tempo todo, mesmo pelos que não entenderam bem seu amor, ainda que andassem com ele e fossem seus amigos, e pelos que desprezaram seu amor, ainda que tenham experimentado milagres dele na própria carne, e mesmo pelos que o odiaram e o perseguiram, ainda que nunca tenham sido agredidos por ele. Aos que bateram em uma de suas faces, ele ofereceu a outra para ser agredida, e ainda que tivesse aprovação de Deus não usou a autoridade de Deus para punir os que o perseguiam. Carregou sua cruz até o fim com humildade e serenidade, ainda que sozinho e agoniado, porque Jesus também temeu, mas não pecou, sentiu em seu corpo dor terrível, mas não negou sua missão, ele não foi um falso mártir, nem um falso salvador.  
      Tantos militam por causas, e por não terem aprovação de Deus em suas lutas tentam usar subterfúgios para lançarem holofotes em suas militâncias, poucos não sucumbem à tentação de se fazerem de vítimas, de mártires, para convencerem as massas que o problema está nos outros, enquanto que eles só tem a solução melhor. Outros não se importam de serem estúpidos por acharem que suas causas falam por si mesmas, que se são certas eles não têm obrigação de as conduzirem com qualquer delicadeza, não entendem que as únicas causas que sobrevivem ao tempo são aquelas que mudam as pessoas, e que eles devem ser os primeiros a darem o exemplo de mudança. Quem não muda a si mesmo não pode mudar os outros, temos que ser os primeiros a dar testemunho daquilo em que dizemos crer e pelo que lutamos. 
      Como massas políticas, as pessoas têm memória curta, facilmente se esquecem do mal que alguém fez se esse sofrer mal semelhante, da mesma maneira relevam meios errados, se acham que as causas iniciais foram certas. Falsos mártires podem ser exaltados, assim como estúpidos salvadores da pátria podem ser mantidos, porque as pessoas não querem mudar de opinião e assumirem que apoiam pessoas que no momento estão erradas. Loucos, contudo, são tanto os que tornam homens maus em mártires, quando esses na verdade só sofrem as consequências de seus atos e não por serem vítimas, quanto os que apoiam estúpidos que ainda que lutem nos discursos por causas corretas, na ação são insensatos. Contudo, é melhor quem errou se arrepender e mudar, que quem começou certo seguir fazendo do jeito errado. 
      As pessoas querem ser mártires, mas sobreviverem para usufruírem dos direitos de serem mártires, entendem tudo errado, mártir de verdade não sobrevive e morre injustamente, o que vive é a bandeira verdadeira defendida por pessoas que praticam o que acreditam e pelo qual dão a própria vida. As pessoas querem ser salvadoras da pátria, mas não querem salvar a si mesmas, assim militam sem amor, se defendem o tempo todo, mas não lutam pelos outros, não se colocam no lugar dos que sofrem, não entendem que os verdadeiros salvadores dão a própria vida pelos outros. Olhem para Jesus, falsos mártires e pseudos salvadores, não queiram ser ele, nem falar em seu nome, esses direitos não lhes foram outorgados, vocês não são deuses, mas homens, tenham alguma humildade, talvez assim suas militâncias resistam ao tempo. 
      “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.” (Isaías 53.7-9). A frase, que mais chama a atenção nesse texto de Isaías, com exatidão profética cirúrgica sobre Jesus, é “não abriu a sua boca”. Um mártir e salvador de verdade tem essa virtude, não milita por discursos, em sua boca não há engano, mas pela prática de uma vida que se sacrifica pelo outro, cala, mas sofre e ama, até o fim.

Está é a 30ª parte do estudo
“Militou errado!” dividido em 31 partes,
para um melhor entendimento, 
se possível, leia o estudo na íntegra.

José Osório de Souza, março de 2021

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