quinta-feira, março 02, 2023

O diabo muda (1/2)

      “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.Gálatas 5.19-22

      O mundo hoje tem pessoas em níveis espirituais diferentes, esses níveis são diferenciados não pelas virtudes que as pessoas praticam e devam praticar, objetivos morais são os mesmos para todos sempre. A diferença está no tipo de “pecado” que as pessoas têm que superar para poderem ser virtuosas. Paulo dá uma relação de “pecados”, digamos assim, no que denomina obras da carne, opondo-se ao fruto do Espírito, citado no singular, mas que compreende um grupo de virtudes, conforme texto bíblico inicial. 
      As obras da carne são efeitos de escolhas erradas nossas, o fruto do Espírito é o efeito da obra de Deus em nós quando fazemos a escolha certa. Quando pecamos o fazemos por nossa exclusiva vontade, quando somos virtuosos duas vontades se associam, a nossa, querendo não pecar e permitindo que o Espírito Santo nos ajude nisso, e a vontade do Espírito Santo, manifestando as virtudes, o seu fruto, em nós. Se no pecado estamos sozinhos, nas virtudes Deus nos auxilia, assim só serão virtudes se houver também a ação de Deus. 
      O ponto importante do texto bíblico inicial ensina, não sobre os efeitos, aquilo que o homem pode ou não praticar, mas sobre a causa que o leva a praticar isso ou aquilo, a causa é a presença do Espírito Santo. Isso, ainda que com uma experiência real com o Espírito de Deus o homem possa errar, e mesmo que o homem não creia em Deus e nunca tenha provado comunhão com seu Espírito de forma plena, possa levar uma vida moralmente equilibrada, pelo menos socialmente, na aparência, naquilo que as pessoas veem. 
      O pecado mais importante do homem, do qual se origina todos os outros, é não crer em Deus. O ser humano poderá ter uma vida correta se não crer em Deus? Sim, mas só através de suas próprias forças, e ainda que vença certas fraquezas estará em trevas, mesmo que tenha certos controles terá uma alma perturbada, sem paz interior. Crer em Deus não é só acreditar em sua existência, mas confiar a vida a ele, receber perdão dele, fazer sua vontade, isso persistentemente até o fim da jornadas humana neste mundo. 
      O “diabo” mudou e muitos cristãos não perceberam. Por que ele mudou? Porque o homem mudou, sim, meus queridos irmãos evangélicos, por mais difícil que seja para muitos entenderem isso, o “diabo” não é um conceito absoluto, como é Deus, imutável nas virtudes mais elevadas, o “diabo” muda com o tempo. Para melhor? Por um lado até poderíamos dizer que sim, mas por outro lado pode se tornar mais sofisticado e sutil, assim, mais difícil de ser identificado. Se o pecado no homem muda o “diabo” muda também. 
      Como já dissemos, nossas mentes são receptores de ondas espirituais, comparando com frequências as mais baixas sintonizam espíritos malignos e a mais alta o Espírito Santo. Espíritos malignos fazem “trabalhos” distintos, mais ou menos conforme as obras da carne de Gálatas 5.19-22quando queremos um pecado um demônio específico pode entrar em sintonia conosco. Mas o fruto do Espírito Santo é citado no singular porque só há um Espírito, assim, sintonizados em sua frequência temos acesso a todas as virtudes.
      Vemos essa mudança do pecado e do “diabo” verificando o estilo de vida do homem antigo, de guerras sangrentas e constantes. Como você acha que era a psique de um ser humano que vivia numa sociedade que banalizava a violência e a morte? É certo que podia haver um contrapeso, o homem antigo era menos sensível que somos atualmente, assim era menos impressionado pela barbárie. Mas eis outra coisa que evangélicos precisam aceitar, quem deu evolução ao homem, mesmo moralmente, não foi a religião.
      Não estou me referindo a Jesus, esse foi, é e sempre será o caminho reto e direto para o Altíssimo, contudo, o catolicismo e o protestantismo não entregaram esse Cristo puro à humanidade, por isso a providência usou a ciência para colocar o homem novamente em sua trajetória evolutiva. Vivemos um tempo especialmente difícil, onde a velha ordem do cristianismo resisti à nova ordem da ciência, um conflito inútil. Quando essa guerra tiver fim, e quem tem que finda-la são os cristãos, Jesus será exaltado. 
      Quando me refiro à ciência me refiro à medicina, psicologia, antropologia, pedagogia, à ciência política e tantas tecnologias que tiraram o homem do trabalho duro do campo e o levaram aos centros urbanos. Essas ciências conduziram a humanidade a uma evolução civilizatória, trouxe a democracia, desconstruiu o sexismo, acabou com a escravidão, o homem parou de temer o “Deus” da igreja. Ainda temos problemas e o cristianismo não entendeu que seu lugar não é opor-se à ciência, mas houve evolução.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

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