sábado, agosto 10, 2019

Qual o tamanho do teu inimigo?

      “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.Tiago 1.12-15

      Nosso inimigo tem o tamanho inverso do tamanho de nossa fraqueza, grandes fraquezas atraem pequenos inimigos, mas em grande quantidade, enquanto que pequenas fraquezas atraem grandes inimigos, ainda que em menor quantidade. Contudo, é preciso mais astúcia para se entrar em pequenas brechas, poucos podem conseguir, enquanto que nas grandes brechas, não é necessária muita esperteza e muitos passam por ela. Pequenos demônios são fracos e agem em grupos ainda que desorganizados, assim como os homens maus, os grandes diabos, contudo, são poderosos, mais inteligentes e focados, assim como os homens maus mais poderosos, se lançam sozinhos contra os mais fortes pois sabem que só esses podem comprometer seus poderes. Os grandes não se preocupam com os pequenos e os pequenos não têm cacife para enfrentar os grandes. Está complicado de entender? Mas você já vai entender, acompanhe a reflexão até o fim. 

      Alguns crentes, que não conhecem a si mesmos (nem aos espíritos das trevas), acham estarem sendo atacados pelo diabo, enquanto no máximo são tentados por demônios do terceiro escalão. Na maioria das vezes são tentados por eles mesmos, por seus corações inconstantes e egoistas. Tudo bem que mesmo a Bíblia usa o termo “diabo” em muitas passagens de forma genérica, sem se preocupar com tecnicidades, se refereindo a espíritos do mal de qualquer tamanho, isso basta para que no nome de Jesus todos sejam protegidos, seja qual for o nível de conhecimento espiritual que tiverem. A Bíblia não foi direcionada pelo Espírito Santo para técnicos, teólogos e doutores, mas para todos, principalmente para os simples.
      Mas na conhecida passagem de Mateus 17.14-21 Jesus deixa claro que existe diferença entre esses seres espirituais, bem o objetivo nesta reflexão não é nos aprofundarmos no tema (o tema foi assunto da reflexão “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” onde nos aprofundamos bastante sobre demônios e diabos, se puder confira). Contudo, é preciso entender que não se pode sair orando de qualquer jeito por endemoniados ou por libertação de territórios geográficos. O ponto dessa reflexão contudo é um questionamento: qual o tamanho do nosso inimigo? Isso determinará o tamanho de nossa fraqueza e revelará a qualidade de nossa vida espiritual. 
      Jesus, no início de seu ministério, foi tentado por um príncipe das trevas, Satanás em pessoa (Mateus 4.1-11), esse não aparece assim para qualquer um, mesmo para aqueles que buscam relação com o reino das trevas. A maioria só conhecem demônios, outros, poucos, conseguem invocar chefes de potestades, e raríssimos magos do ocultismo conseguem se comunicar diretamente com os príncipes malignos. Esses magos, contudo, não tem o mal como inimigo, mas tentam dominá-lo para obter dele algum benefício, ainda que o preço seja suas almas. Mas o interesse das trevas nos filhos de Deus com certeza aumenta à medida que esses se dispõem a conhecer e obedecer mais ao Senhor, assim estejamos atentos. Quanto mais forte nos tornamos mais fortes são nossos inimigos.

      Contudo, para aqueles que se descontrolam por qualquer coisa, que são seduzidos por qualquer pedaço de corpo, olhar ou site na internet, que não conseguem controlar ira, inveja, apetites, saibam que o diabo não tem interesse em lutar com vocês, vocês já estão vencidos, e o são com muita facilidade. Seus inimigos são pequenos, porque suas fraquezas são grandes, assim sua consagração também é pequena. Pequenas fraquezas, todavia, chamam a atenção de uma quantidade maior de inimigos, ainda que de qualidade medíocre (existem centenas de demônios para dezenas de chefes de potestades para poucos príncipes diabos). 
      Mas isso não se refere só aos espíritos malignos, os que têm fraquezas pequenas serão tentados por seres humanos em maior quantidade e de menor qualidade moral. O irado arruma encrenca com qualquer um, o invejoso inveja até aquele que tem menos que ele, por pura insegurança, o adúltero trairá uma mulher bonita e virtuosa por uma feia e vulgar, o viciado trocará um lar feliz por um beco ou boteco infestado de outros viciados, o mal nunca dá lucro reais, ele sempre faz perder, rouba e mata. Não reclame, pois, dos inimigos que tem, temos os inimigos que merecemos, e em se tratando de homens geralmente nossos maiores inimigos, ou aqueles que achamos que são, são as pessoas mais parecidas conosco. 

      O nosso mal nos deixa desconfortável quando o vemos nos outros, esses são nossos inimigos? São pares, que sob outras circunstâncias seriam nossos melhores amigos. Nossos maiores inimigos podem ser nossos maiores amigos, e vice-versa, isso porque são as pessoas que mais coisas têm em comum conosco. Dessa forma, como sempre orienta o evangelho, olhemos para nós mesmos, não para os outros. Quando nos consertamos, quando vencemos nossos males, os inimigos são anulados, simplesmente porque não acharão mais em nós fraquezas para tentar, inimigos são meros espelhos que refletem o mal que há em nós. 
      Olhemos para nós mesmos e não coloquemos a culpa de nossas fraquezas no diabo ou em quem quer que seja, Lúcifer não criou o mal que há no ser humano, ele apenas o apresentou à mulher e ao homem que depois fizeram opção por ele. Mas muitos podem usar (e usam) a passagem de Efésios 6.12 como argumento que o Diabo é nosso grande inimigo, sim, ele é, mas depois que tivermos vencidos nossas fraquezas menores. Vou dizer algo que pode soar estranho, para ter o Diabo como inimigo é preciso merecer. 

      Jesus foi tentado diretamente por um diabo (Satanás) porque tinha calibre para isso, o apóstolo Paulo foi impedido por Satanás de visitar os tessalonicenses (I Tessalonicenses 2.18), e isso nos ensina muito, sobre o diabo é sobre a verdadeira espiritualidade. E nós, e você, e eu? Passaremos a vida brigando com o vizinho? Com o motorista do carro da frente por não ter dado sinal? Com o cunhado que acredita sinceramente que é melhor que nós? Com o colega de trabalho que pouco trabalha, mas muito bajula o chefe e por isso ganha mais que nós? 
      Enquanto lutamos com inimigos criados por nossa própria concupiscência, deixamos de fazer a obra de Deus e lutar pela salvação dos outros. Lutas sempre teremos, ninguém ache que um dia, nesta vida, neste mundo, teremos descanso, descansamos em Deus, sim, mas enquanto seguimos lutando, e assim será até o fim de nossas jornadas no plano físico. Mas se é assim, qua nossas lutas tenham uma finalidade mais nobre em Cristo, que sejamos soldados não para conquistas pessoais e materiais, mas para o reino de Deus, para a redenção de tantos que precisam da cura e do consolo que só o Espírito Santo pode dar. Qual o tamanho do teu inimigo? Que ele seja grande, mas seja qual for o tamanho dele já está vencido, no nome de Jesus Cristo!

sexta-feira, agosto 09, 2019

Deus nos livra de cairmos em tentação

      “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.I Coríntios 10.12-13

      Qual é a tentação que pode nos vencer? Não são os prazeres da carne, os vícios, o sexo, o ódio ou a inveja, tudo isso é consequência de quem cai numa primeira tentação, a da fé. A primeira coisa que o diabo nos tenta é a nossa fé em Cristo, nossa confiança em Deus, nossa aliança com o Espírito Santo, ele sabe que se cairmos nessa prova seremos presas fáceis das tentações de nossa própria carne, nessas ele nem precisa colocar muito a mão. O segredo é andarmos com a fé aprumada, focada, firme, e nessa convicção mantermos o coração feliz e a mente em paz. Contra isso sempre acharemos escape para suportar a realiadade do dia a dia. Uma alma triste, contudo, é uma alma fraca. 
      Cuidado, a astúcia do diabo está em minar aos poucos nossa fé, em colocar pequenas desconfianças que nos fazem achar que Deus nos abandonou ou não é tudo o que sua palavra diz que ele é. Quando o diabo mina a santidade absoluta de Deus em nossos pensamentos ele tenta diminuir nosso padrão de qualidade de santidade em nossos corações. Mas a tentação mais eficiente pode estar numa simples ideia, que pode corroer toda uma doutrina construída por anos em nós. Refletir sobre as coisas com mais profundidade, não aceitar as coisas só porque é costume, pode nos conduzir a um conhecimento mais profundo do altíssimo. Contudo, se não estivermos preparados, vigilantes, no espírito mais até que no intelecto, podemos abrir portas para fora da vontade do Senhor, e não para dentro do centro da vontade de Deus. 
      “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1.8), cada um tem a tentação que merece, e o inimigo é expert em descobrí-la e usá-la. Se um pode colocar tudo a perder por um “rabo de saia” ou uma dose de cachaça, o outro pode se perder em interpretações e explicações sobre o mundo espiritual, com as razões filosóficas e ocultas da existência. Assim, ninguém se considere melhor, para cada armadura de virtudes há uma seta maligna que pode penetrar num ponto desprotegido, não importando se a armadura é de papel, pano, plástico ou metal. O que, todavia, está ligado a Deus, em temor e com humildade, não será pego de surpresa e terá de Deus a mão forte que o sustente quando o vendaval maligno tentar derruba-lo. 

quinta-feira, agosto 08, 2019

Deus cuidará de nós para sempre

      “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.” Salmos 23.6

      Quem chega a uma certa idade, vê os filhos crescendo, e olha o mundo atual, o Brasil, se preocupa, quem tem alguma lucidez sente algum receio. Ainda mais com a situação econômica que estamos vivendo em nosso país, reforma da Previdência, aposentadoria mais complicada, enfim, ficamos com o coração pesado pensando em como será nossa velhice, e a vida profissional de nossos filhos. 
      Confesso que há um tempo atrás, quando escutava as pessoas dizerem que o que importa é ter saúde eu não entendia bem isso, nem dava muita importância. Quando somos jovens pode nos faltar tudo, mas via de regra estamos sempre saudáveis, temos disposição para fazer as coisas, podemos até dormir pouco que acordaremos a tempo no outro dia para trabalhar, estudar, enfim, cumprir nossas obrigações. 
      Mas quando chegamos a uma idade as dores vêm e ficam, nossa pele muda, a cor de nossos cabelos se altera, nossas forças físicas diminuem e nossa vitalidade emocional se esfria. Somos seres materialistas, dificilmente conseguimos priorizar de fato os valores espirituais, mas tem que ser assim, precisamos sustentar nossos corpos, dar a eles a devida manutenção, principalmente na velhice. 
      Mas o ponto desta reflexão é: se Deus cuidou de nós até aqui, principalmente em nossas juventudes, quando fazíamos tantos coisas sem pensar direito, bem, esse mesmo Deus cuidará de nós também na velhice. Se nós mudamos, envelhecemos, Deus não muda, na verdade a figura física de um ancião de cabelos brancos e longas barbas que imaginamos para Deus, se pensarmos com mais profundidade a respeito, usando o evangelho de Jesus como base, veremos que não reflete de fato quem é Deus antropomorfizando-o (pondo-o em forma humana). 
       A figura humana mais próxima é a de Jesus encarnado quando iniciou seu ministério, e não deveria ser diferente, um homem comum, mas forte e maduro, aos trinta e poucos anos, essa talvez seja a melhor idade, aquela em que muitos poderiam escolher, se fosse possível, parar o tempo e permanecerem assim para sempre. Aliás, eu acredito que nossos corpos espirituais na eternidade serão algo parecido, indiferentemente se morremos crianças ou velhos, teremos a nossa melhor aparência física, a de homens e mulheres maduros de trinta e poucos anos.
      Especulações à parte, Deus não envelhece, nem muda, se cuidou de nós até aqui, o fará até o final, e como pai de amor que é, muito mais à medida que nos tornarmos mais frágeis, seja qual for a situação econômica do mundo, que infelizmente, só tende a piorar. O Senhor cuidará também de nossos filhos, desde que façamos todo o nosso possível para viver hoje e administrar família do jeito mais sábio. 
      Contudo, ainda que erremos, na assunção do erro e posse do perdão que há em Cristo, sempre há para nós disponível o cuidado suficiente de Deus para que tenhamos existências dignas. Tenhamos pois a segurança do salmista no Salmo 23, “certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida”. Glórias a Deus por isso, nosso maravilhoso pai de misericórdia! 

quarta-feira, agosto 07, 2019

Faça porque é difícil

      “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” Romanos 7.5-6

      Algumas coisas na vida eu faço não porque é fácil, mas porque é difícil. Não, não generalize, algumas coisas são difíceis porque não são para fazermos, não são para nós, e insistir em fazê-las pode ser sofrimento desnecessário para agradar homens ou nossas inseguranças. Contudo, algumas são difíceis para nos desafiar a melhorarmos, a subirmos para um outro nível de virtude, de vida espiritual, de vitória que no final nos deixarão, não mais escravos, mas mais libertos. Algumas dificuldades se apresentam diante de nós para alcançarmos mais liberdade e paz, e acredite, o próprio Deus nos leva por caminhos onde encontros ruins são inevitáveis. 
      Se certos encontros te deixam desconfortáveis, enfrente-os, com humildade, mas com coragem, no Espírito Santo, não na carne. Você será escravo se fugir, mas se fizer o mais difícil, estar no mesmo lugar onde certas pessoas se encontram, ser educado com elas, a recompensa será grande. Veremos que o que no início parecia difícil, depois se torna mais fácil, o bicho não era tão feio quanto achávamos, isso é dar mais um passo para a liberdade para a qual Cristo nos chamou. Usemos da liberdade de Cristo para construir pontes, não muralhas, para nos livrarmos do medo, não evitá-lo, assim, certas coisas devemos fazer não porque são fáceis, mas difíceis. 

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.Gálatas 5.1

terça-feira, agosto 06, 2019

Confessa, deixa e siga

      “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coração cairá no mal.Provérbios 28.13-14

      Errou? Confessa, aproprie-se do perdão, deixa o desejo de comete-lo de novo e siga buscando não mais errar. Se pecou uma vez, que não peque uma segunda vez, o que não podemos é pensar que já se cometeu demais o mesmo pecado e não teremos mais como mudar. Aceitar um erro e não lutar mais contra ele é matar o espírito, negar o Espírito Santo, é render-se ao senhorio do tempo e negar Deus, o senhor do tempo. O que nos envelhece não é o colapso em que nosso corpo entra como efeito inexorável do passar do tempo, mas a falta de confissão do erro e de deixar o pecado. Perdão é fonte de juventude eterna, de juventude espiritual.
      Se a solução está só no perdão, e ele é sempre fundamento para qualquer construção de caracter, ele bastará para que tenhamos forças para seguir em paz, quando isso acontece nosso coração fica tranquilo imediatamente após nosso acerto com Deus, de forma milagrosamente simples. Embora, às vezes, mesmo depois que confessamos, nosso coração ainda esteja aflito com algo, nesse caso é preciso buscar mais a Deus e pedir orientação. Em alguns casos é preciso entender melhor a razão de algo ter nos roubado a paz, isso fará com que nos conheçamos melhor e entendamos de fato todas as implicações de nossas escolhas. 
      O maior poder que Deus confere aos homens, todavia, é o perdão no nome de Jesus, isso muda vidas, anula o poder do acusador e alcança misericórdia do Altíssimo que sempre protege e honra pecadores arrependidos. Não desistamos, não sejamos vencidos pela própria frustração de ter pecado de novo, que muitas vezes nos desanima não por desapontarmos a Deus, mas por vermos nosso orgulho ferido quando nos mostramos como menos espirituais diante de homens. Quando confiamos no perdão de Jesus, o problema não é mais nosso, agora Deus passa a lutar por nós, nos defender e nos justificar, diante dos poderes deste mundo, das hostes do mal e dos homens. 

segunda-feira, agosto 05, 2019

Deixa a semente morrer!

      “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” João 12.24

      Hoje quero dar glórias a Deus, pois mais uma vez ele me surpreendeu com sua bondade. Sempre que penso que algo está acabando, que é o fim e que nada mais de bom haverá, vem o Senhor e me mostra que é apenas o final de uma fase, que outra vai começar e será melhor. Contudo, o melhor só se inicia quando o que havia antes, que depois entendemos que não era tão bom assim, mas que lutamos para não deixar ir porque achamos que é tudo que temos, termina. 
      Assim, ainda que teus olhos não vejam, que tua mente nem sequer imagine, que teu coração não sinta, creia, só haverá fruto quando a semente for plantada e aparentemente parecer morrer. Deixa a semente morrer! Deixa a semente morrer! Sim, o tempo de espera pode ser difícil, pois não vemos nem a semente, nem os frutos, mas esse é o tempo de crer no Senhor e glorifica-lo, pela fé. Bem-aventurados os que não viram e creram, nada supera a recompensa do que crê e espera.

      “Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.João 20.27-29

domingo, agosto 04, 2019

Só Deus sabe de mim

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.” Mateus 16.27

      Me espanta, e com muita tristeza, como muitos púlpitos, representados por pastores, pregadores e outros que se colocam como lideranças de igrejas, ainda medem espiritualidade por estereótipos, avaliam consagração por clichês, entendem como cristãos de qualidade aqueles que se encaixam nos velhos moldes das tradições, tradições que até tiveram origem em verdades, mas que com o tempo foram consideradas só superficialmente enquanto que a essência foi esquecida. 
      Os de linha pentecostal se equivocam mais em aquilatar ungidos preparados para não negar o evangelho mesmo numa perseguição ao cristianismo, aqueles que louvam ou cantam mais alto, que batem mais palma, que olha para o irmão do lado e diz “seja abençoado”,  ou que demonstram com palavras de ordem e manifestação pública de dons seu suposto grau de intimidade com o céu. Faltam a esses juízes profundidade de vida, respeito ao próximo, e mesmo na ausência disso por limitações intelectual e emocional, amor, que vê o outro com os olhos generosos de Jesus. 
      Quem sabe da intimidade das pessoas? Quem vê o que se passa nas madrugadas de vidas solitárias e angustiadas chorando aos pés do Senhor? Quem sabe da extensão de dor e de tristeza, construídas em uma vida de violência sofrida, que instalou nas almas dificuldade terrível mesmo para se ter o mínimo convívio social? Não julguemos a cara feia, o semblante fechado, o olhar inseguro e distante, nem usemos de desculpas como a que diz que o convertido deve ser transformado e que se a pessoa é fechada é porque ainda não se converteu. Não julguemos coração por cara. 
      Muitos não entendem, muitos pastores não sabem, e muitos nem se dão de fato ao trabalho de saber, lhes é mais conveniente gritarem protegidos pelos púlpitos seus equívocos, mas muitos não têm ideia do quanto é custoso dar um passo em direção a Deus. Sim, Deus é maravilhoso, contempla esse único passo e retribui com cem na direção do que sofre solitário, o Senhor seja louvado por isso. Mas os que julgam o fazem por não conhecerem de fato o coração de Deus, ainda que se achem espirituais e capazes de julgarem quem o é.
      Quando muitos desses pastores conhecerem de fato o amor de Deus pararão de generalizar, de achar que o fogo do Espírito deve ser provado de maneira igual por todos, ou conforme seus clichês, deixarão de achar que expressão emocional por si só é espiritualidade. Nesse dia pastores respeitarão quem muitas vezes reuniu todas as forças que tinha para ir até um templo, se sentar e prestar atenção à palavra, e que sofreu muito quando o púlpito deu ordem para que todos fizessem isso ou aquilo sem notar que alguém só queria ficar quieto e ter comunhão com Deus. 
      Muitos se surpreenderão no final, quando a pior e derradeira perseguição vier sobre os cristãos, ficarão surpresos ao verem que muitos que cantavam e falavam em línguas estranhas em público não estão mais se reunindo publicamente por temerem por suas vidas, não estão assumindo a fé que tanto diziam que tinham. Muitos dos primeiros serão os últimos (Mateus 19.27-30).
      Por outro lado, muitos sobre os quais se pensava serem frios, se mostrarão fortes e corajosos, sem medo de seja lá o que for que lhes possa impedir de assumirem diante do mundo que amam a Deus, isso porque sempre o amaram e andaram com ele. Muitos que não fizeram questão de mostrar para religiosos que seguiam a Cristo serão parte dos poucos que não terão receio de revelar a um mundo perseguidor que sempre seguiram a Jesus. Muitos dos últimos serão os primeiros, glória a Deus por isso. 

sábado, agosto 03, 2019

Não esteja dividido, integre-se em Deus

      “Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” 
Lucas 16.13

Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro".

      O texto inicial se refere a estar dividido entre servir a Deus e às riquezas, ele fica no capítulo 16 do evangelho de Lucas entre as parábolas do administrador infiel e a do rico e o mendigo. As parábolas (e alguns dizem que a parábola do rico e o mendigo não é uma parábola, uma simbologia, uma fantasia, mas a descrição de um fato real), apesar de se referirem a um assunto em comum, riquezas materiais, mostram pontos de vista distintos. 
      Na primeira somos ensinados a sermos esforçados no trabalho material mas ainda assim sermos misericordiosos com as pessoas. O mordomo que antes tinha sido criticado pelo seu senhor por estar sendo descuidado na administração dos bens do senhor, foi elogiado no final. Mas vejam que a atitude do mordomo foi sábia, obteve a aprovação de seu senhor sem ter que ser duro demais com os devedores, assim fez amigos nos dois lados, “louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz” (Lucas 16.8). 
      Já na passagem sobre o mendigo Lázaro e o rico, a lição é outra, quem foca só nas riquezas poderá ter honras no mundo, mas sofrimento na eternidade, por outro lado, o que sofre injustiças neste mundo poderá ter na eternidade o consolo de Deus, disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lucas 16.25). Sem usar esse texto como legalização ao pé da letra, condenando ao inferno alguém só por ser rico, ou elegendo ao céu outro só por ser pobre, a passagem ensina sobre prioridades e exorta os poderosos deste mundo que o poder que eles têm aqui pouca diferença fará no plano físico espiritual eterno. 

      Mas o ponto desta reflexão é estar dividido, e não necessariamente entre Deus e as riquezas. Podemos experimentar esse dilema em relação a muitas coisas, é importante que entendamos que não podemos fazer duas escolhas. Sobre alguns assuntos, escolher um e relevar o outro, é aceitar tanto as recompensas de uma escolha quanto os prejuízos de não se ter feito a outra escolha. Assim, confrontos são inevitáveis, só não os terá quem ficar em cima do muro e for morno, não optando nem pelo frio, nem pelo quente (Apocalipse 3.15-16).
      Alguns talvez tenham mais facilidade para decidirem-se sobre algo e dizerem “danem-se” (me desculpe o termo) o resto, eu não consigo, assim está reflexão vai especialmente para aqueles, que como eu, têm dificuldades para conviver com os que se colocam como opositores (inimigos). Confesso que é muita presunção minha achar que posso agradar a todos, isso me coloca como melhor que Jesus, que definitivamente não agradou a todos mesmo fazendo tudo muitíssimo mais certo do que eu. 

      Escolher algo pode nos indispor com algumas pessoas, assim façamo-nos algumas perguntas, as primeiras delas são: no que de fato acredito, quero ser isso e lutarei para isso, e serei fiel até o fim pagando o preço que for necessário para isso? Quem não acredita em nada, quer nada, pensa que tudo tanto faz, ou que esta sempre mudando de ideia, esse não fará inimigos, mas também não terá amigos com os quais compartilhe objetivos claros e definidos. Sim, mudar de ideia é preciso, mas isso ao final de processos de testes, que mostrarão a realidade da prática e nos farão escolher caminhos mais eficientes para cumprir nossos objetivos. 
      Mas em primeiro lugar precisamos estabelecer objetivos e focar neles, quando nos convertemos a Cristo o Senhor nos dá objetivos e nós começamos a conhecê-los e pô-los em prática tendo vidas pessoais de comunhão com Deus e tendo comunhão com outros cristãos dentro de igrejas. Esse é o início de um processo que nos confrontará com Deus e com o que outras pessoas entendem ser Deus e o cristianismo. Quem busca equilíbrio, que não deseja ser hipócrita e tem coragem, admite que nessas duas relações, com Deus e com cristãos, aparecem discrepâncias e somos confrontados a fazer escolhas.
      Muitos escolhem o jeito mais fácil, fazer o que todo mundo faz para não arrumar encrenca, para terem apoio de um grupo, para não terem que pensar muito. Assim, ao invés de buscarem grupos de cristãos que mais batem com o que eles são (algo que não é fácil), se conformam, não com o mundo mas com o cristianismo tradicional da maioria das igrejas. Outros, contudo, entendem que igrejas e denominações cristãs não são embaixadas oficiais de Deus na Terra, são apenas pontos de vista humanos do que é Deus e o evangelho, os quais Deus usa por não existir algo melhor para ele usar. 

      Não tem jeito, escolher Deus, o nosso Deus, o Deus de nossa intimidade, aquele que se colocou como nosso amigo por tantos anos, que nunca nos enganou, que sempre se mostrou santo e pediu de nós também santidade, o Deus que nos deu respostas de paz e esperança nas situações mais difíceis que enfrentamos muitas vezes sozinhos, sem que igrejas ou pastores se quer soubessem ou quisessem saber, o Deus que nos ensinou a andar com ele num caminho onde os milagres acontecem naturalmente, escolher ser fiel a esse Deus nos colocará contra homens, mesmo homens dentro de igrejas. 
      A segunda pergunta que você deve se fazer é, a quem quero continuar servindo? Se tua escolha for de fato servir a Deus, não tema os homens, nenhum deles, sejam os ocultos em cerimônias secretas buscando os maiorais entre os seres espirituais do mal, sejam os que se colocam à luz do dia nos púlpitos usando a Bíblia de maneira legalista, clichesada e superficial, achando-se sinceramente mais espirituais que você, não os temas, mas também não os confronte, cale-se, controle-se, ore mais, adore mais a Deus e deixe que Deus aja, como quer e quando quiser. 

      O que não podemos é estar divididos dentro de nós, isso nos colocará em fraqueza e nos fará cair mesmo diante do inimigo mais pequeno (Mateus 12.24-28). Se temos um foco, Deus, e queremos continuar com Deus, temos que aprender a conviver com indisposições humanos, contudo, e é aí que está a grandiosa bênção, se for a Deus de fato que estivermos seguindo, a quem queremos agradar, não aos  homens e muito menos a nós mesmos, o próprio Deus nos dará forças para suportar em plena paz interior as indisposições, os confrontos, os que se colocam, mesmo sem admitir ou ainda de maneira sútil, como nossos inimigos. 
      O sábio põe em prova não os outros, mas a si mesmo, clama ao Senhor, abre o coração diante de Deus, apresenta seu ponto de vista e pede que o Senhor mostre com paz se sua escolha é a melhor diante dele. Contudo, ele também entende a responsabilidade de fazer certas escolhas, que terá preços e que ele está preparado para pagá-los. O coração em paz é intocável pelas setas dos falsos e dos demônios, um coração íntegro se vê forte diante dos que se vendem e se acomodam, o coração que escolhe Deus acima de tudo será confrontado, mas será luz, forte e eterna.
      Se você está certo sobre o que quer e a quem quer servir, e se Deus confirmou tudo isso em teu coração com paz, não tema, não vacile, não dê lugar à insegurança nem à vaidade, não se coloque como arrogante, como superior, abrigue-se de joelhos espirituais no abraço do Senhor e siga em frente. Obedeça a Deus, fale pouco, não julgue nunca, tema sempre ao Senhor, ame pois o amor nos liberta do medo e nos faz mais fortes, seja um com Deus, integre-se em Deus, e veja a obra que o Senhor fará diante de teus olhos. 

sexta-feira, agosto 02, 2019

Deus nos fortalece

      “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Isaías 40.27-29

      E quando estivermos sem forças Deus nos ajudará para que achemos forças para fortalecer quem está mais fraco que nós. O misericordioso acha forças para exercer misericórdia, ainda que fraco e triste tem uma palavra de esperança e consolo para o que precisa, por causa disso encontra em Deus a misericórdia que necessita para seguir em frente. Não desistamos, mas perseveremos, Deus que tudo vê nos recompensa no tempo certo, faz chover no deserto, ilumina o caminho ao longo do precipício, mantém em pé o que está abatido mas persiste em confiar nele. 

quinta-feira, agosto 01, 2019

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”

      “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” I Timóteo 4.13-16

      Às vezes nos perguntamos, “o que fazer? no que achar sentido?”, sim, a vida pode nos levar a um grande vazio, mesmo que estejamos no centro do plano do Senhor, ninguém estranhe isso, é só a realidade se desvendando diante de nossos olhos. No texto acima o apóstolo-teólogo dá conselhos ao jovem Timóteo, mas que são válidos para todos, em qualquer idade. São orientações para que mente e coração estejam cheios e ocupados da maneira correta, com as coisas certas. 
      Muitas vezes na vida, e mais à medida que envelhecemos, vencer o tédio do caminho e a tristeza de se estar só mesmo com uma boa família e amigos leais por perto, não é questão de sentir algo bom, de estar apaixonado por algo, e paixão sempre enche a alma, entrega prazer. Felicidade pode não ser troca de dor por paixão, a paixão, mesmo por coisas boas, acaba, então o que resta? 
      No final, paz será resultado de fazer as coisas certas, não haverá mais lugar para ilusões. A vida se despe com o tempo, as mentiras caem por terra, a verdade aparece crua e nua. Chega um momento em que Deus não nos mima mais, nem nos ensina com indiretas, as parábolas são reveladas e o Senhor mostra-nos tudo como realmente é. 
      Uma frase do texto inicial resume tudo, “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”, duas coisas que têm que importar e que precisam seguir em equilíbrio, uma não pode prevalecer sobre a outra. Quem se ocupa só consigo prioriza uma existência que é mera passagem, e despreza a eternidade que é o fim maior de todos. Quem se ocupa só consigo serve à morte e nunca conhece de fato a vida abundante. 
      Por outro lado quem cuida só da doutrina, só da letra, e com doutrina me refiro a orientações morais sobre certo e errado e explicações sobre o mundo espiritual, é um eterno apaixonado por teorias, pensa servir a Deus, mas acaba servindo a homens e ao diabo, que ama as religiões. Quem cuida só da doutrina enclausura-se nas salas de aulas e nos mosteiros e perde a prática da realidade. 
      Jesus encarnado era perseguido pelos líderes religiosos da época porque tinha equilíbrio, não se ocupava de uma guarda cega das letras, de leis, como se a doutrina fosse um fim em si mesma. Jesus vivia a realidade, vivia perto da pessoas, conhecia as pessoas, amava as pessoas, e assim se conhecia também e praticava a palavra de Deus com sabedoria. Jesus encarnado era um homem da realidade, não da teoria. 
      É preciso as duas coisas, ser feliz em Deus para fazer os outros felizes e ainda assim praticar o que lê, ensina e crê. Quem consegue isso conhece a si mesmo e a Deus e não enlouquece com os excessos dos extremos, mas mais que isso, sempre acha o que fazer para que a vida tenha sentido. Nos guardemos dos excessos, guardemos a nós mesmos e a genuína doutrina de Jesus ensinada a nós diretamente em nossos corações pelo Espírito Santo. 

quarta-feira, julho 31, 2019

Você está pronto para a eternidade?

      Qual o propósito da vida neste mundo? Só um, abrirmos mãos dela. Se alguém andou por este mundo, viveu, e só foi se apegando mais e mais a ele e aos seus valores, aos seus prazeres, às suas referências, não aproveitou um segundo de existência, que é o que é essa vida em relação à outra, para se preparar para a eternidade. Então eu pergunto, eu estou preparado para a eternidade? Você está? Nesse raciocínio o velho deve estar muito mais preparado que o jovem, pois teve muito mais oportunidades de entender como as coisas funcionam, o que é passageiro e o que é para sempre, o que é carne e o que é espírito. Contudo, antes de tudo, é preciso aceitar que ainda que a eternidade seja espírito, nesta vida precisamos conviver com ambos, carne e espírito.
      Se não fosse assim, se não fosse esse o propósito desta vida, abrir mão dela, ficaríamos mais fortes fisicamente, à medida que os anos passassem, não mais fracos. Essa vida foi feita para dar errado, entendemos o início disso lendo os primeiros capítulos do livro de Gênesis. Isso não significa que não podemos usufruir do plano físico, podemos e devemos, ninguém pense que nesse corpo material seja possível um ideal espiritual, isso é utopia, os que buscaram isso só se afastaram da realidade e encenaram um personagem de espiritualidade que na verdade é pura insanidade. Se não conseguimos ser felizes nesse um segundo de existência, quanto mais na eternidade.
       A humildade está justamente em entender e aceitar os limites da carne, fazer o possível, mas deixar pra lá o imponderável, buscar o espírito enquanto se funciona num sistema físico, mundano, vemos isso com clareza quando comparamos a vida de Jesus encarnado com a vida de fundadores de outras religiões, principalmente das orientais. Sim, Jesus vivia em oração e jejum, fazia sacrifícios para estar vigilante e atento às maldades humanas e astutas ciladas do diabo, mas Cristo também festejava com os amigos, ceava com famílias. Jesus encarnado era um homem feliz, de maneira alguma fazia marketing de espiritual, Jesus era livre mesmo da vaidade de querer ser e parecer ser espiritual para provar alguma coisa a alguém, Jesus era leve, era equilibrado.
      Com equilíbrio, assim se prepara para a eternidade, porque a carne em si, e com o termo “carne” me refiro à vida física, a comer, beber, trabalhar, se divertir, namorar, dormir etc, a cane só tem o estigma do pecado porque morre (e a morte veio à humanidade com o pecado original). Dessa forma, alguns podem até buscar espiritualidade em mosteiros, numa privação extrema das necessidades carnais, quem sou eu para dizer que Deus não contempla e recompensa quem vive assim. Mas os que vivem assim também não devem julgar como menos espirituais os que fazem parte efetiva do mundo, que estudam, constituem famílias, e usufruem dos bens materiais. No equilíbrio se descobre a mais genuína das espiritualidades. Equilíbrio, contudo, só se experimenta numa vida em plena comunhão com Deus através de Jesus. 
      O grande desafio da vida é justamente isso, ser bom, moralmente, espiritualmente, e ainda assim respeitar o corpo, a carne, esse é o maior exercício de humildade que existe, respeitar a própria humanidade, e por incrível que pareça ser um humano feliz é o que mais nos aproxima de Deus, um ser que imaginamos como puramente espiritual e sem qualquer limite físico. Lembremos que seres puramente espirituais e com poderes extremos, como os grandes anjos, arcanjos ou querubins, os diabos (Lúcifer, Belial, Satanás, Leviatã ou qual sejam os nomes que eles tenham), são os seres mais carnais do universo, e eles não têm corpos físicos. Assim, preparar-se para a eternidade é ser espiritual no corpo, vivendo entre as pessoas, sendo comum ainda que achando em Jesus uma identidade especial que existirá na eternidade perto de Deus. 

terça-feira, julho 30, 2019

Não tenhamos pressa com filhos

      Alguns querem que os filhos cheguem aos dezoito anos, terminem o ensino médio e se casem, para outros basta acrescentar a isso uma graduação superior, mesmo que seja numa faculdade particular barata e rápida. Outros até querem algo mais para os filhos, que se preparem bem até os dezoito para cursarem universidades realmente boas, dificeis de entrar e difíceis de sair, mas ainda assim cobram deles uma definição que muitas vezes ainda não têm. 
      Sem fazer juízo de valor com nenhuma dessas escolhas, não colocando uma como melhor que a outra, sabendo que Deus tem planos diferentes para pessoas diferentes, e entendendo que cada um tem suas habilidades e oportunidades de acordo com suas condições intelectuais, afetivas e financeiras, eu faço nesta reflexão uma afirmação: não tenhamos pressa em criar nossos filhos, não achemos, antes do melhor tempo, que eles já estão preparados para serem independentes. 
      Muitos pais, pensando com pressa, tiveram de volta às suas dependências, financeira e afetiva, jovens mais velhos na idade, mas ainda imaturos no caráter, muitos com casamentos desfeitos, desempregados e com filhos para os avós criarem. Sim, não podemos também cair no outro extremo, muito comum nos dias atuais, principalmente nas camadas de maior poder aquisitivo, de querer filhos dentro de casa para sempre, ainda que eles tenham bons empregos e até relações afetivas estáveis. 
      Nesse casos criamos adultos mimados só porque, como país, não queremos confronta-los com a vida ou desejamos mantê-los debaixo de nossos controles. O ideal é, em primeiro lugar, querermos de fato que nossso filhos se preparem bem para o mundo, com o melhor estudo que permitirá melhores empregos dentro de uma área que eles se realizem como seres humanos. Depois de prontos profissionalmente então podem pensar em casamentos e filhos, essa é a orientação mais sábia. 
      Pais evangélicos, contudo, erram justamente por quererem acertar, impedir que os filhos pequem com vidas sexuais antes do casamento, ou pior, que façam filhos antes de uma união oficial. Assim para que um erro não seja cometido, lançam jovens despreparados emocional e financeiramente em uniões apressadas. Pastores, para não terem seus ministérios escandalizados e muitas vezes pela vaidade de mostrar para os outros que já fizeram um bom trabalho com seus filhos, caem mais no pecado da pressa de se livrarem de filhos cedo demais. 
      Pais cristãos, para que criamos filhos? Só para serem modelos dentro de templos? Na realidade da vida, ser religioso assíduo em cultos e envolvido com a obra de Deus, não fará muita diferença, não paga dívidas, não compra independência. Por outro lado, um filho melhor preparado académica e profissionalmente terá condições de dar um testemunho muito mais abrangente no mundo, mundo muito maior que comunidades que frequentam igrejas. 
      Crie seu filho para enfrentar o mundo, dê a ele conhecimento bíblico e acima de tudo testemunho seu dentro de casa, mas dê mais prioridade aos estudos e profissão. Vivemos tempos difíceis, principalmente na área econômica, nós cristãos precisamos entender e respeitar isso, e não nos escondermos no princípio muitas vezes superficial mas irresponsável que Deus cuidará de tudo. Sim, Deus cuida, mas se fizermos nossa parte melhor teremos condições de não só testemunharmos de milagres em nossas vidas mas de sermos nós mesmos o milagre de Deus nas vidas de outras pessoas. 

segunda-feira, julho 29, 2019

Não me arrependo do evangelho

      “E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado. E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.Lucas 12.8-12

      Esta palavra não é para os evangélicos, para os novos nascidos em Cristo, é para os outros, é uma afirmação: não me arrependo de ter olhado o evangelho como a única verdade de Deus, de ter entrado no cristianismo por Jesus, de começar a frequentar igrejas protestantes evangélicas. O caminho não foi fácil, e quem segue a Cristo com lucidez, que quer de fato a Deus e a mais nada, tem como início um processo de desconstrução de tudo o que achamos ser religiosidade. O que querem só mais uma religião, ainda que a considere a melhor, não deixarão que Deus desconstrua isso, serão salvos? Muitos serão, mas terão uma vida cristã superficial, aquém daquilo que o Senhor pode de fato ensinar e se dar a conhecer aos que mais que servos se dispõem como amigos dele. 
      O texto inicial diz que os que confessarem a Cristo diante dos homens, mesmo nas sinagogas, os templos da religião judaica que oficialmente era a aliança de Deus com os homens até aquele momento, a esses Cristo aprovaria e defenderia diante de Deus e dos poderes, assim, repito, precisamos separar igrejas, religião, de Deus. Mas alguém pode argumentar, “mas as igrejas cristãs são agora a igreja do evangelho, a oficial de Deus”, a esse eu respondo, não, não são, talvez fossem no primeiro século logo após a partida de Jesus, a chegada do Espírito Santo e da inauguração dos primeiros grupos cristãos pelos apóstolos, mas a história já nos ensinou onde tudo isso deu.
      Já falei muito sobre esse assunto aqui, não vou repetir, o surgimento e desenvolvimento da Igreja Católica, o protestantismo, o pentecostalismo e todos essas divisões hereges atuais nos mostram com clareza que Deus usa as igrejas cristãs apesar delas serem imperfeitas, porque tem misericórdia do homem, mas elas não são representantes oficiais de Deus na Terra, nunca foram e nem nunca serão, nenhuma delas. Mas voltando ao ponto desta reflexão, os que buscarem a Deus de todo o coração, serão libertos de religião e igrejas e ainda assim continuarão humildemente dentro de religião e igrejas, com qual finalidade? Para servirem a Deus e abençoarem as pessoas, com todos os defeitos, igrejas cristãs ainda são os melhores lugares para isso, principalmente para ensinarmos novos convertidos, crianças e jovens sobre a maravilhosa sabedoria da Bíblia quando lida com os olhos do Espírito Santo. 
      Eu não me arrependo de ter dito sim a Jesus um dia através do apelo de um evangelista, foi início de um trajeto difícil, longo, mas nele fui libertado, curado, perdoado, e mesmo quando entendi a verdade sobre homens no mundo dentro do cristianismo e das igrejas cristãs eu não desisti, subi mais um degrau e conheci um Deus maior, melhor, mais sábio, mais profundo. “Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele. Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva seródia que rega a terra.” (Oséias 6.1-3). 
      Não neguemos aquele que ama sempre e abençoa quando escolhemos segui-lo, que espera que enquanto neste mundo todos se acheguem a ele para terem status de filhos. Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor, persistamos nessa intenção, com todo o coração. As religiões são limitdas pela vaidade e egoísmo dos homens, mesmo o cristianismo no mundo é menor, mas Deus é maravilhosamente sábio e profundo, feliz o que o busca e nele confia. A vida não é fácil, nem curta, não se apresse em concluir e julgar, mas ande mais um passo que Jesus andará um quilômetro por você e te dará a honra que você tanto busca, se arrependa de seus pecados, não daquele que perdoa pecados. 

domingo, julho 28, 2019

O Espírito Santo orienta sempre

      “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.”
      “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

João 14.16-17, 26-27


      “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

Joel 2.28-29


      Sabemos disso, mas não usufruímos da segurança que isso nos dá, e portanto, temos dificuldades para retermos a paz. O Espírito Santo nos habita, ele é vivo, ciente, nos fala, e pode nos responder pronta e diretamente quando pedimos a ele orientação sobre algum assunto específico, ainda que seja algo simples e corriqueiro do dia a dia. Essa é a palavra de Deus que deve ter prioridade em nossas vidas, a palavra viva, renovada, atualizada e sempre verdadeira que Jesus mandou para nos ajudar, ensinar e consolar em nossas caminhadas neste mundo. Contudo, usufruir de fato desse privilégio implica em: 
  • vencermos a ociosidade espiritual, 
  • nos desvencilharmos da aprovação humana, 
  • nos libertarmos da tradição religiosa e 
  • equilibrarmos o controle intelectual que muitos de nós querem ter sobre a vida.
      Para termos intimidade com alguém precisamos conhecer bem esse alguém, sem vida de oração, de diálogo com Deus, não podemos ter intimidade com ele, assim, para aprender a ouvir e discernir a voz do Espírito Santo é preciso se dar ao trabalho de ouvir não só o ensino de outras pessoas, de não só assistir cultos, e mesmo de não só louvar, é preciso deixar a ociosidade espiritual e nos relacionarmos pessoal e profundamente com Deus. 

      A busca de aprovação humana também pode nos impedir de ouvir mais a voz do Espírito Santo, já que se confiarmos mais nos homens que em Deus, se acharmos mais importante sermos apoiados no plano físico, por pessoas que são vistas por pessoas, e não pela fé no Deus invisível, acabaremos deixando o Espírito Santo que nos habita em segundo plano. 

      A tradição religiosa protestante também pode extinguir o Espírito Santo, à medida que coloca os textos bíblicos como prioritários para nos mostrar a vontade de Deus para nossas vidas de maneira fria, como uma simples lista de mandamentos, atemporais e fora do contexto histórico. Neste momento é importante que eu deixe bem claro uma coisa, eu amo a Bíblia, a considero como sendo o livro mais importante do mundo para a humanidade de qualquer tempo, mas afirmo que seu real entendimento só pode ser adquirido debaixo da interpretação do Espírito Santo. O Espírito Santo é a palavra do Senhor no reino de Deus estabelecido pelo evangelho, acima de qualquer outra revelação ou registro escrito.
      Não existe na própria Bíblia um texto sequer que diga que nos últimos séculos teríamos um cânone de 66 livros que seriam a palavra final de Deus para o homem, o cânone foi reunido e selecionado por judeus, católicos e protestantes, por seres humanos, ainda que debaixo de um temor a Deus. Contudo, existe sim a promessa do Espírito Santo, veja os textos iniciais. Repetindo o que já disse outras vezes aqui, o termo “palavra de Deus” que mais existe na Bíblia se refere a um conceito que a nação de Israel tinha no antigo testamento, que se referia à Torá (relacionada principalmente ao pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia cristã), e na caso da velha aliança, onde a obra redentora de Cristo ainda não havia sido realizada e nem o Espírito Santo havia iniciado seu ministério permanente na Igreja, a palavra de Deus era, sim, um grupo de textos escritos.

      Por fim, outra coisa que nos impede de ter uma experiência mais direta com o Espírito Santo é o egocêntrico e humano controle puramente intelectual que muitos querem ter sobre si mesmos e sobre a religião, mas isso acaba sendo uma faca de dois gumes. Não há dúvida que, via de regra (e não generalizando), os melhores estudos teológicos são feitos pelos protestantes tradicionais não pentecostais. Por quê? Porque esses sabem usar uma área humana com inteligência, conhecem história, geografia, línguas antigas, religião, da Bíblia com profundidade e analisam tudo isso de maneira puramente científica, isentos dentro do possível de subjetividades. 
      É bom que seja assim, mas o que mais desvia o homem do pleno conhecimento de Deus é o extremismo, focar-se numa área e desconsiderar, ou mesmo demonizar, outra, isso nunca nos levará ao conhecimento de toda a verdade. Assim os mesmos intelectuais científicos que tão bem apresentam a Bíblia fecham-se em si mesmos, no intelecto humano, e perdem revelações espirituais só acessadas pelo fé e no Espírito Santo. (Mas ainda assim, eu, pessoalmente, prefiro as Bíblias comentadas por protestantes tradicionais que as de editoras pentecostais, via de regra e também não generalizando). 
      Essa disposição também impede muitos de terem a maravilhosa experiência da manifestação dos dons espirituais, ainda que os recebam na salvação e não saibam disso. Manifestação de dons espirituais é muito mais uma questão de libertação emocional que de atingir um nível espiritual mais elevado, eu creio assim, todos somos plenamente habilitados espiritualmente quando nascemos de novo e fomos selados com o Espírito Santo, alguns, contudo, por travas psicológicas que necessitam de cura, têm mais dificuldade para exteriorizar isso fazendo interagir Espírito Santo no espírito humano com alma e corpo humanos. Contudo, na maturidade existe não extinção do Espírito Santo, mas controle dele, de suas manifestações emocionais, principalmente em público.
      Os pentecostais, usando o termo mesmo de maneira estereotipada, ainda que buscando o melhor dele, buscam uma experiência direta com o Espírito Santo, e isso também pode ser uma faca de dois gumes. Eles têm acesso direto à ótica de Deus, contudo, na subjetividade da leitura, podem se confundir entre o que é voz do Espírito Santo e o que é só alma humana falando, e o coração humano pode ser bem enganoso, por isso tantas heresias nascem nesse meio. O ideal é o equilíbrio, saber usar a palavra registrada nos textos bíblicos, mas se ter uma intimidade com o Espírito Santo para que ele dê a palavra final, coragem espiritual com inteligência intelectual mais emocional e corpo sadios, eis a vontade do Senhor para todos.

      Prestemos muita atenção ao texto inicial do evangelho de João, Jesus encarnado dá a importância suprema e real ao Espírito Santo que ele enviaria para habitar sua Igreja de modo perene, assim, não diminuamos nunca essa importância. Ouvindo e obedecendo o Espírito Santo nunca damos “bola fora”, nunca agimos com estupidez ou com covardia, nunca falamos demais ou de menos, nem nos apressamos ou nos fazemos de irreverentes. O Espírito Santo sempre dá o tom adequado para que vivamos afinados com Deus, e sintonizados nele sempre estamos sincronizados com o mundo, com a vida, com o universo, para fazer e falar a coisa certa no momento certo.