sexta-feira, janeiro 14, 2022

Poucas palavras

      “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.” I João 4.8-9

      Tudo que tem que ser explicado demais é porque não é para ser explicado, a verdade maior é sempre fácil de ser dita, ainda que se refira a conhecimentos profundos. Explicações verbais são manifestações da matéria, o plano espiritual não precisa delas, o Espírito Santo não se comunica com quantidade de detalhes repetitivos, mas com uma única emanação de luz do Altíssimo. Somos nós, humanos encarnados, que sentindo essa manifestação espiritual tentamos expressá-la com nossa pobre e vaidosa semântica. Deus é amor! A explicação completa do que Deus é está nessas três palavras, e a manifestação física desse amor está no Cristo homem, João diz isso de maneira econômica e espiritual. 
      Você já deve ter tido a experiência de se relacionar com algumas pessoas, de se esforçar para ser amigo delas, mas de repente, por uma bobagem, ver a relação se acabar. Alguma coisa é dita e não é entendida, ou melhor é mal entendida, e depois, por mais que você tente explicar não tem jeito, as pessoas insistem em que entenderam outra coisa, que elas estão certas e que o errado é você. Aos meus sessenta e dois anos, eu tenho um certo pressentimento sobre algumas pessoas, é como se algo me dissesse, “cuidado, não insista, por mais que você tente isso um dia vai dar ruim, e o problema não é você, nem sofra com isso”. Não que sejamos perfeitos, mas com alguns nem perfeição basta.
      A verdade é que ninguém sabe o que vai nas cabeças das pessoas, as expectativas que elas têm sobre nós e as ideias que elas fazem sobre elas mesmas, só Deus. Muitos de nós nos levamos a sério demais, nos damos valores que não temos e que nem precisamos ter, e eu me incluo nesses. Assim, muitas vezes nos pegamos tentando convencer a nós mesmos, e por isso dizendo aos outros tantas palavras, tantas justificativas, tantos motivos para sermos isso e não sermos aquilo. Temos que ser seres humanos do bem e o bem é simples, não precisa de muitas explicações, só de amor. Deus teria todas as explicações do mundo para nos dar, mas ele amou, entregou seu filho para morrer, simples assim. 
      Quando temos uma experiência verdadeira com o Espírito Santo encontramos a paz, e muitas vezes numa situação que a princípio achávamos impossível ser resolvida, isso acontece porque recebemos de Deus uma palavra. Seja lendo a Bíblia, seja ouvindo uma pregação, seja em oração, a palavra de Deus é sempre simples, uma pequena frase, mas que nos faz ver a luz no fim do túnel. Se é numa pregação, às vezes de mais de uma hora de duração, uma frase que o pregador disser ficará em nossas mentes, porque essa era a palavra que Deus tinha para nós no meio do extenso discurso do homem, e pessoas diferentes poderão ser abençoadas por palavras diferentes de uma mesma pregação. 
      Deus não joga conversa fora, quando ele fala algo acontece, cumpre um propósito, e faz isso com poucas palavras, mas nem tudo que o homem diz, ainda que usando a Bíblia e citando Deus, é palavra do Espírito Santo. “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4.12), lindo esse versículo, comparando a palavra de Deus a uma espada afiada e precisa, que discerne intenções, verdade de mentira. Contudo, muitos cristãos não vivenciam o privilégio de poderem receber essa palavra quando precisam.
      Que nível de maturidade atingimos em nossa relação com Deus? Que grau de intimidade temos com o Senhor em nossas orações? Aprendemos a ouvir a voz do Espírito Santo? O Senhor pode nos falar pelas pregações de homens de Deus e pelo maravilhoso cânone bíblico, mas o consolador enviado por Jesus é a palavra viva de Deus conosco o tempo todo. Viver em oração, como nos orienta Paulo em Efésios 6.18, não é só louvar e pedir, é ouvir, e para isso é preciso calar todos os discursos que muitas vezes amamos dizer a nós mesmos. A semântica de Deus não é explicação ou som, é ação, é poder, é vida, e é simples e direta, como um raio puro de Sol que cai sobre nós após uma fria tempestade. 

quinta-feira, janeiro 13, 2022

A bênção vem do desconhecido

      “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome.
      Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.
  Isaías 45.1-7

      Muitas vezes duvidamos porque não fazemos ideia de quem Deus pode usar para nos dar uma bênção. Num momento em que Israel estava aprisionado pelo povo babilônico, Deus levanta um povo estranho e mais poderoso para libertar Israel. A chamada de Ciro é peculiar, o Senhor lhe diz, “te cingirei, ainda que tu não me conheças”, “dar-te-ei os tesouros escondidos… para que saibas que eu sou o Senhor… que te chama pelo teu nome”. 
      Maravilhoso como Deus capacita o que chama para um trabalho, e não se engane, Deus chama quem e quando ele quer. “Tomo pela mão direita para abater as nações diante de sua face… irei adiante de ti e endireitarei os caminhos tortuosos”, Deus chama e prepara o caminho do chamado antes desse começar a caminhar, Deus, Senhor do tempo e dos destinos.
      O trabalho pode ser duro, mas mandado por Deus tem objetivo poderoso, semelhante à chamada de Ciro, Deus sempre nos chama para libertar os homens, de um jeito ou de outro. Às vezes, também como Ciro, homens com os quais nem temos uma ligação direta, às vezes verdadeiros desconhecidos para nós. Mas também como com Ciro, Deus nos prepara antes assim como aqueles que temos que ajudar, de maneira que destinos diferentes se cruzem e o nome do Senhor seja exaltado. 
      Quem precisa da libertação, como no caso de Israel, pode não ter ideia de que Deus pode levantar um desconhecido, mais forte que aquele que o oprime, para que seja libertado, mas Ciro era o homem certo para vencer Babilônia. Deus sempre tem o homem certo para anular as forças das Babilônias que nos oprimem, confie nisso, se não vemos isso é porque não sabemos tudo. 
      O final do texto bíblico inicial é fantástico, “eu sou o Senhor e não há outro, eu formo a luz e crio as trevas, eu faço a paz e crio o mal, eu, o Senhor, faço todas estas coisas”, mistérios poderosos são revelados, ainda que sob a ótica temporal de Isaías, um profeta dos tempos antigos. O diabo não cria o mal, os homens não produzem as guerras, mas mesmo o mal e as guerras podem ser instrumentos de Deus para abençoar os quem temem seu nome. 
      Nada acontece sem a permissão do Senhor e tudo está previsto em seus planos, assim como será útil, na maravilhosa máquina cósmica do universo, para que a vontade de Deus seja feita, abençoando quem precisa, disciplinando quem necessita e punindo quem merece, num equilíbrio perfeito. Não duvide, Deus está preparando um Ciro específico para você, ainda que você não o conheça. 

quarta-feira, janeiro 12, 2022

“Escudo do bem” (2/2)

      “Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.” II Pedro 3.17-18

      O poder é perigoso e quando se diz representante do bem é duplamente perigoso. Sem Deus o ser humano é inviável para administrar poder, assim muito menos será possível a ele exercer poder para o bem de todos. Se isso não é possível, muito menos é ser representante do Deus de poder e do bem no mundo. O homem já foi mais honesto, ainda que mais bruto era menos hipócrita, e vivemos um momento especial de hipocrisia no mundo, do politicamente correto utópico e chato. Não se pode mudar o mundo sem mudar o espírito humano, e esse só Deus, o verdadeiro escudo do bem, muda.
     Pode-se argumentar, o que há de errado em usar o “escudo do bem”, esse não é defensor de causas legítimas? Sim, as causas são legítimas, mas a intenção que leva muitos a usá-las não é boa. Primeiro porque muitas empresas adotaram essas causas só para serem aceitas por aqueles que se consideram os novos sacerdotes de uma nova religião, ciência e meio acadêmico. Ciência tem muita relevância, é bênção de Deus, mas não para substituir Deus e os valores espirituais, esses são referências que não fazem parte da competência científica, que pode tratar da matéria, não do espírito. 
      O meio acadêmico, que antigamente era dominado pelo cristianismo católico e já há algum tempo é dominado pela “esquerda”, tem formado os jovens para acreditarem que podem mudar o mundo (sem Deus). Assim os que se iniciam nas empresas já vêm com a “cabeça feita” assim, só o tempo para lhes ensinar que o mundo não funciona dessa maneira, mas até isso acontecer teremos um momento no mundo onde a nova religião ganha adeptos. Os publicitários só fazem se aproveitar desse momento, para vender a equivocados é preciso dar importância a equívocos, depois aliar produtos a esses.
      A internet e as redes sociais têm papel importantíssimo no estabelecimento do poder e na divulgação do “escudo do bem”, redes sociais são supranacionais, não pertencem a nenhuma nação, ainda que seus donos pertençam, coletam dados e distribuem informações para todo o globo. Mas a internet não é isenta, direciona as pessoas para aquilo que convém aos donos das páginas e sites, nos convence sobre necessidades que pouco antes nem sabíamos que existiam. Mas ela é meio para todos, ciência, ensino, empresas, publicidade, seja de esquerda, seja de direita, seja do centro. 
      Em segundo lugar, causas são boas e intenções não são, porque a relevância de muitas causas acha lugar nas pessoas de fora para dentro, de homens para o homem, e não de dentro para fora, do espírito humano para o Espírito de Deus. Muitos não sabem e muitos que sabem não assumem, mas o “escudo do bem” tem sido uma obrigação para empresas existirem e lucrarem, assim como para pessoas terem empregos e mantê-los, ainda que muitas não concordem com os “escudos”. A curto prazo isso é positivo? Sim, e necessário. A médio prazo isso terá eficiência? Sim, para surpreza de muitos. 
      Mas a longo prazo, como sempre no mundo, novos modismos surgirão e mesmo liberdade e respeito, se não forem virtudes espirituais no interior do homem, cederão lugares a outras coisas. O “diabo” cansou de ser mal, os seres humanos não acreditam mais, não a maioria, no pan (se puder leia matéria no link) católico medieval, um ser vermelho, de chifres, rabo e cascos. Por outro lado muitos homens não querem o verdadeiro Deus, mas colocam em seu lugar algo mais light, que lhes dê liberdade, respeito, serenidade, que os ajude a ter uma vida mais duradoura e de qualidade e a conservar o planeta.
      Não sejamos enganados pelos “escudos do bem” que publicitários e empresários têm usado para vender seus produtos. Por mais benignas que sejam as intenções, não se sustentarão sem o verdadeiro Deus. O “diabo”, como construção humana, e não o ser espiritual genuíno, tem sido modificado pelos séculos, assim fica um alerta. Que cristãos, arrogantemente achando-se com mais discernimento espiritual que os outros, não façam guerra contra um “diabo” que não existe mais, se é que algum dia existiu, enquanto são manipulados por um “diabo” mais inteligente, da internet e dentro de suas igrejas.

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão.

terça-feira, janeiro 11, 2022

“Escudo do bem” (1/2)

      “Senhor julgará os povos; julga-me, Senhor, conforme a minha justiça, e conforme a integridade que há em mim. Tenha já fim a malícia dos ímpios; mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo Deus, provas os corações e os rins. O meu escudo é de Deus, que salva os retos de coração.Salmos 7.8-10

      O poder é perigoso e quando se diz representante do bem é duplamente perigoso. O homem ter poder no mundo é ter controle sobre outros homens, levá-los a fazer algo, antigamente isso era feito de forma beligerante, com guerras que conquistavam e faziam os perdedores escravos. Atualmente o ser humano, fantasiado de civilizado, usa meios menos violentos, mas que no final têm o mesmo objetivo, permitir que alguns tirem proveito de muitos. O capitalismo é a guerra hoje usada para conquistar, para que ele estabeleça poder precisa convencer as pessoas a comprarem coisas e ideias.
      Poder hoje está relacionado à manipulação das massas para consumirem, a humanidade, contudo, está numa fase dois do capitalismo. Aos produtos não bastam mais resolverem problemas imediatos, saciar fome e sede, vestir pessoas, ajudar em serviços domésticos e profissionais, levar pessoas a lugares, eles precisam ser sustentáveis, não prejudicar meio ambiente e saúde das pessoas assim como não restringir direitos. Tudo deve estar disponível para todos, sem preconceitos, por isso tem sido aliado à programação de TV, assim como à venda de serviços e produtos, causas sociais e humanitárias. 
      Usar causas do bem como argumento de convencimento de venda é o que chamaremos aqui de “escudo do bem”, entenda que há certa ironia nisso. A informação é uma arma importante do poder do capitalismo no mundo atual, usada para veicular esse escudo. A ciência legitimiza a informação, o meio educacional a ensina, as empresas a usam e a publicidade convence a sociedade que ela é boa, o poder é estabelecido por esses quatro braços. Os políticos servem a esse poder, a internet, a alma virtual do mundo real, transmite essa informação. Não há bem para todos nesse poder, só lucros para alguns, não há verdade, só conveniências. 
      Tanto os de esquerda quanto os de direita usam “escudos do bem”. Os que se dizem de esquerda, que têm maior apoio de professores, jornalistas e publicitários, constróem o tal “escudo do bem” dizendo-se representantes da ecologia, das diversidades e das minorias. Os que se dizem de direita têm tal escudo construído com os valores da tradição judaica-cristã, mas tudo é só o mal usando meios para seduzir e se aproveitar das pessoas, vendendo e obtendo lucros. Essa reflexão pode parecer uma visão pessimista e incrédula da realidade atual, mas não é, assim como não é só a deste que vos escreve.
      Aquilo que na “era anterior” era papel do cristianismo, principalmente do católico, agora, na chamada nova era, é papel da mídia e da publicidade, parece que o cristianismo não fez direito sua tarefa e outros usurparam seu lugar. Podemos argumentar que quando era papel da religião o objetivo era espiritual, e que agora, sendo de empresários e políticos, o objetivo é material, mas não é bem assim. Poder neste mundo sempre tem objetivos materiais. Ocorre que antes só a religião se sentia no direito de lutar por certas causas, agora outros se acham nesse direito. (Se tornaram as novas religiões?)
      A verdade é que o poder e o bem pertencem a Deus, qualquer um, religião ou outro, que se disser dono dele é usurpador, e ainda que acredite sinceramente que possa desempenhar poder e bem com justiça, se não for mau, será louco. Tivemos os dois tipos nos últimos anos na função política principal do nosso país, primeiro um pilantra e depois um insano. Pilantra porque roubou, louco porque acredita ser representante de Deus, não que alguém não possa ser as duas coisas, mas o pilantra tenta enganar os outros e sabe disso, enquanto que o louco tenta enganar os outros e a si mesmo.
      Tempos difíceis vivemos, os corações escondem a mentira lá no fundo, ainda que com fotos felizes na internet, com palavras de ordem em manifestações, engajados em lutas sociais, munidos da modernidade. Querem liberdade, mas para libertinagens, defendem as religiões, mas não amam a Deus, querem direito de serem o que querem ser, mas são todos iguais e não percebem. Nunca o bem esteve tão confuso, fantasiado de modismos, por isso nunca foi tão importante buscarmos com todo o coração o Deus verdadeiro, o único que nos livra de toda confusão dos falsos “escudos do bem”.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

segunda-feira, janeiro 10, 2022

Narrativa do falso testemunho

      “Não admitirás falso boato, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa. Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda. 
      Se encontrares o boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lho reconduzirás. Se vires o jumento, daquele que te odeia, caído debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo. Não perverterás o direito do teu pobre na sua demanda. 
      De palavras de falsidade te afastarás, e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio. Também suborno não tomarás; porque o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos.” 
Êxodo 23.1-8

      A palavra “narrativa” está em moda atualmente no meio político, ela significa uma interpretação de fatos. Os fatos deveriam ser a verdade, e portanto impassíveis de interpretação, os fatos são os fatos, não boatos. Mas não tem sido assim, mentira também está em moda, e alguns a repetem à exaustão utilizando a estratégia que diz que mentira repetida torna-se verdade. Quando tantas falsas testemunhas se levantam me lembro das orientações da velha aliança sobre falso testemunho, eis um ensino que muitos cristãos que querem a prosperidade do antigo testamento não seguem. Isso, contudo, só é mais uma narrativa, que pega o que convém e desconsidera o resto, tomando partes da verdade inteira, mas meia verdade é na verdade uma mentira inteira. 
      Vou dar um exemplo, um bêbado, depois de passar num bar e tomar muitas cachaças, tropeça na calçada e cai dentro de um templo, no chão, desacordado, ele fica durante toda a missa. Depois, ele consegue se pôr de pé e voltar para a casa, lá, a esposa pergunta-lhe: onde esteve? Ele responde, na missa. É mentira? Não, mas é só parte da história, contudo, o alcoólatra pode construir toda uma narrativa sobre isso, dizer que a esposa é uma megera, que desconfia dele, que o calunia, mesmo quando ele está numa missa na igreja. Atualmente no Brasil existe muito “bêbado” caindo dentro de “igreja” dizendo que foi à “missa”, e não só políticos, como a mídia, ainda que ela diga ser dona exclusiva de fatos e da narrativa verdadeira. A narrativa da verdade só Deus detém. 
      Não há novidade, o homem sempre foi mau, os poderes sempre construíram a narrativa histórica que lhes convinha, o rei deposto sempre foi o vilão e o posto o herói, entretanto, o triste é ver muitos cristãos defendendo narrativas. Todavia isso também não é novidade, um estudo sem muita profundidade na história do cristianismo católico e protestante mostrará uso de narrativas manipuladas, usando até partes da verdade, mas sempre para beneficiar uns e deslegitimizar outros. O que mais me assusta é que evangélicos que ouviram por tanto tempo que o mundo jaz no maligno, que o deus do mundo é o pai da mentira, ainda são enganados, tomam partido de homens que só têm interesse em poder no mundo, esses cristãos não entenderam que sua Canaã está no céu. 
      Sobre o texto bíblico inicial, em primeiro lugar precisamos recordar que as leis de Moisés não eram para uma vida espiritual, para preparar o homem para a eternidade, isso até poderia ser consequência, mas o foco das orientações de Deus para Israel era conduta social no mundo. As leis de Moisés eram a constituição política, o código penal, recomendações de saúde e higiene, relação completa de regras para a existência de um povo de forma civilizada. Isso tudo além dos protocolos de religião, de sacrifícios, de festas, de manutenção da tribo de sacerdotes de Levi e do templo. O texto fala sobre justiça social, sobre falso testemunho e outras injustiças, isso abrangeria a todos, indiferente de classe social ou ligação afetiva, e nisso há mais que regras de cidadania.
      A orientação que chama a atenção é se vires o jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo?”. Deus é paciencioso, num tempo da lei de talião, de um ser humano infantil social e intelectualmente, o Senhor dava orientações para uma vida moral madura que conduziria o homem daquele tempo à espiritualidade que seria avaliada na eternidade. A lei poderia ter dito somente, ajude a todos, mas o detalhe aquele que te odeia é revelador, e não diz o que você odeia, que poderia dar a alguém motivo para não ter que ajudar o outro. Auxilie o que te odeia, ou, “amai a vossos inimigos… fazei bem aos que vos odeiam” (Mateus 5.44), se alguém já age certo não odiando, mesmo o que o odeia, faça mais, dê a outra face, ajude esse em sua necessidade. 
      O que isso tem a ver com “narrativas” e falso testemunho? Talvez não tenha nada a ver para os que não temem a Deus, mas para os cristãos isso deveria significar muito na prática de vida real. Ficarmos do lado da verdade, pagando o preço que for preciso, temos coragem para fazer isso? Mas ficar sempre com a verdade é ficar sempre com Deus, isso é possível? É, em primeiro lugar se desconectarmos Deus de religiões e de líderes religiosos, mas também se desligarmos religião de política. Sim, podemos ter religiões e relações com política, mas passando tudo pelo filtro de Deus. Se isso não acontecer, se não tivermos coragem para isso, e nisso implica não sermos aprovados por muitos homens, seremos só marionetes de narrativas de homens, portanto, falsas testemunhas. 

domingo, janeiro 09, 2022

Vocação para a paz (9/9)

      “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12.18

      Não creio que no século XXI Deus chame seus filhos para morrerem pelo que creem, não como regra, não como foi nos primeiros séculos num mundo dominado pelo paganismo greco-romano, não no Brasil ou em nações civilizadas. A morte para a qual o Espírito Santo chama não é a física em batalha da direita política contra esquerda, da democracia contra o comunismo, de crentes contra ateus, não, a humanidade já passou desse momento, e se muitos teimam em ver o final da tempos assim serão surpreendidos e manipulados. A morte para a qual somos chamados é a do ego, das vaidades, do orgulho e dos preconceitos, para que amor e justiça vençam. Será que a maioria do povo evangélico brasileiro está preparada para morrer do jeito realmente certo?
      Pelo que temos visto muitos evangélicos preferem pôr as mãos em armas e atirar contra os que o atual presidente considera seus opositores, que oferecerem a outra face e orarem pelos que os perseguem. Nessa análise nem estou dizendo que as causas pelas quais muitos evangélicos lutam e querem lutar não são legítimas, só estou dizendo que a maneira como eles querem lutar não é a maneira legítima do evangelho, não é modo de ser de pacificadores. Para que as causas fossem legítimas teriam que ser, por exemplo, por liberdade de culto, por direito de testemunhar suas crenças em público, por direito de possuir, levar e estudar a Bíblia. Mas eu pergunto, é por isso que certos líderes evangélicos estão conclamando o povo cristão para se manifestarem politicamente? 
      Não, é só para fazerem prevalecer sobre os outros a visão ideológica que eles acham ser a certa, a de Deus, eles não são prejudicados, mas querem prejudicar os outros. Tudo isso apoiando desobediência à constituição, a volta da ditadura militar, o desrespeito com os poderes judiciário e legislativo. Eu pergunto, se os evangélicos tivessem todo esse poder que agora querem ter, como eles administrariam, por exemplo, os afroespíritas? Isso mesmo que hoje a verdade seja que evangélicos destruindo terreiros de candomblé e umbanda são excessões, não é a regra que, ainda nas entrelinhas, a mídia de esquerda diz ser. Muitos evangélicos chegaram hoje num ponto que não acreditávamos que fosse possível que chegassem há anos atrás, contudo, eu temo, não sei se isso pode ficar pior.
      Os evangélicos brasileiros não são mais inexpressivos e muito menos vítimas injustiçadas, e eis o cenário para que humildade e pacificação sejam dispensáveis. Como diz o ditado, dê poder ao homem para conhecer quem de fato ele é. Bastaram mais ou menos trezentos anos para o cristianismo primitivo e puro se transformasse no catolicismo pagão e corrupto, parece que não está sendo diferente com o protestantismo. “A soberba precede a ruína e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos” (Provérbios 16.18-19). “A luz dos justos alegra, mas a candeia dos ímpios se apagará. Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria” (Provérbios 13.9-10). 
      O Espírito Santo já vinha há alguns anos me alertando sobre certos desvios, a teologia da prosperidade, a “dizimolatria”, a doutrina preconceituosa sobre homoafetivos, o uso de igrejas como empresas para fins lucrativos etc. Mas isso se restringia aos templos e às vidas internas das igrejas, contudo, bastou um político no âmbito federal surgir dizendo-se “evangélico” e com viés ideológico de direita, que o desvio tomou proporções mais sérias. Um falso cristianismo beligerante e querendo poder no mundo só segue, ainda que de maneira mais civilizada, revivendo as antigas cruzadas e a inquisição, se não com a mesma violência, com o mesmo espírito. Quanto ao Espírito Santo, permanece longe de tudo isso, chamando os filhos de Deus para serem pacificadores.  

sábado, janeiro 08, 2022

Pacificadores, não soldados (8/9)

      “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.Mateus 5.9 

      Deus não chama para a batalha, mas para a paz! Ser pacificador não é escolha para um filho de Deus, não é virtude opcional, que às vezes pode ser deixada de lado, como para conquistar algo quando se considera que assim como Deus autoriza também libera meios mais agressivos. No antigo testamento Deus autorizava e apoiava guerras físicas, onde inimigos eram submetidos e muitas vezes aniquilados, incluindo mulheres e crianças desses. Mas esse definitivamente não é o modo de agir de um povo de Deus debaixo da nova aliança em Cristo, aliás nessa aliança não existe uma nação de Deus e povos inimigos, existem só indivíduos, todos chamados para a comunhão com Deus e portanto com privilégios de serem filhos de Deus, amigos entre si e em paz. 
      A marca de um filho de Deus é ser pacificador, ainda que isso custe sua vida! Isso é ponto passivo no evangelho, assim, não há espaço para embates de qualquer espécie, sejam verbais ou físicos, entre indivíduos, e principalmente entre um filho de Deus e outro indivíduo que não aceita sê-lo. Por ser essencialmente um pacificador, o filho não tem direito de ser agressivo em confrontos com a certeza de vitória só por ter Deus como pai. Mesmo o filho de Deus, se colocar-se como opressor, não terá o apoio do Senhor, e mais, pode ter uma derrota mais vergonhosa que o que não se posta como filho. Isso porque o que não se liga a Deus não precisa dar testemunho dele, mas o que se põe na posição de filho precisa, a esse Deus tem que disciplinar com rigidez. 
      Se algum pastor evangélico discorda disso que rasgue de sua Bíblia as páginas com o sermão da montanha, o das bem-aventuranças. Pode-se argumentar, “Jesus perdeu para que ganhássemos, se ele morreu nós não precisamos morrer, ganhamos vida pela cruz”. A teologia da substituição tem levado os cristãos a enganos, a ideia de que Cristo se tornou salvador morrendo, por isso tendo o poder de dar vida aos que creem nele, pode conduzir a uma valorização exagerada da fé. Os judeus precisavam de uma ideologia que lhes permitisse a passagem de sua religião para uma religião mais espiritual, que permite a religação com Deus entregue à humanidade por Jesus, assim o sacrifício de Jesus foi ensinado como substituto para sacrifícios de animais.
      Em Cristo, neste mundo, não somos chamados à vida, mas à morte, para que tenhamos direito à vida eterna no outro mundo. Por não aceitar essa vocação é que muitos evangélicos, amando mais a si que a Deus, querendo a glória do mundo e não a do céu, não aceitam a missão de pacificador. “Se Cristo morreu por mim eu posso viver”, pensam muitos, “se ele venceu o mal eu posso vencer as batalhas”, esbravejam tantos, “se Jesus é o caminho, a verdade e a vida eu não preciso me curvar a homens de religiões idólatras e satanistas”, creem tantos evangélicos. Vendo as coisas assim não se sentem na obrigação de serem pacificadores, mas “exército de Deus marchando para a batalha”, eis o entendimento equivocado que muitos fazem do evangelho de Cristo.
      Fé em Jesus não substitui obras, somente dá ao homem a paz do perdão de Deus que fortalece o homem para trabalhar e ter direito à vida eterna. Qual foi a principal missão de Jesus? Foi morrer ou foi viver? Foi substituir ou mostrar como ser? A trajetória de Cristo teve vários significados, e um ser humano acostumado, pela sua infantilidade intelectual, moral e espiritual, a mistificações e superstições, a rituais de sacrifícios de sangue, precisava de algo que impressionasse fortemente a ideia que ele tinha (e que muitos ainda têm) sobre religião que aplaca a ira dos deuses e paga o preço dos pecados. Mas Jesus foi muito mais que isso, foi o modelo de ser humano espiritual que todos devem almejar, e isso inclui dar a própria vida por amor, para ser pacificador, não soldado.

sexta-feira, janeiro 07, 2022

Não há paz mundo (7/9)

      “Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade. E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Porventura envergonham-se de cometer abominação? Pelo contrário, de maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem; no tempo em que eu os visitar, tropeçarão, diz o Senhor.Jeremias 6.13-15

      Só há paz quando há luz e verdade, nas trevas e na mentira não há paz. Só Deus tem luz moral e verdade espiritual, sem Deus há sujeira moral e engano espiritual. Se há mentira, há “diabo”, a Bíblia diz que ele é o “pai da mentira” (João 8.44). Quem vive na mentira não consegue ter vitória moral, assim há trevas, e também há “diabos”, a Bíblia diz que eles são os “príncipes das trevas” (Efésios 6.12). O que evidencia ausência de Deus e consequente presença do “diabo” é trevas e mentira, sujeira moral e engano espiritual, ainda que existam religião e ensinos bíblicos envolvidos. 
      “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (João 10.9-11). Eis uma definição detalhada do mal, mas será que ela se aplica só ao conceito tradicional cristão sobre o “diabo”? Se alguém se coloca em nome de Deus, pregando a Bíblia, mas roubando, matando e destruindo, também está na papel de “diabo”, ainda que diga ser sacerdote cristão. 
      Pelos frutos alguém é reconhecido, não pelas palavras ou pelo marketing. Alguém pode dizer, “as igrejas estão cheias de gente com fé, sentindo-se fortalecida com o que ouve e pratica, há frutos e portanto há Deus”. Mas isso é muito relativo, o ser humano se adapta a qualquer coisa para sobreviver e adapta qualquer coisa para crer e achar respostas sobre o mundo espiritual, para o qual a ciência não tem respostas. O ponto desta reflexão é: não pode haver paz, seja num mundo sem Deus, seja em igrejas, que ainda que falem de Deus são desvios do verdadeiro caminho de Deus.
      A colheita é relativa ao plantio e plantio de mentiras tem colheita rápida. Já plantação de meias verdades, principalmente quando o nome de Deus é envolvido, demora mais tempo para ser colhida. Deus tem misericórdia de todos, se o nome dele é dito, ainda que por bocas mentirosa e para fins materialistas e egoístas, ele abençoa os que ouvem. Muitos, mesmo dentro de igrejas hereges, como foi no catolicismo e como é hoje em muitas igrejas evangélicas, querem o Deus verdadeiro, precisam dele, ainda que não saibam como buscá-lo ou não tenham lugares melhores para isso. 
      Contudo, sempre há colheita, toda mentira e trevas colherão seus justos frutos, ainda que sob o poderio de um Vaticano controlando riquíssimas catedrais em todo o mundo, ou de falsos “Templo de Salomão” que recebem milhares de pessoas em seus cultos. Infelizmente antes da disciplina, e como gatilho para ela, vem uma falsa elevação, Deus permite essa elevação para que depois, na disciplina, a maior parte possível de pessoas possa ver a queda em vergonha. Esse é o fim de um cristianismo desviado apoiando líderes políticos no mundo e desejando o conflito e não a paz. 
      Não há paz no Terra, não pode haver, lutar por ela mesmo em nome de religião é tão inútil quanto tendência à violência, foi assim no catolicismo, é assim em religiões do mundo árabe, onde se tenta criar uma sociedade conforme utopia doentia de homens e impô-la ao mundo. Brasil evangélico, volte à humildade, seja espiritual, não carnal se achando exército divino sob ordens divinas, isso é uma mentira que conduz às trevas e que num determinado momento deixará muitos envergonhados, não sem paz do mundo, mas sem paz de espírito, e essa é possível aos humildes. 

quinta-feira, janeiro 06, 2022

Paz de espírito (6/9)

      “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” João 16.33

      Se um não quer, dois não brigam, diz o ditado, só há guerra quando há dois lados se opondo, basta alguém estar com paz de espírito para não existir conflito! Ocorre que dois lados opositores se levantaram no Brasil, e ambos sem paz de espírito, e o pior é que em um dos lados se posicionam um grande número de cristãos evangélicos, os que mais deveriam praticar a paz. Se uma guerra política ideológica ocorrer em nosso país será por culpa dos últimos que entraram no embate, e infelizmente esses são muitos cristãos evangélicos fomentados por líderes evangélicos carnais.
      “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão; porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, e dois contra três.” (Lucas 12.51-52), amo textos bíblicos assim, que entregam superficialmente uma contradição, e eu disse superficialmente pois só é contradição aos que entendem Bíblia ao pé da letra, sem se darem ao trabalho de buscar orientação de Deus. Esse texto não apoia qualquer espécie de “guerra santa”, mas deixa claro que quem segue verdadeiramente a Deus poderá ser visto como inimigo por outros, ainda que não seja.
      Trevas naturalmente se opõem à luz, mas a luz vence só por existir, sem que precise fazer mais nada, muito menos exercer violência. Só a luz traz paz de espírito, em paz ninguém sente necessidade de entrar em conflitos. Desejo de fazer guerra é necessidade de impor um ponto de vista, tem essa necessidade quem não tem certeza sobre o que é e pensa, por isso tentando convencer a si mesmo tenta convencer os outros. A luz não argumenta, simplesmente existe e ilumina, Jesus homem vivia assim, como luz, por isso convencia por amar, não por dizer a última palavra ou se impor por força.
      “Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele” (Provérbios 16.7), muitos evangélicos deveriam prestar atenção a esse versículo. Se nada justifica violência, pelo menos não numa sociedade civilizada, muito menos é justificável aos que se denominam cristãos entrarem em guerras, mesmo que sejam só manifestações políticas por ideologias. Se agradamos a Deus a luz vence e a paz é possível, não militando por política, mas dando testemunho de amor como indivíduos com paz de espírito, ainda que num país sem paz.

quarta-feira, janeiro 05, 2022

Oremos pela paz do Brasil (5/9)

      “Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios. Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti. Por causa da casa do Senhor nosso Deus, buscarei o teu bem.Salmos 5.6-9

      Oremos pelo Brasil! Isso é dito em muitas igrejas evangélicas por pastores, com a intenção sincera de que haja paz e prosperidade no país. Mas será que esses entendem de fato o que estão dizendo? O Brasil tem uma população atual de quase 214 milhões de habitantes, apesar das estatísticas dizerem que a maioria é de católicos penso que seja de evangélicos e praticantes, mas existe muitos espíritas (se diz a nação mais espírita do mundo), incluindo afroespíritas, além de porcentagens menores de outros religiosos. O que se pretende para todos esses orando genericamente pelo Brasil?
      A resposta do evangelista é clara, que todos sejam evangélicos, mas será que é para ser assim? E ainda que haja um grande número de evangélicos oficialmente em igrejas, isso representaria (ou representa) um cristianismo de qualidade no país? Penso que não, e o catolicismo já provou isso, se o homem é corruptível, o poder é mais e o poder religioso é mais danosamente corruptível. O texto inicial diz “orai pela paz de Jerusalém”, num tempo em que guerras era estilo de vida e ferramenta para conquista e manutenção de poderes, paz era um bem precioso.
      O homem sempre foi beligerante, ainda é hoje e mesmo sendo cristão, mas o que de fato é querer e estabelecer hoje a paz no Brasil? Em primeiro lugar é abrir mão de tomar partido de um lado, posicionar-se no mundo é opor-se aos que se posicionam contrariamente. Mas cristãos não podem se posicionar? Podem e devem, mas não por partidos humanos, por Deus, e de maneira alguma achar que neste mundo possa existir um partido de Deus. Deus não precisa de partido no mundo, nem de representantes oficiais, seu único representante é o Espírito Santo. 
      O cristão não deve envolver-se com política? Como cidadão, sim, não como cristão. Isso é possível? É, mas é difícil e não é para todos, não querer impor o que sabe que é o melhor para o homem, respeitando livre arbítrio e administrando política para todos e não somente para cristãos, é missão que não sei se Deus dá a alguém. Por isso o melhor é exercer cidadania votando certo, não exercendo cargo político e nem fazendo campanha para políticos, principalmente em templos, ou pior, de púlpitos. Cristão genuíno tem bandeira melhor por que lutar, de paz, não de guerra. 

terça-feira, janeiro 04, 2022

O Espírito conduz à paz (4/9)

      “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.Romanos 8.5-6

      O ensino do texto bíblico inicial é simples, paz é inclinação do Espírito Santo, Deus nos atrai à paz, quem está em comunhão com Deus deseja e vive a paz. Por isso uma pergunta se levanta: como podem muitos evangélicos, e alguns sendo líderes desses, acharem em vida política beligerante algo agradável a Deus? Algumas respostas podem ser dadas, tentando ser justo com todas as pessoas e compreensivo com o amor irrestrito de Deus. 
      As pessoas não estão no mesmo nível espiritual no mundo, e muitas ainda creem num Deus que tem como prioridade dar a elas recursos materiais para sobrevivência. Isso é justo, por exemplo, num país onde falta emprego, infraestrutura de água e esgoto, sistemas de ensino e saúde, não podemos ser extremistas achando que os que vão a cultos pedir milagres físicos são menos espirituais, eles só são o que podem ser, e nisso não há nada de errado.
      Deus ama a todos, e os “pequeninos” (Mateus 18.6) que entendo ser os espiritualmente infantis, Deus cuida respeitando suas limitações. O problema não são esses, mas líderes, que ao invés de servirem respeitando as limitações dos liderados, usam as limitações para manipular e obterem poder no mundo. É claro que muitos líderes estão no mesmo nível espiritual dos liderados, assim não se pode exigir desses mais do que eles são, Deus não exige. 
      Essa reflexão pode explicar como se levanta um líder político estúpido, se dizendo cristão e tendo apoio de tantos evangélicos e líderes cristãos. Talvez o papel de quem vê em tudo isso infantilidade espiritual seja ser maduro espiritual, aceitar essa situação e orar por todos, buscando a paciência que Deus tem com todos nesse momento, e não ser mais um sem paz, alimentando conflitos, em nada contribuindo para que o melhor de Deus prevaleça. 
      O Espírito Santo que inclina para a paz não vive só nos que passaram do nível de ver a existência humana sobre o ponto de vista do antigo testamento, também habita nos “pequeninos” e os inclina à paz, ainda que esses entendam conquista de paz de maneira diferente. Não reajamos àquilo que não concordamos, nem para dizer que não deve haver conflitos, só isso já gera conflito, mas oremos pela paz do Brasil, o momento urge por isso. 

segunda-feira, janeiro 03, 2022

Jesus, pacificador (3/9)

      “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.Isaías 9.6

      No início de um ano em que haverá eleições presidenciais, sabendo que esse processo não será fácil, já vivendo desde a última eleição um momento de ânimos acirrados, com polaridades definidas e ambas se achando donas da verdade, algumas reflexões sobre “pacificador”. A passagem bíblica inicial é uma profecia sobre Jesus feita pelo profeta Isaías, nela várias características do messias são citadas, a última é “Príncipe da Paz”. 
      Quem segue Jesus deve ser um pacificador, a missão do Cristo foi trazer paz aos seres humanos, não ao mundo, pois enquanto houver os que pelo livre arbítrio não querem essa paz não haverá paz no planeta como um todo. Nós cristãos temos vocação para a paz, nisso achamos felicidade, nisso agradamos a Deus, nisso cumprimos nossa missão, administrarmos em paz a escolha de muitos em não quererem a paz é uma de nossas missões.
      Pergunte a si mesmo, minhas palavras e atitudes, na internet e no mundo, têm sido de pacificador? Ou tenho usado minha posição de filho de Deus para promover polêmicas e gerar conflitos, principalmente hoje no Brasil? Se até aos que recebem a paz do “Príncipe da Paz” falta equilíbrio, guerras têm liberdade para existir, deixando o mundo em trevas. Sejamos pacificadores, isso é missão dos verdadeiramente da luz, não dos outros. 

domingo, janeiro 02, 2022

Para sermos achados em paz (2/9)

      “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. II Pedro 3.13-14

      Ainda que num mundo injusto, onde a paz é difícil, com homens dominando sobre homens para terem lucro, temos uma certeza. Aguardamos novos céus e nova terra na eternidade, quando seremos avaliados e honrados com justiça e com amor, um mediando o outro. Esse é o motivo de podermos ter paz, a força para aperfeiçoarmos nossos caminhos. O objetivo é alto, chegarmos ao final sem máculas e necessidade de repreensão, mas Jesus é luz que vai conosco. 
      Com os pés firmes na terra andemos entre os homens com sensatez e lucidez, com humildade e temor a Deus, mas com os olhos espirituais firmes no Altíssimo, buscando as virtudes eternas mais que as riquezas e os bens materiais. Com as mãos no trabalho, servindo e não buscando ser servidos, ouvindo e não querendo só sermos ouvidos, mas com o coração no Santo Espírito do Deus que tudo vê, avalia e a todos permite colheitas justas no tempo adequado.

sábado, janeiro 01, 2022

Paz na Terra (1/9)

      “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.Lucas 2.14

      Glória ao Deus único e verdadeiro que emana sua luz sobre nós neste mundo, dando-nos paz e inteligência para conhecermos sua vontade, nos acolhendo com seus braços de amor para nos perdoar, consolar e libertar. Esse Deus é o Altíssimo, cuja mente está nas maiores alturas espirituais, as elevadas regiões celestes das quais só Jesus Cristo é a porta, e pela qual somos todos chamados a entrar no mover do Espírito Santo, que nos conduz em santidade e glória.
      Paz na terra, paz no mundo, paz no Brasil, paz a todos os homens, para que possam ser livres para fazerem suas escolhas, respeitando os direitos dos outros, mas sendo o que desejarem ser, como indivíduos, como profissionais, como famílias. Boa vontade em todos para que se respeite a todos assim como ao planeta, suas águas, suas terras, seus vales, seus montes, seu ar, sua natureza, seus animais, boa vontade para que se busque entendimento, justiça e harmonia.