sábado, dezembro 15, 2012

Música como arte cristã

  Falei em algumas postagens sobre música como ferramenta de adoração (veja os posts no link Aos músicos da igreja), contudo, acredito que seja possível e importante a produção de arte cristã, nesse aspecto, usar a música como entretenimento, como expressão artística, ainda que respeitando os limites de uma vida cristã saudável. Sinto a necessidade de existir esse tipo de arte principalmente aos mais jovens, que ainda estão formando seu gosto cultural. 
       Veja que isso não substitui a música secular, cuja apreciação penso ser possível e necessária, pelos cristãos e principalmente pelos músicos cristãos, para conhecimento da arte. Música secular de qualidade, erudita, jazz, blues, rock e mesmo pop, também pode ser ouvida, com sabedoria e ciência, sem que subverta de alguma maneira os valores cristão.
A cultura do cristão vai além da cultura dos cidadãos desse mundo. Sim, é necessário que conheçamos a arte, a literatura, as estéticas de todas as expressões, produzidas por homens sejam quais forem suas posturas religiosas, isso para que possamos ser membros produtivos e modificadores nesse planeta. Mas, além disso, os crentes evangélicos/protestantes têm cultura bíblica, um conhecimento de Bíblia, do antigo testamento, da história judaica e do novo testamento, que outras pessoas, mesmo outros cristãos, não têm.  
Se a música de adoração serve para os cultos e momentos de intimidade com Deus, uma música cristã como arte, é útil como trilha sonora para outras tantas atividades que temos que desempenhar durante a maior parte do tempo. Para isso interessa que se produzam peças, que até podem ser usadas para adoração, mas que servem melhor para ser ouvidas no carro, no ambiente de trabalho, enquanto se estuda, enquanto se faz as atividades domésticas. Nesses casos, ritmos e harmonias direcionados para faixas etárias e culturais podem ser usados, diferentes daqueles usados para a adoração da igreja, onde estilos que agradam a maioria são mais convenientes.
Para um migrante nordestino convertido, não é agradável ouvir um forró, com uma letra contando a história de um dos heróis do antigo testamento? Para um jovem não é divertido apreciar uma guitarra pesada e técnica acompanhando um testemunho? Para pessoas maduras e de cultura mais refinada, não seria prazeroso ouvir um trio de jazz fazendo a “cozinha” para um salmo? Pois é, ritmos diferentes daqueles usados para a adoração e louvor, mas empregados na produção de uma música cristã mais eclética, mais artística.
Além de ser usufruto cultural de cristãos, esse tipo de música também é mais adequado para o evangelismo, pode perfeitamente ser tocado numa estação de rádio secular sem “chocar” e ainda assim conseguir compartilhar o Evangelho. Além do estilo musical, para esse tipo de música, se encaixam letras de testemunho e de convite à salvação, letras mais subjetivas, mais poéticas, “secularizadas” no melhor sentido do termo.
Contudo, como crente e músico com alguma experiência e vivência, permita-me fazer uma ressalva, e digo isso principalmente aos mais novos (está bem, digo também aos mais velhos já que todos somos sempre aprendizes): produzir e consumir arte cristã requer cuidado, equilíbrio. Que hajamos com precaução com nossas almas, sabendo que o alimento que advém da leitura da palavra e da adoração, é prioridade para uma boa saúde espiritual. Portanto nada pode substituir isso.
Acredito que não podemos nos alimentar de alimento mais pesado o tempo todo, às vezes é importante um alimento mais leve. Bem, música cristã como arte se propõe justamente a isso, ser um alimento espiritual mais leve, e ainda assim fazer bem ao nosso espírito e bastante a nossa alma.
Obviamente, como linguagem mais artística, é preciso que aqueles que façam esse tipo de música sejam mais técnicos assim como proprietários de uma identidade musical verdadeira. Quem passou a vida ouvindo música sertaneja, deve compartilhar música regional, e não rock. Jazz deve ser tocado por quem domina o estilo, assim como música instrumental erudita por quem estudou bastante seu instrumento. Mas no gênero “pop” há espaço pra todos, já que pop pode ser qualquer coisa, já que mistura tantos estilos que não pode ser encaixado especificamente dentro um.
E você, o que acha de música como arte cristã (ou música cristã como arte)? Existe espaço em sua vida para apreciar isso? Ou você prefere ouvir música de adoração o tempo todo? Não, aqui não existe qualquer apologia à secularização ou a uma vida espiritual mais fria, o que estou tentando compartilhar é que um crente maduro e contextualizado pode servir melhor a Deus, valorizando cultura e arte. É, meus irmãos, Deus tem muito mais pra nós do que nós muitas vezes achamos e queremos, Deus é perfeito em tudo.
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