domingo, dezembro 29, 2019

Jesus, conhecimento que se processa no tempo

      “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, e à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” II Pedro 1.5-8

      Uma descrição detalhada do processo de conhecimento espiritual que Jesus opera em nós, onde virtude vai sendo acrescentada à virtude, texto de um apóstolo tão importante, que foi tão próximo de Jesus homem, que pregou a mensagem inaugural da igreja de Cristo na Terra, após a descida do Espírito Santo, mas que não foi incumbido por Deus para registrar muita coisa em textos bíblicos, Pedro. 
      A é o início de nossa caminhada com Jesus, para interagir com o mundo espiritual é preciso exercer fé, se Jesus é a porta, fé é a chave, uma convicção que começa como dom espiritual dado por Deus, mas que depois envolve nossa razão e nossa emoção, levando-no a experimentar Jesus de forma completa, no copo, na alma e no espírito.
      Fé genuína gera em nós uma semente, ainda não é a árvore, nem os frutos, mas é uma essência que nos levará a provar a pessoa de Deus e suas qualidades em nossa pessoa, essa semente é a relevância da virtude, é ver a possibilidade de ser virtuoso, é querer ser virtuoso, diferente do velho homem que tínhamos antes de nossa conversão que simplesmente se acostumava com o pecado e não esboçava reação.
      A virtude plantada gera conhecimento, gera uma noção intelectual de que algo bom pode acontecer conosco, o cristão tem sempre ciência do agir de Deus em sua vida, diferente da ação espiritual de demônios, que controlam de forma violenta o homem e que o deixa sem força, na fé há virtude e essa é provada por nós com lucidez, com controle, intelectual, também emocional e que nos leva a um lugar melhor.
      Controle emocional nos conduz ao domínio próprio, à temperança, à moderação, ao equilíbrio, assim cremos, pensamos a respeito e assim podemos controlar nossa vida, não somos mais escravos das paixões e dos vícios, mas sabemos quando falar, quando agir e fazemos as melhores escolhas, o cristão deve ser temperado, nem sem sal, nem salgado demais, mas no ponto certo.
      A paciência é consequência natural do processo virtuoso, se aprende com o tempo, com experimentar várias vezes as mesmas coisas, para então entendermos e aceitarmos que não podemos colocar a carroça na frente dos burros, nem podemos surrar os burros ou sermos desmazelados com a manutenção da carroça, paciência é uma virtude preciosa e que não deve ser confundida com covardia ou ociosidade.  
      Piedade é compaixão pelo sofrimento alheio, esse é o primeiro passo para sairmos de nós mesmos e ajudarmos os outros, é o primeiro passo em direção à maturidade espiritual, ela nem precisa se manifestar em atos diretos, mas ver a dor do outro e orar por ele já demonstra piedade, é ser misericordioso, dar não necessariamente o que a pessoa merece, mas mais que isso, o piedoso respeita porém se importa. 
      Por que o amor fraternal só aparece agora? Se amor é tão importante porque não é gerado em nós logo no início do processo? Porque só podemos dar, olhar para os outros, depois que nos resolvemos com Deus e com nós mesmos, quem tenta amar antes disso experimentará paixão, obsessão, egoísmo e consequente ciúmes e inveja, não o verdadeiro amor.
      Caridade é a prática mais ampla do amor, muitos até amam, mas só os próximos, ainda não atingiram o nível superior de amar os distantes, tantos e tantos pequenos, inocentes e injustiçados no mundo que precisam muito mais que serem amados porque amam, muitos não têm condição nenhuma de dar, e ainda assim precisam muito receber, muitas vezes só um prato de comida no dia. 
      A interpretação do processo de oito virtudes descrito por Pedro é só outra entre tantas que outros fazem, a principal lição é que o cristianismo nunca acontece em nós num estalar de dedos, num ato mágico, ainda que alguns o chamem de milagre divino, na conversão somos limpos de demônios e recebemos o Espírito Santo, o perdão e a paz, mas libertação emocional, contudo, é um longo processo no tempo.

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