sexta-feira, dezembro 06, 2019

Jesus, um menino nos nasceu

      “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.Isaías 9.6-7

      O texto inicial não precisa de explicações, é uma das palavras mais reveladoras sobre o caráter de Cristo e sua obra, ao mesmo tempo que é uma adoração perfeita. Os adjetivos Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, merecem um estudo à parte, como já foi feito tantas vezes, eles definem muito mais que um rei humano, muito mais que vimos em Jesus quando viveu como homem encarnado. Ele mostra Deus que a todos, de todos os tempos e nações, governará e para os quais trará a paz. Maravilhoso, esse é o adjetivo que salta de nossas bocas quando somos confrontados com uma nova surpresa de Deus, fazendo o impossível, e que ficando sem palavras simplesmente dizemos, Deus é maravilhoso! Conselheiro, só pelo Espírito Santo temos o conselho mais sábio, mais equilibrado, mais justo, fora dele só há trevas, trevas intelectuais, trevas emocionais, trevas espirituais. 
      Mas o texto diz mais, Deus forte, Jesus é Deus e forte, ainda que como homem tenha sofrido por manter-se fraco (na matéria e não nos valores morais), e não tenha manifestado sua força para escapar da maldade humana. Pai da eternidade, Jesus é eterno e é o pai, ele e o Deus pai, que os judeus conheciam (e conhecem), que chamou Abraão, que escolheu Jacó, que fortaleceu Israel no Egito e o tirou de lá por Moisés, que levantou Davi como rei, esse Deus e o Cristo que os homens desprezaram são um. Príncipe da paz, no final, quanto o mundo estará no maior dos conflitos, Jesus trará a paz, a mesma que os convertidos e filhos de Deus pelo evangelho já provam em seus corações a partir do momento que nascem de novo em Cristo.
      “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”, muitos personagens importantes são celebrados na Bíblia, mas poucos, como Isaque, Moisés e Samuel, têm seus nascimentos detalhados, contudo, no caso de Jesus, a anunciação de seu nascimento como homem comum, não como rei, líder político ou como profeta oficial de um povo, tem uma importância especial. Por que a Bíblia registra em detalhes o nascimento de Jesus, mais que de qualquer outro personagem? Porque seu nascimento como ser humano, como filho da mulher e gerado pelo Espírito Santo, mostram a sua pureza, de suma importância para que seu sacrifício fosse de um cordeiro sem mácula que tira o pecado de todo o mundo. 
      O texto inicial desse profeta, Isaías, que é considerado o profeta mais messiânico de todos, contudo, revela mais ainda, “do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi... para sempre”, Jesus viria de linhagem humana real, descendente de Davi, José era descendente da tribo de Judá, mas muito mais que isso, de linhagem real divina, gerado pelo Espírito de Deus. Incrível como Isaías detalha acontecimentos que só ocorreriam muito tempo depois de sua vida, só o Espírito Santo para permitir tal conhecimento tão preciso. 

quinta-feira, dezembro 05, 2019

Jesus, a pedra angular

      “Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e renderei graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor; por ela entrarão os justos. Render-te-ei graças porque me acudiste e foste a minha salvação. A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos.Salmos 118.19-23

      Outro texto messiânico num salmo, o salmista reconhece que quem abre a porta para que ele seja justo não são suas obras ou sua fidelidade religiosa, mas o próprio Deus, e entrando por ela pode dar a Deus o melhor louvor. Mas o texto fala mais, define o Senhor como a pedra angular, pedra angular é aquela que fica no ângulo de uma construção, entre duas paredes, sobre a qual tudo é construído e sem a qual nada fica de pé. A grande revelação sobre Jesus e sua obra é a frase “a pedra que os construtores rejeitaram”, isso mostra o caráter da vida, morte e ressurreição de Cristo, perseguido não pelos homens comuns, mas pelos construtores, que são esses construtores? Os líderes religiosos judeus, que deveriam ser quem mais tinha que entender e respeitar a relevância da obra de Jesus, mas que foram justamente quem o perseguiram e o mataram. Não, o salmista não fala só de Deus, mas do filho de Deus, do verbo, do salvador, do Senhor Jesus Cristo, por isso ele se encanta com a palavra, se maravilha com ela, glória a Deus! Revelações espirituais poderosas não vêm de homens ou demônios, mas só do Espírito Santo, quem as experimenta sempre se maravilha. 

quarta-feira, dezembro 04, 2019

Jesus, levou cativo o cativeiro

      “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que o Senhor Deus habite no meio deles. Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação.” Salmos 68.18-19

      Nas reflexões de hoje e amanhã, duas passagens de Salmos messiânicos, palavras que vão muito além das intenções iniciais dos salmistas. No Salmo acima, o escritor diz “subiste às alturas, levastes cativo o cativeiro... para que o Senhor Deus habite no meio deles”, isso revela claramente o final da obra de salvação que Jesus encarnado fez, quando após morrer para pagar o pecado da humanidade, ressuscita liberta o homem do cativeiro do pecado. Através disso, Jesus permite que o Espírito Santo seja enviado, more nos espíritos humanos que podem agora experimentar, não um Deus distante, mas próximo, habitando no meio deles. Diz mais, “dia a dia leva o nosso fardo”, mais uma vez o caráter vigário (aquele que substitui outro) de Cristo é profetizado, Jesus padeceu para que nós não precisássemos padecer, levou nossos pecados na cruz. Sim, o Espírito Santo já revelava Jesus e sua obra aos homens, bem antes do filho de Deus encarnar há dois mil anos atrás, por isso a Bíblia é coesa, coerente e focada, em quê? Em Jesus, seu centro. 

terça-feira, dezembro 03, 2019

Jesus, o cetro não se arredará dele

      “Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão. Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas. Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.Gênesis 49.8-12

      O texto inicial é parte da bênção que Jacó deu para seus filhos próxima a sua morte, Judá teve uma bênção especial. O reinado de Davi foi profetizado? Sim, mas também o reinado espiritual de Jesus, “até que venha Siló” pode ser interpretado como um governador humano terá poder até que venha um governador maior, espiritual. A palavra profética usou várias metáforas, o uso do animal leão é a mais forte. Leão é dito ser o rei dos animais, ele reune várias qualidades, força, velocidade, mas também beleza. 
      Alguns animais são ferozes, mas são feios, outros são belos, mas não são tão fortes, outros ainda são rápidos, mas são fracos, o leão é tão belo quanto forte e rápido, um animal majestoso. A palavra de Jacó diz que Judá prevaleceria sobre seus irmãos, os lideraria, isso seria para sempre, “o cetro não se arredará de Judá”, além disso venceria seus inimigos honrando não só seu nome, sua tribo, mas toda a nação de Israel. A frase “ele amarrará o seu jumentinho à vide” nos lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mateus 21.7), e vide nos arremete à comunhão de Jesus com a igreja (João 15.5). 
      Mas a frase final, “os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite”, chama a atenção. Vinho é figura de alegria e prosperidade e dentes brancos pode ser de beleza e pureza, Jacó com certeza prevê o reinado de Davi, mas o Espírito Santo vai além, nos fala de Jesus em suas palavras. Lendo a Bíblia entendemos como toda a linha genealógica que começa em Abraão e chega a Jesus é guardada e cuidada de maneira especial, passando por Jacó, Judá, Calebe, Davi, Salomão e José, esposo de Maria.   

segunda-feira, dezembro 02, 2019

Jesus, feriu a cabeça da serpente

      “Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3.14-15

      “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.Apocalipse 20.2

      A salvação através de Jesus não foi um plano demorado, como que uma exceção de Deus para consertar o erro dos homens, na Bíblia a promessa de alguém que feriria a cabeça da serpente aparece logo no início. Sendo a serpente a figura do diabo, e o animal que foi possuído pelo mesmo para tentar o ser humano, a semente da mulher, predita em Gênesis, é Jesus. Por que semente da mulher e não do homem? Porque o pai de Jesus homem foi Deus, ele foi gerado no corpo de Maria mulher, humana, através de uma obra milagrosa e sobrenatural do Espírito Santo. 
      Foi assim para que Jesus fosse concebido sem pecado, puro, não recebendo de um pai homem, humano, qualquer herança de erro. Jesus tinha que ser um sacrifício puro para que tivesse a eficácia que teve, por isso nasceu, viveu e morreu e ressuscitou sem pecado. Mas a Bíblia citar Jesus como a semente da mulher e não do homem, tem mais significados, alguns misteriosos, mas eu penso que foi também uma maneira da mulher ser consolada, aquela pela qual na figura mítica de Eva entrou o pecado no mundo também seria o canal para que o pecado fosse anulado. 
      Todavia, assim como a mulher foi honrada, o diabo foi humilhado, ele seria destruído por um descendente da mesma humanidade que ele achou ter destruído. A mulher também pode representar a igreja, sob esse ponto de vista o diabo sempre estará em guerra com a mulher, a igreja, os filhos de Deus de todos os tempos e raças, salvos por Jesus e selados pelo Espírito Santo, e não uma igreja específica, seja católica, protestante ou evangélica. Outro detalhe da profecia de Gênesis sobre Jesus é que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. Por que foi citada essa parte específica do corpo do animal? 
      Em primeiro lugar é preciso entender porque Deus permitiu que o diabo possuísse uma cobra e não outro animal, bem, isso tem vários significados espirituais, significados que os esotéricos se aprofundam bastante. Uma cobra é um animal com um físico interessante, ela tem um longo corpo, que parece igual e desproporcional, não tem patas ou mãos. Alguns dizem que essa aparência atual da serpente é a que ela ganhou como castigo por ter sido possuída pelo diabo, e que antes ela poderia ser diferente, não repugnante como é hoje, mas mais bonita e sedutora, como o próprio diabo sempre se apresenta a princípio.
      Mas a cobra tem uma cabeça certeira, nela se concentra sua arma mortal, dentes venenosos que inutilizam uma presa só com uma mordida, depois que a mordida é dada e o veneno entra no organismo, a cobra abraça sua presa e começa a digeri-la, lentamente, por inteiro. Ela não tira pedaços como um grande felino, isso tudo nos oferece muitas metáforas da ação espiritual do diabo. O caduceu com as serpentes não é sem motivos um símbolo mágico tão importante. Vamos revelar esses mistérios.
      O longo corpo, sinuoso e hipnótico ao se mover, são as artimanhas do diabo, podemos correr o risco de nos iludir com ele e nos esquecer da cabeça, onde está o perigo. Por outro lado, mesmo para anular o diabo, não podemos tentar bater no corpo, mas cortar direto a cabeça. Com o diabo não se conversa, não se argumenta, não se tenta tirar informações dele, ele é puro engano, o diabo se anula, com o poder no nome de Jesus acertando diretamente sua cabeça. Jesus é a semente da mulher que pisa na cabeça da serpente. 
      Devemos, todavia, ter muito cuidado neste mundo, como uma serpente o diabo pode estar escondido entre as pedras, na sujeira desse mundo. Andemos com sabedoria, com temor a Deus, pois ainda que ele seja baixo, rasteiro, pequeno, pode ser mortal, mordendo uma parte nossa que descuidamos, acertando nosso ponto mais fraco, que é justamente nossos pés, que precisamos para nos mover na Terra, por entre os homens. Contudo, se formos cautelosos, matamos a serpente com os pés, sem que tenhamos que tocar o diabo sujo de alguma maneira. 

domingo, dezembro 01, 2019

Jesus, verbo de Deus que tudo criou

      Começando hoje e indo até o último dia do mês de dezembro, compartilharei trinta e uma reflexões sobre Jesus, muitos títulos que a Bíblia lhe dá, tentando abraçar da melhor maneira possível a obra completa de Cristo no universo, no mundo, na humanidade, e em nossas vidas. O estudo é dividido em cinco partes. 

1ª oito reflexões sobre o que o antigo testamento profetiza sobre Jesus
2ª seis reflexões sobre o nascimento, a infância e o batismo de Jesus relatados nos evangelhos
3ª quatro reflexões sobre o ministério de João Batista relatado nos evangelhos
4ª oito reflexões sobre o ministério de Jesus também relatado nos evangelhos
5ª cinco reflexões nas cartas do novo testamento e no Apocalipse sobre Jesus

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” Gênesis 1.1-5

      “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.” João 1.1-4

      Muitos, mesmo cristãos, acham que apesar de Jesus ser Deus, ele só apareceu efetivamente quando encarnou, viveu, morreu e ressuscitou na obra de redenção da humanidade, contudo, Jesus é muito mais que isso. A criação do universo material e espiritual foi feita através de uma palavra de poder de Deus, no mundo espiritual a palavra tem muito, mas muito valor, ela não é só a expressão de algum pensamento e sentimento, como nós humanos achamos, seres humanos acostumados a dizer tanta bobagem sem pensar. 
      Uma palavra autoriza algo a acontecer, e nenhuma palavra volta vazia, para um bem ou para um mal ela sempre gera algo. Se é assim entre os homens, entre as criaturas, muitíssimo mais com o criador, a diferença é que Deus nunca joga palavra fora, se ele quer que algo aconteça ele fala, e se ele fala acontece. Por isso que muitas vezes quando oramos pedindo uma orientação do Senhor sentimos um silêncio, mesmo o silêncio de Deus tem significado, significa que ele não fará nada, pelos menos não naquele momento, mas o Espírito Santo gracioso ainda assim nos consola. 
      Em vários textos bíblicos entendemos que Jesus é o verbo de Deus, quando Deus quis criar o universo a palavra que ele usou era a própria pessoa de Jesus, Jesus é o verbo de Deus, isso é, uma palavra viva e poderosa que cria algo. Deus cria através de Jesus, sempre foi e sempre será assim, mas além disso Deus também salvou a humanidade encarnando esse verbo, por isso Jesus é tão especial, muito mais que outros líderes religiosos, Jesus é o verbo de Deus, e o cristianismo a única maneira de salvação para o homem. 

sábado, novembro 30, 2019

Dom de línguas estranhas

      “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.Romanos 8.13-16

      Perdem e muito os que tentam viver o cristianismo sem uma experiência total e verdadeira com e no Espírito Santo. O Espírito Santo habita todos os convertidos, os novos nascidos, na verdade sem o Espírito Santo não há cristão, não há comunhão com Deus, não há novo nascimento, não há experiência de cura e perdão de Deus. Assim, mesmo os que não acreditam que os dons espirituais são para os dias atuais, mesmo que nunca se tenha vivenciado o falar em línguas estranhas, as revelações espirituais que renovam as experiências que temos nas revelações registradas na Bíblia de outras pessoas, mesmo esses têm o Espírito Santo, ninguém duvide disso, sob o risco de pecar contra o Espírito Santo. Contudo, CONTUDO, (e me perdoem a caixa alta), quem não experimenta os dons de maneira explícita, perde muito do poder transformador e exclusivo de Jesus, do pleno e real cristianismo.
      Numa igreja cristã atual (e uso o termo igreja generalizando a grande parte de igrejas protestantes é evangélicas), onde o pentecostalismo se cansou, e se cansou porque se desviou da palavra, perdendo-se nas experiências emocionais e na teologia da prosperidade, e até os pentecostais estão procurando estudos bíblicos mais sérios e profundos compartilhados pelos tradicionais, se faz necessário uma volta ao Espírito Santo, não ao pentecostalismo, porque se esse fosse íntegro não teria perdido a força, mas à liberdade do Espírito Santo que havia na igreja cristã primitiva. Alguns tradicionais equivocados podem dizer, “mas nas cartas de Paulo à igreja de Corinto, vemos uma exortação contra os dons, principalmente o de línguas estranhas”, mas meus queridos, nas cartas aos Coríntios não foram os dons que foram criticados, mas o mal uso deles, todas as igrejas daquela época experimentavam os dons, mas eles pouco são citados nelas porque essa maioria usava os dons da forma correta. 
       “Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (Atos 4.20), eu não posso deixar de testemunhar aqui sobre a bênção que são em minha vida os dons espirituais, todos, e muito o dom de línguas estranhas. Quem tem dons? Não, não são os melhores e eles também não conferem a ninguém um status quo superior no meio cristão, tem os que querem, creem, buscam, recebem e usam, simples assim. E se todos os dons são a força a mais que o cristão precisa para viver o cristianismo, o de línguas estranhas permite um consolo, um fortalecimento, especial, que nos ajuda justamente quando mente e coração não podem. Assim, muitas vezes, quando minha cabeça estava cansada, quando meu emocional estava vazio, o falar em línguas estranhas alimentou e vivificou meu espírito, porque os genuínos dons espirituais são isso, espirituais. Erra quem acha que são meras experiências emocionais, eles podem tocar nossas emoções, mas elas só efeito daquilo que é experimentado antes no espírito. 
      Podemos profetizar através de línguas estranhas e quando houver quem as traduza elas são úteis para abençoar os outros em cultos públicos, mas a principal bênção do dom de línguas estranhas está na nossa vida privada, em nossos momentos particulares e solitários de oração, assim o verdadeiro dom de línguas é tudo, menos adulação de ego para ser exibido para os outros. Só Cristo pode viver o cristianismo, Cristo vive em nós pelo Espírito Santo, exercer os dons espirituais é dar liberdade para que o Espírito seja Deus em nós. Negarmos isso é tentar viver, ainda que com sinceridade, um cristianismo sem Cristo. O dom de línguas estranhas estabelece um diálogo mais direto e espiritual, é o Espírito Santo falando a Deus e ao mundo espiritual através de nosso espírito, que colhe bênção emocional disso, mas que muitas vezes não entende o que está sendo dito racionalmente, por isso ele é bênção quando nos sentimos sem forças para orar. O dom de línguas estranhas é Deus orando por nós em nós.
      Sendo um diálogo de Deus para Deus, nos permite interceder por coisas que não temos consciência que precisamos interceder, pelo menos não a princípio. Isso é o milagre que só o evangelho faz, algo que começa em Deus e termina em Deus, para a glória única de Deus. Quanto mais buscamos o Senhor e falamos em línguas, no temor de Deus, em santidade e com sabedoria, a nossa intimidade espiritual com o pai aumenta, a experiência do dom de línguas estranhas evolui, e tem muita gente que ainda que fale em línguas ainda está no primário desse dom. Mas repito, é importante que tenhamos um crescimento nessa experiência em particular, pois a maneira como o Espírito Santo interage com nossos sentidos, com nossa fala e mesmo com todo o nosso corpo, pode não ser entendida por alguns, e os que já são pré-dispostos a não aceitarem dons espirituais poderão se escandalizar ainda mais. 
      Muitos, contudo, ainda não entenderam a profundidade da interação que o Espírito Santo pode ter conosco, aceitam tanta entregas físicas e emocionais do mundo, mesmo de outras religiões, que não são de Deus, e são frios com relação ao Espírito Santo, por isso tantas enfermidades, principalmente psiquiátricas, no meio cristão, Deus tem a cura mas as pessoas não a querem. Não, ter uma experiência plena com o Espírito de Deus nada tem a ver com possessão demoníaca, a possessão, uma vez autorizada pela pessoa, é algo violento, descontrolado, sujo, degradante. Com o Espírito Santo há felicidade, há vitória, há vontade de ser santo, há luz, entendimento da vontade de Deus, adoração pura, começando no espírito inunda nossa alma, sentimentos e pensamentos, e pode ter liberdade, se assim permitirmos, em todo o nosso corpo. Cheios do Espírito cantamos, dançamos, pulamos, gritamos, mas sempre debaixo de nossa autorização racional. O espírito do profeta está sempre sujeito ao profeta.

sexta-feira, novembro 29, 2019

Se não há para onde ir, não vá

       “Antecipei o cair da noite, e clamei; esperei na tua palavra. Os meus olhos anteciparam as vigílias da noite, para meditar na tua palavra.Salmos 119.147-148 

     Quando não vemos saída nos desesperamos porque ainda que queiramos seguir em frente nenhum caminho se apresenta. Se não há caminho não é tempo para se desesperar, mas apenas e simplesmente para esperar, quando for o tempo certo, Deus mostrará o caminho e poderemos então seguir em frente. Não ter para onde ir não é necessariamente um problema, o problema é não termos onde esperar. Bem, os filhos de Deus podem esperar em Deus, em paz e certos que esperar também é útil, é necessário, é agradável ao Senhor, assim se temos que esperar o façamos tranquilos, felizes, não ansiosos ou amargos, Deus está preparando o melhor para o melhor momento, quando então poderemos seguir em frente. 
      Por que não gostamos de esperar? Um dos motivos é porque achamos que os outros vão nos julgar mal por estarmos parados, vão achar que somos de alguma maneira negligentes, rebeldes, ociosos, mas é em momentos assim que temos que assumir a quem servimos, se aos homens ou a Deus, e a quem queremos agradar. Fazer no nome de Deus, estar em atividade, é mais fácil, já esperar em seu nome, principalmente à vista de todos, de familiares, de irmãos da igreja, é difícil, depende muito mais de fé, de confiança no Senhor, mas é na espera que Deus amadurece seus servos, é nela que se conhece quem de fato segue a Jesus seja onde for, é nela que provamos a felicidade mais resistente. 
      O problema de não saber esperar é acabar indo para lugares errados, fazendo alianças erradas, com pessoas erradas, no tempo não propício, e assim se desgastar, perder energia, se expor desnecessariamente, e acabar mais fraco que no início. Um dos motivos da esperar é ter um momento pra descansar e renovar as forças, mas se insistirmos em fazer e fazer inverteremos a situação, algo que era pra ser bom se torna pior ainda. Algumas vezes fazer é para os arrogantes e que não confiam em Deus, já esperar pode ser a saída dos sábios e humildes, que creem no Senhor. Muitos não sabendo esperar, obcecados por ativismos, acabaram perdendo tudo que tinham conquistado até então.
      Se não há para onde ir, não vá, não se sinta na obrigação só para provar para os outros que você é alguém esforçado, vença os críticos e invejosos que sempre esperam situações para acusar. Deus é Senhor do caminho mas também da espera, do fazer mas também do não fazer. No texto inicial o salmista tem um discernimento importante, faz a descoberta de um momento importante da vida, a proximidade da “noite”. Em primeiro lugar não era noite ainda, ela só estava próxima, entender que algo vai acontecer antes que aconteça nos dá tempo, tempo para nos prepararmos. Antecipar as vigílias da noite nos dá tempo para meditar mais na palavra de Deus e orar. Mas o que seria “noite”? 
      Ao pé da letra, noite é o período onde temos a ausência da luz do Sol, sem a luz natural existe mais dificuldade para andar pelo mundo, mesmo para o trabalho, por isso é mais conveniente para o descanso, dentro de casa, protegidos em nossos lares. Existem muitos textos bíblicos sobre esperar em Deus, talvez um dos temas mais presentes na Bíblia e principalmente nos Salmos, mas a passagem inicial do Salmo 119 me chamou a atenção por causa disso, da antecipação da noite que o escritor bíblico faz. Nesse tempo é preciso parar, entender que o tempo de fazer, ou ao menos o tempo mais eficiente para isso, já passou, é preciso ter lucidez e humildade para aceitar a realidade.
      Antes que chegue a noite mais profunda temos que nos preparar focando em Deus, os filhos de Deus, aqueles que o temem e que estão em comunhão com ele, sempre saberão em que tempo vivem e terão tempo para se preparar para o pior tempo. Nós em especial vivemos atualmente tempos escuros, próximos da grande noite que virá sobre o mundo, é preciso mais que nunca nos prepararmos. Trabalharmos? Sim, o máximo que pudermos, mas conscientes que estamos numa passagem, devemos depender de Deus sempre, mas na noite mais ainda. Contudo, na noite as referências faltam, aquelas que tínhamos no dia, assim dependeremos mais ainda de fé.
      “Antecipei o cair da noite e clamei”, essa é a grande lição do texto inicial, por nós mesmos não podemos adivinhar nada, mas no Espírito Santo podemos antecipar, Deus é vivo e nos ama, assim ele fala conosco e quer o melhor para nós. A nós resta ouvir e obedecer, em comunhão com Deus somos protegidos, salvos, resgatados. O que é o arrebatamento senão um resgate dos filhos em plena comunhão com Deus e dos inocentes, crianças, bebês, deficientes mentais (que também podem ser inocentes)? Um resgate antecipado antes que chegue a pior noite que a humanidade enfrentará no mundo. Louvado seja o Senhor que vive e reina para sempre e que não desampara os seus!

quinta-feira, novembro 28, 2019

Desejo de orar, a maior das bênçãos

      “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Isaías 55.6
      “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Isaías 59.1-2
      “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.Isaías 1.18-19

      De todas as coisas boas que podemos ter neste mundo, que podemos receber de Deus, o desejo de orar, de nos aproximarmos do Senhor, de querermos estar na presença de Deus, e de sentir nessa experiência o maior prazer de todos, é a maior benção de todas. Orar a Deus é uma benção em si mesma, assim não importa para que estaremos em comunhão com Deus, não importa o que diremos ao Senhor, o que pediremos, nem o que Deus nos responderá, ou o que nos dará, estar na presença no Senhor, ter o desejo de querer isso e executar isso, é o maior tesouro que um homem pode ter, abençoado demais será aquele que ter essa vontade até o fim de sua vida neste mundo. Quando orar, antes de qualquer coisa, antes mesmo de agradecer pela vida, pela família, pelo emprego, pela saúde, pela salvação, agradeça a Deus por poder orar, por achar um tempo para a tempo achar o Senhor. 
      Mas o homem que recebe essa benção não deve ser grato por querê-la, mas por se atraído por Deus à sua presença e então poder desejar isso, é Deus quem nos atrai e atraindo nós o desejamos, de todo o coração, amamos a Deus porque ele nos ama primeiro, o buscamos porque ele nos acha e abre a porta de sua presença. Assim, louvemos a Deus, o adoremos com toda a alma e com todo o entendimento, simplesmente porque podemos querer fazer isso e porque o fazemos, sem impedimentos, sejam externos, sejam internos, sejam do mundo, dos demônios, sejam dos nossos próprios pensamentos e sentimentos, exaltemos o Deus todo poderoso, altíssimo, santo, onipresente, eterno, que apesar de tudo isso nos é acessível, pelo único e poderoso nome de Jesus Cristo, através do Espírito Santo que habita os filhos e salvos. 
      Quando Deus nos atrai nós o achamos, contudo, alguns, em algum momento, podem buscar a Deus e não achá-lo, essa é a maior de todas as tristezas, a maior de todas as decepções, a maior de todas as dores, mas será que é Deus quem se esconde, quem não se deixa achar? Não acha quem ainda que diga com a boca que deseja achar a Deus, com o coração nega, à medida que não assume seus pecados, que não quer confessa-los, que acha que está fazendo tudo certo, que inventa mil argumentos para se justificar e assim tenta entrar na presença do Senhor sujo, com a alma cheia de pecados. Mas Deus conhece os humildes, os que sabem que não merecem estar na presença do Senhor, que temem e tremem diante do altíssimo, mas que ainda assim, com a coragem de filhos, se achegam a Deus clamando por perdão, por misericórdia, por graça. Esses são atraídos pelo amor do pai e se sentem privilegiados só por estarem em sua presença, esses entenderam o melhor da vida. 

quarta-feira, novembro 27, 2019

Olhemos para cima

      “Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terraColossenses 3.2

      Olhamos para baixo quando prestamos atenção demais nas vidas dos homens, quando comparamos demais nossas vidas com as vidas dos outros, quando damos importância demais para o que os outros dizem. Se isso tudo for feito demais corremos o risco de adoecermos mentalmente, começando a imaginar coisas que não existem, a ouvir coisas que não existem, a colocar palavras na boca das pessoas pensando de uma maneira doentia que elas estão falando o tempo todo da gente, e falando coisas ruins, nos criticando e nos caluniando. Essa situação pode nos confundir a ponto de não conseguirmos discernir o que é real do que é só imaginação.
      É preciso entender que no mundo impera um clima de acusação, isso é fato, não é fantasia. Todavia, podemos nos levar por um caminho louco, nos acostumando a ouvir coisas ruins, muitas vezes porque fomos criados ouvindo sempre que estávamos errados e que não íamos dar certo na vida. Alguns, por problemas de saúde, podem ter uma tendência física, neurológica, de imaginar coisas ruins dos outros contra eles, isso também pode acontecer. Se estivermos nesse estado ou chegarmos a ele, pode ser necessário até tratamento psiquiátrico e medicamentos, contudo, o remédio espiritual, que deve ser tomado junto do físico, é um olhar para o alto, não para baixo.
      O que tem grandes fraquezas é convidado por Deus a ter grandes experiências espirituais com sua intimidade, assim quem é atraído a olhar demais para baixo, para o mundo, para os homens, que ouve demais “vozes” ruins, deve direcionar essa tendência para o alto, para ouvir a voz de Deus que sempre é boa, delicada, sábia, abençoadora, cheia de paz, e repito, ainda que se necessário for ter essa atitude espiritual junto de acompanhamento profissional médico para o corpo e mente. Isso é um trabalho de reabilitação de alma, agora aprendendo a sintoniza-la na frequência mais alta do voz do altíssimo, como trabalho isso não é fácil no início, mas é possível, e quando feito traz cura e transformação de vida. 
      Nesse processo de libertação, oração a sós no silêncio, aquietando corpo, alma e espírito, é fundamental. Repito novamente, se entrarmos numa experiência descontrolada de imaginar acusações o tempo todo, busquemos médicos e bons pastores, equilibrados e lúcidos, que nos deem tanto atenção em amor quanto orientação realmente de Deus. Mas depois disso devemos descansar, corpo e alma, como também o espírito, orando a Deus com calma, sem exageros, sem pesos, Deus sabe muito bem quando atingimos nossos limites e estamos enfermos, ele, mais que ninguém, é paciente e tem o jeito certo de nos recuperar para que sejamos nosso melhor nele. 

terça-feira, novembro 26, 2019

Santidade, uma questão de opção?

      “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.Marcos 14.38

      Enquanto queremos viver o cristianismo ou qualquer outra proposta de vida moral equilibrada com as próprias forças, ainda que bem intencionados, santidade é caminho impossível, pelo menos é impossível de ser mantida no tempo. Quando jovens e apaixonados, até podemos provar momentos de santidade vivenciados com as nossas forças, a paixão dá forças, mas não para sempre. Contudo, se formos sadios, já que os doentes podem se privar de excessos não por serem santos, mas por serem incapazes de viver a vida em sua plenitude, se formos normais, com o tempo, vícios da carne, principalmente os prazerosos, podem nos vencer. 
      Abrindo parênteses, tem muita gente doente achando que é santa, e muitos desses até se engajam em causas e sacerdócios religiosos, mas ainda que muitos na inocência, na boa intenção, na sinceridade benigna, não podem de fato serem exemplos de santidade escolhida, é gente que precisa de terapia, não de aprovação, e que infelizmente é usada e manipulada por muitos outros, fecho parênteses. 
      Contudo, numa vida de busca constante de Deus, de oração, de adoração, de escolhas certas de alianças e de lugares a se frequentar, depois de tudo isso, santidade pode ser uma opção, então, se de fato entendemos tudo o que o Espírito Santo está nos revelando nessa comunhão poderemos optar por sermos santos, não de acordo com legalismos religiosos e humanos, mas de acordo com a real vontade de Deus. Essa escolha, contudo, enquanto vivemos no corpo físico, encarnados, tem curta duração, não se faz opção por santidade uma vez na vida e conseguimos nos manter santos para sempre. Ela dura até nosso próximo período de oração e adoração a Deus, por isso esses períodos devem ser frequentes, diários pelos menos. 
      O versículo inicial, dito por não menos que Jesus, testemunhando que mesmo ele tinha que estar em frequente consagração para permanecer santo, define o ensino sobre santidade, nosso espírito num determinado momento entende que santidade é o melhor caminho e é possível, mas a carne não pode reter esse compromisso por muito tempo. Por isso temos que insistir sempre nesse ponto, busquemos a Deus, todos os dias, e por mais que a vida real seja difícil, não desistamos do padrão de santidade que Deus quer para nós.
      Mas por que santidade pode ser opção? Pode ser porque depois que fizermos nossa parte nos consagrando a Deus, o Espírito Santo nos dará forças, e Deus sempre, sempre dá forças aos que o buscam. Contudo, é logo após essa consagração que a santidade é possível mas é opção, porque se escolhermos teremos forças para dizer não ao pecado, todavia podemos não escolher, já que Deus nunca nos obriga a nada. Dessa forma, muitas vezes, mesmo depois de termos tido uma experiência maravilhosa com Deus, podemos, pouco depois, escolher o pecado, esse pecado é o mais amargo de todos, e que pode nos custar caro.
      O conselho: escolhamos ser santos, racionalmente, numa convicção que começa mental, para depois encher nossos corações de alegria, nossa alegria por saber que estamos optando pelo melhor caminho, alegria do Espírito Santo em nós, que nos revela que estamos fazendo a vontade do santíssimo Deus altíssimo.

segunda-feira, novembro 25, 2019

Não te deixes vencer do mal

      “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Romanos 12.19-21

      O mal nos vence quando retemos a injustiça, a ingratidão, a falsidade, o desprezo, e não anulamos tudo isso com misericórdia, com generosidade, com sinceridade benigna e com voluntariedade de amor, por estarmos vazios e famintos de virtudes. 
      O mal nos vence quando pesamos o passado pior por não ter um presente bom que ocupe nossas mentes e corações, quando vivemos de culpas antigas ou de ilusões ultrapassadas, ao invés de nós saciarmos com a realidade vitoriosa, com a verdade. 
      O mal nos vence quando nos viciamos em construir castelos de mentiras em nossas almas, por medo de olharmos de frente a casa em que habitamos, pequena, não tão luxuosa, mas o que conquistamos com a colheita justa de tudo o que plantamos na vida.
      O mal nos vence quando o acusador nos vence, quando a displicência e incredulidade dos outros no nosso melhor se torna maior que aquilo que Deus pensa de nós, fez por nós, quer para nós e já disse tantas e tantas vezes que cumpriria em nossos caminhos. 
      O mal nos vence quando o medo nos vence, medo que nos faz ver inimigos onde só existe gente como a gente, com inseguranças, com defeitos, com fraquezas, mas também com sonhos, com qualidades, com boas obras, o mal pode distorcer nossa visão. 
      O mal nos vence quando deixamos pecados se acumularem sem que os admitamos e nos apossemos de perdão, o mal nos vence quando trocamos a paz por um “prato de comida”, como fez Esaú, quando preferimos o passageiro no lugar do eterno.
      O mal nos vence quando tentamos viver o evangelho do nosso jeito, por não termos aceitados o jeito de Deus, por termos nos rebelado contra o Senhor, por termos insistido em seguirmos arrogantes e não termos nos quebrantado diante do pai.
      O mal nos vence quando olhamos para baixo e não para cima, quando permanecemos caídos e não nos levantamos, quando desistimos de tentar novamente e nos prendemos a homens, quando insistimos em andar sozinhos e deixamos de andar com o fiel amigo Jesus.

domingo, novembro 24, 2019

Quem pode dizer se somos bons cristãos?

      “Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia, Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. 
      E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves.
      Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? 
      No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; e fui restabelecido no meu reino, e a minha glória foi aumentada.” 
Daniel 4.29-36

      Esta reflexão não é um estudo bíblico, aliás, como ocorre aqui na maior parte das vezes, é uma crônica, não o esmiuçar de uma citação da Bíblia com detalhes técnicos. Vou dar só um resumo do texto inicial, ele é a conclusão de uma passagem da vida de um dos homens mais poderosos citados na Bíblia, que por ter feito grandes conquistas achou ser maior que Deus. Por causa disso Nabucodonosor teve, podemos dizer assim (numa interpretação atual), uma enfermidade psiquiátrica, causada com certeza por uma dureza espiritual de coração. 
      Essa terrível doença o levou a viver como um animal, dessa forma o homem que tinha tudo perdeu tudo incluindo o principal, sua dignidade como ser humano, mais ainda que como monarca. Não vemos nos textos bíblicos a mão de Deus sendo pesada de forma tão implacável sobre alguém, principalmente alguém do quilate de Nabucodonosor. Mas ele se arrependeu de sua arrogância, teve humildade, então, imediatamente (tanto quanto foi sua queda relatada e frisada em negrito), Deus o restaurou totalmente. 
      O que me chama atenção no texto é o termo altíssimo, de todos os adjetivos de Deus, o meu preferido, posição almejada por Nabucodonosor (e pelos diabos), mas que é exclusiva de Deus. Nessa posição não podemos estar, mas quando nos refugiamos em Deus temos um abrigo nessa medida, que nos dá tanto proteção como uma visão justa de nós mesmos, dos homens, da vida, dos seres espirituais e do Senhor. Quem pode dizer se somos bons cristãos? O Deus altíssimo pode. Mas vamos à crônica para os que têm ouvidos e olhos espirituais para ela. 

      Quem pode dizer se nossas vidas realmente são transformadas pelo evangelho que dizemos crer, quem pode dizer se de fato somos diferentes como cristãos, quem tem a visão mais limpa para falar se somos espirituais? Nós mesmos, os outros, Deus? Diz-se que se vê melhor do lado de fora e de longe, de perto perdemos referências e podemos nos enganar achando que é uma coisa quando é outra. De perto também nos envolvemos com o objeto analisado e não fazemos uma crítica isenta, só à distância adquirimos a frieza necessária para tecer uma avaliação justa. 
      Muitas vezes, tão envolvidos com nossos egos, com atividades de igreja, com a vida social de comunidades cristãs, podemos simplesmente concluir que somos bons cristãos. Outras vezes, fazendo sacrifícios físicos e emocionais, gastando muito tempo com estudo teológico, usando forças materiais, cansando o corpo e a alma, podemos achar que somos espirituais, que somos cristãos sérios e comprometidos com o evangelho. Líderes e pastores, de maneira geral, são os que mais podem se equivocar em avaliar suas vidas como de fato transformadas pelo cristianismo. 
      O fato é que quando se desce do “altar” (e o termo melhor e de fato técnico deveria ser palco, por mais que falsos espirituais achem isso um termo menor e mundano), quando se pisa o chão dos reles mortais, sem microfone na mão, máscaras caem. Alguns nem acham que precisam se relacionar com as pessoas, só com pares, ainda que jurem cristianismo nas pregações, revelam-se arrogantes e prepotentes no “chão de fábrica”. A verdade é que muita gente usa o púlpito e se fantasia de pregador só para compensar inseguranças e tentar convencer a si mesmos, nem aos outros, que são especiais. 
      Jesus, Jesus, e Jesus encarnado, como homem comum, humano, despido de todo super poder divino, ele é sempre o exemplo maior e melhor, sempre, e é isso que sempre me fará amar o evangelho e ver nele mais que mais uma religião. Jesus era o mesmo no “altar” e entre os “bancos”? Nem precisava ser, ele não subia em altares, no máximo usava um lugar mais alto só para ajudar na acústica e ter mais eficiência em seu ensino, mas Cristo nunca subia em palcos. A única vez que fez isso não foi para ser honrado, mas para ser sacrificado, subiu ao altar da cruz e se ofereceu em morte terrível para salvar a todos.
      Quem nos conhece de perto, como nossas famílias e nossos colegas de trabalho, pode dizer quem somos? Sim e não. Sim porque são os que convivem com nossas realidades mais reais, não com o palco de ilusão que são muitas igrejas e púlpitos. Mas não porque estão tão envolvidos com a gente que podem se enganar, principalmente se formos bons atores. O ponto desta reflexão é que precisamos sair de nós mesmos e nos olharmos de longe, compararmos teoria com prática, palavra com ação, intenção com atitude.
      Só saberemos se somos de fato o que gostaríamos de ser, ou o que queremos que os outros pensem que somos, se nos olharmos à distância, contudo, querer ser algo só para conseguir aprovação de homem é uma tarefa tão impossível quanto desnecessária. Lúcidos, despertos, sóbrios, eis o desafio, muitos contudo só trocam de fantasias, deixam sexo, drogas rock and roll, e outros vícios, e colocam no lugar religião, trabalhos comunitários e engajamento social. Muitos só trocam de carcereiros, saem debaixo de traficantes e se colocam sob pastores hereges. 
      Mas pode-se argumentar, “mas é melhor que ajudar o próximo que perder-se em vícios”, sim, para o próximo é, mas não para quem quer ajudar o próximo com os meios errados, os fins não justificam os meios, não no verdadeiro evangelho. Quem usa os meios errados um dia será desmascarado, não conseguirá manter o personagem para sempre, tropeçará nas próprias pernas, ídolos não dão forças, nem pra fazer as coisas boas, e sendo vício um exagero carnal, ajudar o próximo de forma obsessiva é tão vício quanto beber cachaça. 
      O viciado, ainda que em algo aparentemente bom, não tem lucidez, assim facilmente será enganado é manipulado, se quer entender isso melhor veja o que acontece com muitos engajados politicamente, ainda que se iniciem numa causa para ajudar a sociedade, crendo que defendem uma bandeira que é a escolha melhor para um grupo social, uma cidade, uma nação, com o tempo tornam-se recrutas cegos e passivos que obedecem cegamente mesmo a líderes corruptos e inescrupuloso. Isso acontece em partidos políticos de trabalhadores honestos tanto quanto em igrejas cristãs de crentes sinceros. 
      Conheço bem os dois lados, fui arrogante em “altares” e invejoso nos bancos de igreja, ainda estou aprendendo o difícil caminho do equilíbrio, mas sei que todos nós temos a tendência de romantizar nossas histórias, de contá-las às pessoas nos colocando sempre como heróis ou vítimas, nunca como bandidos ou agressores. Novamente exalto a verdade dos textos bíblicos que sempre mostram os personagens por inteiro, suas vitórias e virtudes assim como suas quedas e pecados. A Bíblia nos dá uma visão isenta porque vê de longe, são homens escrevendo mas sob quais olhos? O olhos do Espírito Santo do altíssimo Deus. 
      Para concluir retorno ao texto inicial, ver-se equivocadamente pode levar à loucura, que antes passa pela arrogância de se achar muito espiritual, quer um conselho? Não almeje alturas, mesmo que tema a Deus e queira ser parecido com Jesus, na verdade o altíssimo se conhece na simplicidade de pés que tocam o chão, ainda que caminhando para frente sigam devagar. Eu já almejei grandes coisas, e nem digo que eram ilegítimas, eu tinha e tenho capacidades para exercê-las. Mas será que isso me levaria para mais perto de Deus, mesmo que seja almejando ser servo de Deus? Algumas coisas podemos fazer, mas é melhor nem fazer, para não perder a paz e a posição de pequenino que o altíssimo abriga sob suas asas. 

sábado, novembro 23, 2019

Quem pode se proteger da morte?

      “E andou Enoque com Deus, e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.Gênesis 5.24

      Você pode não gostar do Gugu Liberato, dos programas que ele fez, do estilo dele, mas uma coisa todos temos que admitir, ele foi importante na TV brasileira, foi muito importante na cultura do povo brasileiro, fez parte do entretenimento televisivo de muita gente, está em nossas memórias, e sempre como um símbolo de alegria. Era uma pessoa carismática, dessas que as câmeras amam, que brilham na tela, era amado e respeitado por muitos e sempre nos passou a imagem de alguém carinhoso, delicado, gentil. Você, crente, não seja preconceituoso, medindo o trabalho desse homem como de mau gosto, como indecente em alguns momentos, saiba que ele reflete a realidade de uma parte majoritária da população brasileira, e ele não ganhou tudo que ganhou sem motivos legítimos. Gugu Liberato mereceu tudo que teve em quase quarenta anos de trabalho na TV, tudo, o universo é sempre justo. 
      Aos 60 anos, depois de décadas de uma carreira vitoriosa no SBT, ele tinha um programa na Record, mas morava nos E.U.A., com os três filhos e a mãe de seus filhos, podemos dizer que já estava usufruindo de tudo o que plantou, morando numa casa nova, e com certeza nem precisaria mais trabalhar para o resto da vida. Então, numa quarta-feira, dia 20 de novembro de 2019, querendo consertar um ar condicionado, subiu ao sótão sem saber que o chão não poderia suportar o peso, caiu de uma altura de quase quatro metros e bateu a cabeça num móvel. Foi levado ao hospital e depois de 48 horas, na sexta-feira, dia 22, sua morte cerebral foi anunciada. Rápido demais? Fora do tempo demais? Estúpido demais? Mas a morte veio, e mesmo ele, com toda a fama, poder aquisitivo, com toda a segurança que buscava no estado da Flórida nos Estados Unidos, não pode se proteger dela, não pode prevê-la. 
      Por quê essa morte me tocou tanto? Porque de alguém que já está bem velho, doente, ou que até tem uma personalidade mais sombria, mais fechada, ou uma atividade mais escondida, nem notamos muito quando se vai, ainda que toda morte seu doída para alguém. Mas o Gugu era todo luz, todo vida, todo sorriso, todo energia, jovial ainda que sexagenário, desses que nos parece que nunca vai partir desse plano, e de repente, de um jeito estúpido, repito, num acidente doméstico, longe do trânsito das ruas, fora de aviões que sempre nos parecem estarem se movendo em espaço que não lhes pertence, ainda que quedas de avisões sejam estatisticamente menores, longe da criminalidade das cidades brasileiras, das guerras civis ou não, onde tanto risco se corre, de repente ele cai, sozinho, e se acidenta de um jeito irreversível. Tantos se expondo de maneiras perigosas escapam da morte, Gugu não escapou.
      Nesses momentos nós pensamos sempre a mesma coisa, eu preciso dar mais valor à vida, preciso me cuidar mais, mas também não deixamos de repensar o óbvio, a única verdade inexorável da vida: ela é curta e ninguém escapa da morte. Eu penso que morte se constrói, durante toda a vida, cada escolha, cada atitude, cada palavra, cada amor e cada ódio, cada sonho e cada desilusão, coloca um pedaço numa porta chamada morte. A morte não se adquire por inteira e de uma só vez, mas aos poucos, ocorre que quando ela está pronta ela se abre, bem a nossa frente, seja lá onde estivermos, sem que tenhamos chance de fechá-la. Quanto tempo levamos para construir essa porta? Isso varia, de pessoa para pessoa, depende de todas as coisas que fizemos durante toda a nossa vida. Algumas mortes nos parecem pegar de surpresa? Pois a Deus não pega, quando ela vem é porque ela é necessária.
      A verdade é que somos escravos do tempo, ou daquilo que achamos que ele é, mas o tempo de Deus é diferente, aliás Deus não tem tempo, pra ele é sempre presente, pois ele não envelhece nem planta para colher depois. Viver bem cada momento, cada instante como se fosse o último? Não se culpar pelo passado, nem se preocupar com o futuro? Isso tudo até pode ser sábio, mas ainda é se ocupar do tempo, o melhor é se ligar ao Senhor de tudo, até do tempo. Ligado em Deus nada nos pega de surpresa e o Senhor sempre nos dirá o que fazer para viver bem cada momento e não ter uma partida desse plano estúpida. Deus sabe de cada um, conhece lá no fundo o coração de todo ser humano, conhece a verdade, o que somos de fato, nossas prioridades. Deus sabe se nossos corações amam aquilo que de fato importa nessa existência e que nos preparará para o melhor, e não para o pior, da eternidade.
      Quem pode se proteger da morte? Ninguém, nem o pobre, nem o rico, nem o famoso, nem o desconhecido, nem o erudito, nem o desinformado, mas todos, todos nós podemos nos aproximar de Deus, a tempo. A maior prova de amor de Deus para conosco é que ele compartilha a eternidade e a espiritualidade mais alta conosco, reles mortais, se nós quisermos, se nós buscarmos, se nós permitirmos. Mas será que somos nós de fato que fazemos alguma coisa, que recebemos algo por algum mérito? Eu penso que não, penso que tudo parte e se encerra em Deus para depois nascer de novo de um modo fantasticamente superior e inédito, que nós nem podemos imaginar. Por algum motivo, que é preciso que seja mistério para todos nós nesse tempo, temos um destino para amarmos (ou não) a Deus, esse entendimento não é para todos, os que amam a Deus, contudo, sabem que amam porque Deus os amou primeiro. 
      A morte nos coloca em contato direto, sem a fumaça da existência encarnada, com esse mistério, que se inicia antes de tudo com algo absolutamente novo. Ainda que autores bíblicos falem de céu e inferno, de paraíso e perdição, tentando comparar valores espirituais com referências materiais, ainda assim nós não podemos fazer ideia do que é a morte e do que encontraremos depois, tanto perto quanto longe de Deu (se é que é possível estar longe do amor de Deus para sempre, talvez só longe de se deixar ser amado...). Deus não se afasta de ninguém, são as pessoas que se afastam dele, e se isso for feito de maneira muito decisiva não só levaremos isso para a existência pós-morte mas também apresaremos a morte. Por quê? Porque para que deve existir vida se não for para andar com Deus? Contudo, os que andam muito com Deus, como Enoque, nem a morte provam. 
      Se o Gugu Liberato está perto ou longe de Deus agora em sua existência puramente espiritual só Deus sabe. O que podemos fazer neste momento é com relação aos vivos na carne, isso nos é autorizado, comunicação de vivos com vivos e todos com Deus através de Cristo. Assim, sejamos sensíveis à vida, às experiência dos outros, aprender com erros alheios nos protege de termos que aprender com os nossos próprios, que dói muito mais. Mas tenhamos humildade para assumir nossos erros, nos arrependermos, pedirmos perdão e desejarmos seguir sem cometê-los de novo. Tenhamos coragem de fazer as melhores escolhas, e as melhores escolhas é sermos fiéis com as alianças que fazemos. Não percamos a esperança em Deus, não desistamos de Deus, e se o buscarmos no Espírito Santo sempre acharemos forças para crer e adorar a Deus. Quem vive certo, em nome de Jesus, terá uma boa morte, eu creio.