sexta-feira, dezembro 11, 2020

Deus é quem tira e quem dá (1/3)

Deus, a causa primal

      “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.” I Samuel 2.6-9

      A oração de Ana, agradecendo a Deus por ter tido o filho Samuel, um daqueles textos singulares da Bíblia, como nos identificamos com ele. Ele inicia-se com uma constatação direta sobre a relação de Deus com o universo: “o Senhor é o que tira a vida e a dá”, e tudo mais incluído tanto no plano físico quanto no espiritual. É sempre importante dizer que Deus não é um poder egoísta e prepotente do qual parte a ação, se quisermos entender de fato como funciona o universo a única ação de Deus, que ele fez como causa primal, que não foi efeito de nada ou ninguém já que Deus não precisa e nem tem nada ou ninguém à altura com que possa reagir, foi a criação inicial de tudo descrita no início do livro de Gênesis.
      Depois que criou, Deus deu livre arbítrio, primeiro aos anjos (?) e depois aos seres humanos, e entrou num “ano sabático cósmico” (Gênesis 2.2), será que o descanso de Deus já acabou? Em João 5.17 Jesus diz, “meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, mas trabalha através de Cristo, chamando os homens ao arrependimento. Mas tudo o que segue à expulsão do homem do Éden são efeitos e novas causas dos erros e dos acertos dos seres, assim se Deus tira, empobrece ou entrega à morte, é porque as leis do universo, estabelecidas por Deus, cobram efeitos de causas. O pecado gera a morte, não Deus, a insensatez gera a pobreza, não Deus, erros são causas que geram efeitos, o criador não erra, quem erra é a criatura.
      Mas se Deus é a causa primal Jesus é o efeito final, ele pode anular o pecado, efeito dos erros de todos os homens, sem gerar nenhum nova causa, em Cristo o ser humano é perdoado e não precisa pagar nada por isso, é de graça. Dois eventos são as manifestações da mais pura graça de Deus, a criação e a salvação! Tudo que está no meio disso e que tem a autorização do homem, incluindo”ações” dos espíritos rebeldes (se é que de fato demônios e diabos façam algo que não seja na mente do homem, pelo menos no plano físico), tem um preço, causas que geram efeitos. Uma pergunta pode ser levantada, diante das afirmações feitas até aqui nesta reflexão: “se Deus não faz nada, então eu não devo orar pedindo que ele me abençoe”? 
      Não, devemos orar, e muito! Eis um mistério espiritual que a grande maioria não entende e que Deus não exige que se entenda, já que abençoa a todos de muitas maneiras, sem fazer exigências, e dos que “entendem” o evangelho só pede que orem em nome de Cristo. Quando oramos não são as nossas palavras que nos colocam na presença de Deus e solicitam coisas a ele, que ele poderá responder e dar, é a nossa posição espiritual. Recebemos em Deus (e “em” é um termo mais adequado que “de”, quando conseguimos entender como a oração funciona) porque nos colocamos nele, através de Cristo temos acesso às regiões espirituais mais elevadas, e nessa posição tudo já foi feito, todas as bençãos já foram conquistadas.
      Deus não cria algo quando pedimos a ele, se fosse assim Deus não seria onisciente e onipotente, não seria completo, mas teria que estar fazendo constantes “upgrades” para poder satisfazer as necessidades dos homens e do universo. Contudo, quando oramos, mesmo não sabendo como orar, mesmo conhecendo pouco a Deus, mesmo pedindo como se Deus não tivesse ainda para dar ou como se tivéssemos falta porque ele em outra ocasião nos tirou, somos levados pelo Espírito Santo a nos posicionar espiritualmente, e nessa posição entramos em comunhão com o Altíssimo e tomamos posse das bençãos. Muito mais que palavras que pedem há na oração de quem se humilha diante de Deus, mais do que muitos imaginam. 

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