quarta-feira, julho 17, 2019

Respeite a chamada dos outros

      “Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou? E, se porventura achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que se não desgarraram. Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca.” Mateus 18.12-14

      Um costume que havia nas igrejas mais antigas, e que ainda existe em poucas, é ter um cadastro com os dados dos membros, cadastro feito assim que alguém chega à igreja e demonstra desejo de ser membro. Colhe-se informações como tempo de conversão, experiências anteriores em ministérios, habilidades e talentos, intelectuais, artísticos, espirituais, outros interesses e mesmo a área profissional de atuação. Com essas informações as pessoas são colocadas em contato com departamentos e lideranças adequados que podem tornar o membro eficiente mais rapidamente dentro do corpo de Cristo. 
      Atualmente, na maioria das igrejas, onde existe a cultura de “alta rotatividade”, onde se chega, fica-se por um tempo e logo se vai, as igrejas usam pouco as pessoas e na verdade é apenas um pequeno grupo que trabalha e a faz funcionar, quase que um clube fechado, de difícil acesso. Sentar-se, assistir o culto, cantar e dar dízimo é fácil, bem recebido, mas mais do que isso é difícil. Contudo, se pessoas comuns têm dificuldade, membros de mais qualidade intelectual são ainda mais distanciados, ou são tratados como arrogantes ou simplesmente duvida-se de suas aptidões, as pessoas são niveladas sempre por baixo. 
      Não, não estou exagerando, isso ocorre e muito, a igreja evangélica atual, em sua maioria, não está preparada para todos, a intolerância existe maquiada de um tradicionalismo baseado num conhecimento raso da Bíblia, e de uma experiência imatura com o Espírito Santo. Se os pastores têm medo de cristãos que levantam dúvidas sobre princípios que a maioria aceita como dogmas, ou se são esses mesmos líderes desinformados sobre o que cristãos com melhor formação acadêmica podem fazer para o reino de Deus, tanto faz, o que ocorre no final das contas é que o diabo arregimenta para si os melhores enquanto a igreja simplesmente usa o álibi “Deus não escolhi os capacitados, mas capacita os escolhidos”. 
      Se nós devemos respeitar as chamadas dos outros, não julgar ninguém pela aparência ou pela diferença, nem nos colocarmos como referências, o que na maioria das vezes conduz a enganos, os outros também precisam se dar ao trabalho de respeitar nossas chamadas. Bem, para isso, em primeiro lugar, igrejas e líderes, precisam se dar ao trabalho de conhecer de fato as pessoas, ao invés de julgarem para menos, o amor tão pregado no púlpito precisa ser praticado de fato. Algo tão simples como sentar e bater um longo papo com o irmão que está chegando não é feito, um cumprimento rápido e um sorriso educado basta para muitos acharem que cumpriram sua obrigação de amor. 
      Se não conseguimos ser cristãos dentro do templo, o que se dirá no mundo? Não precisamos ser próximos de todos, nem Jesus era, mas se andarmos com temor a Deus e sensíveis à voz do Espírito Santo, saberemos quando parar e dar uma atenção especial a alguém que talvez esteja precisando urgentemente de nossa proximidade para não desistir de vez do evangelho. Cuidado, não permitamos que a roda viva dos trabalhos da igreja nos afaste do mais importante, daquele pelo qual Cristo se deu, daquele para o qual a igreja existe, o ser humano, e cada um tem uma chamada especial e importante para Deus. 

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