sábado, junho 01, 2019

Preconceito ou posicionamento doutrinário?

      “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.15-17

      As pessoas confundem preconceito que gera ódio e intolerância, levando a algum tipo de violência, com posicionamento doutrinário, e isso ocorre principalmente com aqueles de religiões não evangélicas ou protestantes. É preciso entender e aceitar que religiões diferentes têm interpretações diferentes sobre Deus, vida eterna, espiritualidade, seres espirituais etc, e algumas das interpretações são radicalmente opostas. Evangélicos sabem disso quando acreditam em pecado, diabo e inferno, e eles, e principalmente eles, devem ter muito cuidado em amor e no Espírito Santo, para manifestar o posicionamento sobre a doutrina que acreditam e vivem. Pela seriedade e extremismo dessa doutrina, se compartilhada de maneira descuidada, pode ser tomada como preconceito, e do jeito que vai o mundo, isso pode gerar até processo criminal na justiça. Então, cristãos não devem pregar o evangelho? Devem, mas talvez mais que em qualquer outro momento da história, com muita sabedoria, esperando em Deus as pessoas que estejam do jeito e no momento certos para ouvirem a verdade. 
      Por outro lado, de acordo com leis desse mundo e pelo bem de se viver em sociedade, afro-espíritas, por exemplo, precisam entender que posicionamento doutrinário diferente, por si só, não é preconceito. Acreditar que as entidades que eles veneram sejam demônios e diabos, é um direito que os evangélicos e protestantes têm, tanto como não aceitar que tais entidades sejam más mas que sejam dignas de culto é um direito que eles, afro-espíritas, possuem. Sim, isso é muito sério, mas é realidade, a “santa Maria” (relacionada à mãe de Jesus) é algo muito especial e digno de afeto e devoção pelos católicos, ainda que evangélicos e protestantes considerem esse respeito dos católicos, em termos de interpretação bíblica e doutrinária, idolatria que não agrada a Deus. As pessoas precisam aceitar que as religiões tratam de temas sérios e de maneiras diferentes, por isso ecumenismo e uma união entre religiões são coisas inviáveis, mas viver bem em sociedade respeitando quem pensa diferente não é. O principal, contudo, é: nada, absolutamente nada justifica violência, e principalmente vinda de quem prega justamente uma relação com o divino e com o ser humano de equilíbrio, paz e amor, os objetivos de toda religião do bem. 
      Agora, principalmente os afro-espíritas, precisam entender duas coisas, em primeiro lugar que o preconceito que eles pensam que os outros têm por eles hoje, e que de fato existe tantas vezes, os evangélicos e protestantes convivem há muito tempo. Nessa experiência, que apesar de difícil nunca foi diferente daquilo que Jesus disse que teriam os que o seguissem de verdade, os cristãos estiveram sozinhos, sem o apoio da grande mídia e de outros órgãos que hoje apoiam tanto os direitos de religiões não cristãs e de pessoas que pensem e vivam diferentemente dos cristãos, e não me refiro aqui à igreja católica, essa sempre teve poder e respeito. A outra coisa é que cristão de verdade não é violento com os que pensam diferente deles, assim, se alguns que se dizem evangélicos agem com algum tipo de intolerância, não conhecem o evangelho genuíno de Cristo e devem, sim, responder por isso judicialmente. Como cristão não acho que esse apoio que os poderes deste mundo estão dando nos últimos tempos a tudo que não se refere à tradição judaica-cristã (não católica) seja o fim dos tempos, não demonizo isso como fazem muitos pastores, é simplesmente sinal da evolução social do ser humano no planeta. Isso não vai enfraquecer o cristianismo, talvez muitas religiões cristãs, sim, principalmente as hereges, mas não o verdadeiro evangelho de Jesus. Isso dá aos cristãos oportunidade de viver um cristianismo de fato agradável a Deus, puro, como o de Cristo encarnado e dos primeiros apóstolos.

sexta-feira, maio 31, 2019

Sem dívidas, mas sem créditos

      “O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade; Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego; Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego; Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.” Romanos 2.6-11

      Acho que o apóstolo Paulo não concordaria com o tema desta reflexão, ele tinha certeza da qualidade de vida espiritual que praticava e não tinha receio de admitir isso, assim penso que ele diria que o cristão obediente a Deus deve entrar com as honras devidas na eternidade. Aliás, aproveitando o espaço, muitos cristãos atuais, cheios do politicamente correto e da falsa humildade, achariam Paulo arrogante, presunçoso, mesmo um chato, isso se as pessoas entendessem de fato os textos do apóstolo-teólogo, e não os venerassem como dogmas só porque estão na Bíblia ou são de “São” Paulo. Contudo, nesse caso, talvez aprendessem muito mais pelo Espírito Santo com a humanidade dos personagens bíblicos, que com as figuras heróicas que elas pensam ser esses personagens, romantismo que cabe em livros de ficção não nos ensinos de Deus no cânone bíblico. 
      Mas muitos hoje talvez não concordem com essa declaração, entrarei no céu sem dívidas, mas também sem créditos, eu, de todo o coração, penso e quero pensar assim, até o fim. Tenho certeza que se algo de bom fiz, fiz porque Deus me deu forças para isso, assim não fiz por qualidades ou forças minhas. Cada boa palavra que disse, cada gesto de misericórdia que ofereci gratuitamente, e como músico, cada peça que toquei, cada ministração que fiz, focado em Deus e não em meu ego, o fiz porque Deus me levantou para fazer. Caso contrário eu não teria forças pra sair da cama e olhar o sol, e tenham certeza, essas palavras não são força de expressão ou poetismo, são relatos de fatos. Sem créditos, nada acumulei de bom nesta vida, a não ser obedecer a Deus, e Deus, em sua graça, pede muito pouco de mim, ele sabe que sou limitado. 
      Mas também não tenho dívidas, Jesus as pagou na cruz, confessando e deixando meus pecados a cada dia, eu não devo nada a ninguém e nem preciso me sentir acusado. Assim, a glória é de Deus, não minha, e como é bom viver nessa certeza, o que fiz de errado, Deus me perdoou em Cristo, o que fiz de certo, fiz porque Deus permitiu. Caminhar assim nos deixa leves, sem qualquer tipo de obrigação como o homem, com a fama, com nós mesmos, com qualquer espécie de retorno deste plano físico. Se nada fiz aqui, nada preciso ou devo exigir em troca, sigo pequeno mas satisfeito, vazio mas cheio, sem medalhas, sem direito a elas, mas aprovado pelo general que é Cristo. Vejo Jesus encarnado um homen assim, sem compromissos, sem medo, mas ainda assim comprometido com a verdade do pai celestial, ainda assim amando sempre, ainda assim se entregando e até a morte, para que o pai fosse glorificado no filho.

quinta-feira, maio 30, 2019

Caminhos retos são para os justos

      “Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão.” Oseias 1.9

      O texto acima não diz que os transgressores andam no caminho torto, mas que eles tentam andar no caminho reto, mas nele caem, e é assim a princípio, só depois de tentarem a caírem várias vezes e que debandam de vez para o caminho errado. Por quê? Porque tentam andar do seu jeito, com os seus valores, com as suas forças, e para a glória deles, por suas vaidades, não para a glória de Deus. Assim, nesse engano, se constroem religiões, boas à primeira vista, mesmo esboçadas em orientações divinas, mesmo com bases cristãs, mas como os homens continuam com os corações rebeldes, transgressores, aquilo que ele pensam ser bênção acaba sendo maldição para eles. A luz ilumina os justos, faz bem a eles e os atrai, mas repele os ímpios, eles se sentem incomodados com ela e não conseguem seguir em frente, caem e se voltam para o caminho das trevas. Mas quem é sábio, para que entenda estas coisas, quem é prudente para que as saiba? Só os que se convertem a Deus de todo o coração, que querem agradar a Deus, não a homens, esses acharão a luz de Cristo, serão felizes nela e nela seguirão, até o fim.

quarta-feira, maio 29, 2019

A dor nossa de cada dia

      “Olha para a minha aflição e para a minha dor, e perdoa todos os meus pecados. Olha para os meus inimigos, pois se vão multiplicando e me odeiam com ódio cruel. Guarda a minha alma, e livra-me; não me deixes confundido, porquanto confio em ti. Guardem-me a sinceridade e a retidão, porquanto espero em ti.” Salmos 25.18-21

      O homem que quer caminhar com Jesus terá que aceitar, encarar e viver com sua dor, e ainda assim ter paz e ser feliz. Quem não caminha com Jesus, mesmo que tenha uma religião, se engana, não assume culpa, não tem responsabilidade espiritual, mesmo que seja alguém civilizado, de bem é responsável por muitas outras coisas. Com Jesus vamos para a luz, a luz de Deus, e nessa luz enchergamos a verdade, sobre nós, sobre o mundo, sobre a vida, sobre Deus. O homem mortal e pecador não pode ser confrontado com a luz sem que sinta dor, a sua dor, pessoal, e todos, todos nós temos uma dor para administrar, uma dor que não se cura. Essa dor lança em nossos rostos a realidade, nos diz que somos finitos e limitados, e que não podemos ter consolo a não ser confiemos e dependemos de Deus. Essa dor tira do homem toda a máscara e destrói todo teatro que podemos querer representar no mundo. 
      Não, não é fácil conviver com a dor de ser, se fosse o ser humano não faria uso de tanta droga, de tanto álcool, de tantos elementos que diminuem o peso da realidade, motivando ou acalmando. As necessidades básicas e instintivas do homem, que são prazeirosas para que as alimentemos, seja a fome, a sede, a procriação ou o desejo social e afetivo de estar junto de pares, são o que os seres humanos mais usam como vícios, vício é tudo o que é feito sem limite, isso para fugir da dor. Desconfie do homem que faz questão de dizer, em suas palavras, em suas atitudes, que não tem dor, esse é simplesmente o mais mentiroso dos homens. Aliás, desconfie tanto de que chora demais quanto de quem ri demais, vejo Jesus encarnado um homem equilibrado, que tinha consciência da dor, mas que tinh coragem de ser feliz, feliz com responsabilidade.
      Como achamos homens suprafelizes principalmente no meio da liderança cristã, que se acham na obrigação de mostrar a todos que são vitoriosos em tudo para legitimar o evangelho que pregam, um evangelho que não é o verdadeiro, o evangelho verdadeiro foi estabelecido por alguém que morreu na cruz com muita dor, não por alguém que conseguiu se safar desse fim com um sorriso no rosto. Quanto engano, Deus usa o fraco, não o forte, o forte não depende de Deus e por isso não o conhece nem pode testemunhar dele. Mas o ponto desta reflexão é dizer a você que você não é diferente porque sofre, todos sofremos, e uma dor sem fim, achamos, contudo, forças para seguir, na humildade de sermos verdadeiros, seres limitados e que precisam muito de Deus. Assim, não tente andar sozinho, busque ao Senhor, ore, confesse, adore e se entregue, certo que Deus, nosso pai de amor, conhece nossa dor e nos ajuda, nos conforta, nos honra e nos entende. 

terça-feira, maio 28, 2019

Qual o tamanho do teu copo?

      “Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.” Jeremias 29.12-3

      Sempre que um ser humano busca a Deus de todo coração, ele encontra o Senhor, nesse encontro o homem recebe alimento espiritual, água viva do Santo Espírito. Essa água é infinita, não para de jorrar, mas só achamos a fonte quando buscamos a Deus de um jeito especial. Nesse momento precioso, podemos reter a bênção, o consolo, a resposta que tanto precisamos, contudo não podemos ficar todo o tempo debaixo da fonte, assim Deus nos dá um recipiente, um copo, ele é único, específico para cada ser humano. Com esse copo cheio saímos da fonte e seguimos a vida, com forças para continuar em paz e agradáveis a Deus.
      O copo, todavia, uma hora se esvazia, então precisamos buscar novamente a Deus, achar a fonte e encher o copo. Existe um mistério no lugar onde se encontra essa fonte, mesmo que já a tenhamos achado diversas vezes na vida, toda vez que a buscarmos será como se fosse a primeira vez. A dificuldade não está em Deus, mas em nós, em nossos medos, rancores, egoísmos, que obscurecem nossa visão espiritual. Achar a fonte é vencer tudo isso com uma escolha de fé. Achar a fonte não depende de mérito, de trabalho, nem de inteligência, mas de obediência, dizer, sentir e fazer o que Deus pede de nós nessa busca pela fonte.
      O tempo que cada um consegue viver com o copo de água viva é diferente para cada ser humano, o certo é que com o copo vazio ou se busca o Senhor, ou se padece. Muitos pecam reincidentemente no mesmo erro porque insistem em seguir com o copo vazio.  O homem sábio tem consciência do tamanho de seu copo e sempre que esse se esvazia ele busca a Deus. O homem sábio não compara o tamanho de seu copo com o copo dos outros, não reclama se seu copo parece pequeno, mas confia que Deus lhe deu o copo certo, do tamanho adequado para que ele, homem, possa caminhar neste mundo em paz. 
      Assim, não reclame nem se espante se no domingo à noite tiver uma experiência maravilhosa com Deus, dessas que nos enche de alegria, e na terça-feira seguinte já se sentir vazio, é só o copo que se esvaziou. Apenas busque o Senhor, não procrastine, aceite o limite seu, não de Deus, é no limite que confiamos em Deus e o conhecemos mais. Confesso que muitas vezes pergunto, “Senhor, por que meu copo é tão pequeno?”, a essa pergunta Deus responde, “é para que me busques mais, quanto menor o copo mais tempo se busca, se acha e se passa debaixo da fonte de água viva do Santo Espírito”. 

segunda-feira, maio 27, 2019

Respeito pelo ser humano

      “Como as águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de inteligência o trará para fora.Provérbios 20.5

      É claro que muitos que se autodenominam pastores, bispos ou apóstolos, e que montam grandes “ministérios”, o fazem com consciência de que não querem respeitar o ser humano, querem apenas ter empresas com lucros materiais. Contudo, existem os sinceros equivocados, ou os esforçados mas arrogantes, que desejam igrejas com muitos membros porque acham que isso é a verdadeira expressão do reino de Deus no mundo, que um ministério grande, revela uma grande fé num grande Deus. Esses, na verdade só querem mostrar, mesmo que inconscientemente, que são grandes homens, esse ainda que deem relevância à espiritualidade, querem grandes coisas espirituais só por vaidade. Sim, como já falamos tanto aqui, Deus chamou, chama e ainda chamará homens para grandes ministérios, contudo, se esses que desejam ministérios e igrejas grandes entendessem de fato a complexidade humana, as feridas emocionais do homem, a dor da humanidade, talvez preferissem qualidade ao invés de quantidade. 
      Penso até que ponto muitos pastores respeitam o homem, conhecem o homem, bem, só respeita e conhece o outro que respeita e conhece a si mesmo, se nem Jesus teve de forma mais próxima um grande rebanho, focou-se em doze, quem somos nós para ousar mais? Assim, pastores usam de justificativas, “a obra é de Deus”, “se Deus não fizer a obra, de nada adianta o esforço humano”, ou então, “é Deus quem cura”, mas não é assim que as coisas funcionam, Deus usa homens para abençoar homens, a principal prova disso é que ele próprio se fez homem para salvar o homem, Deus não executou a grande obra de redenção humana como Deus. O que mais implica na cura emocional humana é básico, o tempo. Tempo requer paciência e amor, para que um longo processo aconteça até que a cura ocorra, será que pastores, lideranças, e outras títulos que amam aparecer nas igrejas, querem de fato serem ferramentas de Deus no tempo? A maioria nem experimentou a própria cura, que importância podem dar para a cura alheia? Que entendimento eles têm disso? 
      No século XXI, a tecnologia é avançada, a ciência, adiantada, assim como mais e mais complicada a psique humana, hoje transtornos mentais, doenças psiquiátricas, depressão, ansiedade etc, são diagnosticadas de maneira progressiva. Homens e mulheres adentram os templos doentes emocionalmente, e muitos ainda acham que a solução é simplesmente expulsar demônios. É claro que expulsar demônios é mais fácil que amar, expulsar dá status pro “pastor”, todos veem, mas que vê um ato verdadeiro de amor? Respeito pelo ser humano, é o que pastores e líderes precisam ter, parar de desejarem grandes igrejas, de tratarem a todos de forma coletiva e começarem a sentar com indivíduos e conhecê-los, com tempo, com paciência, com amor, no temor do Senhor, orando e ouvindo, até que de fato seres humanos, de todas as raças, com todas as peculiaridades sexuais (e eu não estou tratando isso como doença), sejam curados. 

domingo, maio 26, 2019

Idolatria e espírito de adivinhação

      “Mas tu desamparaste o teu povo, a casa de Jacó, porque se encheram dos costumes do oriente e são agoureiros como os filisteus; e associam-se com os filhos dos estrangeiros, E a sua terra está cheia de prata e ouro, e não têm fim os seus tesouros; também a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não têm fim. Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. E o povo se abate, e os nobres se humilham; portanto não lhes perdoarás. Entra nas rochas, e esconde-te no pó, do terror do Senhor e da glória da sua majestade. Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada; e só o Senhor será exaltado naquele dia. Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatidoIsaías 2.6-12

      O que me chamou a atenção num texto que relata um momento na história onde a nação de Israel está claramente afastada de Deus é a frase “sua terra está cheia de prata e ouro e não têm fim os seus tesouros... sua terra está cheia de cavalos e os seus carros não têm fim”. Como equivocadamente aliamos riquezas materiais a aprovação de Deus, e não me refiro entre os homens do mundo sem Jesus, mesmo no seio de muitas igrejas atuais pensa-se assim, se há prosperidade financeira, há bênção, se não há, há peso da mão de Deus punindo um povo longe dele. Não é isso que diz o texto acima, ainda que muitos estivessem muito bem materialmente, eram idólatras, na verdade, quando se trata do povo de Deus, numa primeira instância, mesmo na desobediência há bênção material, simplesmente porque o Senhor retarda sua disciplina, sempre esperando atitude de arrependimento de seus filhos.
      Isso não acontece com o mundo, com aqueles que não são filhos de Deus, com aqueles que não autorizaram o altíssimo a cuidar deles, esses andam por conta própria, debaixo somente das leis do universo, que também foram estabelecidas por Deus, mas que dizem respeito só ao plano físico. Sem Deus, se há trabalho, há prosperidade, mesmo que não haja salvação e paz espiritual, mesmo que haja idolatria. Mas com os filhos Deus trata, e mesmo que no início ele não pese a mão, no momento certo a correção vem, e como é doloroso ser cair nas mãos do Deus vivo, principalmente quando o pecado é idolatria, colocar no lugar que é exclusivo de Deus qualquer outra coisa. Não nos enganemos pensando, “está tudo bem, estou andando desse jeito mas não me falta dinheiro, vou à igreja todo domingo, ninguém é perfeito”, um passo longe de Deus é um passo na idolatria e nas mãos de agoureiros.
      Os católicos não entendem porque os crentes têm tanta repulsa à idolatria, acham mesmo que é só ignorância de intolerante religioso, mas a resposta é simples, os evangélicos e protestantes conhecem a Bíblia, nós sabemos quanto sofreu a nação de Israel no antigo testamento por causa de idolatria, sabemos o quanto ela desagrada a Deus. Mas acima de tudo o verdadeiro cristão, nascido de novo em Cristo, selado com o Espírito Santo, não só deixa toda forma de idolatria bem longe de seu coração, ele também tem Jesus dentro de si. Essa pura e doce presença satisfaz, responde, alimenta, e retira  qualquer desejo de querer adorar ou acreditar em algo ou alguém que não seja o Senhor. Quem prova água limpa e fresca não precisa matar a sede com mais nada, não precisa de imitações, quem tem Jesus não quer idolatria.
      A idolatria, que celebra deuses vazios, também tem outra faceta, tenta substituir o Espírito Santo com o espírito de adivinhação. O texto acima diz, “se encheram dos costumes do oriente e são agoureiros como os filisteus”. O ser humano tem uma curiosidade e uma necessidade espiritual intrínsecas, estão dentre dele, nascem com ele, quem tenta negar isso só substitui uma coisa por outra, dá outro nome, mas para a mesma coisa, mesmo que se achem ateus e cientificistas. Buscar agoureiro, todavia, não é atitude só de não convertidos, quantos nas igrejas amam ouvir profetas, querem saber os mistérios, para cada um que busca mentiras nasce um mentiroso, que se aproveita do desvio para manipular e obter algum ganho. Cuidado aqueles que mesmo em igrejas evangélicas ouvem mais homens que Deus, quem se afasta do Senhor cala o Santo Espírito e fatalmente dará ouvidos a adivinhadores. 
      No final do texto, contudo, o profeta Isaías dá uma característica do idólatra, a soberba, como um ídolo é criação do homem para ser adorado pelo homem, ela enaltece o homem, sua fé, sua religiosidade, não a Deus, dessa forma nada mais natural de um ego exaltado assim que ser soberbo, que se achar melhor e no direito mesmo de se sobressair sobre os outros. Ainda que se faça de humilde e devoto, idólatra está fadado à soberba, contra esse Isaías profetiza: “Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada; e só o Senhor será exaltado naquele dia. Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido”. Tenhamos respeito por todos, por católicos, por idólatras, ajamos com esses em sabedoria e amor, mas não aceitemos, de nenhuma forma, idolatria e adivinhação. 

sábado, maio 25, 2019

Serpentes e Pombas

      "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto sede prudentes como as serpentes e símplices como as bombas." (Mateus 10.16), um dos textos mais sábios da Bíblia, não que ela toda não seja, mas este consegue ser curto, profundo, usando uma metáfora fácil de entender, serpente e bomba. Mas veja que no início outra metáfora fundamental do evangelho também é apresentada, ovelha e lobo, vamos refletir um pouco sobre esses quatro animais. Já foi dito que toda a vida material é manifestação da vida espiritual, a vida verdadeira, natureza, animais e homens são metáforas dos poderes espirituais, dos princípios do outro plano, da essência universal. Em cima como embaixo e vice-versa, um princípio do hermetismo, sabedoria do “outro lado”? Não, se soubermos interpretar no Espírito Santo do Deus que tudo criou e de quem todo conhecimento procede. 

      A ovelha é um bicho coletivo e manso, que vive em comunidade e facilmente é guiada pelo pastor. Não é um animal selvagem, violento, nem rebelde, o ser humano pode utilizar sua carne, seu leite, seu couro e sua lã. Mas atendo-nos à lã, cujo uso não mata o animal, é preciso saber que a ovelha é um bicho muito sensível, assim a lã deve ser retirada no início do verão, para que dê tempo de crescer até o inverno, onde a própria ovelha precisará dela para se proteger do frio. Interessante como um fruto da ovelha, se colhido na época certa, servirá de proteção tanto pra ela, a lã que estiver em seu corpo, quanto para o ser humano, a que o pastor colheu antes e usou na manufatura de agasalho. 
      Mas um cuidado necessário para a ovelha é proteção dos predadores, raposas e lobos, que atacam principalmente as ovelhas fêmeas para roubar seus filhotes. O lobo não ataca de preferência o carneiro, o macho da ovelha, nem as ovelhas mais fortes, mas as mais fragilizadas e jovens. O lobo é cruel para satisfazer seu instinto de sobrevivência, o lobo precisa da carne de animais, como ovelhas, vive da morte de outros. Mas para isso ele não pode ter dó, nem respeito, ele vê o fraco, ataca e mata. O pastor desempenha um papel crucial, vigiando e protegendo a ovelha, fazendo aquilo que ela não pode fazer. A ovelha o recompensará com sua própria vida, mas que será administrada com sabedoria e com amor pelo pastor.
      A serpente com certeza é o animal mais emblemático da Bíblia, se diz que a primeira sessão mediúnica da humanidade se realizou com esse animal, um diabo encorporando uma cobra. Acredita-se também, baseado na Bíblia, que a forma física da serpente atual é diferente daquela do jardim do Éden, Deus amaldiçoou também o animal, depois que o homem pecou, imaginamos que a serpente talvez tivesse um aspecto mais bonito, mais sedutor, o contrário do que tem hoje, que nos causa repulsa, medo. A serpente que antes se mostrava para enganar, hoje se esconde entre as pedras, nos buracos, sem forma definida, mas que ainda guarda, em muitas de suas espécies, um veneno mortal em seus dentes. 
      A pomba se tornou um animal urbano, hoje as vemos em grandes proporções nas cidades, nas praças, nas calçadas, nas árvores, nos tetos das casas. É um animal dócil, que não ataca o homem, que convive tranquilamente com o ser humano. Movem-se em bandos, vêm e vão de forma coletiva, mas são cuidadosas, ainda que não ataquem, não permitem qualquer aproximação, voam a qualquer ruído. Animais leves e aéreos, o oposto da cobra que é ligada ao leito da terra, ainda que também suba em árvores, mas pombas nos passam a ideia de fragilidade independente e livre, quando as vemos no céu elas parecem que podem ir a qualquer lugar, sempre para o alto.

      Quem lê a frase “eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobo” sem entendimento, pode pensar que Jesus está sendo cruel, mandando seus discípulos para o perigo, mas Cristo está revelando a realidade da vida do cristão no mundo, de homens maus e de demônios enganadores. Precisamos entender essa verdade é aceitá-la, sem ilusão, a vida não é fácil, a de um cristão, muito menos. Não esperemos honestidade e justiça do mundo, ele é desonesto e injusto, sempre egoista, querendo roubar aquilo que lhe dá prazer, sem dar algo em troca. O homem aliançado com o diabo é injusto, pois esconde seus erros e escancara os dos outros, se engana e engana, é sempre acusador, não salvador.
      Ainda que tudo esteja nas mãos de Deus e que Deus seja sempre misericordioso para com seus filhos, o que é mais que justo pois em nome de Jesus não nos dá Deus conforme nossas obras, mas conforme o perdão, o mundo é sempre injusto, exalta os das trevas e odeia os da luz. O homem mau e poderoso dominado pelos diabos é um lobo, os outros homens são ovelhas, sim, o ser humano é o único animal que faz mal aos da própria espécie só por prazer ou desnecessariamente, assim se alguém estiver fragilizado ou sem pastor, o homem mau e poderoso atacará e destruirá. Pobre dos que caminham sem pastor, mesmo de cristãos, que brigam com seu pastor e arrogam seguir sozinhos.
      A proteção do cristão-ovelha está no pastor que é em primeiro lugar, Jesus Cristo, e depois, num segundo escalão, homens que Jesus chama como pastores para que o auxiliem na proteção de suas ovelhas. Estar protegido é ser prudente como a serpente e também símplice como a pomba, aqui, Jesus em sua sabedoria, usa mesmo a serpente para ensinar uma virtude, tira de um animal asqueroso uma qualidade com a qual devemos aprender. Estar protegido, mesmo sendo cristão, é tomar cuidado em onde e como se anda, no que se faz e se fala, ainda que seja entre familiares ou no meio do convívio social de igrejas. A serpente tem essa prudência.
      A serpente conhece seus limites, ela não tem asas como a pomba, não pode escapar para cima, não tem pés para correr, nem mãos para agarrar, quantas vezes nos vemos assim? Sua eficiência está num bote certeiro e numa mordida fatal, e veja que seu veneno está numa pequena parte de uma extremidade de seu corpo, todo o resto de seu corpo está desprotegido. Ela precisa ser prudente para conseguir seu objetivo, esperar o momento certo, no lugar mais adequado para usar a única arma que possui. Como aplicar isso em nossas vidas? Com a serpente aprendemos a “atacar”, o ataque do cristão é obedecer a Deus, não para matar, mas para compartilhar vida.
      Cristão não tem veneno nas palavras, mas a doce unção do Espírito, ainda que essa unção possa matar as intenções diabólicas em nosso coração. Somos cristãos, temos o Deus todo poderoso do nosso lado, nossa intenção é boa, mas isso não nos faz super-homens, invencíveis, que podem tudo, sempre. Boa intenção não legitimiza irresponsabilidade ou estupidez, contudo, como existem cristãos que se equivocam em relação a isso. Alguns querem botar asas em cobras, assim constroem uma criatura mítica que não é serpente, nem pomba, mas assemelha-se muito a Lúcifer encarnado do Éden. Agimos isso quando usamos heresias, princípios bíblicos fora de contexto. 
      Temos que usar as duas virtudes, mas com a sabedoria do Espírito Santo, a característica que Jesus enfatiza sobre a pomba é a simplicidade. Ser simples na tomada de decisão é fazer, mas sem atrapalhar, é estudar o terreno, trabalhar e ser discreto. Ser simples na defesa, é voar quando qualquer forma de mal se mostra, com o mal não se conversa, não se argumenta, não se tenta “converter” o mal. Do mal se foge e para o alto, para Deus, para as coisas altas de Deus, para a adoração, para o bem. Sem para o bem somos prudentes, pacientes, para não sermos mal interpretados nem jogarmos pérolas aos porcos, para o mal somos ágeis e rápidos, não perdendo tempo nem sendo presas do engano. 

sexta-feira, maio 24, 2019

A pregação que de fato abençoa

      “Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.Amós 8.11-12

      Como é triste ver pregador ao púlpito usando truques de oratória tentando achar unção, assim ele repete o que algum dia até deve ter sido ungido, mas para outros, não para ele, no final ele falou e falou e não disse nada, um vazio paira no templo. Só abençoa quem é abençoado, a melhor bênção é a última e para o cristão que de fato anda com Cristo sua última bênção foi experimentada nas últimas vinte e quatro horas de sua vida. 
      Pregador, não tente achar a unção nas palavras, na retórica, no discurso, na história bíblica bem contada e dramatizada. A unção de Deus acha naturalmente o coração do simples, do benignamente sincero, de maneira que as palavras revelem mistérios espirituais sem ousarem isso, liberem unção verdadeira, sem que qualquer espécie de manipulição humana seja utilizada. Vida, contudo, só é pregada por quem vive, e o evangelho genuíno não precisa mais do que isso, porque ele e só ele é isso, vida. 
      Só Jesus dá vida eterna, paz, salva, perdoa, cura, quem experimenta isso todos os dias terá uma palavra renovada para pregar todos os dias, sem inventar moda ao púlpito, sem fazer uso de ranços pentecostais, de clichês pseudo-espirituais, mesmo de sacadas de hermenêutica, históricas, teológicas ou das línguas originais do cânone bíblico. A pregação que de fato abençoa é feita por quem vive de fato o evangelho, esse não precisa procurar a unção, é ela quem o procura e o acha, para a glória de Deus. 
      Pregação ungida glorifica o Senhor, testemunha do Senhor, não celebra a fé, mas o Deus em que a fé é posta. Temo, contudo, que a profecia do texto inicial de Amós esteja se cumprindo nos dias de hoje, os dias finais, quando a verdadeira palavra de Deus seja difícil de ser achada nos púlpitos. Oremos pelas igrejas, oremos pelos pastores, oremos pelos pregadores, mas acima de tudo não aceitemos falsificações, nem nos iludamos com truques, busquemos a pura e viva palavra do Senhor.

quinta-feira, maio 23, 2019

Fazer porque sabemos ou porque vivemos?

      “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelha-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.Mateus 7.24-25

      O que é mais sábio para exercer ministérios em igreja, fazer porque se sabe ou fazer porque se vive? Muitas vezes queremos desempenhar certas tarefas na igreja porque sabemos fazer (ou achamos que sabemos), porque temos as habilidades intelectuais e mesmo os talentos espirituais. Mas no reino de Deus fins nunca justificam os meios, às vezes queremos ser vasos da sala de estar, aqueles que aparecem mais, que qualquer visita pode ver, contudo com limites emocionais e sociais que expostos escandalizam as pessoas. 
      Assim, queremos pregar porque temos conhecimento, estudo, mesmo discernimento espiritual, mas não temos paciência para tratar as pessoas depois que descemos do lugar onde o púlpito se encontra, dessa forma nossa falta de amor desacredita nossa palavra. O mais sábio seria só abrirmos nossas bocas para ensinar depois de conseguirmos praticar comprovadamente aquilo que queremos ensinar, não antes, e enquanto isso sermos vasos mais discretos. 
      Talvez eu esteja falando só para mim, se for isso, alguém já está aprendendo algo, mas você, que gosta de ser vaso da linha de frente das igrejas, de pregar, de cantar, de tocar, de pegar o microfone e ser visto pela congregação, tenha cuidado. Sejamos sábios, com um enorme temor de Deus, querer e mesmo saber não justifica fazer, a melhor apresentação no local mais alto e visto dos templos não confere legitimidade a uma prática de vida sem qualidade íntima e social, em nossos relacionamentos com nós mesmos e com os outros.
      Sim, Deus perdoa o que o busca e não joga na face do homem seu pecado, mas as pessoas não são assim, elas precisam ser convencidas de que somos cristãos de verdade. Caso contrário seremos apenas falastrões, falsos, hipócritas, que adoram ouvir os sons de suas próprias vozes, mas que só envergonham o evangelho, se você sabe e tem certeza disso, espere mais um pouco, viva o que sabe e permita que seus atos falem antes e mais alto que suas palavras. 

quarta-feira, maio 22, 2019

Mentira

      “Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.João 8.42-45

      A mentira pode agradar nosso ego, nos proteger das realidades, da dor, mesmo nos dar alguma alegria por algum tempo, fazer com que nos sintamos importantes e donos da situação, mas ela é essencialmente, em todas as áreas e planos, uma ferramenta luciferiana, uma afronta a Deus, à medida que nega a verdade, relega-a a um segundo plano, rouba dela a importância. Deus é verdade, não religiões, não o cristianismo estabelecido no mundo, não os dogmas e doutrinas, por mais bem intencionados que sejam, dessa forma, negar a verdade, é negar a Deus.
      O “diabo”, seja ele quem for, e a que o aliemos, não é necessariamente o mal, no sentido de ser algo que prejudique alguém, seja no corpo, na alma ou no espírito, não de imediato, ele não é feio, nem burro, e seu plano mais alto é ajudar o homem a ser um ser humano melhor, justo com todos os outros homens, a ter um planeta melhor, sustentável e limpo. Contudo, o diabo é mentiroso à medida que quer fazer tudo isso do seu jeito, não sem Deus, não sem religião, visto que ele incentiva e respeita as religiões, o diabo é o pai das religiões, ele não as teme. 
      Para ele o ideal seria existir tantas religiões quanto são os seres humanos no planeta Terra, ainda que saiba que é muito mais fácil dominar manadas sem individualidades debaixo de uma mesma crença. Em última instância o diabo nega Jesus, pois Cristo, não o cristianismo ou as religiões, é o único que estabelece uma comunhão direta entre os homens e o Deus altíssimo. A essência da mentira está em negar a Jesus, não ensinos bíblicos, não as boas obras, não o amor, não a caridade, não a evolução espiritual humana, não um planeta melhor administrado.
      É justamente por isso que o Diabo tem levantado tanto atualmente a bandeira da ecologia, da proteção da vida natural, porque ele só tem um mundo em que possa interferir, este aqui, o do plano físico. O reino do Diabo só pode ser experimentado, ainda que só por um momento no tempo, no planeta Terra, isso só acontece porque o homen, em seu livre arbítrio permitido temporariamente por Deus, autoriza que o diabo tenha espaço. Quem dá poder para o diabo na Terra é o ser humano. É o homem, achando prazer na mentira e tentando se esconder da verdade, que permite que o plano original do diabo se realize. 
      Não nos iludamos com o Diabo, não nos enganemos com suas astúcias, seu plano maior foi colocado em prática ainda no jardim do Éden, ele se manteve focado nesse plano por toda a história da humanidade e o tem revelado em detalhes para um maior número de pessoas, e não só para iniciados em ordens secretas, desde o século XIX. A chamada nova era baseia-a mais do que tudo num ser humano equilibrado, tolerante e num planeta com mais qualidade de vida que perdure, o Diabo quer criar o paraíso na Terra e ser seu deus, quem tem olhos para ver sabe disso. 
      Assim, perseveremos na verdade, perseveremos em Deus, e em mais ninguém, tenhamos cuidado mesmo com religiões, igrejas e pastores, ainda que devamos perseverar em viver em igrejas e debaixo de pastores, mas olhemos para o alto. Que Jesus seja adorado e enfatizado, pregado e obedecido. Na Terra o Espírito Santo revela a verdade, revela Jesus, revela Deus. Que toda mentira seja tirada de nossos corações, mesmo que doa no início é o único jeito da verdade ser vivida, só na verdade existe vida, fora dela só existe morte e mentira. 

terça-feira, maio 21, 2019

Verbalize tua gratidão

      “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” Colossenses 3.14-17

      Às vezes, tudo que alguém, bem próximo da gente, precisa ouvir é “muito obrigado”, muitas vezes até vivemos com gratidão, com respeito por aqueles que nos ajudam, mas por algum tipo de timidez, simplesmente não transformamos isso em palavras. Palavras podem ser vazias? Falsas? Sim, atitudes têm mais importância, contudo, como palavras podem abençoar, curar, entregar felicidade. Assim, principalmente para aqueles realmente próximos, para os quais a roda viva da vida pode nos levar a pensar que o que fazem por nós não é mais que mera obrigação, para esses paremos um momento e verbalizemos nossa gratidão. Digamos a esses em alto e bom som: muito obrigado por tudo o que você fez por mim, por tudo o que você é para mim, eu hoje sou melhor porque você escolheu entrar em minha vida e ficar, não por obrigação, não por favor, mas por amor. Um coração agradecido sempre encontra misericórdia, acha paz, ganha a atenção de Deus a tempo e com abundância.

segunda-feira, maio 20, 2019

A base de construção sustentável

       “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalteI Pedro 5.6

     É triste, mas certas pessoas, quando as vemos numa situação difícil, e queremos ajudar, o máximo que podemos fazer é ficar longe e orar por elas. Por causa do orgulho, elas constroem em volta de si mesmas muralhas, que nos impedem de nos aproximarmos delas em momentos assim. São pessoas até que boas, amigáveis, mas que se mantém assim baseadas em mentiras, assim quando a realidade mostra a verdade delas, elas se escondem. Sabemos que muitas vezes nós mesmos já passamos por situações assim, e que a duras penas aprendemos que uma vida íntegra que se mantém assim no tempo, forte e resistente às surpresas deste mundo, às instabilidades dos sistemas humanos, à injustiça do homem e às astúcias do diabo, é porque foi construída sobre uma base firme e incorruptível. 
      Que base é essa? Um coração quebrantado que se entrega a Deus sem mentiras, sem vaidades, e que mesmo pagando altos preços sociais, mesmo vergonha diante de amigos e familiares, escolheu o caminho da verdade, a verdade que coloca Deus e a nós mesmos nos lugares certos. Sempre há tempo de voltar e corrigir, ainda que mentiras mantidas por muito tempo criem estruturas tão grandes quanto falsas, e quanto maiores mais trabalho teremos para destruí-las para que o terreno seja limpo e uma nova, melhor e verdadeira construção, coerente com o que somos e com o que Deus quer de nós, seja então construída. Mas não há outro jeito para que sejamos felizes e tenhamos paz, quebrantamento é a única base para uma construção de vida sustentável e resistente ao tempo. 

      “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam, se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Salmos 127.1

domingo, maio 19, 2019

Três justos

      “Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais. Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor Deus.

      Se eu fizer passar pela terra as feras selvagens, e elas a desfilharem de modo que fique desolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras; E estes três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres, e a terra seria assolada. Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu cortar dela homens e animais; Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem filhos nem filhas livrariam, mas somente eles ficariam livres.

      Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para cortar dela homens e animais, Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça. Porque assim diz o Senhor Deus: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, a fome, as feras, e a peste, contra Jerusalém, para cortar dela homens e feras?” 

Ezequiel 14.13-21


     No post de ontem refletimos sobre os quatro juízos da passagem de Ezequiel, pensemos agora sobre os três nomes citados, Noé, Daniel e Jó, o que tem de especial esses três homens para aparecerem no texto? Sem fazermos os chamados estudos bíblicos tradicionais que não representam estilo deste espaço, o que nos vem rapidamente à cabeça quando pensamos nesses homens? Noé foi primeiramente símbolo de um homem fiel e obstinado, em seu tempo, sem a unção da nova aliança, sem o Espírito de amor do evangelho, não vejo Noé como um homen afável, misericordioso, um homem prático e focado não podia ser assim. Fiel porque se manteve obediente a Deus mesmo quando ninguém mais era, obstinado porque mesmo consciente do juízo de Deus que viria sobre a sua terra, não olhou ao redor, mas manteve-se fiel ao seu chamado, construir a arca. Mas para aquela missão Deus não precisava de um servo afável, misericordioso ou mesmo evangelizador, os homens já tinham tido oportunidade de arrependimento, agora seriam punidos, sem dó. Noé era o homem que Deus precisava em seu tempo, pronto para um propósito que Deus tinha que realizar naquele momento, duro, mas fiel, atento à voz de Deus, mas pragmático com relação aos homens, se não fosse assim não teria “estômago” para suportar dentro da arca o sofrimento que a humanidade estava passando do lado de fora. Será que Deus acha em nós os homens que ele precisa pra o momento em que vivemos? Ou estamos deslocados no tempo, vivendo de passado ou sonhando com futuros ilusórios? Deus também achou em Daniel o homem que precisava para o momento, numa condição diferente da de Noé. 


      Daniel era um escravo de luxo, digamos assim, e é preciso ressaltar um ponto, geralmente quando vemos sobre escravos na Bíblia temos a tendência de aliar a ideia da escravatura de africanos, que foi usada em larga escala para suprir mão de obra na lavoura do Brasil e do mundo. Esses conceitos de escravo não são iguais, no caso do Brasil, mais moderno, os escravos faziam, via de regra, o serviço mais braçal e duro na terra, ainda que alguns fossem usados dentro das casas dos senhores de engenho para trabalhos domésticos. Esses escravos não tinham nenhum direito, eram coisas, posses que podiam ser usadas em transações comerciais e outros usos sem nenhum escrúpulo. Importante dizer também que a sociedade da época e mesmo a religião, consideravam o negro “menos” humano, por isso havia legitimidade de tratá-lo como coisa. Já nas sociedades clássicas, grega, romana, e nos tempos bíblicos, os escravos eram espólio de guerra, isso é, os perdedores nas mãos dos vencedores num embate, ou aqueles que se endividavam e não podiam mais pagar suas dívidas. Assim, eles não tinham certos direitos sociais, de ir e vir, de participação política, mas podiam desempenhar atividades em várias áreas profissionais, incluindo algumas bem nobres.

      Esse era o caso de Daniel, era escravo na corte do rei Nabucodonosor, rei da Babilônia, que havia vencido Judá em batalha e levado seu povo em cativeiro. Lemos em Daniel 1, versos 3 ao 6, “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes, Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus. E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim destes pudessem estar diante do rei. E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias”, assim Daniel era um jovem especial que seria usado em tarefas especiais, que seria tratado de forma especial, mas que ainda assim era um escravo. Diferente de Noé, que recebeu um missão de Deus e só precisou manter-se fiel a Deus para cumprir a missão, sem ter que dar muita atenção aos homens, e não estou dizendo com isso que a missão de Noé foi menos difícil, Daniel estava numa situação ruim que não mudaria, seu cativeiro e de seu povo. 

     Ele seria provado várias vezes, seja com privilégios, seja com privações, seja com honras, seja com calúnias, para que não ficasse confortável com a situação de escravo de luxo e continuasse fiel a Deus. Daniel foi fiel, mas outro adjetivo que o define é sensível, diferente da obstinação dura de Noé. Sensível suficiente para desvendar mistérios espirituais, só João o evangelista recebeu de Deus mais revelações que Daniel, não só sobre seu povo, mas como sobre todo o mundo e para tempos futuros. Foi através de sua sensibilidade espiritual que Daniel foi ganhando a confiança da monarquia babilônica e conquistando posições políticas importantes. Com Daniel aprendemos que às vezes, o homem que Deus quer que sejamos, é alguém que mantenha-se fiel, vivo e sensível mesmo numa situação que temos certeza que não mudará para melhor a curto prazo, aliás, eis outra característica de Daniel, visão espiritual longa, por isso Deus revelou a ele tantos mistérios sobre o futuro. Enquanto Noé foi o homem do presente, Daniel foi o homem do futuro, e Jó, o terceiro nome do texto inicial, quem foi ele? Para fecharmos a simbologia com perfeição, Jó foi o homem do passado, e isso por vários motivos, e num bom sentido.


      Estudiosos dizem que o personagem Jó é muito antigo, e que seu livro pode ter sido escrito por Moisés, antes mesmo de Gênesis, eis uma característica que faz de Jó um homem do passado. Contudo, o passado vitorioso e próspero com certeza foi o que mais foi revivido por Jó durante sua tentação, uma situação onde perdeu tudo, e que uma pergunta lhe era feita constantemente: o que ele fez de errado para estar naquela terrível situação? Ele buscava respostas no passado e lá ele não achava motivos para ter recebido da vida uma mão tão pesada. A mesma coisa ocorre com qualquer um de nós quando passamos um sofrimento ou temos uma surpresa ruim, seja num acidente, numa enfermidade, numa grande perda, nos perguntamos, o que fizemos de errado no passado para estarmos colhendo no presente mal tão terrível? Onde estava a resposta para Jó?

      A resposta seria dada, mas não à pergunta feita inicialmente por Jó e por seus amigos, Deus muitas vezes não nos responde, não porque ele não tem resposta ou porque não estamos preparados para ela, mas porque estamos fazendo a pergunta errada. A pergunta que Deus queria responder não era, “por que sofremos?”, mas, “quem nós somos de verdade?”, com ou sem sofrimento. A resposta para essa questão também está no passado, o homem que Deus quer achar em nós é o homem que teme não as dificuldades e surpresas do futuro, ou que confia no que é e possui no presente, mas no Deus poderoso e mais que antigo que tudo, infinito na verdade, que a tudo criou e sustenta aqueles que confiam nele. 

      Alguns instantes antes da tribulação de Jó, talvez ele achasse que sua vida já estava completa, que já era momento de um descanso final, ele já era velho e tinha uma vida e uma família bem estabelecidas. Mas ainda não era o momento de usufruir de uma velhice em Deus, sua pior luta ainda seria experimentada, e ele sairia dela finalmente um homem não só envelhecido, mas amadurecido. Enquanto a luta de Noé era só com ele mesmo, visto que sabia o que Deus queria dele e como deveria agir com as pessoas, a luta de Daniel era com os homens, com seus deuses e maldades, mas a luta de Jó era diretamente com Deus, conhecer melhor o Deus que ele achava que conhecia, como consequência desse conhecimento ele se conheceria melhor também. Noé, fiel e obstinado, o homem do presente, Daniel, fiel e sensível, o homem do futuro, e Jó, fiel mas ainda uma criança na sabedoria, diante da antiguidade infinidade de Deus, Jó o homem que devia entender melhor o passado. 

      É importante que saibamos que homem Deus quer que sejamos no tempo em que estamos vivendo, se é o homem o do presente, o do futuro ou o do passado, todos são adequados, se estiverem vivendo no momento certo. O do presente obedece prontamente sem perder tempo. O do futuro sabe que muitos problemas não serão resolvidos aqui e agora, mas ainda assim permanece fiel e é sensível para saber e entender os mistérios do futuro. O do passado olha para Deus, conhece-o em profundidade e assim se conhece melhor também, não se fiando no tempo, em sua criancice, mas no altíssimo, o velho de muitos dias sobre o qual só conhecemos a face direita. A outra face permanece sempre misteriosa, para nos mostrar que sempre seremos menos que Deus e nunca saberemos tudo sobre ele, como dizem estudiosos de mistérios ocultos.