quarta-feira, novembro 14, 2018

Somos nós que precisamos ser convencidos

      “Louvarei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.” Salmos 34.1
      “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.Mateus 7.7
      “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” Mateus 24.13
      “Orai sem cessar.I Tessalonicenses 5.17
      
      Não é Deus quem precisa ser convencido, o Senhor sabe tudo e sempre, mas somos nós, que prometemos hoje e amanhã nos esquecemos do que prometemos que precisamos. Por isso a insistência no pedido, a repetição da oração, a renovação do louvor, a persistência na consagração. Se soubéssemos de fato o que estamos falando, se vivéssemos de verdade o que sabemos que é o melhor pra nós, se prometéssemos e cumpríssemos nossas promessas, se créssemos no Deus para o qual oramos, uma vez bastaria. Depois viveríamos santos e adorando a Deus num momento eterno, isso, contudo, só ocorrerá na eternidade. Na eternidade não haverá esquecimento porque não haverá tempo, e não haverá tempo porque não haverá morte.
      Por que nos esqueçemos? Por causa da morte que recebemos quando o pecado, a partir do original, mas também aquele de cada um de nós de cada dia, mata nosso corpo e nossa alma. Mesmo os convertidos, cujos espíritos receberam vida eterna do e no Espírito Santo, seus corpos físicos e almas humanas, os centros das emoções e dos pensamentos, envelhecem a cada dia, envelhecimento é o processo de morte. Esse envelhecimento nos faz fracos, cansados, e a princípio nem é um enfado físico, mas espiritual. O jovem tem paixão, tem forças, mas se deixar-se levar pela natureza se afastará de Deus, se esquecerá dos princípios de vida do Senhor. Assim, é preciso insistir em querer ser espiritual, em querer ouvir e obedecer ao Senhor, em crer.
      O que acha que fazer corrente de oração, promessas, subidas ao monte, séries se cultos, jejuns, ou qualquer ritual repetitivo como maneira de acumular crédito diante de Deus para então ter direito de receber resposta de algum pedido, na verdade só enfatiza mais a própria incredulidade. Ao que crê, uma vez basta, uma segunda talvez para tentar fazer Deus mudar de ideia ou para abrir os ouvidos para entender uma resposta que Deus já deu. Deus responde na primeira vez que oramos, quando insistimos ou é porque não concordamos com a resposta ou porque não a ouvimos direito. É claro que o processo humano da insistência, que chamamos de tantos nomes, é espiritualmente salutar, e repetindo, para o homem não para Deus. 
      Na insistência nos consagramos mais e isso nos deixará mais prontos para ouvir a vontade de Deus, seja ela qual for. O Senhor, também, em sua misericórdia, aceita nosso “trabalho”, o Senhor entende nossa fraqueza, o Senhor é pai de amor, e esperará com paciência até que estejamos prontos para entender ou para aceitar. Mas mais que isso, conhecedor de nossa humanidade, Deus sabe que o tempo neste mundo é diferente, que o processo é mais lento, e que na nossa insistência em nos levantarmos sempre que cairmos, adorarmos, mesmo quando tantas vezes nos esquecemos de agradecer, e crermos, mesmo já tendo visto o Senhor responder nossas orações tantas vezes, nessa persistência, o espírito vence a carne, o diabo é envergonhado, e o nosso caráter é construído.

terça-feira, novembro 13, 2018

Deus das grandes e das pequenas coisas

      “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos.Provérbios 3.5-8

      Meu Deus é o Deus das grandes coisas. O planeta Terra está em suas mãos, a humanidade caminha sob a guarda de seus olhos, os sistemas, políticos, econômicos, sociais, inclinam-se para onde manda a sua vontade. Um presidente não é eleito, mesmo o injusto e cruel, um monarca não cai, mesmo o que imperou por anos com dureza, sem que o Senhor permita. O mundo invisível, toda a sorte de criaturas espirituais, arcanjos, serafins, querubins, anjos, demônios e diabos, não se manifesta a não ser que Deus queira. A natureza, os ventos, as águas, assim como os corpos celestes, a Lua, o Sol, meteoros e tudo o mais que existe no universo, têm seus trajetos, suas hierarquias, seus brilhos, seus inícios e seus fins, de acordo com o plano que o Senhor traçou no começo dos tempos.
      Mas meu Deus também é o Deus das pequenas coisas. Uma folha não cai da árvore, um passarinho não voa, os animais selvagens, dos maiores aos menores, répteis, insetos e roedores, não vivem de um dia para o outro sem a permissão do Senhor. O ar que entra em meu nariz e boca, e me permite viver, chega a mim porque Deus o deixa vir, limpo e saudável, quando dirijo meu carro não sofre um acidente, porque Deus me guarda, e se preciso de algo, um bem, mas tenho pouco dinheiro, Deus me leva à loja certa, onde o que eu preciso eu posso adquirir com um preço que posso pagar. Um vírus ou uma bactéria, perniciosos, não entram no corpo de minhas filhas e de minha esposa, causando uma enfermidade mesmo possível de levar à morte, porque o Senhor, com seu manto de poder e amor, as envolve e protege, de maneira que vençam no dia a dia do mundo com saúde.
      Meu Deus é Deus de vida, de vitória e de paz, e protege a todos, mesmo aos que escolhem andar longe dele e próximos dos poderes do mundo e do inimigo, mas o Senhor trata de maneira especial, tanto neste mundo quanto no outro, aqueles que se humilham diante dele e entregam suas vidas com alegria e confiança a ele. O Senhor dá a cada dia a porção de felicidade e de esperança para aqueles que se limpam com o sangue do cordeiro, que buscam em arrependimento serem seres humanos melhores e que nunca desistem de perseverarem no caminho do evangelho. Deus é Deus das grandes e das pequenas coisas para aqueles que o adoram por tudo que lhes acontece, as coisas grandes, as pequenas, conscientes que nada acontece a eles sem que Deus queira.

segunda-feira, novembro 12, 2018

A gota d’água para alguém

      “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Hebreus 4.15-16

      Tenhamos cuidado, que andando num caminho sem sabedoria, sem respeito para com as pessoas, sem humildade para com tudo, sempre exigindo e nunca ofertando, o bem, sempre se apressando e nunca deixando pra lá, o julgar mal, sempre sem paciência e sem misericórdia, tenhamos cuidado. Que não colhamos o fruto de tanto egoísmo no pior momento, quando mais estivermos fragilizados e necessitados de graça, aquela virtude que oferece sem nada pedir em troca ou sem ver no recebedor algum crédito que o faça merecedor de uma dádiva.
      Tenhamos muito cuidado, podemos achar alguém mais cruel, mas mais honesto em exteriorizar aquilo que tem no coração, alguém que se coloque, mesmo inconscientemente, como a ferramenta do serviço sujo da vida, alguém que reaja violentamente à nossa estupidez, alguém para o qual seremos a gota d’água que enche o copo da ira da justiça. Se isso acontecer, não adiantará a nós reclamarmos, mas só colher o fruto amargo da colheita de semente amarga que tão insistentemente plantamos.
      Não vou encerrar esta reflexão assim, com um palavra dura que eu mesmo sei que mereço ouvir, o consolo está no texto inicial de Hebreus. Não importa no ponto do camino errado que estamos, se no início, no meio ou no fim, importa que o encerremos, agora, para então nos aproximarmos do Senhor confiantes que ele pode perdoar nosso pecado, destruir a semente ruim que levamos no coração, e substituí-la por uma semente doce, para que plantemos e colhamos frutos igualmente doces. 
      Deus não é um juiz frio e distante, não o Deus do cristianismo, o Deus verdadeiro. O Deus do cristianismo se fez homem em Cristo, isso confere a ele conhecimento da natureza humana na prática, assim como muito amor, para entender nossas fraquezas e nos dar uma nova oportunidade. Que não sejamos a gota d’água da ira de alguém, mas um copo transbordante de misericórdia, tratando os outros como gostaríamos de ser tratados, querendo achar e achando o melhor nos corações.

domingo, novembro 11, 2018

Paixão, amor, sexo e casamento

      “Quão formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos das tuas coxas são como jóias, obra das mãos de artista. O teu umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como montão de trigo, cercado de lírios. Os teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela. O teu pescoço como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim; o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para Damasco.
      A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça como a púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças. Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias! Essa tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. Disse eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs, e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes.
      Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim. Vem, ó amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se estão abertas as suas flores, e se as romanzeiras já estão em flor; ali te darei o meu amor. As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.”
Cânticos 7

      Sexo, um assunto que o ser humano dificilmente dá a importância correta, ou dá relevância demais, ou de menos. A grande maioria de nós somos sexualmente desequilibrados, e só aprendemos a verdade sobre o tema no fim da vida, não como escolha, mas como falta de outra opção melhor. O mundo chama sexo de amor, mas na maior parte das vezes está se referindo só à paixão, quando a poesia secular diz, “é preciso amar”, está querendo dizer, “é preciso se apaixonar”. O amor sacrificial e eterno do evangelho nada tem a ver com a busca de prazer egoista e passageira que os homens chamam de amor, e que é apenas sexo superficial. 
      Sexo casual, liberdade para se ter prazer quando, onde é com quem se quer, sem haver necessidade de compromisso, de amor de verdade, mas apenas de desejo, do corpo e da alma, é uma mentira, uma das maiores da agenda do mal. Por quê? Porque na prática é simplesmente impossível. Os que dizem que é possível mentem, em primeiro lugar a si mesmo, e eles sabem disso. Essa prática leva o ser humano a mudar de gênero, passa de homem ou mulher a adúltero ou adúltera. Promíscuo pode ser um adjetivo, pela língua portuguesa, mas moralmente é um tipo de ser, diferente do humano original, é um ser degenerado, cujos valores morais e espirituais foram corrompidos. 
      Os motivos que levam um ser humano a fazer e usar sexo da maneira errada são vários? Acho que não, algo que entrega tanto prazer com certeza é usado para enganar a dor, aquela dor peculiar a todo ser humano. A maioria não quer sexo por dar prazer, mas por fazer esquecer da dor, mesmo que por pouco tempo. Dor pela solidão, pela carência de companhia ou de aprovação, dor que nasce no espírito, que contamina a alma e finalmente acha no corpo uma solução fácil e rápida, nos vícios, nas bebidas e nas comidas, mas principalmente no clímax que uma relação sexual proporciona. Isso confere alguma legitimidade ao sexo errado, mas não para sempre, é preciso crescer, deixar pra lá quem nos machucou, nos distanciarmos dele, nos libertarmos dele, procurar não repetir os mesmos erros dele, nos curarmos das obsessões para então administrarmos sexo e amor de uma maneira melhor.
      É preciso querer fazer as coisas do jeito certo, amar alguém de verdade e num compromisso duradouro, evoluir nesse compromisso, aceitar o envelhecimento físico e não achar que se pode ser jovem para sempre, nem pensar que envelhecimento é ruim. É preciso fazer alianças e ser fiel com elas, um adúltero não será infiel apenas com companheiros de sexo, mas com tudo, ele tem um defeito de caráter que precisa ser resolvido. Não, não é um processo fácil, muitos de nós casam-se e descasam-se, oficialmente ou não, por vezes, antes de assumir que só nós somos responsáveis por mudar nossos caminhos e que não adianta nós fazermos de vítimas e colocar a culpa nos outros, na vida, ou até em Deus. 
      O que Deus pensa sobre sexo? Se quer saber, ele não dá tanta importância como nós damos, ocidentais doutrinados pela moralidade católica, damos, e quando me refiro à moralidade e valores pseudo-espirituais católicos incluo protestantes e evangélicos, não pense você, “crente”, que está livre disso. Nas raízes da grande seita pagã católica está o pensamento herege que prazer é pecado, um desvio natural para quem se afasta do Espírito Santo, como referência verdadeira e espiritual sobre santidade, mas que não tem coragem de quebrar de vez sua ligação com o cristianismo e acaba criando uma religião que ritualiza ícones cristãos, e não o Cristo de fato. 
      Damos importância demais ao sexo quando achamos que Deus só aprova casamento oficializado pela lei ou pela religião, e não o compromisso de dois seres humanos que se amam de fato e estabelecem uma aliança de fidelidade que perdure. Damos importância de menos quando achamos que só porque não era uma relação legalizada ou com cerimônia religiosa prévia, podemos quebrar e estabelecer outra, sem nos sentirmos adúlteros ou “divorciados”. Deus vê e julga conforme o coração, não legalizar relação conjugal não tira da relação uma legitimidade de casamento, até a lei vê dessa maneira, portanto muitos que batem no peito se dizendo apenas namoradores, e não “divorciados”, são na verdade pessoas que já tiveram muitos casamentos, mas ainda não têm um cônjuge de fato. 
      O que diferencia namoro de casamento? Sim, é sexo, a relação mais íntima que um ser humano pode experimentar com outro ser humano. Nesse aspecto sexo é algo muito especial, único, exclusivo, que deveria ser tratado com muito, mas com muito cuidado. Qual o ideal, o mais sábio, o que eu ensino para meus filhos e para os jovens? Ensino que a vida é bem mais que sexo, que eles devem estudar e muito, trabalhar, para que tenham uma vida financeira independente. Liberdade, de verdade, está ligada à independência financeira, e não a “faço porque desejo”, querer é poder quando se pode pagar por isso através de uma vida responsável e que assume o que acredita e suas consequências. 
      “Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher” (Marcos 10.7), a primeira parte desse versículo diz tudo, deixará o homem a seu pai e a sua mãe, isso significa independência, quando isso ocorre não estamos mais sujeitos a orientação direta de nossos pais, ainda que seja sábio e coerente levarmos uma vida semelhante com a daqueles que nos criaram de perto e com amor. Assim, vida profissional é muito importante, nos dá independência e pode nos conduzir por esse mundo, a lugares bem diferentes e distantes da casa de nossos pais. Nesse caminho mudamos assim como muda aquilo que queremos para nós, incluindo o ideal de esposa ou esposo.
      Quando damos prioridade à vida profissional, em nossa juventude, antes do casamento, damos também à vida uma oportunidade de nos apresentar pessoas muito mais adequadas a nós, não só com valores em comum com aqueles recebemos em casa de nossos pais, mas também com os da nossa vida adulta, como profissionais. A pressa em se casar, pressa que muitos líderes religiosos e pais têm com os jovens, tudo por darem a sexo e procriação importância demais, leva casamentos serem feitos entre pessoas que ainda não estão prontas em si mesmas. Assim, quando a vida passa, quando a carreira profissional chama, quando elas mudam, percebem que se uniram a pessoas que nada têm a ver com elas.
      Contudo, que bom seria se nós pudéssemos esperar em Deus, crescendo e nos conhecendo, de maneira a só nos entregarmos totalmente, emocional e fisicamente, para aquela pessoa pela qual estivéssemos totalmente apaixonados, respeitando a nossa integridade e a da outra pessoa. Então, depois de conhecer tal pessoa, e de nos prepararmos financeiramente, nos casássemos debaixo da bênção da sociedade com a qual convivemos, na igreja que comungamos, em paz e desejando experimentar uma aliança fiel até o final de nossos dias neste mundo. Como seria bom se acontecesse dessa maneira para todos nós.

sábado, novembro 10, 2018

Êxodo 14

      Uma das passagens mais épicas do cânone bíblico, se não o maior milagre realizado, o mais famoso. Havia necessidade de tanto alarde? Sim, havia, foi a libertação de um povo, que agora, mais que uma família, era uma nação, partindo para a terra prometida por Deus. Esse acontecimento, da maneira que Deus fez, marcou a história de uma nação escolhida pelo Senhor para mostrar ao mundo, seja pela antiga aliança, seja pela nova e eterna em Cristo, a salvação. O que podemos aprender sobre as nossas vidas, nossas lutas, e a maneira como Deus age, com o capítulo 14 do livro de Êxodo?

- A estratégia de Deus:

      “Então falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que voltem, e que se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar. Então Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim.” (versos 1-4)


      Diante de um problema em nossas vidas, Deus tem um plano para resolvê-lo, um plano que glorificará seu nome e deixará bem claro diante de todos, que ele é real, vivo, poderoso e age em prol daqueles que nele confiam. Tenhamos certeza disso, quando diante de um problema e perante o Deus que chamamos de Senhor e pai. Para realizar esse plano, Deus usa de estratégia, manobras inteligentes e que às vezes, à primeira vista, não parece a nós, seres humanos limitadíssimos, simples. Deus é complicado? Não, ele é complexo, e sobre algo que nos parece ser só um problema presente nosso, ele pode atingir objetivos bem mais abrangentes, no espaço e no tempo. Assim, algo que pode nos parecer um retrocesso, uma volta atrás no caminho, pode ser uma estratégia do Senhor, para confundir os que se colocam como nossos inimigos. Veja que o coração do faraó estava duro porque o próprio Deus o endureceu, quem não anda com Deus com certeza não consegue entender isso e talvez até se revolte contra o Senhor num visão espiritual mais curta.


- O que se coloca como inimigo do povo de Deus é enganado pela própria arrogância:


      “Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia, mudou-se o coração de Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que não nos sirva? E aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo; E tomou seiscentos carros escolhidos, e todos os carros do Egito, e os capitães sobre eles todos. Porque o Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão. E os egípcios perseguiram-nos, todos os cavalos e carros de Faraó, e os seus cavaleiros e o seu exército, e alcançaram-nos acampados junto ao mar, perto de Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom.” (versos 5-9)


      O faraó, que depois das pragas enviadas por Deus, tinha autorizado Israel a partir do Egito, arrepende-se. O mal é assim, sem palavra, traiçoeiro, os que se colocam como nossos inimigos, e que deixam que o mal domine seus corações, se tornam iguais, neles não devemos confiar nunca. Mas Deus não estava provando somente a fé de Israel, Deus também provaria o Egito. Se eles tivessem sido humildes e deixado Israel ir, a perda que eles tiveram com as pragas já teriam sido suficientes, mas como insistiram em perseguir o povo de Deus provariam uma derrota ainda maior e mais humilhante. 


- A nossa incredulidade e dureza de coração:


      “E aproximando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor. E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, fazendo-nos sair do Egito? Não é esta a palavra que te falamos no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto.” (versos 10-12)


      Mas se os inimigos são provados para serem ainda mais derrotados, os filhos são provados para que amadureçam e cresçam na fé. Mesmo depois de tudo que Deus tinha feito no Egito para libertar Israel, ainda assim o povo enfraqueceu e desacreditou. Que criancice a de Israel falando o que falou a Moisés, culpando-o, e achando melhor viver trabalhando em escravidão que ser livre pela fé. Assim somos nós, nunca aprendemos, por mais que o Senhor nos abençoe, quando um novo problema surge nós esquecemos o passado e só vemos um futuro ruim.


- No meio da batalha convém acreditar e obedecer:


      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros. E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pós atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.” (versos 13-20)


      O Senhor pelegerá por vós e vós vos calareis, uma das frases mais poderosas da Bíblia. Naquele episódio, a batalha seria vencida só por Deus, ao povo bastaria apenas crer e obedecer. Não era algo que o homem poderia fazer, algo mais ativo, e em algumas ocasiões de nossas vidas nós estamos totalmente impotentes. Eu disse algumas, porque na maior parte das vezes Deus, em sua graça, faz uma sociedade conosco, ele faz a parte dele à medida que nós fazemos a nossa. Mas nessa experiência de Israel, bastaria a eles ter fé. A solução da questão seria através de uma ação extraordinária do Senhor? Sim. Sobrenatural? Não sei, e nem importa, se algum fenômeno geológico ocorreu coincidentemente no momento que Israel precisou atravessar o mar, Israel não sabia disso, mas quem disse que coincidência não é milagre? Eu quero mais é experimentar coincidências assim quando orar a Deus pedindo solução de um problema. Acho muito bonito o antagonismo da nuvem, para os egípcios era trevas, para Israel era luz, que metáfora maravilhosa da ação de Deus. A libertação do Senhor confunde os incrédulos, mas alegra e conduz os crentes à vitória.


- O milagroso livramento do Senhor:


      “Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios os seguiram, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios. E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e dificultosamente os governavam. Então disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.

      E disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retornou a sua força ao amanhecer, e os egípcios, ao fugirem, foram de encontro a ele, e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar, Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou. Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda. Assim o Senhor salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao Senhor, e creu no Senhor e em Moisés, seu servo.” (versos 21-31)


      Qual milagre Deus fará para livrar você? Não importa, mas acredite, se isso for preciso e só isso for o suficiente, o Senhor fará. Dessa forma não se preocupe com a aproximação dos inimigos, se você está obedecendo uma ordem de Deus continue firme. As águas se levantam nos teus lados, como paredes sobrenaturais? Isso parece terrível, te assusta? Não tema, é Deus agindo, e elas continuarão assim enquanto for necessário, depois que você passar elas voltarão ao seu curso natural. Então, aquilo que foi livramento para você será o castigo dos que te perseguem, a vingança do Senhor contra aqueles que desejam, de alguma maneira, oprimir e aprisionar os filhos legítimos de Deus. Mas depois dessa grande libertação, ao filho obediente, só resta entrar em Canaã e ser feliz. 

sexta-feira, novembro 09, 2018

Querer e poder

      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.Eclesiastes 9.10-11

      Alguns, nas igrejas, nos ministérios, querem trabalhar na obra, fazer as coisas, coisas boas, mas coisas que não estão preparados para fazer. Por quais motivos? Alguns por vaidade, para mostrarem que são isso ou aquilo, mas muitos por falta de conhecimento mesmo, por uma ingênua e equivocada interpretação de suas capacidades, até tomam a iniciativa, mas sem preparo. Outros, contudo, possuem as capacidades, a inteligência, mesmo, a chamada de Deus, já estão preparados e há muito tempo, mas não fazem o que poderiam fazer, simplesmente porque não querem. Isso por qual motivo? Por acharem que é muito pouco para eles, que fazer tais cosas é desprestigia-lós, nesses também existe a vaidade, mas também pode existir a descrença, a desesperança, de quem pensa que não vale a pena fazer porque não vai dar em nada. 
      Querer e poder, uns querem, mas não podem, outros podem, mas não querem, é muito triste quando o necessitado do auxílio desses somos nós, vermos quem devia estar servindo a Deus e ao próximo, servindo a si mesmos ou a ninguém. Os primeiros nos dão falsas esperanças, prometem e não cumprem, até começam a caminhar conosco, mas no meio do caminho desistem. Desistem porque não estão preparados para servir. Os segundos nos enganam pela aparência, de cara nós os reconhecemos como capacitados para nos auxiliar, assim a iniciativa é nossa, nos prontificamos a estar com eles, mas eles nos desprezam, podem, mas nada fazem. Esse estão ocupados em aprofundarem-se na teoria, no conhecimento intelectual da Bíblia, mas não em viver, de maneira simples e objetiva, o evangelho.
      “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”, a primeira parte do texto de Eclesiastes responde à questão com sabedoria e equilíbrio, façamos tudo conforme as nossas forças, isso não estabelece o limite mínimo, mas o máximo, e o máximo relativo a cada um. Cada um tem um limite pessoal máximo de forças e é esse limite que nos será cobrado, não o do outro, mas o nosso. Esse limite será suficiente para que Deus nos use para abençoar aqueles que Deus manda para que abençoemos. Que Deus nos ache assim, voluntários, mas pelo Espírito Santo, capazes, mas com um coração de servo humilde, trabalhando, mas em Deus e para Deus, abençoando os pequeninos do Senhor, tão carentes de quem os pastoreie em amor e os ajude com misericórdia.

quinta-feira, novembro 08, 2018

Que morte veremos?

      “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” João 8.51

      Que morte veremos? Que morte queremos? Que morte merecemos? Não existe só uma morte, existem várias, seres humanos diferentes provarão mortes diferentes, uns menos mortes que outros. A morte física, nela o coração para, o cérebro não funciona, pode haver a falência generalizada de órgãos, precisamos aceitar que ninguém morre por estar bem, algo ruim acontece ao corpo para que ele deixe de funcionar e haja a morte. Junto dessa realidade vem a dor, o que deixa de funcionar dói, um enfarte causa uma dor terrível, mas se ele for fulminante e ocorrer enquanto dormimos, talvez seja a morte menos doída. 
      A morte emocional, um suicídio lento, que nasce de uma profunda tristeza, causada por muita frustração ou trauma, que leva a uma crise depressiva que finalmente desligada a pessoa de qualquer desejo de prazer, de felicidade, de querer continuar existindo como indivíduo produtivo e positivo. Essa talves seja a pior morte, que trará consequências ao corpo, e que poderá levar a um fim lento e agonizante, senão a um suicídio de fato, rápido, a pior violência que alguém pode cometer.
      A morte espiritual, essa não é escolhida, não é futura, mas é o caminho do ser humano adulto e lúcido que ainda não escolheu ser filho de Deus. Crianças e deficientes intelectuais, assim como inocentes, em vários lugares do mundo, mesmo alguns indígenas, eu acredito que não precisarão fazer a escolha, enquanto permanecerem assim, não provarão morte espiritual. Mas essa é a única morte que as pessoas podem evitar, e que em alguns casos, na geração dos que provarem o arreabatamento, a escolha livrará os homens também da morte física.
      A morte que Jesus se refere no texto incial é, a princípio, a morte espiritual, mas confesso que o que me levou a refletir sobre o tema, foi a morte física. Vivi recentemente a morte de um parente próximo que sofreu por dez meses na u.t.i. antes de partir, foi muito dolorido, para ele e para a família. Muitas coisas passaram por minha cabeça, mas principalmente o medo de ter uma experiência semelhante, longa e dolorida. Assim, perguntei ao Senhor por que alguns têm que sofrer tanto assim para “desencarnar”, a resposta que Deus me deu foi o texto de João 8.51.
      Se Deus tem um propósito com tudo que acontece com todos os seres humanos, nos momentos que antecedem a morte física esse propósito é ainda mais urgente, é a última oportunidade para a pessoa acertar a vida. Quem teimou em não acertar no “dia normal de trabalho” pode precisar de “horas extras” para isso, dessa forma, infelizmente, muitos têm partidas complicadas por conta de toda uma vida complicada que escolheram ter. Se queremos ter uma morte física minimamente dolorosa, tenhamos uma vida correta, dentro do possível que podemos ter. 
      As pendências que levam a “horas extras” dizem respeito a como nos relacionamos com Deus e com nós mesmos, mas muito a como agimos com os outros. Dar e pedir perdão é a única maneira de nos acertarmos com todos, “horas extras” sempre existirão para que exerçamos o perdão que ainda falta. Dessa forma, peçamos e concedamos perdão, e até onde nos for possível, pessoalmente, mas se não assim, ao menos, em nossos corações.
      Eu acredito que todos que fizeram o possível para acertar, que naquilo que podiam, tomaram iniciativa, mas que acima de tudo confiaram no perdão de Deus e obedeceram a voz do Espírito Santo, não provarão mortes físicas complicadas, e mesmo se alguma complicação ocorrer, terão do Senhor o consolo e a força para partirem deste mundo de maneira honrosa, sem humilhação ou solidão. Sejamos humildes antes que a morte nos quebre de vez.

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12.18

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.Romanos 8.1

      “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Hebreus 9.27-28

quarta-feira, novembro 07, 2018

Confessando o pecado

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.I João 1.8-9

      Das bases da nossa fé, um dos fundamentos do evangelho, a porta de entrada para a comunhão com o Deus verdadeiro: assunção do pecado pessoal, confissão dele diante de Deus e posse do perdão por meio do nome de Jesus, para só então seguir em paz. Nunca tente viver sem isso, se o ímpio não pode achar em nada desse mundo ou do outro algo que lhe dê satisfação maior que estar em paz com Deus, aquele que já nasceu de novo e já provou essa purificação, não conseguirá viver sem se acertar com seu Senhor. Confessemos, com todo o coração, com todo o entendimento, sintamos o quanto o pecado desagrada o Espírito Santo que habita-nos, e então creiamos, com fé, que Deus perdoa e esquece, e que nada e nem ninguém pode nos condenar ou culpar depois. Glória a Deus que é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça!

terça-feira, novembro 06, 2018

Só ouvimos a sabedoria quando a catarse termina

      “E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.I Reis 19.11-12

      Passamos grande parte de nossas vidas falando a nós mesmos, tentando nos convencer de algo que no fundo não aceitamos, não acreditamos, mas que achamos que é o melhor pra nós por isso insistimos em dizer. Não temos consciência disso, e para continuarmos com essa obsessão podemos dizer que é a vontade de Deus para as outras pessoas, ou que é uma ideologia qualquer que oferece a melhor solução para a vida alheia. Assim, nos achamos profetas, pastores, oradores, filósofos, líderes, políticos, terapeutas, enfim, com um chamado especial e exterior para falar ao exterior. Nos convencemos  que algo maior, divino, nos leva a mostrar para os outros seres humanos algo que eles precisam e não sabem. Mas na verdade, na maioria das vezes e na maior parte do tempo, somos somente nós, falando algo que nasceu dentro de nós, a nós mesmos. Um dia, porém, se existe em nós alguma lucidez, alguma maturidade, nos cansamos, a mentira sempre cansa, a ilusão sempre entedia, o engano cria um loop que desgasta a alma e leva à lugar algum.
      Deus nos usa enquanto estamos exercendo essa catarse egocêntrica? Sim, com certeza, muitos homens ilustres, brilhantes, famosos e que ajudaram muita gente se encontravam nesse processo, mesmo escritores bíblicos como Moisés, Davi, Elias e Paulo, pra citar alguns. Se não fosse assim Deus não poderia usar ninguém, chamar nenhum pastor, levantar nenhum pregador, para alimentar seus filhos, os pequeninos do Senhor tão carentes de alimento espiritual. Dessa forma, o esclarecimento mínimo que um profeta de Deus precisa ter é que a princípio ele fala a si mesmo. Orando, estudando a Bíblia, ouvindo outros púlpitos e observando a vida real, ele percebe seus limites, suas fraquezas, suas necessidades, é influenciado pelo Espírito Santo, e se ensina. Sim, influenciado pelo Espírito Santo, porque Deus na sua graça vê a necessidade e atende, mesmo ao cego e fraco, mas que o busca com todo o seu coração e entendimento. 
      A verdade é que a catarse só acaba mesmo na morte do corpo, enquanto isso um fogo intenso alimentado por uma necessidade de atenção, de valorização, de aprovação, necessidade que adquirimos sendo injustiçados pelos homens, dentre eles nós mesmos, queima e nos faz falar e falar. Tentamos nos convencer que não precisamos provar nada a ninguém, mas isso já é querer provar alguma coisa. Tentamos nos convencer que não dependemos de ninguém, mas se há a necessidade de provar isso é porque na verdade nos sentimos extremamente dependentes dos outros. Tentamos convencer a todos que somos fortes, bonitos, originais, importantes, enfim, singulares, enquanto fazemos as mesmas coisas que os outros fazem, somos plural para sermos reconhecidos por outros que também são. Entenda que esse discurso não é necessariamente verbalizado ou convertido em texto, muitos são calados, tímidos, pouco falam de si mesmos, mas suas atitudes mostram que são pessoas que estão sempre tentando convencerem-se de algo que não são.
      Só ouvimos verdadeiramente a voz do Espírito Santo no silêncio, todavia, calar a alma talvez seja a coisa mais difícil que um ser humano possa fazer. É muito mais que parar de falar (ou de escrever...), de silenciar a boca diante dos homens, é não achar mais legitimidade em qualquer argumento, em qualquer explicação, em qualquer discurso, em qualquer emoção ou razão, é não buscar mais justificativas, desculpas, culpas ou créditos. É entender a pequenez do homem, sua impotência, sua insignificância, abrindo mão de todo orgulho próprio que faça-nos achar que temos algum direito. Veja que isso vai no caminho contrário de uma das bandeiras mais fortes da agenda do diabo atualmente, quando ele empodera o indivíduo e dá a ele todos os direitos só por ser indivíduo. Deus ama o homem, mas não o mima, Deus sabe do valor que cada ser humano tem, é quer fazê-lo feliz dando a ele liberdade para ser seu melhor, contudo, o empoderamento que Deus dá é através de Jesus. 
      Jesus deve ser empoderado em cada indivíduo para que o homem seja forte. Todavia, o indivíduo só experimenta a fortaleza de um Cristo todo poderoso vivendo nele, quando assume sua fraqueza e dependência total de Deus. Calar, dar um fim, talvez a todo um discurso, que por anos nos motivou e nos fez ser importantes, nos acharmos especiais, mas que na verdade era só catarse, nosso ego falando e falando, mas nunca parando para ouvir, seja os outros ou Deus. Nesse equívoco muitos se acham mestres, sábios, dignos de respeito e com direito de não respeitarem outros, mas tudo sempre foi só catarse, que Deus até usou, por pura misericórdia, mas que ainda assim era só um esboço grotesco da verdadeira palavra de Deus. Talvez eu e você tenhamos chegado a lugares altos, falando a nós mesmos sobre nós mesmos, mas o Senhor tem algo muito maior para nós, Deus quer nos ensinar sobre ele mesmo, sobre suas virtudes, sobre sua santidade, sobre sua divindade.
      Abramos mão daquilo que pensamos sobre isso ou aquilo, sobre o que achamos disso ou daquilo, abramos mão da nossa intelectualidade e espiritualidade, no fundo só somos entregadores de palavra humana, nisso, muitos querendo liberdade e serem donos de um conhecimento especial, acabam sendo manipulados e usados. Silenciemos nossas almas, as tantas vozes que falam dentro de nós para nós mesmos, deixemos que a voz preciosa e única do Espírito Santo se revele, uma voz mansa e educada que só fala quando as outras se calam. Eu, você, o mundo, temos ouvido vozes demais, tantas soluções, religiões, ideologias, na TV, na internet, nas redes sociais, elas não podem salvar, curar, libertar, colocar o homem no lugar melhor. O melhor lugar é nas mãos de Deus e esse lugar só achamos quando nos calamos e obedecemos a voz do Espírito Santo. A catarse, no máximo, nos esclarece sobre o problema, a solução, contudo, só a voz de Jesus pode revelar.

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catarse
substantivo feminino
  1. 1. 
    na religião, medicina e filosofia da Antiguidade grega, libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por isso, o corrompe.
  2. 2. 
    ESTÉTICATEATRO
    purificação do espírito do espectador através da purgação de suas paixões, esp. dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico.
  3. 3. 
    MEDICINA
    evacuação dos intestinos.
  4. 4. 
    PSICANÁLISE
    operação de trazer à consciência estados afetivos e lembranças recalcadas no inconsciente, liberando o paciente de sintomas e neuroses associadas a este bloqueio.
  5. 5. 
    PSICOLOGIA
    liberação de emoções ou tensões reprimidas, comparável a uma ab-reação.
  6. 6. 
    PSICOLOGIA
    efeito liberador produzido pela encenação de certas ações, esp. as que fazem apelo ao medo e à raiva.
Origem
⊙ ETIM gr. kátharsis,eōs 'purificação, purgação; mênstruo; alívio da alma pela satisfação de uma necessidade moral'
Fonte: “catarse significado” dicionário Google

segunda-feira, novembro 05, 2018

A cultura do fácil e gratuito

      Infelizmente, uma geração mal educada prefere o fácil e o gratuito, isso nas várias áreas da vida. Não me entenda errado, não estou sendo insensível com o desemprego e a diminuição de poder aquisitivo da grande maioria de brasileiros, atualmente. Em minha área profissional, sou um promotor da tecnologia musical acessível que gere trabalho, nas mãos de quem quer trabalhar, e que não custe caro. Ter o caro só por status, é vaidade burra e só promove mais vaidade. Contudo, acessível não significa de graça, é inteligente procurarmos o melhor por menos, mas conscientes que as coisas têm um preço, porque custou algo para alguém fazê-las. 
      É claro que governos, políticos e ideologias mal intencionados, têm interesse nessa cultura do fácil e gratuito, quem não paga, não pode exigir e tem que se submeter a quem dá sem cobrar. Sim, o cidadão paga impostos, e no Brasil não são pequenos, isso lhe dá direito de receber do governo certos serviços, como infraestrutura, água, luz, saneamento, vias públicas, etc. Mas precisamos entender que o melhor direito que um governo deveria dar aos cidadãos é a possibilidade deles trabalharem e receberem um justo retorno financeiro, de posse disso pode-se pagar pelo que se precisa.
      Assim, que se valorize o mérito de cada um de se esforçar, estudar e trabalhar, para então adquirir direitos, independentemente de raça, cor de pele, sexualidade, credo, etc. Receber só por ser vítima, sem ter que dar nada em troca, deveria ser um direito restrito a exceções. Os mal intencionados, todavia, atualmente inventam vitimizações, aparentemente para empoderar o indivíduo, mas na prática para enfraquecê-lo e poder manipula-lo. Uma geração é mimada pelo estado e pelos pais, recebendo muita coisa de graça, assim não aprende a pagar preços. Quando enfim precisa ter independência e pagar pela vida, sente-se injustiçada e falta com respeito com o profissionalismo alheio.
      Se achando mais do que são e achando os outros menos do que são, muitos apelam para a criminalidade, roubar é o jeito de se ter sem pagar. Essa reflexão é um chamado de atenção, em primeiro lugar a outros como eu, pais. Criemos nossos filhos de perto, não deleguemos isso a ninguém, também não os mimemos, ensinemos que a vida tem preços. Em segundo lugar é um chamado de atenção aos jovens, cuidado com o que vem de graça, no mundo físico é preciso trabalho para se conquistar as coisas com honestidade, mas isso nos confere uma honra e uma felicidade sem preços. A vida não é fácil, pra ninguém, assim não julguemos ninguém, todos pagamos nossos preços como adultos e livres. De graça só a vida eterna e o perdão, que Deus nos dá pelo nome de seu filho Jesus Cristo.

domingo, novembro 04, 2018

Uma palavra de Deus

      “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.” Salmos 119.9-12

      Em maio de 2011 senti de Deus, de maneira bem clara e confirmada, de começar a compartilhar reflexões cristãs diárias num espaço virtual, assim nasceu o blog “Como o ar que respiro”. Em quase oito anos de existência, já postei aqui quase 3.000 reflexões, já foram feitos mais de 225.000 acessos a elas, uma média de 100 por dia, a grande maioria, como você, leitores discretos e silenciosos, mas que de alguma forma têm achado neste espaço uma palavra legítima.
      Até o ano passado, chegava a programar até 60 postagens, textos que escrevia até 60 dias antes de serem disponibilizados no blog, mas no final de 2017 quase que me decidi por não fazer mais posts diários, mas só três por semana. Com o tempo todo pregador, e me permitam me colocar assim, por favor, se torna repetitivo. O Espírito Santo, todavia, agiu de forma diferente daquilo que eu pensava, e me fez depender mais ainda dele na administração do blog.
      Desde o começo deste ano, 2018, via de regra, tenho escrito uma reflexão por dia, programando num dia o que sairá no dia seguinte. Depois de escrever tanta coisa, constatei algo maravilhoso neste ano, registrei os melhores textos já postados aqui, em minha opinião. Dessa forma, já no final do ano, registrando a 309a. reflexão de 2018, quero agradecer a Deus. Não, os textos compartilhados aqui não são ficção humana, invenção de homem, doutrinamento ou religiosidade, são experiências de um ser humano tentando caminhar mais perto de Jesus. 
      Olho pra dentro de mim, acho Deus e meu ego, olho para o alto, vejo o universo e Deus, olho para fora e para os lados, vejo o mundo, o homem, o diabo e Deus, assim, não posso deixar de dar prioridade ao Senhor, ele é onipresente e onipotente, eterno e absolutamente justo e amoroso. Não pense que o cânone bíblico está isento de humanidade, não está, e é bom que seja assim, desse jeito dependemos do Espírito Santo, não de obedecer cegamente regras escritas. Assim, as palavras de todos os púlpitos, físicos ou virtuais, pentecostais ou tradicionais, a nós cabe analiza-las e reter delas o que é bom.
      Mas o cristão, temente, sincero, humilde, sempre achará uma palavra de Deus para alimentar sua alma e seu espírito, achará o consolo que lhe dê esperança, o alimento que lhe forneça forças, a verdadeira unção do Espírito Santo que faz dele não só mais um mero religioso, mas um filho legítimo do único e verdadeiro Deus. Que esse Deus alimente a todos nós, a mim e a você, com a sua palavra, sem ela nada somos, uma palavra viva, renovadora, sábia, que enche o nosso interior de um bom espanto, de uma surpresa especial, quando constatamos que Deus existe e está sempre perto daqueles que nele confiam.

      "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10.17

sábado, novembro 03, 2018

Esperança, sim, mas sem ilusões

      “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.” Efésios 5.11-17

      Desde o movimento “diretas já”, no início dos anos 1980, que desencadeou no primeiro presidente eleito desde o início da ditadura militar nos anos 1960, que eu não sentia tanto otimismo na política do Brasil. Nem a pessoa de Fernando Henrique Cardoso, como ministro da economia e depois como presidente, tirando o país de uma inflação cósmica, mexeu com meu coração como mexeu a vitória do nosso novo presidente. Achei que não viveria pra ver os princípios cristãos revalorizados, justamente depois que os anti-cristãos (entenda você como achar melhor) estavam tendo tanto poder no Brasil. 
      A mídia, liderada pela perigosa Rede Globo, com um time de jornalistas profissionais que se não forem falsos, são ingênuos, ignorância sempre aprisiona os que negam a Deus mesmo que sejam cultos, estudados e informados, enfim, a mídia se coloca como incrédula. Ela não queria uma esquerda liderada por um líder sindical oriundo da classe baixa, nunca quis, uma esquerda mais centrada liderada por um intelectual como Fernando Henrique Cardoso e outros “tucanos”, para a mídia seria mais agradável. 
      A mídia, todavia, nunca quer a direita, a direita tem valores cristãos, assim a mídia mente, diz ser contra “fake news”, mas é quem mais cria interpretações tendenciosas para atacar a direita, sempre vendo nela aquilo que pode existir de pior. Não é interessante como a mídia não diz a mesma coisa da esquerda? Para ela a esquerda é sempre equilibrada, tolerante, não preconceituosa, já a direita é sempre extremista. Direita, esquerda, democracia, comunismo, enfim, é tudo coisa de homem, e mesmo que como cristãos nós nos sintamos esperançosos com o novo líder nacional, sabemos que ele tem defeitos, contudo, uma igreja imatura que teme a Deus, ainda é melhor que o mundo falsamente lúcido, mas inimigo do Senhor. 
      Eu estou otimista, talvez por ser só um músico romântico, não um estudioso de política, o presidente eleito está montando uma boa equipe, ministro da fazenda, da justiça e segurança pública, da tecnologia, e outros, podem colocar o país no eixo, prender os ladrões, dar emprego, segurança e saúde ao povo. Mas ainda assim, estejamos com os olhos em Deus, este mundo sempre será território do mal, e se por mais de 25 anos, existiu no Brasil uma esquerda engajada e uma direita que dormia, agora ambos os pólos estão acordados.
      Isso, infelizmente, só revela uma realidade perigosa, que tende a confrontos e que pode perder o controle e gerar violência. Dizemos por tantos anos que no Brasil não existe guerra, contudo, o ser humano que existe aqui é igual ao ser humano de tantos outros lugares do mundo, a caixa de pandora foi aberta, e isso não tem volta. Penso que o cuidado que o cristão mais deve ter, a partir de agora, é de não expressar sua opinião com qualquer espécie de animosidade, de agora em diante a sociedade brasileira estará sentada sobre bombas, prestes a explodirem, assim, mais vigilância é necessário. 
      Os que se acharem no direito de fazer ou falar o que querem, só porque têm alguém do seu “lado” no poder, podem se tornar tão irracionais quanto os do outro “lado”. Oremos, acreditemos, como cristãos, esperança deve ser nosso desejo, que vem de corações benignos e crentes, mas não nos iludamos, o mal é mau, só Deus é bom, e bem pleno, só na eternidade. Eu não creio que o fim esteja próximo, como muitos pensam, mas acredito que as peças ainda estão só se posicionando no tabuleiro, muito ainda há de acontecer é o que é ruim pode ainda ficar muito pior.
      Se a esquerda teve sua chance e não aproveitou, agora é hora da direita, contudo, a direita cristã se equivoca, tentando pacificar o mundo, esse mundo não é dos cristãos, nem os cristãos são dele. A esquerda, porém, baseada em ideologias que sempre foram contra Deus, por mais que mentindo, digam não serem contra religião, empoderam o indivíduo para tirar de Deus a relevância, se o mal errou agora, ele pode voltar, com mais astúcia. E nem adianta nos preparmos para isso, a Bíblia já nos alertou que o final será terrível para a Igreja e campo livre para o diabo, para os inimigos de Deus, e para muitos desses que hoje no Brasil parecem estar fracos e sem líder. Nos preparemos sempre, mas como indivíduos, como família, como igrejas locais, e fiquemos vigilantes quanto ao estado e seus governos, maldito o homem que confia no homem.

sexta-feira, novembro 02, 2018

Sabedoria ou malícia?

      “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina.Provérbios 9.8-9

      Não confunda sabedoria com malícia, alguns se acham sábios, mas são só maliciosos, a esses é sábio nem repreender, eles não aceitam conselhos e se tornam inimigos de quem tenta aconselha-los. O malicioso pensa se precaver contra a surpresa de um mal, vendo o mal em tudo, para ele, até que se prove o contrário, deve-se desconfiar de todos e de todos esperar o pior. 
      O sábio busca o bem, e porque tem um bom coração, acaba atraindo para si os benignos, assim não precisa andar sempre “armado”, na defensiva, mas é voluntarioso para abençoar, ele sempre busca ver o melhor nos outros. O malicioso atrai o confronto, o sábio desarma aquele com más intenções e planta a paz. 
      A malícia nasce na amargura, a sabedoria no amor, o malicioso envelhece antes do tempo e acaba só, o sábio se protege, mesmo sem saber, ainda na velhice terá no rosto um jovem semblante e sempre terá bons amigos que o defenda. O malicioso se acha mestre e nada sabe, o sábio é mestre sem pretender.
      O malicioso se cansa, o sábio acha descanso, o malicioso não confiará nem em Deus, se começou no caminho do evangelho, com o tempo se desviará. O sábio achará consolo e honra no Senhor, se manterá puro mesmo com o passar dos anos, e terá um coração sempre aberto para a esperança, malícia conduz à morte e à arrogância, sabedoria leva à vida e vida eterna com Deus.

quinta-feira, novembro 01, 2018

Integridade humilde

      “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno.” Mateus 18.8-9

      Eis um dos textos, na minha opinião, mais lúcidos e reveladores da Bíblia, e que pode levar o cristão a amadurecer de fato. Se você entendê-lo bem, verá que se opõe a muitas teologias triunfalistas e de prosperidade pregadas por hereges. Amo esse texto, é uma palavra de consolo e vitória. Muitos, não abrindo mão do orgulho, querem seguir completos, com tudo o que acham que têm direito. Para manterem essa falsa integridade, quando percebem que a verdadeira palavra de Deus, a Bíblia interpretada pelo Espírito Santo, não apoia suas vontades, querendo ainda assim serem chamados de cristãos, buscam o largo caminho da heresia dentro. Sim, o largo caminho de desvio que o diabo hoje mais usa, não é o do mundo e seus prazeres, mas o da heresia dentro de igrejas. Eu disse falsa integridade porque em muitos casos, nos mantermos inteiros, é só uma aparência que queremos exibir para os outros e por pura vaidade, na prática, lá dentro, estamos aos cacos, totalmente desintegrados.
      O que Jesus quis dizer exatamente com “se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno”? O ideal seria todos nós entrarmos no céu com os dois olhos, e acredite, Deus quer isso para todos. Mas o limite quem põe somos nós, não Deus, muitos de nós somos tentados pelas nossas capacidades a dependermos de nós mesmos, não de Deus, a nos impormos diante dos outros por isso, ao invés de tratarmos todos com respeito e igualdade. Assim, inteiros, podemos conseguir muitas coisas, nas áreas intelectuais e profissionais, menos sermos homens espirituais à imagem de Cristo. Aliás, Cristo encarnado foi o único homem realmente íntegro, do seu nascimento até sua morte na cruz, ele compensou todos os direitos que tinha, todos os poderes que tinha, todas as virtudes, em todas às áreas, que tinha, com uma atitude sempre mansa. Por isso ele conseguiu viver, morrer e ressuscitar sem pecado e tornar-se o redentor de toda a humanidade.
      Mas o que significa “melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno”? Não, o texto não se refere aos membros físicos, não necessariamente, a coxo ou aleijado por falta de uma mão ou de um pé. O ensinamento diz respeito a direitos, é melhor abrirmos mão de certos direitos, que teimosamente mantê-los e pecar, contra nós mesmos, contra os outros e contra Deus. Infelizmente, e quanto antes entendemos e assumirmos isso, melhor, muitos de nós não podem se dar ao luxo de exercer certos direitos, direitos que outros conseguem administrar sem pecar. O ensinamento fala de direitos e de limites, muitas coisas podemos fazer, e temos até mais competência para fazer que muitos outros, contudo, se fazendo isso nós pecamos, recorrentemente, é melhor não fazermos, reconhecermos que temos um limite e não podemos ultrapassa-lo. Insistir é continuar imaturo, infantil, e se isso ocorre, começamos a inventar desculpas, mentimos para esconder os efeitos colaterais horríveis de algo que a princípio era até algo positivo, tudo na tentativa de manter uma falsa integridade.
      Assim, busquemos a integridade, mas aquela que opera em nós humildade. Muitos de nós, e eu sou um desses, só somos inteiros, participando menos de certas coisas, falando menos mesmo sobre assuntos que conhecemos bastante, exercendo menos nosso potencial intelectual, achamos a melhor integridade assumindo que temos uma “mão”, um “pé”, um “olho” a menos. É triste ver gente com dois “olhos” tendo projeção no mundo, conquistando sucesso profissional, tendo honra entre os homens, mas sendo crianças diante de Deus, machucando as pessoas, tendo vidas íntimas solitárias e frustradas. Talvez, para esses, fosse melhor abrir mão de certas coisas, passageiras, terrenas, para poder usufruir de outras, eternas e espirituais. E você, qual o “pé” que precisa cortar? Qual “mão”, precisa jogar fora? Qual “olho” necessita parar de usar para não causar mais mal? Não insista em tentar achar coesão numa mentira, integridade na vaidade, enquanto seu mundo desmorona, aceite seus limites, seja feliz e faça os outros menos infelizes, essa é a vontade do Senhor para as nossas vidas. Deus tenha misericórdia de todos nós.