03/08/25

Conhecendo o desconhecido (3/3)

      “E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: Ao Deus desconhecido. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.Atos 17.22-23

      As extrações do livro citadas abaixo, não são opinião pessoal ou ponto de vista, são fatos, como são tantas provas da evolução humana achadas no globo terrestre. Infelizmente, ainda que sejam fatos, se vão contra a interpretação que muitos cristãos fazem da Bíblia e da vontade de Deus, tais religiosos dizem que são palavras diabólicas. Nisso há dois equívocos, primeiro tais cristãos não aceitam que história e ciência vão, não contra a real palavra de Deus, mas contra aquilo que eles interpretam como palavra de Deus. Em segundo lugar tais cristãos, ainda que façam uso da ciência em tantas áreas para sobreviverem no mundo, desconsideram como ciência o que discorda de suas crenças. A Bíblia não é um livro científico, não foi escrita por seres humanos atuais e estudados, há metáforas e até mitos nela, ainda assim é espiritualmente útil para quem a lê com sabedoria e sem preconceitos.
      Monoteísmo ou politeísmo? Deus é único, moralmente superior a tudo, potencialmente mais poderoso que tudo, ainda assim usa seres de luz, que o cristianismo chama de anjos e de outros nomes, além do chamado Espírito Santo, para administrar a humanidade, o universo, os planos físico e espiritual. A tradição judaico-cristã impôs limites àquilo que é permitido aos seres humanos neste mundo conectarem-se com o outro mundo, isso tem propósito na providência divina. Mas a questão não é só demonizar o politeísmo por ele contemplar outros seres espirituais no mesmo nível de Deus, na verdade isso não ocorre em muito do que muitos chamam de paganismo. Penso que todos nós temos uma sede intrínseca do único e verdadeiro Deus, indiferente do nome que dermos a ele, nosso espírito anseia retornar ao pai de todos os espíritos, se formos bons acharemos o melhor caminho para o alto.
      Amo a passagem bíblica inicial do apóstolo-teólogo Paulo, ela entrega um princípio que só os humildes entendem. Por mais firme, focada, persistente e experiente que sejam nossa fé e nossa prática em Deus, o Altíssimo nos é desconhecido. “Só sei que nada sei”, dizia um sábio grego, a confirmação de nossas crenças só teremos quando morrermos no plano físico e estivermos livres no plano espiritual. Quem mais sabe, sabe que menos sabe, assim menos julga e condena o que os outros sabem, no que muito sabe há a mais pura humildade e o verdadeiro amor de Deus, assim há a luz do Altíssimo. Isso não é álibi para nos acostumarmos com pouco, mas incentivo para buscarmos conhecer mais do Deus desconhecido, se quisermos e estivermos preparados saberemos, ainda que nossa jornada na Terra sempre seja pela fé, convém à providência divina que seja assim para que cresçamos. 
      Na quinta citação do livro abaixo, o escritor diz “em uma das guinadas mais estranhas da história, essa seita judaica esotérica controlou o poderoso Império Romano”. Gosto de ler autores ateus, principalmente se são cientistas e historiadores, eles entregam um material quase isento de subjetividade, apresentam fatos. Contudo, a palavra estranhas revela a impossibilidade que tem aquele que não contempla Deus e o mundo espiritual e os propósitos desses para o ser humano, de certos entendimentos, que vão além deste mundo e da matéria. O cristianismo, apesar de muito poluído pelo poder, pela vaidade, pelo egoísmo e pelos enganos humanos, sobrevive e forte no mundo porque carrega o nome de Cristo, esse tem poder por si só, indiferente de quem o utiliza. Ouçamos a ciência, não a demonizemos, mas com humildade saibamos que só a fé nos permite sabedoria que vai além do ceticismo. 

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      Seguem textos extraídos do livro “Sapiens, uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari, capítulo 12, “A lei da religião“ (copiados do link), se não leu na 1ª ou na 2ª parte desta reflexão, seria interessante ler agora. 

      “A ideia do politeísmo leva a uma tolerância religiosa muito maior. Como os politeístas acreditam, por um lado, em um poder supremo e completamente desinteressado e, por outro lado, em muitos poderes parciais e tendenciosos, não há dificuldade para os devotos de um deus aceitarem a existência e a eficácia de outros deuses. O politeísmo é inerentemente tolerante e raramente persegue “hereges” e “infiéis”. Mesmo quando conquistaram impérios gigantescos, os politeístas não tentaram converter seus súditos. Os egípcios, os romanos e os astecas não enviaram missionários a terras estrangeiras para disseminar o culto a Osíris, Júpiter ou Huitzilopochtli (o principal deus asteca) e certamente não mandaram exércitos com esse propósito.” 

      “O único deus que, durante muito tempo, os romanos se recusaram a tolerar foi o deus monoteísta e evangelizador dos cristãos. O Império Romano não exigia que os cristãos abdicassem de suas crenças e rituais, mas esperavam que eles respeitassem os deuses protetores do Império e a divindade do imperador. Isso era visto como uma declaração de lealdade política. Quando os cristãos se recusaram veementemente a fazer isso, rejeitando todas as tentativas de se chegar a um acordo, os romanos reagiram perseguindo o que entendiam como uma facção politicamente subversiva. Nos 300 anos decorridos desde a crucificação de Cristo até a conversão do imperador Constantino, os imperadores romanos politeístas iniciaram não mais que quatro perseguições gerais aos cristãos. Os administradores e governantes locais também incitaram certa violência contra os cristãos. Ainda assim, se considerarmos todas as vítimas de todas essas perseguições, veremos que, nesses três séculos, os romanos politeístas mataram não mais que alguns milhares de cristãos. Os cristãos, por sua vez, ao longo dos 15 séculos seguintes, assassinaram cristãos aos milhões por defenderem interpretações ligeiramente diferentes da religião do amor e da compaixão.”

      “Essas disputas teológicas ficaram tão violentas que durante os séculos XVI e XVII católicos e protestantes mataram uns aos outros às centenas de milhares. Em 23 de agosto de 1572, católicos franceses, que enfatizavam a importância de boas ações, atacaram comunidades de protestantes franceses, que salientavam o amor de Deus pela humanidade. Nesse ataque, o Dia do Massacre de São Bartolomeu, entre 5 mil e 10 mil protestantes foram assassinados em menos de 24 horas. Quando o papa em Roma ficou sabendo do ocorrido na França, foi tomado de tanta alegria que organizou preces festivas para celebrar a ocasião e encarregou Giorgio Vasari de decorar um dos aposentos do Vaticano com um afresco do massacre (o aposento atualmente está inacessível aos visitantes). Mais cristãos foram mortos por outros cristãos naquelas 24 horas do que pelo Império Romano politeísta durante toda a sua existência.

      “A primeira religião monoteísta de que temos notícia apareceu no Egito por volta de 1350 a.C., quando o faraó Aquenáton declarou que uma das deidades menores do panteão egípcio, o deus Aton, era, na verdade, o poder supremo governando o universo. Aquenáton institucionalizou o culto a Aton como religião do Estado e tentou controlar o culto a todos os outros deuses. Sua revolução religiosa, no entanto, não teve êxito. Após sua morte, o culto a Aton foi abandonado em favor do antigo panteão.

      “O judaísmo, por exemplo, afirmava que o poder supremo do universo tem interesses e inclinações, mas seu principal interesse é na minúscula nação judaica e na obscura terra de Israel. O judaísmo tinha pouco a oferecer a outras nações e durante a maior parte de sua existência não foi uma religião missionária. Esse estágio pode ser chamado de estágio do “monoteísmo local”. O grande avanço veio com o cristianismo. Essa fé começou como uma seita judaica esotérica que procurava convencer os judeus de que Jesus de Nazaré era seu tão esperado messias. No entanto, um dos primeiros líderes da seita, Paulo de Tarso, ponderou que, se o poder supremo do universo tem interesses e inclinações, e se Ele se deu ao trabalho de encarnar e morrer na cruz para a salvação da humanidade, então isso é algo que deve ser comunicado a todos, e não só aos judeus. Portanto, era necessário difundir a boa palavra – o evangelho – sobre Jesus para o mundo inteiro. Os argumentos de Paulo caíram em solo fértil. Em toda parte, os cristãos começaram a organizar atividades missionárias dirigidas a todos os humanos. Em uma das guinadas mais estranhas da história, essa seita judaica esotérica controlou o poderoso Império Romano.

      “Os monoteístas são no geral muito mais fanáticos e missionários que os politeístas. Uma religião que reconhece a legitimidade de outras crenças implica ou que seu deus não é o deus supremo do universo, ou que ela recebeu de Deus apenas parte da verdade universal. Como os monoteístas costumam acreditar que são detentores de toda a mensagem de um único Deus, são compelidos a descrer de todas as outras religiões. Nos últimos dois milênios, os monoteístas tentaram, repetidas vezes, se fortalecer exterminando de maneira violenta toda concorrência.

      “As religiões monoteístas expulsaram os deuses pela porta da frente com muito barulho, para em seguida aceitá-los de volta pela janela lateral. O cristianismo, por exemplo, desenvolveu seu próprio panteão de santos, cujos cultos pouco diferiam dos cultos aos deuses politeístas.

      “Na verdade, o monoteísmo, tal como se desenvolveu ao longo da história, é um caleidoscópio de legados monoteístas, dualistas e politeístas que se misturam sob um único conceito divino. O cristão típico acredita no Deus monoteísta, mas também no Diabo dualista, em santos politeístas e em fantasmas animistas. Os estudiosos das religiões têm um nome para essa aceitação simultânea de ideias diferentes e até mesmo contraditórias e a combinação de rituais e práticas tirados de fontes diferentes: sincretismo. O sincretismo talvez seja, de fato, a única grande religião mundial.

José Osório de Souza, 23/01/2023

02/08/25

Monoteísmo e politeísmo (2/3)

      “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.” Deuteronômio 6.4-5

      Se alguns quiserem demonizar esta reflexão, o fato de Yuval Noah Harari, autor dos textos que cito abaixo, ser ateu e gay, será motivo suficiente, mas se você quer saber além de preconceitos considere esta palavra. A ideia de um número enorme de cristãos sendo mortos no Coliseu romano é exagerada, a Igreja Católica Romana matou mais em sua história em nome do monoteísmo que o Império Romano em nome do politeísmo. A ideia de protestantes serem heróis da fé vencendo o comércio de indulgências e a idolatria do catolicismo também não é verdadeira, houve muito sangue numa disputa que era mais política e econômica que religiosa. A ideia que catolicismo e protestantismo praticam o evangelho do amor de Jesus, respeitando o livre arbítrio que Deus dá a todo ser humano, é falsa, houve e há intolerância e violência em quem se achou e se acha missionário exclusivo da verdade maior.
      Contudo, finalmente, a ideia que não há politeísmo no cristianismo atual é inverídica em grande parte do mundo cristão. Em primeiro lugar, como já citamos, o panteão de santos católicos tem a mesma função que o panteão de deuses romanos, e em muitos casos tem origem na mitologia grega, onde se praticou um sincretismo logo no início do catolicismo para agregar uma parte maior de adeptos. Mas também vemos denominações evangélicas crescendo justamente por adicionarem ao cristianismo puro, a capacitação de anjos como meios para o ser humano ter acesso às dádivas divinas. Todavia, há um politeísmo subjetivo, quando evangélicos diferentes dizem receber de um mesmo Deus orientações e aprovações diferentes. Como o Deus verdadeiro é um só, tem uma única palavra, assim, ou as pessoas mentem ou recebem palavras, não de Deus, mas de outros seres espirituais. 
      Outro senso comum protestante é que a nação de Israel nos tempos do antigo testamento tinha a missão de levar o Deus verdadeiro ao mundo, como a igreja cristã tem de levar Cristo. De fato vemos no antigo testamento a “história”, ainda que muitas vezes por mitos e não em fatos, da experiência de uma nação específica com Deus. O cânone construído, em parte importante por Moisés, escritor de pelo menos o pentateuco (primeiros cinco livros da Bíblia), ocupa-se em dar legitimidade ao estado, à religião e à posse de Canaã, de um povo, pelo fato desse povo ter sido gerado por um processo de seleção divina desde seu início. Começou em Adão, Sete e Noé, passou por Sem, Abraão, Jacó, Judá e Davi, e finalmente chega em Jesus o Messias. Mas a verdade é que Israel antigo não tinha intenção de ser missionário de Deus no mundo, Israel fazia uma clara distinção entre “nós” e “eles”.
      A distinção entre “nós”, escolhidos e protegidos por Deus, portanto vocacionados para a vitória e neste mundo, e “eles”, os outros, que se não estão com Deus estão com o diabo, portanto, “nossos” inimigos e fadados a abrir mão de direitos para que “nós” sejamos beneficiados, divide a sociedade em dois grupos. Podemos até admitir que essa visão limitada havia nos tempos antigos, mas desejá-la no mundo atual e por muitos que se dizem cristãos, é no mínimo um retrocesso, que tem como fundamento o desconhecimento das boas novas de Jesus, do evangelho do amor, o qual não divide seres humanos em dois grupos, mas que coloca todos como irmãos que podem ser perdoados e ensinados por um único pai espiritual. Esse dualismo tem levado, por exemplo no Brasil, muitos cristãos desviados a buscarem o diabo na esquerda ideológica, já que acham que Deus só está na direita e em sua religião. 

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      Seguem textos extraídos do livro “Sapiens, uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari, capítulo 12, “A lei da religião“ (copiados do link), se não leu na 1ª parte desta reflexão, seria interessante ler agora. 

      “A ideia do politeísmo leva a uma tolerância religiosa muito maior. Como os politeístas acreditam, por um lado, em um poder supremo e completamente desinteressado e, por outro lado, em muitos poderes parciais e tendenciosos, não há dificuldade para os devotos de um deus aceitarem a existência e a eficácia de outros deuses. O politeísmo é inerentemente tolerante e raramente persegue “hereges” e “infiéis”. Mesmo quando conquistaram impérios gigantescos, os politeístas não tentaram converter seus súditos. Os egípcios, os romanos e os astecas não enviaram missionários a terras estrangeiras para disseminar o culto a Osíris, Júpiter ou Huitzilopochtli (o principal deus asteca) e certamente não mandaram exércitos com esse propósito.” 

      “O único deus que, durante muito tempo, os romanos se recusaram a tolerar foi o deus monoteísta e evangelizador dos cristãos. O Império Romano não exigia que os cristãos abdicassem de suas crenças e rituais, mas esperavam que eles respeitassem os deuses protetores do Império e a divindade do imperador. Isso era visto como uma declaração de lealdade política. Quando os cristãos se recusaram veementemente a fazer isso, rejeitando todas as tentativas de se chegar a um acordo, os romanos reagiram perseguindo o que entendiam como uma facção politicamente subversiva. Nos 300 anos decorridos desde a crucificação de Cristo até a conversão do imperador Constantino, os imperadores romanos politeístas iniciaram não mais que quatro perseguições gerais aos cristãos. Os administradores e governantes locais também incitaram certa violência contra os cristãos. Ainda assim, se considerarmos todas as vítimas de todas essas perseguições, veremos que, nesses três séculos, os romanos politeístas mataram não mais que alguns milhares de cristãos. Os cristãos, por sua vez, ao longo dos 15 séculos seguintes, assassinaram cristãos aos milhões por defenderem interpretações ligeiramente diferentes da religião do amor e da compaixão.”

      “Essas disputas teológicas ficaram tão violentas que durante os séculos XVI e XVII católicos e protestantes mataram uns aos outros às centenas de milhares. Em 23 de agosto de 1572, católicos franceses, que enfatizavam a importância de boas ações, atacaram comunidades de protestantes franceses, que salientavam o amor de Deus pela humanidade. Nesse ataque, o Dia do Massacre de São Bartolomeu, entre 5 mil e 10 mil protestantes foram assassinados em menos de 24 horas. Quando o papa em Roma ficou sabendo do ocorrido na França, foi tomado de tanta alegria que organizou preces festivas para celebrar a ocasião e encarregou Giorgio Vasari de decorar um dos aposentos do Vaticano com um afresco do massacre (o aposento atualmente está inacessível aos visitantes). Mais cristãos foram mortos por outros cristãos naquelas 24 horas do que pelo Império Romano politeísta durante toda a sua existência.

      “A primeira religião monoteísta de que temos notícia apareceu no Egito por volta de 1350 a.C., quando o faraó Aquenáton declarou que uma das deidades menores do panteão egípcio, o deus Aton, era, na verdade, o poder supremo governando o universo. Aquenáton institucionalizou o culto a Aton como religião do Estado e tentou controlar o culto a todos os outros deuses. Sua revolução religiosa, no entanto, não teve êxito. Após sua morte, o culto a Aton foi abandonado em favor do antigo panteão.

      “O judaísmo, por exemplo, afirmava que o poder supremo do universo tem interesses e inclinações, mas seu principal interesse é na minúscula nação judaica e na obscura terra de Israel. O judaísmo tinha pouco a oferecer a outras nações e durante a maior parte de sua existência não foi uma religião missionária. Esse estágio pode ser chamado de estágio do “monoteísmo local”. O grande avanço veio com o cristianismo. Essa fé começou como uma seita judaica esotérica que procurava convencer os judeus de que Jesus de Nazaré era seu tão esperado messias. No entanto, um dos primeiros líderes da seita, Paulo de Tarso, ponderou que, se o poder supremo do universo tem interesses e inclinações, e se Ele se deu ao trabalho de encarnar e morrer na cruz para a salvação da humanidade, então isso é algo que deve ser comunicado a todos, e não só aos judeus. Portanto, era necessário difundir a boa palavra – o evangelho – sobre Jesus para o mundo inteiro. Os argumentos de Paulo caíram em solo fértil. Em toda parte, os cristãos começaram a organizar atividades missionárias dirigidas a todos os humanos. Em uma das guinadas mais estranhas da história, essa seita judaica esotérica controlou o poderoso Império Romano.

      “Os monoteístas são no geral muito mais fanáticos e missionários que os politeístas. Uma religião que reconhece a legitimidade de outras crenças implica ou que seu deus não é o deus supremo do universo, ou que ela recebeu de Deus apenas parte da verdade universal. Como os monoteístas costumam acreditar que são detentores de toda a mensagem de um único Deus, são compelidos a descrer de todas as outras religiões. Nos últimos dois milênios, os monoteístas tentaram, repetidas vezes, se fortalecer exterminando de maneira violenta toda concorrência.

      “As religiões monoteístas expulsaram os deuses pela porta da frente com muito barulho, para em seguida aceitá-los de volta pela janela lateral. O cristianismo, por exemplo, desenvolveu seu próprio panteão de santos, cujos cultos pouco diferiam dos cultos aos deuses politeístas.

      “Na verdade, o monoteísmo, tal como se desenvolveu ao longo da história, é um caleidoscópio de legados monoteístas, dualistas e politeístas que se misturam sob um único conceito divino. O cristão típico acredita no Deus monoteísta, mas também no Diabo dualista, em santos politeístas e em fantasmas animistas. Os estudiosos das religiões têm um nome para essa aceitação simultânea de ideias diferentes e até mesmo contraditórias e a combinação de rituais e práticas tirados de fontes diferentes: sincretismo. O sincretismo talvez seja, de fato, a única grande religião mundial.

José Osório de Souza, 23/01/2023

01/08/25

Verdade espiritual e histórica (1/3)

      “Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algumIsaías 53.2-3

      Dentro de igrejas cristãs, católicas e protestantes, podemos receber informações e as aceitarmos como verdade. Não me refiro a orientações morais, mas outras, que se não as verificarmos com ótica científica, sob a luz de fatos históricos, podemos tomar como palavra de Deus sendo que é só um senso comum cristão. Infelizmente se é dito em púlpito, por um ser humano carismático e com alguma referência de cultura que valorizamos, somos facilmente seduzidos. Interessante a passagem acima, em que Isaías pode estar referindo-se profeticamente a Jesus. Será que hoje, acostumados a “profissionais” da fé, mercadores de milagres, e teólogos que desprezam o Espírito Santo, daríamos crédito a um Cristo homem simples e puro? A palavra que em muitos casos ouvimos é uma mistura de falsa ciência com fé infantil, nisso aceitamos muita mentira como verdade. 
      Por exemplo, algo que nos acostumamos a ouvir em púlpitos é que o cristianismo veio, não só para salvar espiritualmente o mundo, mas também para trazer uma civilidade que não havia no mundo pagão. Aprendemos que a religião dos dominadores romanos, conquistadores da terra de judeus e de outros povos nos primeiros séculos, não acreditava num único Deus, mas num panteão de deuses, entendemos assim que essa prática pagã negava o Deus verdadeiro. Isso não é de todo verdade, ainda que com um exército de deuses secundários, cria-se também num deus superior a outros deuses em todo o mundo. A sabedoria está em separar as coisas, fé de ciência, verdades históricas de verdades espirituais, moralidade dos antigos e moralidade atual. Deus não muda, mas o ser humano muda, assim como as ferramentas que o ser tem para perceber e usar a matéria neste mundo. 
      Para entendermos isso podemos fazer outra pergunta: quem de fato eram os deuses pagãos? Eram anjos, demônios?  Espíritos, superiores ou inferiores, iluminados ou não? “Santos”, espíritos de seres humanos mortos aos quais o catolicismo legaliza como dignos de receber orações dos vivos e com autoridade para intermediar bênçãos entre homens e Deus? Outra pergunta: será que só passou a existir seres humanos, que no mundo tiveram uma conexão especial com o Deus verdadeiro e que por isso têm capacitação diferenciada após a morte, depois do Cristo ter cumprido sua missão? Será que não houve “santos” em outros tempos, nações ou religiões, que na verdade são chamados de panteão de deuses nas sociedades romana, grega e outras? Será que muitas entidades do afroespiritismo atual não são “santos” africanos, espíritos de antepassados célebres? Por que esses são menos dignos que os santos católicos? 
      Essa discussão sobre santos católicos é relevante para entendermos politeísmo, entidades espirituais, mesmo contato com espíritos humanos desencarnados. É certo que a teologia protestante é simplista, contato espiritual, real ou mentiroso, que não for feito com Deus pai, filho e Espírito, é contato diabólico, proibido e mesmo impossível. Mas como já foi dito aqui, reavaliemos dogmas não pela autoridade no mundo que têm aqueles que construíram os dogmas, mas pelos bons e duradouros frutos que os criadores e os seguidores de dogmas tiveram ao longo da história humana. Um estudo sério de história ocidental nos dirá muito sobre os frutos do catolicismo e do protestantismo, por isso cito abaixo o livro “Sapiens, uma breve história da humanidade”, escrito por um israelita, p.h.d. em história pela Universidade de Oxford, ateu e gay, recomendo muito a leitura desse livro. 

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      Seguem textos extraídos do livro “Sapiens, uma breve história da humanidade” de Yuval Noah Harari, capítulo 12, “A lei da religião“ (copiados do link). 

      “A ideia do politeísmo leva a uma tolerância religiosa muito maior. Como os politeístas acreditam, por um lado, em um poder supremo e completamente desinteressado e, por outro lado, em muitos poderes parciais e tendenciosos, não há dificuldade para os devotos de um deus aceitarem a existência e a eficácia de outros deuses. O politeísmo é inerentemente tolerante e raramente persegue “hereges” e “infiéis”. Mesmo quando conquistaram impérios gigantescos, os politeístas não tentaram converter seus súditos. Os egípcios, os romanos e os astecas não enviaram missionários a terras estrangeiras para disseminar o culto a Osíris, Júpiter ou Huitzilopochtli (o principal deus asteca) e certamente não mandaram exércitos com esse propósito.” 

      “O único deus que, durante muito tempo, os romanos se recusaram a tolerar foi o deus monoteísta e evangelizador dos cristãos. O Império Romano não exigia que os cristãos abdicassem de suas crenças e rituais, mas esperavam que eles respeitassem os deuses protetores do Império e a divindade do imperador. Isso era visto como uma declaração de lealdade política. Quando os cristãos se recusaram veementemente a fazer isso, rejeitando todas as tentativas de se chegar a um acordo, os romanos reagiram perseguindo o que entendiam como uma facção politicamente subversiva. Nos 300 anos decorridos desde a crucificação de Cristo até a conversão do imperador Constantino, os imperadores romanos politeístas iniciaram não mais que quatro perseguições gerais aos cristãos. Os administradores e governantes locais também incitaram certa violência contra os cristãos. Ainda assim, se considerarmos todas as vítimas de todas essas perseguições, veremos que, nesses três séculos, os romanos politeístas mataram não mais que alguns milhares de cristãos. Os cristãos, por sua vez, ao longo dos 15 séculos seguintes, assassinaram cristãos aos milhões por defenderem interpretações ligeiramente diferentes da religião do amor e da compaixão.”

      “Essas disputas teológicas ficaram tão violentas que durante os séculos XVI e XVII católicos e protestantes mataram uns aos outros às centenas de milhares. Em 23 de agosto de 1572, católicos franceses, que enfatizavam a importância de boas ações, atacaram comunidades de protestantes franceses, que salientavam o amor de Deus pela humanidade. Nesse ataque, o Dia do Massacre de São Bartolomeu, entre 5 mil e 10 mil protestantes foram assassinados em menos de 24 horas. Quando o papa em Roma ficou sabendo do ocorrido na França, foi tomado de tanta alegria que organizou preces festivas para celebrar a ocasião e encarregou Giorgio Vasari de decorar um dos aposentos do Vaticano com um afresco do massacre (o aposento atualmente está inacessível aos visitantes). Mais cristãos foram mortos por outros cristãos naquelas 24 horas do que pelo Império Romano politeísta durante toda a sua existência.

      “A primeira religião monoteísta de que temos notícia apareceu no Egito por volta de 1350 a.C., quando o faraó Aquenáton declarou que uma das deidades menores do panteão egípcio, o deus Aton, era, na verdade, o poder supremo governando o universo. Aquenáton institucionalizou o culto a Aton como religião do Estado e tentou controlar o culto a todos os outros deuses. Sua revolução religiosa, no entanto, não teve êxito. Após sua morte, o culto a Aton foi abandonado em favor do antigo panteão.

      “O judaísmo, por exemplo, afirmava que o poder supremo do universo tem interesses e inclinações, mas seu principal interesse é na minúscula nação judaica e na obscura terra de Israel. O judaísmo tinha pouco a oferecer a outras nações e durante a maior parte de sua existência não foi uma religião missionária. Esse estágio pode ser chamado de estágio do “monoteísmo local”. O grande avanço veio com o cristianismo. Essa fé começou como uma seita judaica esotérica que procurava convencer os judeus de que Jesus de Nazaré era seu tão esperado messias. No entanto, um dos primeiros líderes da seita, Paulo de Tarso, ponderou que, se o poder supremo do universo tem interesses e inclinações, e se Ele se deu ao trabalho de encarnar e morrer na cruz para a salvação da humanidade, então isso é algo que deve ser comunicado a todos, e não só aos judeus. Portanto, era necessário difundir a boa palavra – o evangelho – sobre Jesus para o mundo inteiro. Os argumentos de Paulo caíram em solo fértil. Em toda parte, os cristãos começaram a organizar atividades missionárias dirigidas a todos os humanos. Em uma das guinadas mais estranhas da história, essa seita judaica esotérica controlou o poderoso Império Romano.

      “Os monoteístas são no geral muito mais fanáticos e missionários que os politeístas. Uma religião que reconhece a legitimidade de outras crenças implica ou que seu deus não é o deus supremo do universo, ou que ela recebeu de Deus apenas parte da verdade universal. Como os monoteístas costumam acreditar que são detentores de toda a mensagem de um único Deus, são compelidos a descrer de todas as outras religiões. Nos últimos dois milênios, os monoteístas tentaram, repetidas vezes, se fortalecer exterminando de maneira violenta toda concorrência.

      “As religiões monoteístas expulsaram os deuses pela porta da frente com muito barulho, para em seguida aceitá-los de volta pela janela lateral. O cristianismo, por exemplo, desenvolveu seu próprio panteão de santos, cujos cultos pouco diferiam dos cultos aos deuses politeístas.

      “Na verdade, o monoteísmo, tal como se desenvolveu ao longo da história, é um caleidoscópio de legados monoteístas, dualistas e politeístas que se misturam sob um único conceito divino. O cristão típico acredita no Deus monoteísta, mas também no Diabo dualista, em santos politeístas e em fantasmas animistas. Os estudiosos das religiões têm um nome para essa aceitação simultânea de ideias diferentes e até mesmo contraditórias e a combinação de rituais e práticas tirados de fontes diferentes: sincretismo. O sincretismo talvez seja, de fato, a única grande religião mundial.

José Osório de Souza, 23/01/2023

31/07/25

Nada de errado com o certo

      “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” Tiago 1.17

      Não corremos o risco de perder algo bom porque o homem mau tira, mas porque não andamos certo com Deus e não oramos pedindo que Deus nos livre do homem mau. As trevas nada roubam da luz, contudo, se estivermos andando certo e Deus permitir que algo nos seja sonegado ou postergado, é porque o Senhor tem um propósito bom nisso. Não nos compete, então, reclamar com a vida, nos indispormos com o homem, nem levarmos amargura em nós. Sigamos em paz que no tempo certo, se for o melhor para nós, receberemos, na obediência acumulamos créditos com o universo e sua justiça. Quanto ao homem que impediu de alguma forma que fôssemos abençoados, esse está em dívida, no tempo certo será cobrado. 

30/07/25

Primeiro tristeza, depois alegria

      “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria.Salmo 126.5

      É uma lei, alegria verdadeira só se recebe depois que se entregou tristeza real. O exemplo maior é o Cristo, que entregou o melhor exemplo de alta espiritualidade para vivermos no mundo, e que se colocou na posição espiritual mais alta no outro mundo, para ser intercessor supremo entre homens e Deus. Jesus teve que sofrer e muito para se tornar o que é. Negar essa lei é negar o motivo de vivermos neste mundo, e todos nós, de algum jeito, temos que experimentar tristezas profundas e legítimas. Suportar sofrimento não é manter falta de auto-estima ou pecado, mas é conviver de forma correta com aquela dor, que mesmo que nos desliguemos de gente violenta e nos conectemos a Deus, ainda existe e só vencemos em humildade. 

29/07/25

Só fique de pé

      “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.II Crônicas 20.17

      O versículo acima é daquelas passagens que amamos ler em determinadas situações, já refletimos sobre ele aqui antes. A lição é clara, em certas situações Deus só pedirá algo de nós para que sejamos vitoriosos, permanecermos firmes de pé. Não teremos que agir nem reagir, só ficar parados e erguidos. Pode parecer fácil, mas muitas vezes chegamos num ponto onde tudo que podemos fazer é nos levantarmos e pararmos. Contudo, ainda que fisicamente isso pareça pouco, moral e espiritualmente é muito, significa não estar derrubado por algum pecado não confessado, nem amarrado no chão por alguma mágoa. Isso também exige de nós fé que vence o medo, já que parados só podemos depender de Deus, não de nós mesmos. 

28/07/25

Sobre ser cabeça e estar em cima

      “E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.Deuteronômio 28.13

      Interpretamos o versículo acima de formas diferentes, dependendo das expectativas de vida que temos. Quem quer prosperidade material interpreta ser cabeça e estar em cima como ser rico. Quem quer impor seu ponto de vista interpreta como ser patrão, mesmo intelectual ou pastor. Contudo, os que conhecem o genuíno evangelho de Jesus e querem vivê-lo, podem interpretar ser cabeça e estar em cima como ser parecido com o Cristo homem, portanto, alguém espiritual, santo, amoroso e humilde, ainda que tendo que suportar injustiça e não receber honra de homens neste mundo. Infelizmente muitos cristãos interpretam o versículo pelas duas primeiras maneiras citadas, não pela última, por formas materialistas, não espiritual. 

27/07/25

Consciência pura, fé não fingida

      “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus, a Timóteo, meu amado filho: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso. Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura, de que sem cessar faço memória de ti nas minhas orações noite e dia; desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para me encher de gozo; trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.II Timóteo 1.1-5

      A abertura da segunda carta de Paulo, apóstolo-teólogo experiente, ao jovem discípulo Timóteo, nos ensina sobre pureza. Primeiro ele se refere a ele, como alguém que servia a Deus com consciência pura. Já fiz essa consideração aqui, mas é sempre interessante quando falamos de sinceridade. Pessoas más e egoístas também podem ser sinceras, assim sinceridade em si não é virtude, para ser é preciso ser sinceridade boa e que dá bons frutos. Com pureza de mente somos ensinados sobre fazer as coisas sem segundas intenções, não por conveniências vaidosas, nem como aparência, mas por obedecer diretamente a Deus, sendo ou não agradável a homens, e do fundo do coração, não só para aparentar ser cristão, mas com humildade e amor. 
      Em segundo lugar Paulo refere-se a Timóteo como portador de fé não fingida, isso também tem a ver com boa sinceridade e pureza de intenções. Como vemos fé fingida no meio cristão, gente usando bandeiras do “conservadorismo da tradição judaico-cristã” como álibi para estupidez, falta de amor, falso moralismo, preconceito, e ainda tentando se convencer que Deus está a seu lado. Se a pureza, não só aparente, não só na civilidade, mas na conexão com Deus, se ela traz vida eterna, impureza mata. Consciência impura e fé fingida, ainda que se esforçando na retórica para parecer cristão, estão dentro dos amargos, que não perdoaram assim não receberam perdão, dos que julgam e condenam, esses estão mortos por dentro.

26/07/25

O Espírito entristece-se?

      “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vósEfésios 4.30-31

      Já li o texto bíblico acima de maneiras diferentes em minha caminhada como cristão. Num primeiro momento, com a visão antropomórfica do cristianismo tradicional, achava que o Espírito Santo entristecia-se. Num segundo momento, olhando Deus como superior ao ser humano, portanto amando o tempo todo e incapaz de irar-se, vingar-se ou entristecer-se, cri que nos afastamos de Deus, mas Deus não se afasta de nós. A visão número dois ainda é a minha, contudo, hoje caminho para entender que podemos, sim, entristecer a Deus, levando-o a se afastar de nós quando nos sujamos moralmente. Entristecemos não o ser de Deus, mas seu agir, limitamos sua ação consoladora. Limpemos o templo e vigiemos, no tempo certo somos cheios de novo. 
      Quando pecamos, ainda que nos arrependamos e mudemos de atitude, temos que esperar um pouco até sentirmos novamente a presença gostosa de Deus, durante um tempo em que teremos que viver só pela fé. Esse é um preço que temos que pagar pelo pecado, e filho maduro e não mimado paga esse preço em silêncio e com humildade. Mas esse momento também é de crescimento, nos permite obedecer a Deus não pelo sentimento, mas por uma fé pura, não pelo efeito dessa fé que é uma sensação emocional prazerosa, mais física que espiritual. Tenhamos respeito, não queiramos fazer do Espírito nosso servo, que nos responde quando queremos, mas confiemos, quando damos um passo para Deus ele dá dez para nós e nos abraça. 

      “E, arrumando-se, foi para o seu pai. — Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou.” Lucas 15.20

25/07/25

Valor das obras

      “Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.Efésios 6.6-8

      Uma das relevâncias do “Como o ar que respiro”, reavaliando teologia protestante, verificando a prática das igrejas, vendo além de misticismos e superstições e buscando a verdade atrás de metáforas e mitos bíblicos e contextos históricos antigos, é dar a obras o devido valor em relação à fé. Plano espiritual, Deus e chamada humana para a vida eterna, que vai além da matéria, implica em fé, que não explica cientificamente, mas acredita, fé é chave. Mas sem exercer fé para abrir a porta, entrar na sala de virtudes morais e vivê-las por trabalho, fé é inútil, e pessoas diferentes têm fés diferentes em coisas diferentes. Não nos enganemos, teremos na eternidade o bem praticado na Terra, indiferente se obedecemos (somos "servos") ou se lideramos (se somos "livres"). Mas todos somos servos e livres em alguma instância.