quarta-feira, dezembro 08, 2021

Na humildade não há humilhação

      “Porque assim diz o Senhor: Não entres na casa do luto, nem vás a lamentar, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia.Jeremias 16.5
Duríssima essa palavra, Senhor, tem misericórdia de nós.

      Havendo humildade não há humilhação, assim caminhemos sempre. O ser humano, em sua caminhada com Deus, pode ter vários momentos, o momento de alegria é o primeiro e deveria ser o único momento, nele provas são apresentadas e após um tempo, que Deus tem paciência em esperar por ser sempre amoroso, o ser humano é aprovado. Sim, existem quedas ocasionais, mas nada que desvie o homem do caminho melhor, machuque as pessoas de forma irremediável ou escandalize a fé que é professada. Feliz o homem que é maduro com o que recebe e grato pelo que não recebe, que não se aprofunda só no conhecimento do Deus que cuida na área material, mas no Deus que é Deus e a todos atrai às regiões espirituais mais altas. 
      O segundo momento é o momento de choro, e por esse passam os que teimam em desobedecer a Deus e por isso são exortados por ele. Veja que nesse momento já existe alguma disciplina, mas é quebrantamento para levar à humildade, e como pai, o Senhor é discreto para disciplinar seus amados filhos, procura fazer isso de maneira privada, sem expor alguém publicamente à vergonha. Discernir esse momento é primordial para seguirmos na bênção de Deus. Sim, meus queridos e minhas queridas, muitas vezes o Espírito Santo nos leva ao choro, e nesse momento o som do louvor, a alegria de cultos e celebrações, a confraternização gostosa das festas, isso deve parar e dar lugar à contrição, numa experiência individual e muitas vezes solitária. 
      O momento do choro passou, agora é momento de disciplina. O terceiro momento encontra o ser humano, que até pode ter sorrido quando podia, mas que não soube chorar quando devia. Precisamos constatar aqui um fato, não saber chorar não é só uma característica de muitos cristãos, mas do ser humano de nosso tempo de maneira geral. Esse quer comemorar, festejar, usufruir, aparentar sempre satisfação para sair-se bem nas fotos na internet, mas não quer se quebrantar, não quer chorar. Me refiro aqui a um choro que purifica, que quebra o errado para refazer o certo, que se coloca como barro nas mãos do oleiro, se esse choro é profundamente vivido o pior não acontece, que é a disciplina mais dura da vida real nas mãos do Deus todo-poderoso. 
      Temo que seja por esse terceiro momento que o Brasil esteja passando, e que muitos evangélicos brasileiros, não todos, estão começando a vivenciar, e creiam, o pior ainda não chegou. Não choraram quando deviam, ao contrário, cantaram e encheram templos, idolatraram aqueles que os alegrava em cultos, cantores e pregadores que disseram o que eles queriam ouvir. Finalmente uma grande maioria de evangélicos apoiou um governante, mitificou-o, colocou-o no lugar de Deus, enquanto a lucidez da ciência e o respeito às diferenças foram desprezados. Mas “eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir” (Isaías 59.1), se houver humildade há saída, mas não sem dor.  

José Osório de Souza 
3/08/2021

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