“Amados, não estranheis a provação que como
fogo vos sobrevém, como se vos estivesse acontecendo alguma coisa estranha. Mas
alegrai-vos por serdes participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também
vos alegreis e exulteis na revelação da sua glória.
Se sois insultados por causa do nome de Cristo, sois abençoados,
porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus. Mas nenhum
de vós sofra como homicida, ladrão, praticante do mal, ou como quem se
intromete em negócios alheios. Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe
disso; pelo contrário, glorifique a Deus com esse nome.”
I Pedro 4.12-16
A
vida cristã é um hospital, isso não é novidade. Apesar dos pecados serem
perdoados e esquecidos, que nos dá direito à paz e às bênçãos de Deus, as
feridas emocionais adquiridas na vida e nesse mundo, são curadas através de um
processo que pode durar anos. Deus é médico paciencioso, cuidadoso, carinhoso,
sabe onde mexer e quando mexer, ele não trata tudo de uma vez, trabalha aos
poucos em nossa vida. O Senhor espera que estejamos fortes, para tratar dos
assuntos mais sérios, de outra maneira não suportaríamos. Por isso às vezes nos
surpreendemos quando parece que uma situação estabilizada, se transforma numa
crise desproporcional, mas nesse momento devemos confiar, Deus está no
controle, se fizermos a nossa parte, ele fará a dele.
Quando
Deus nos trata, quando ele nos leva para o deserto, quando ele quebra o vaso, e
seja lá qual for a simbologia bíblica que usemos, as quais o Espírito Santo
permitiu que fossem registradas nas escrituras com tanta sabedoria, atemporais
e profundas que são, é tempo de fim, de uma fase, mas de início de outra, muito
melhor. Então por que a dor, o medo, um sensação terrível de algo que
desconhecemos e não sabemos para onde nos levará? Porque é da natureza humana
acomodar-se, nos acomodamos e nos adaptamos, assim Deus às vezes tem que
balançar bastante a nossa realidade para que acordemos e cresçamos, aprendendo
coisas novas, recebendo cura muitas vezes de doenças que nem sabíamos que tínhamos,
e então nos tornemos homens melhores.
Todavia,
existe um perigo, nesses momentos de crise, quando na verdade é um tempo onde
Deus nos coloca na mesa de cirurgia para nos tratar: nós podemos dizer não a
Deus, podemos nos negar a sermos tratados. Como sempre e em tudo, o Senhor
sempre pede a nossa autorização, antes de mexer em nossas vidas, se não
autorizarmos ele não mexe. Contudo, se Deus pede para mexer é porque o tempo urge,
tem que ser nesse momento, quando a doença está mais preparada para ser tratada.
Se
mesmo assim dissermos não, vai ser difícil, mas teremos que seguir a vida,
teremos que sobreviver, então para resistirmos à enfermidade não sarada,
criamos uma casca sobre a ferida, uma proteção errada, já que algumas feridas não
podem ser escondidas, devem ser tratadas. Com essa casca conseguimos seguir em
frente, mas adquirimos uma aparência feia, nos tornamos insensíveis, amargos, e
nos afastamos de Deus.
Muitas
pessoas, incluindo líderes, pastores, começam bem, mas um dia, Deus pede a elas
permissão para tratá-las, então, elas dizem não a Deus, resultado: pessoas até
então humildes, sinceras, espirituais, se tornam frias, distantes, arrogantes,
e o Espírito Santo se afasta delas, elas tornam-se “cascas grossas”, pois
passam a viver com soluções humanas para seus problemas, e não com as de Deus. Quando tratamos a nós mesmos do
jeito errado, com insensibilidade e displicência, trataremos os outros da mesma
maneira.
É
difícil, mas se Deus te levar para uma situação de tratamento, deixe-se ser
curado, não resista, confie. Passe por todo o tratamento, não fuja, colocando a
culpa nos homens, criando álibis para não ser tratado, a cura que você precisa,
só Deus pode dar. Isso só acontece se ele te tratar do jeito dele, no tempo e
no lugar que ele achar melhor, caso contrário você se tornará um coração endurecido,
um rebelde, e mesmo que mantenha as aparências, o status quo, o ministério,
seguirá longe de Deus, como um “casca grossa”.
“Portanto, tendo um grande sumo sacerdote,
Jesus, o Filho de Deus, que entrou no céu, mantenhamos com firmeza nossa
declaração pública de fé. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas, mas alguém que, à nossa semelhança, foi
tentado em todas as coisas, porém sem pecado. Portanto, aproximemo-nos com
confiança do trono da graça, para que recebamos misericórdia e encontremos
graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno.”
Hebreus 4.14-16