quarta-feira, dezembro 25, 2019

Jesus, nos envia em paz

      “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.João 20.19-23

      A passagem inicial talvez seja o relato de um dos momentos mais doces da Bíblia, quando, enfim, pode ter caído a ficha de muitos dos discípulos. Como pode ter sido assim, viverem dia a dia junto de Jesus, conhecê-lo intimamente e a sua missão, e ainda assim duvidarem no final, mas não é isso que acontece conosco hoje em dia também? Temos o Espírito Santo, Jesus está em nós para sempre, provamos de seu amor e de sua luz dia a dia, e ainda assim nós o negamos vez ou outra, ainda assim duvidamos, ainda assim nos apressamos para fazer as coisas do nosso jeito, ainda assim trocamos paz de espírito por qualquer coisa infimamente menor. Somos seres ingratos e injustos, o tempo todo, ninguém se engane quanto a isso.
      Comecemos pelo final do texto, por algo que chama a atenção, “àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos”, Jesus entregou uma autoridade muito grande aos seus seguidores, baseada nisso a Igreja Católica excomunga pessoas, coloca-se no direito de desligar pessoas de uma eternidade com Deus quando elas pecam em um certo nível. Me faço uma pergunta: eu tenho vida com Deus suficiente para poder exercer essa autoridade? A história da Igreja Católica ensina claramente que ela não tem, mas quem tem? Será que os protestantes e evangélicos atuais têm? Meu desejo é passar paz às pessoas, não culpa, é perdoar, não acusar.
      Jesus envia-nos numa missão que nem sempre será entendida, nem sempre faremos amigos obedecendo a Deus, isso é difícil, já que a tendência natural da maioria de nós é viver e deixar viver, não se indispor com ninguém, contudo, nem sempre isso é possível. Mas o texto não é um ensino sobre relacionamento pessoal, sobre a dificuldade que todos temos de conviver com todos, de, ainda que amando e desejando o melhor, gostar de todas as pessoas e estarmos próximos a elas. O texto fala sobre a obra, sobre fazer a vontade de Deus, não nossa, enfim, o texto acaba tocando pontos opostos, paz com Deus e possibilidade de guerra com os homens, que o Espírito Santo nos ajude a entendê-lo e a praticá-lo. 
      Voltemos ao início do texto inicial, trancados, reunidos mas amedrontados, Jesus pôs-se no meio dos discípulos, podemos entender que Jesus apareceu no meio deles, de maneira sobrenatural, a primeira coisa que disse foi, “paz seja convosco”. Jesus é maravilhoso, Deus é bom demais, quando ele de fato nos visita a primeira coisa que sentimos é sua paz, uma paz que nos faz desejar sermos santos, sermos melhores que somos, simplesmente para nos sentir merecedores da paz única de Deus. Na paz de Deus não existe mágoa, vingança, vaidade, só adoração ao Senhor. Mas Jesus teve que mostrar as mãos, que ainda que fossem de um novo corpo espiritual traziam as marcas da crucificação, depois repetiu, “paz seja convosco”.
      Após o reconhecimento inicial, contudo, Jesus revelou aos discípulos qual seriam suas missões agora, depois da paz vem a responsabilidade, a responsabilidade de compartilhar essa paz com outros. Mas além do dever eles receberam direitos, em primeiro lugar de terem o Espírito Santo, que nessa ocasião foi soprado sobre eles, mas que só desceria oficialmente sobre a Terra depois, quando Pedro inauguraria a igreja pregando em Jerusalém. A paz e o Espírito Santo é tudo o que precisamos para obedecer a Deus, paz vem pelo perdão que santifica, unção vem pela santidade. Os que querem ter unção sem santidade experimentam paixão humana, mas não o genuíno mover do Espírito Santo, esse só enche vasos limpos. 

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