quinta-feira, dezembro 09, 2021

Chamada para ser humilde (1/2)

      “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.Efésios 4.28

      Qual é a sua verdadeira chamada? Você pode achar que é ser pregador quando é ser vendedor, você pode achar que é ser cantor quando é ser professor, você pode achar que é ser médico quando é ser engenheiro, enfim, não saber e não assumir nossa verdadeira chamada pode nos envergonhar assim como fazer as pessoas próximas a nós infelizes. A vida não é fácil e muitas vezes não fazemos o que queremos fazer, mas o que podemos, ou mais, o que temos que fazer para sobreviver, contudo, uma coisa é não estar cem por cento satisfeito com o que se faz por ter que lutar por uma vida digna, outra coisa é fazer infelizes os outros para estarmos satisfeitos conosco. 
      Na área musical das igrejas existe muita gente querendo ter “ministério itinerante” experimentando atraso de vida. Chega a ser difícil falar com muitos desses, pois eles se sentem legitimamente chamados por Deus, e ir contra seus sonhos nos coloca, aos olhos deles, como instrumentos do mal contra uma vontade de Deus. Mas pelos frutos vemos a realidade dessas vidas, que muitas delas definham, não conseguem independência econômica, perdem tempo e fazem outros sofrerem. Enquanto solteiros e sem filhos as ilusões ainda agradam alguns, principalmente pais, também equivocados, ávidos por verem filhos sob holofotes em palcos, mas depois o drama aumenta.  
      “Ministério itinerante”, coisa que não existia há um tempo atrás, e que se tornou muito comum no meio pentecostal, não só para cantores, como para pregadores. Mas nas “casas de espetáculos” na quais muitas igrejas se tornaram, isso é só mais uma parte do sistema que quer produzir shows, não cultos, para muita gente assistir e depois ”pagar”. Outro lado negativo desse grave desvio de muitas igrejas evangélicas é que os pastores oficiais pouco pregam, delegam o trabalho para esses “artistas”, hábeis em dizerem e cantarem o que as pessoas gostam de ouvir, e que sempre incentivam ofertas, que depois serão colhidas para pagarem seus “cachês”, que não são pequenos. 
      Ainda se houvesse um desejo sincero de compartilhar suas crenças, mas não, muitos querem sucesso e fama, não trabalham nas igrejas de origem pois se acham importantes demais para isso, e com uma sincera arrogância mascarada de visão superior de ministério, o que falo digo como testemunha. Houve quem fosse bem sucedido nesse intento? Houve, e são esses que servem de motivação para tantos cantores e cantoras, mas até que ponto, mesmo esses que servem de exemplos, desempenham a melhor vontade de Deus? Desculpe-me tocar nesse assunto, mas esse é mais um aspecto do enorme desvio que igrejas evangélicas têm incorrido nos últimos tempos. 
      O caminho da humildade é temido mais que o próprio “diabo” por muitos crentes, com carências mal resolvidas e obcecados por aprovação humana. A vaidade conduz à arrogância e à servidão a outros arrogantes, Deus fica longe disso, usado e vendido, mas não servido. Não escondo meu pensamento que deveria haver menos igrejas, bastaria às pessoas terem uma experiência com Deus e compartilharem isso em seus cotidianos no mundo, enquanto são seres humanos produtivos, que trabalham para se sustentarem e ajudarem os necessitados. Para reuniões cristãs bastariam os lares, com menos pessoas, onde todos se conhecem e se ajudam, sem vaidades, só com verdade. 
      Não estou dizendo que é errado visitarmos irmãos em outras cidades, compartilharmos as bênçãos e até ganharmos deles alguma oferta, isso em si nada tem de errado, mas o erro é fazer disso uma profissão material, não uma missão espiritual. Muitos nem têm palavras dadas por Deus para dizer, mas são só oradores carismáticos que usam repetidamente as mesmas passagens bíblicas, de preferência aquelas sobre fé e milagres físicos, para emocionarem as pessoas. Incontáveis foram as vezes que assisti pregadores usando as passagens da cura da mulher com o fluxo de sangue (Mateus 9.20) e a da ressurreição de Lázaro (João 11.43), que ótica limitada da Bíblia têm esses.
      Pastores, cumpram vossas chamadas, se é que de fato são legítimas, o alimento que receberam de Deus pode ser para um rebanho de cem almas como pode ser para um rebanho de cinco mil almas, isso não importa, como não importa a fama que pode ser só consequência de um ministério, mas que não deve ser critério para que um ministério seja avaliado como agradável a Deus. Saibam que a visão que vocês têm não precisa agradar a homens, nem ser igual a outras visões para que receba aprovação, basta que seja de fato visão de Deus e em Deus. Se Deus lhes dá uma visão é porque existem pessoas que precisam se abrigar nela, assim, sejam fontes de vida, não de vaidades. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

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